segunda-feira, 11 de setembro de 2023

É Assim Que Se Perde a Guerra do Tempo – Resenha


“Esse não é um livro para entender. É para sentir”. Foi o que disse uma resenha de É Assim Que Se Perde a Guerra do Tempo, de Amal El-Mothar e Max Gladstone. No caso nos sentimos confusas. Muito. O tempo todo. 


Foto @casosacasoselivros


O obra, publicada por aqui pela Editora Suma, foi a primeira escolhida para o clube do livro que montei com as amigas do trabalho, já que todo mundo sempre derreteu em elogios a ele. Posso dizer que uma boa maneira que achamos para explicar ele foi: Você começa sem entender nada, vai lendo e continua perdido e termina como começou.


Me desculpa se você é do time que amou de paixão (sei que esse time é grande!), mas para mim não rolou (e nem para minhas amigas. O veredito foi unânime).


É Assim Que Se Perde a Guerra do Tempo


Blue e Red são inimigas. Está acontecendo uma guerra no tempo em que duas entidades lutam pelo poder para deixar as linhas do tempo nos infinitos universos da maneira que desejam. Blue trabalha para Jardim e Red para Agência. E nas missões invariavelmente elas acabam se encontrando – e se atrapalhando – e começam a se corresponder, a enviar mensagens no espaço-tempo. O que começa como trocas de fartas e competição vai mudando com o passar das correspondências e elas se apaixonam. Elas são causa e consequência, problema e resolução, amor e ódio, água e fogo.


Poético e confuso


A ideia do livro é muito boa e a sinopse chama a atenção. O livro é de uma loucura e bizarrice e falta de linearidade tão profunda que estranhamente dá certo. E você acaba se envolvendo com as personagens. Mas ele é poético demais, louco demais, sem nexo demais. Para mim foi isso: Demais. Não posso dizer que odiei, mas estou longe de achar que gostei.


As cartas que elas trocam são bonitas, sinceras, pingam sentimento. E são, definitivamente, o ponto alto do livro. Mesmo sem entender completamente tudo, é difícil não pegar torcendo por elas, por um final feliz impossível nesse universo caótico.


O enredo não dá contexto e nem explicações. Estamos num universo em que o tempo é descrito com fios, filamentos acima, filamentos abaixo, mundos estranhos, criaturas mais estranhas ainda e onde entramos partes dos mitos e da História da humanidade misturadas com essa fantasia quase nonsense. É até difícil imaginar os cenários, as personagens. Não é nada concreto. Chega num ponto em que você tem que desistir de entender e só segue o fluxo.


Foi muito lirismo, muito poético. Para mim não rolou. Mas foi interessante ler algo tão diferente da minha zona de conforto.



Posso até recomendar, mas para poucas pessoas.


Teca Machado


segunda-feira, 10 de julho de 2023

Indiana Jones e a Relíquia do Destino - Crítica


Praticamente fui apresentada ao mundo da sétima arte com os filmes de Indiana Jones e De Volta Para o Futuro. Essas duas sagas tem um lugar muito especial no meu coração. E é lógico que eu vibrei/fiquei com medo quando anunciaram o 5 filme de Indiana Jones, ainda mais depois de tanto tempo. Sempre fica aquela sensação de “e se estragarem algo que era perfeito?”. Apesar de gostar, convenhamos, o filme 4, de 2008 é bem médio, não chega aos pés da trilogia dos anos 1980. E após assistir a Indiana Jones e a Relíquia do Destino, o primeiro da saga que não é do Steven Spielberg, posso dizer que a magia dos originais está ali, mesmo com um Harrison Ford com mais de 80 anos. 




Indiana Jones e a Relíquia do Destino


Do diretor James Mangold, temos aqui uma analogia do novo e do velho. Estamos em 1969 e Indiana Jones (Ford) está velho. Ele é professor de arqueologia, mas seus alunos pouco se importam com o que ele fala. Todos ao seu redor só querem saber de uma coisa: Os astronautas que pousaram na Lua. Ele luta para se encaixar em um mundo que parece tê-lo superado. Mas para ele o passado importa, mesmo que seus dias de glória tenham ficado para trás. Quando sua afilhada Helena (Phoebe Waller-Bridge) aparece falando sobre um artefato criado por Arquimedes milhares de anos antes, ele precisa sair da sua quase aposentadoria para ajudar a garota (não que ela queira) e impedir que a relíquia cai nas mãos de antigos rivais que a desejam para reviver a glória dos nazistas.


