segunda-feira, 10 de julho de 2023

Indiana Jones e a Relíquia do Destino - Crítica


Praticamente fui apresentada ao mundo da sétima arte com os filmes de Indiana Jones e De Volta Para o Futuro. Essas duas sagas tem um lugar muito especial no meu coração. E é lógico que eu vibrei/fiquei com medo quando anunciaram o 5 filme de Indiana Jones, ainda mais depois de tanto tempo. Sempre fica aquela sensação de “e se estragarem algo que era perfeito?”. Apesar de gostar, convenhamos, o filme 4, de 2008 é bem médio, não chega aos pés da trilogia dos anos 1980. E após assistir a Indiana Jones e a Relíquia do Destino, o primeiro da saga que não é do Steven Spielberg, posso dizer que a magia dos originais está ali, mesmo com um Harrison Ford com mais de 80 anos. 




Indiana Jones e a Relíquia do Destino


Do diretor James Mangold, temos aqui uma analogia do novo e do velho. Estamos em 1969 e Indiana Jones (Ford) está velho. Ele é professor de arqueologia, mas seus alunos pouco se importam com o que ele fala. Todos ao seu redor só querem saber de uma coisa: Os astronautas que pousaram na Lua. Ele luta para se encaixar em um mundo que parece tê-lo superado. Mas para ele o passado importa, mesmo que seus dias de glória tenham ficado para trás. Quando sua afilhada Helena (Phoebe Waller-Bridge) aparece falando sobre um artefato criado por Arquimedes milhares de anos antes, ele precisa sair da sua quase aposentadoria para ajudar a garota (não que ela queira) e impedir que a relíquia cai nas mãos de antigos rivais que a desejam para reviver a glória dos nazistas.


Um dos maiores acertos de Indiana Jones e a Relíquia do Destino é colocar os nazistas como vilões mais uma vez. Não que isso seja algo inovador – inclusive em outros filmes da franquia eles foram usados -, mas a maneira foi inteligente, além de muito atual. Dr. Schmidt (Mads Mikkelsen) era um oficial nazista que no pós-guerra foi recrutado pelos EUA, ganhou outro nome e foi para a Nasa. Isso, inclusive, aconteceu e sabe-se que muitos deles foram para o alto escalão do governo, numa operação que foi chamada da Paperclip. E ele, junto com americanos, quer trazer o auge do Terceiro Reich de volta (e não estamos vendo isso atualmente?).

 



Ford e elenco


Que Harrison Ford é o Indiana Jones não podemos negar. Ele não é um personagem que, como outros heróis, daria para fazer um reboot com outro ator no lugar. Seria errado, estranho. E apesar do filme de 2008 indicar que Shia LaBeouf seria parte importante de sequências, ele foi cortado (o ator é mal-quisto em Hollywood devido a inúmeras polêmicas). É interessante ver que mesmo acima dos 80 anos ele ainda tem o charme e a vitalidade que o personagem perde. Lógico que não como nos filmes anteriores, mas a faísca ainda está lá e é uma delícia de ver e reviver. E a sequência inicial, que o rejuvenesceram, é incrível, aquele gostinho de todo Indiana Jones.


O acréscimo de Phoebe Waller-Bridge foi excelente. Ela é carismática ao extremo, leve e divertida, um ótimo contraste com Indy que sempre é meio carrancudo e agora que mais velho e depois de inúmeras perdas na vida está ainda mais. Mads Mikkelsen, como sempre, também é excelente. Seu vilão é real e um risco à sociedade. A voz mansa e gestos contidos são muito mais amedrontadores do que um homem explosivo.




Ainda que alguns críticos tenham falado mal, a impressão geral é que a nostalgia e o respeito pelo personagem – e pelo Spielberg - estão ali. Indiana Jones e a Relíquia do Destino foi uma excelente maneira de terminar uma saga, com delicadeza, humor, ação e todo brilho de Jones. Meu coração ficou quentinho.