Um dos maiores acertos de Indiana Jones e a Relíquia do Destino é colocar os nazistas como vilões mais uma vez. Não que isso seja algo inovador – inclusive em outros filmes da franquia eles foram usados -, mas a maneira foi inteligente, além de muito atual. Dr. Schmidt (Mads Mikkelsen) era um oficial nazista que no pós-guerra foi recrutado pelos EUA, ganhou outro nome e foi para a Nasa. Isso, inclusive, aconteceu e sabe-se que muitos deles foram para o alto escalão do governo, numa operação que foi chamada da Paperclip. E ele, junto com americanos, quer trazer o auge do Terceiro Reich de volta (e não estamos vendo isso atualmente?).

 



Ford e elenco


Que Harrison Ford é o Indiana Jones não podemos negar. Ele não é um personagem que, como outros heróis, daria para fazer um reboot com outro ator no lugar. Seria errado, estranho. E apesar do filme de 2008 indicar que Shia LaBeouf seria parte importante de sequências, ele foi cortado (o ator é mal-quisto em Hollywood devido a inúmeras polêmicas). É interessante ver que mesmo acima dos 80 anos ele ainda tem o charme e a vitalidade que o personagem perde. Lógico que não como nos filmes anteriores, mas a faísca ainda está lá e é uma delícia de ver e reviver. E a sequência inicial, que o rejuvenesceram, é incrível, aquele gostinho de todo Indiana Jones.


O acréscimo de Phoebe Waller-Bridge foi excelente. Ela é carismática ao extremo, leve e divertida, um ótimo contraste com Indy que sempre é meio carrancudo e agora que mais velho e depois de inúmeras perdas na vida está ainda mais. Mads Mikkelsen, como sempre, também é excelente. Seu vilão é real e um risco à sociedade. A voz mansa e gestos contidos são muito mais amedrontadores do que um homem explosivo.




Ainda que alguns críticos tenham falado mal, a impressão geral é que a nostalgia e o respeito pelo personagem – e pelo Spielberg - estão ali. Indiana Jones e a Relíquia do Destino foi uma excelente maneira de terminar uma saga, com delicadeza, humor, ação e todo brilho de Jones. Meu coração ficou quentinho.


Recomendo muito.


Teca Machado


segunda-feira, 3 de julho de 2023

Silo – Apple TV+ - Crítica


Sabe o que eu vou fazer de novo? Panfletar a Apple TV+. (Apple, te quiero, só falta você me querer também e fazer publi comigo). Mas que culpa eu tenho se tudo o que essa plataforma faz é bom? As produções da Apple são disparadas as minhas preferidas e hoje venho aqui falar de mais uma: Silo.




A primeira temporada de Silo está completa – o último episódio foi ao ar semana passada – e é baseada no primeiro livro da trilogia Silo, de Hugh Howey, que foi publicado no Brasil pela Editora Intrínseca (veja aqui a resenha). São 10 episódios com uma média de 50 minutos de duração e já está renovada para a segunda temporada (é o mínimo, né, depois daquele final!) e acredito que vão fazer a temporada 3 também, para acompanhar os livros.


Pode ler a crítica sem medo que não tem spoilers por aqui.


Silo




O mundo acabou e o que resta da humanidade vive num silo subterrâneo gigantesco e autossuficiente com 150 andares. Ninguém sabe o que aconteceu com o planeta, nem quem construiu o abrigo ou quando vai ser seguro sair. A população obedece a um conjunto de estritas regras chamada de Pacto e uma delas diz se alguém manifestar a vontade de sair, esse desejo vira obrigatório e a pessoa será expulsa do silo com uma roupa que o protege por tempo limitado. Mas a população pede, antes de morrer, essa pessoa limpe a lente do sensor que é o único modo de ver o lado de fora, ainda que seja desolado. Quando uma sucessão de acontecimentos faz com que Juliette Nichols (Rebecca Ferguson), uma engenheira do andar mais profundo do silo se torne a nova xerife, ela começa a fazer investigações que a levam a duvidar do único mundo que conhece. As mentiras são terríveis. As verdades podem ser mais ainda.


Adaptação


Silo tem uma sensação claustrofóbica. É impensável para a gente morar num buraco no chão, sem luz do sol, uma vida escura, extremamente regrada e sem grandes espaços livres, fora não saber se um dia será seguro sair.




O livro já nos faz sentir isso intensamente e a série conseguiu ainda mais. Toda a essência do original está ali. Confesso que gostei até mais da adaptação do que do livro, principalmente por causa do ritmo. A leitura não é muito fluida, mas a série é. E Graham Yost, responsável pela transição de livro para TV, fez um excelente trabalho ao melhorar o original em muitas passagens e nos personagens, lhes dando mais voz, mais tempo e mais profundidade. 


A produção e o design são muito bem-feito, bem parecido com o que imaginava e é aquele tipo de história tão cheia de mistérios que te prende e você continua assistindo/lendo porque precisa saber como vai terminar. Vi um vídeo sobre os bastidores que conta que foram construídos mais de 70 sets e cenários e tudo foi extremamente pensado para criar uma sensação circular, sem fim, sem começo, como eles se sentem lá dentro 


Elenco




Gosto de Rebecca Ferguson desde que a vi a primeira vez, acho que em algum Missão Impossível, e em Silo vemos ela na sua melhor forma. Julliete não é uma personagem fácil, nem mesmo gostável. Se sente melhor com máquinas do que com pessoas, então não temos uma protagonista carismática e de fácil identificação. Mas Ferguson faz tudo de forma brilhante e nos envolve, fazendo torcer por ela. Seu olhar duro, triste, prático, a linguagem corporal, tudo é bem pensado. É, definitivamente, uma atuação muito boa. E temos ainda os excelentes Tim Robbins, Common, Chinaza Uche e outros.


Silo é uma mistura de thriller com mundo distópico e apocalíptico que deu muito certo. É mais uma excelente série da Apple TV+ que vou recomendar para todo mundo que puder. 


Teca Machado


segunda-feira, 26 de junho de 2023

Flamin’ Hot: O Sabor Que Mudou o Mundo – Crítica


Temos visto inúmeros filmes baseados em fatos sobre a criação de produtos/marcas icônicas e que inclusive usam grandes nomes de Hollywood para contar a história. O último deles foi Air, sobre os tênis de Michael Jordan (veja a crítica aqui). E então chega no Star+ Flamin’ Hot: O Sabor Que Mudou o Mundo, sobre a criação do molho picante em salgadinhos da Frito-Lay (Doritos, Cheetos e outros). Ao contrário dos outros, esse longa conta com uma história mais simples, com um elenco mais desconhecido, mas com muita alma.



Estreia de Eva Longoria como diretora, a produção tem um enredo interessante contada por um roteiro amarradinho e muito latino, quase ingênuo, e um elenco extremamente carismático, principalmente a dupla principal.


Flamin’ Hot: O Sabor Que Mudou o Mundo


Richard Montañez (Jesse Garcia) é filho de mexicanos e trabalha como faxineiro numa das fábricas da Frito-Lay na Califórnia nos anos 1990. Ele tem uma mente afiada, sempre querendo aprender, dando o melhor de si. Quando o mercado americano entra em crise e sua fábrica corre o risco de fechar, Richard tem uma ideia: Fazer salgadinhos picantes. O público do qual faz parte, mexicano-americano, é desprezado pela indústria, mas ele acredita que um salgadinho com o sabor da sua terra é o que vai salvar seu emprego – e o de tantos outros. Mas o problema é: Como fazer o alto escalão escutar a ideia de um faxineiro? Sorte que Richard é cara de pau.





A Frito-Lay afirma que essa não é a história real, mas o filme é baseado nas memórias do próprio Richard, então oficialmente não se sabe ao certo o “pai” do Flamin Hot. Richard é o narrador e por vezes exagera nos fatos, como ele mesmo deixa claro, mas isso só dá um tcham a mais para o filme.


Comunidade latina


Mais do que falar só sobre a criação de um sabor, Flamin’ Hot é sobre a comunidade latina e o tempero que ela traz (perdão pelo trocadilho). Numa época em que os mexicanos – e tantos outros – eram hostilizados nos EUA, eles se uniam, se ajudavam e assim seguiam em frente. Richard, por exemplo, não seria quem se tornou não fosse a esposa Judy e seus filhos, além dos amigos.


O filme mostra, ainda que de forma não tão profunda, o que a economia americana se tornou para os latinos nos anos 1990, como eles foram afetados, e como precisaram se reinventar, algo que Richard fez.





Richard e Judy


Jesse Garcia é simplesmente ótimo. Ele é a alma do filme e tem um excelente timing de comédia. Seu Richard, apesar de cheio de defeitos no passado (sua história não é das mais suaves...), nos faz querer abraçá-lo, ser amigo dele. Seu carisma é contagiante e o público torce muito por ele e sua ideia.