Recomendo muito.


Teca Machado


segunda-feira, 3 de julho de 2023

Silo – Apple TV+ - Crítica


Sabe o que eu vou fazer de novo? Panfletar a Apple TV+. (Apple, te quiero, só falta você me querer também e fazer publi comigo). Mas que culpa eu tenho se tudo o que essa plataforma faz é bom? As produções da Apple são disparadas as minhas preferidas e hoje venho aqui falar de mais uma: Silo.




A primeira temporada de Silo está completa – o último episódio foi ao ar semana passada – e é baseada no primeiro livro da trilogia Silo, de Hugh Howey, que foi publicado no Brasil pela Editora Intrínseca (veja aqui a resenha). São 10 episódios com uma média de 50 minutos de duração e já está renovada para a segunda temporada (é o mínimo, né, depois daquele final!) e acredito que vão fazer a temporada 3 também, para acompanhar os livros.


Pode ler a crítica sem medo que não tem spoilers por aqui.


Silo




O mundo acabou e o que resta da humanidade vive num silo subterrâneo gigantesco e autossuficiente com 150 andares. Ninguém sabe o que aconteceu com o planeta, nem quem construiu o abrigo ou quando vai ser seguro sair. A população obedece a um conjunto de estritas regras chamada de Pacto e uma delas diz se alguém manifestar a vontade de sair, esse desejo vira obrigatório e a pessoa será expulsa do silo com uma roupa que o protege por tempo limitado. Mas a população pede, antes de morrer, essa pessoa limpe a lente do sensor que é o único modo de ver o lado de fora, ainda que seja desolado. Quando uma sucessão de acontecimentos faz com que Juliette Nichols (Rebecca Ferguson), uma engenheira do andar mais profundo do silo se torne a nova xerife, ela começa a fazer investigações que a levam a duvidar do único mundo que conhece. As mentiras são terríveis. As verdades podem ser mais ainda.


Adaptação


Silo tem uma sensação claustrofóbica. É impensável para a gente morar num buraco no chão, sem luz do sol, uma vida escura, extremamente regrada e sem grandes espaços livres, fora não saber se um dia será seguro sair.




O livro já nos faz sentir isso intensamente e a série conseguiu ainda mais. Toda a essência do original está ali. Confesso que gostei até mais da adaptação do que do livro, principalmente por causa do ritmo. A leitura não é muito fluida, mas a série é. E Graham Yost, responsável pela transição de livro para TV, fez um excelente trabalho ao melhorar o original em muitas passagens e nos personagens, lhes dando mais voz, mais tempo e mais profundidade. 


A produção e o design são muito bem-feito, bem parecido com o que imaginava e é aquele tipo de história tão cheia de mistérios que te prende e você continua assistindo/lendo porque precisa saber como vai terminar. Vi um vídeo sobre os bastidores que conta que foram construídos mais de 70 sets e cenários e tudo foi extremamente pensado para criar uma sensação circular, sem fim, sem começo, como eles se sentem lá dentro 


Elenco




Gosto de Rebecca Ferguson desde que a vi a primeira vez, acho que em algum Missão Impossível, e em Silo vemos ela na sua melhor forma. Julliete não é uma personagem fácil, nem mesmo gostável. Se sente melhor com máquinas do que com pessoas, então não temos uma protagonista carismática e de fácil identificação. Mas Ferguson faz tudo de forma brilhante e nos envolve, fazendo torcer por ela. Seu olhar duro, triste, prático, a linguagem corporal, tudo é bem pensado. É, definitivamente, uma atuação muito boa. E temos ainda os excelentes Tim Robbins, Common, Chinaza Uche e outros.


Silo é uma mistura de thriller com mundo distópico e apocalíptico que deu muito certo. É mais uma excelente série da Apple TV+ que vou recomendar para todo mundo que puder. 


Teca Machado


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