E Annie Gonzalez, não fica atrás. Sua Judy é o coração do filme. É aquele tipo de mulher capaz de mudar um homem, que coloca todo mundo em marcha e não mede esforços por aqueles que ama.



A direção de Longoria, também descendente de mexicanos, mostra a alma acolhedora dos latinos, ainda que em muitos momentos tudo seja quase caricato, o que acredito que tenha sido proposital devido ao caráter cômico do filme.


Flamin’ Hot é uma ótima surpresa no quase infinito catálogo dos streamings. Independente se a criação seja totalmente de Richard ou da Frito-Lay, o filme vale suas quase 2 horas de duração.


Recomendo bastante.


Teca Machado




sexta-feira, 23 de junho de 2023

Carrie Soto Está de Volta, de Taylor Jenkins Reid – Resenha


Taylor Jenkins Reid é uma das minhas musas literárias. A conheci com Os Sete Maridos de Evelyn Hugo e desde então eu quero ler até a lista de compras que ela escrever. Gosto muito dos seus livros avulsos, mas os do “Taylorverso” são os preferidos.


Começou com Os Sete Maridos de Evelyn Hugo (resenha aqui) nos anos 1960, seguimos para a Daisy Jones & The Six (resenha aqui) nos anos 1970, depois fomos para Malibu Renasce (resenha aqui) nos anos 1980 e, enfim, chegamos nos anos 1990 com Carrie Soto Está de Volta. Todas as obras publicadas por aqui pela Editora Paralela, selo da Companhia das Letras, apresentam alguma conexão. Por exemplo, um dos maridos de Evelyn Hugo é Mick Riva, cantor mencionado em Daisy Jones e pai de Nina, de Malibu Renasce. Carrie Soto é namorada do ex-marido de Nina e Evelyn Hugo e banda Daisy Jones são citados diversas vezes nos outros livros. Não precisa ler todos e nem na ordem, mas é sempre legal seguir a cronologia.


O último publicado – e agora lido por mim – é Carrie Soto Está de Volta.


Foto @casosacasoselivros


Carrie Soto Está de Volta


Carrie Soto é a maior tenista de todos os tempos. Possui recordes quase imbatíveis e é uma lenda. Depois de uma cirurgia no joelho se aposentou. Aos 37 anos está vendo seu recorde ser igualado por Nicki Chan, uma promessa do tênis que deseja ser a maior. Carrie não aceita que roubem seu título, então junto com Javier, seu pai e treinador, decide voltar para as quadras e retomar aquilo que é seu, jogando os quatro grande slams do ano.


Mas a idade e o joelho estão cobrando seu preço. Carrie tem muitas vezes 20 anos a mais do que as adversárias e para que atinja a seu rendimento da época do auge é preciso muito sacrifício. Mas o maior problema é lutar contra o medo terrível de não vencer, de não ser a melhor, de tirarem dela tudo o que batalhou sua vida inteira.


Taylor Jenkins Reid

Carrie, imperfeita


Um dos maiores acertos de Taylor Jenkins Reid é criar personagens imperfeitos. Nenhum deles é totalmente correto, principalmente suas protagonistas (acho que talvez a Nina, de Malibu Renasce, seja a mais de boa). E se tem algo que Carrie Soto sabe ser é imperfeita. Não no tênis, porque no esporte ela é realmente sem defeitos, mas na vida privada ela é, na melhor das maneiras de descrever, uma criança birrenta.


Confesso que demorei a me conectar ao livro e comecei a curtir mesmo do meio para o final. Carrie não é gostável e faz questão de ser o mínimo possível, tanto em quadra quanto na vida pessoal. Isso acontece com outras personagens da autora, mas todas tem carisma que nos envolvem. Carrie não. Até porque ela entra num looping eterno de parecer uma adolescente que diz “mas eu quero!” o tempo inteiro e se lamentar.


A obra tem excelentes personagens secundários como Javier, responsável pela formação da filha e sua obsessão por vencer, e Nicky Chan, de quem eu gostaria te ter visto mais, inclusive um livro só dela. E ainda temos Bowe, jogador que como Carrie é mais velho, não tem o público a seu favor e deseja ganhar pelo menos um torneio naquele ano. E o seu arco dramático é muito bom e redondinho, assim como seu envolvimento com Carrie. É bacana, bonito, sem a autora pesar a mão e transformar a protagonista numa mulher fofa toda apaixonada, porque essa simplesmente não é ela. Taylor respeita os seus personagens e isso é lindo.



Mulheres no esporte


O livro é uma crítica valiosa ao papel da mulher no esporte, em como os homens sempre ganham mais destaque e como até lá as mulheres são objetificadas, já que ela é chamada de “vaca” por não ser só sorrisos, arrumadinha, linda e amável com as adversárias e a imprensa. Carrie sempre quis ganhar e apenas isso, o que inclusive a torna arrogante aos olhos dos outros. Enquanto homens com atitudes muito piores do que as dela têm muito pano passado para si.


Como eu não entendo grandes coisas de tênis precisei muitas vezes olhar no Google o que eram os jargões (backhand, ace, etc), mas isso não atrapalha a leitura. É, como todo livro da Taylor: Uma leitura fluida, interessante, envolvente e que te entretém ao mesmo tempo que faz pensar.


Mais um livro excelente da autora. Agora é esperar o que se passa nos anos 2000.


   


Recomendo muito. 


Teca Machado

segunda-feira, 19 de junho de 2023

E Aqui Estamos Nós, de Julia S. R. – Resenha


Uma jogadora de futebol profissional e um nerd gamer podem ser um casal que dá certo? Com toda certeza. É aquele típico caso de “os opostos se atraem”. E aqui se atraem mesmo. Em E Aqui Estamos Nós, lançamento de Julia S. R., conhecemos essa dupla tão diferente um do outro, mas que combina completamente.




E Aqui Estamos Nós


Fabbiene é muito boa em três coisas: Jogar futebol, correr de relacionamentos e fugir (literalmente) dos problemas quando eles aparecem. E os problemas parecem estar se empilhando na sua cabeça. Sua mãe descobriu um câncer (e é o mesmo tipo que levou sua avó, o que a deixa em desespero) e seu ex-namorado – que por acaso era seu vizinho – está para voltar para a cidade. Além disso, ela está nervosa porque seu time vai disputar um amistoso e o vencedor vai treinar um dia com a Seleção Brasileira, o que é seu sonho.


Certa noite, ela vai com as amigas para uma festa e conhece Danilo. Ele odeia festas, mas está lá por causa do seu melhor amigo, que o larga para ficar com Letícia, amiga de Fabi. Os dois discutem futebol, entre outras coisas, e começam a se envolver. Tudo de forma lenta, mas natural, e a garota que não quer saber de ninguém finalmente começa a abrir seu coração para um cara totalmente diferente de tudo o que ela conhece.


Julia S. R. (Julia Rietjens)

Fabi e Danilo


Fabi e Danilo são dois cristaizinhos que se alguém fizer mal a eles eu vou lá dar na cara. Os personagens são muito bem construídos e carismáticos. Eles são perfeitamente imperfeitos à sua maneira e é uma delícia acompanhar o crescimento pessoal e o da relação deles.


Os capítulos são divididos entre os pontos de vistas dos dois, mas Fabi ganha mais capítulos de narração, e como sua vida está com mais altos e baixos faz mais sentido que ela tenha um pouco mais de destaque.


E um detalhe: A Santa Marta! Fabi vê a jogadora da seleção como uma entidade religiosa e conversa com ela constantemente em sua mente. É muito divertido!


Julia S. R.


Julia S. R. é o pseudônimo de Julia Rietjens, já conhecida no meio dos escritores independentes com seus romances LGBTQIA+, principalmente por Se Eu Fosse Um Clichê (já li e em breve trago resenha!), Meu Gato Me Odeia, o lançamento Melodias do Infinito, e outros. 


E Aqui Estamos Nós é seu primeiro livro voltado para os público +18, por ter cenas mais calientes. Ela explica que assumiu esse outro nome para que os leitores saibam o que esperar dos seus livros de acordo com a faixa etária. 



E por falar em caliente, as cenas são ótimas. Ela não pesa a mão, não é exagerado e não tem “sexo por sexo”, tem um porquê cada relato do tipo. O casal é um amorzinho que só, mas também há fogo e muito desejo entre eles. Ou seja: O melhor tipo!


E Aqui Estamos Nós é uma leitura gostosa, rápida e, quando percebemos, já acabou, tão rápido as páginas voam. Vale muito a pena.


   

Recomendo.


Teca Machado

quinta-feira, 15 de junho de 2023

Falando a Real – Apple TV+ - Crítica


E se um psicólogo de luto, frustrado e cansado começasse a dar opiniões sinceras e conselhos até mesmo antiéticos para os seus pacientes? E se começasse a tirar eles do consultório para viver experiências no mundo real e fora da zona de conforto? O resultado poderia ser desastroso. Ou não. Na série Falando a Real, da Apple TV+, acompanhamos um profissional que decidiu ser nada ortodoxo enquanto lida com pacientes e dramas pessoais.



Falando assim parece um pouco sem graça, mas a dramédia (drama + comédia) do melhor serviço de streaming atual (também conhecida como Apple TV+) é uma excelente produção, com 10 episódios curtos, fluidos e divertidos nessa primeira temporada.


E se você acha que tem Falando a Real um quê de Ted Lasso está certo. É dos mesmos produtores e até mesmo roteiristas. Brett Goldstein, nosso eterno Roy Kent (“He’s here, he’s there, he’s every f*** where”) é um dos criadores e roteirista principal, assim Bill Lawrence, também figura importante na outra série.




Falando a Real


Jimmy (Jason Segel) perdeu a esposa recentemente. Ele fica sem rumo. Afundado em luto, drogas, mulheres e depressão, seu atordoamento impacta o trabalho de psicólogo. Tentando sair da estagnação em que se encontra, ele começa a dar conselhos e sugestões inimagináveis. Esse é o ponto de partida para alcançar mudanças em sua própria vida.


Além de acompanhar Jimmy, a série também dá espaço para Gaby (Jessica Williams) e Paul (Harrison Ford), colegas de trabalho do protagonista e que são figuras centrais da produção. Ambos também têm seus demônios pessoais com que lidar. Gaby é responsável pelas melhores momentos de comédia, tem um timing perfeito e é extremamente divertida.  Sei que eu gostaria de ser amiga dela. E Paul é nosso eterno Indiana Jones, que mesmo aos 80 anos tem o talento e o brilho que sempre teve. Seu Paul é resmungão, bravo e, de certa forma, leve.


Há ainda a filha de Jimmy Alice (Lukita Maxwell), Sean (Luke Tennie), paciente que Jimmy acolhe, Brian (Michael Urie), melhor amigo do protagonista, Liz (Christa Miller), vizinha e amiga e outros.




Luto


Falando a Real é um retrato do luto que ainda dói, ainda é latente. É sobre chegar ao fundo do poço, sobre relações. Mostra como aqueles que ficam para trás precisam reaprender a viver e tentar superar seus traumas. Por mais que ficar na autopiedade seja mais fácil, não é viável a longo prazo. 


Mesmo que seja um tema pesado, a série o faz de forma leve e mesmo divertida. Tem seus momentos emocionantes, mas seus momentos de risada. Várias vezes eu queria pegar os personagens (principalmente Jimmy) e dar um abraço dizendo que vai ficar tudo bem. Os atores têm muita química e entrosamento, fora bastante carisma, o que deixa tudo ainda melhor. Jason Segel é basicamente o Marshall de How I Met Your Mother mais velho e de luto. Impossível não amar.





O roteiro é bem amarrado e sem firulas. Não aprofunda demais onde não precisa e também não corre. O último episódio fecha muitos arcos, dando uma sensação de final mesmo, do tipo que se não tiver uma nova temporada não ficaremos com pontas abertas, apesar de que é difícil não querer mais. E demos sorte: Falando a Real foi renovada.


Recomendo demais.


Teca Machado





terça-feira, 13 de junho de 2023

Uma Linda Vida - Crítica


Uma das melhores coisas ao assistir a um filme é ir totalmente sem expectativa e sair impactado. E isso aconteceu comigo na semana passada. Sem saber bem o que assistir (apesar da lista só crescente de tudo o que quero ver) nos deparamos com um filme dinamarquês na Netflix. Vimos o trailer, gostamos e demos uma chance. Melhor decisão. Acho que foi uma das melhores produções que assisti em 2023 até agora. Estou falando de Uma Linda Vida, do diretor Mehdi Avaz.



Uma Linda Vida


Elliot (Christopher) é um pescador solitário que gosta de música, mas nunca pensou nisso além de uma maneira de se distrair. Seu amigo Oliver (Sebastian Jessen) tem o sonho de cantar profissionalmente e o chama para tocar violão para ele em um show. Oliver congela e Elliot precisa cantar para ajudá-lo. O pescador tem muito mais talento, tanto que Suzanne (Christine Albeck Borge), viúva de uma lenda do rock, chama Elliot para seguir essa carreira e guiá-lo. E assim acompanhamos seu caminho rumo ao estrelato, ao lado da produtora musical Lilly (Inga Ibsdotter Lilleaas), filha de Suzanne, enquanto ele tenta descobrir quem é e como fazer as pazes com seu passado.


A história não é nada extraordinária e nem revolucionária, já vimos filmes do tipo por aí. O enredo tem um quê de Nasce Uma Estrela e Apenas Uma Vez (esse segundo bem menos conhecido do que o blockbuster com Lady Gaga e Bradley Cooper, mas vale cada minuto da sua atenção). Mas é uma fórmula que, se bem contada, com personagens cativantes e música bem-feitas engaja o espectador, ainda que de certa forma clichê. E é o que acontece aqui.




E, sim, trunfo de Uma Linda Vida são as músicas e o carisma de Elliot. É possível ver o protagonista passando de um homem fechado, pouco interessado na carreira a alguém curtindo cada momento, se divertindo como uma criança no parque, tudo isso enquanto se apaixona.


Christopher


Christopher, o protagonista, é realmente cantor e famoso na Dinamarca, inclusive foi o compositor das canções do filme. Assim que as músicas começaram eu tinha certeza de que ia escutar a trilha sonora em modo repeat eterno por muito tempo. Acertei. Assisti tem poucos dias e já sei cantar as canções. Elas são emocionantes, divertidas, boas de cantar e ótimas de escutar. O combo perfeito.


Apesar de ser apenas cantor e compositor, aqui ele mostra que seu talento é versátil. Não é uma atuação digna de Oscar, mas é muito boa, convincente e amável. Em vários momentos dá vontade de dar um abraço em Elliot, dizendo que vai ficar tudo bem, tudo isso para tirar o ar sofrido que ele tem (e, sendo bonitão como é, não é muito difícil querer dar uns abraços nele).





Uma Linda Vida é claramente um filme feito para lançar Christopher em outros mercados que não o dinamarquês e foi um acerto muito grande, principalmente porque ele cantou, compôs, entregou carisma e se jogou no projeto. Sei que eu já estou escutando essas e outras músicas dele.


A fotografia e o design de produção são bonitos. Nada espetacular ou de encher os olhos, mas intimista, familiar, aconchegante e confortável. O filme tem uma história bonita, com atores carismáticos, uma dose de drama, músicas boas e uma produção fora de Hollywood que consegue se destacar em meio aos milhares filmes de streaming. 


Recomendo muito.


Teca Machado



terça-feira, 6 de junho de 2023

Referências no episódio final de Ted Lasso


Acordei triste e feliz. Com uma semana de atraso (normal para mim), assisti ontem o final de Ted Lasso. Quem me acompanha pelo menos um pouquinho aqui e nas redes sociais sabe o tanto que eu amo essa série da Apple TV+. Sendo bem sincera, acho na minha lista de preferidas está atrás apenas de Friends, até porque Friends é hors concours, imbatível.


Estou triste porque acabou (Como vou viver sem meu Tedinho? COMO?), mas feliz porque ela foi consistente até o fim e nos deu um final digno. A Apple TV+ sempre preza pela qualidade das suas produções e isso é visto em cada filme e série que lança. E com Ted Lasso isso é muito claro. Eles preferiram acabar no auge, acabar bem, do que arrastar por temporadas e temporadas e estragar algo tão bom (alô, Netflix, sentiu a indireta?).


Ted Lasso teve um final coerente, bonito, melancólico, feliz, triste, de aquecer o coração e deixar a gente com um sorrisinho no rosto, como foi ao longo dessas três incríveis temporadas.


E o episódio final foi cheinho de referências a temporadas passadas – e eu trouxe alguns aqui para vocês que vi no site TV Line!


Se você ainda não assistiu, melhor não continuar lendo, porque vai estar cheio de spoilers. E se não assistiu ainda, o que está esperando? Veja a crítica aqui.




1- Dancinha do Ted




Primeira referência: A primeira vez que vemos Ted, é por meio de imagens do vestiário de sua celebração com o Wichita State Shockers, time que ele treinava, onde Ted está fazendo a dança do homem correndo enquanto seu time comemora (na 1ª temporada, episódio 1).


Referência final: Ted mostra os mesmos movimentos depois que o AFC Richmond conquista a grande vitória contra o West Ham.


2- Livro do Jamie



Primeira referência: Ted presenteia cada jogador de Richmond com um livro diferente, mas Jamie imediatamente joga sua cópia de The Beautiful and Damned, de F. Scott Fitzgerald, no lixo (na primeira temporada, episódio 3).


Referência final: The Beautiful and Damned é agora onde Jamie esconde seu pedaço da placa rasgada de “Believe” que os Greyhounds colaram de volta. (E o livro parece bem gasto hoje em dia!)


3- Impedimento



Primeira referência: “Só por curiosidade: você poderia explicar a regra do impedimento?” Trent Crimm pergunta a Ted antes de sua primeira partida oficial como técnico (na 1ª temporada, episódio 2). Ted não consegue, e a regra do impedimento continua a confundi-lo ao longo da série.


Referência final: Quando o West Ham marca um gol final sobre Richmond, é apenas Ted - não Beard ou Roy - que percebe corretamente que um jogador estava impedido.


4- Selfie



Primeira referência: Em seu voo para a Inglaterra, Ted é abordado para uma selfie por um jovem que viu o vídeo viral de Ted dançando e fala que é loucura ele fazer isso (na Temporada 1, Episódio 1).


Referência final: Ted encontra o mesmo fã quando está prestes a embarcar em seu voo de volta para os Estados Unidos, só que desta vez, em vez de pensar que é ridículo que Ted esteja tentando treinar o futebol do Reino Unido, o jovem agora pensa que é estúpido que Ted jamais voltar para os EUA após seu sucesso com Richmond.


5- Fita nos seios



Primeira referência: sempre o cavalheiro, Ted usa fita preta para censurar uma foto de Keeley em topless que Jamie pendurou em seu armário (na 1ª temporada, episódio 1).


Referência Final: Ao se tornar o novo gerente do AFC Richmond, Roy usa a mesma técnica de fita em um desenho em seu escritório - que por acaso é um dos esboços de carvão "enervantemente precisos" de sua sobrinha do peito de uma mulher, visto pela primeira vez na 2ª temporada.


6- Técnica de Kintsugi




Primeira referência: a vidente da mãe de Rebecca mostra uma tigela única em sua casa, explicando que a arte japonesa do kintsugi conserta coisas quebradas com ouro, para criar algo bonito enquanto abraça suas falhas (na 3ª temporada, episódio 3).


Referência final: Nate usa a mesma prática para consertar a placa "Believe" de Ted, colando os pedaço com ouro e pendurando-a novamente no vestiário dos Greyhounds.


7- “Seja um peixinho dourado”




Primeira referência: depois que Sam comete um deslize durante o treino, Ted insiste para que ele “seja um peixinho dourado”, um animal feliz porque tem uma memória de apenas 10 segundos (no episódio 2 da 1ª temporada).


Referência final: Tendo voltado para casa no Kansas, Ted dá o mesmo conselho ao filho Henry depois que ele perde um gol durante o jogo de futebol.


8- “Todo mundo está decente?”



Primeira referência: Em sua primeira aparição na tela, Keeley entra no vestiário dos Greyhounds com os olhos protegidos, perguntando se os homens estão suficientemente vestidos... apenas para ficar desapontada quando estão (na 1ª temporada, episódio 1).


Referência final: “Todo mundo é decente?” Keeley pergunta mais uma vez, com os olhos cobertos - e, sim, para sua tristeza todos estão.


9- Amor de Roy por Julie Andrews



Primeira Referência: Roy revela a Ted, Beard, Higgins e Trent Crimm que gosta da atriz Julie Andrews, nomeando Maria, de A Noviça Rebelde, como seu papel favorito dela (na Temporada 3, Episódio 3).


Referência Final: Os Greyhounds executam "So Long, Farewell" de A Noviça Rebelde como um adeus a Ted, e Roy visivelmente murmura a letra do lado de fora.


10- Jamie e a caixinha de dinheiro



Primeira Referência: Quando Nate chega para coletar dinheiro para o presente de aniversário de Sam, Jamie enfia seu chiclete mascado na caixa (no episódio 2 da 1ª temporada).


Referência Final: Quando Jamie é multado em £ 200 por dormir durante a meditação da equipe, ele contribui com o dinheiro que deve - e um pouco mais.


Bônus: O chapéu “Icon”, “Ícone”, de Jamie, que ele usava bastante nas temporadas anteriores, agora diz “I, Cog”, algo como “Eu, engrenagem”, aparentemente indicando que ele realmente aceitou ser um companheiro de equipe.


Você pode ver todas as referências aqui.


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Com muita tristeza me despedi de Ted Lasso ontem. Mas tudo bem. Agora é só recomeçar a assistir tudo mais uma vez. E de novo. E de novo. E de novo. Como faço com Friends até hoje.


Recomendo muito.


Teca Machado


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