Falando a Real – Apple TV+ - Crítica


E se um psicólogo de luto, frustrado e cansado começasse a dar opiniões sinceras e conselhos até mesmo antiéticos para os seus pacientes? E se começasse a tirar eles do consultório para viver experiências no mundo real e fora da zona de conforto? O resultado poderia ser desastroso. Ou não. Na série Falando a Real, da Apple TV+, acompanhamos um profissional que decidiu ser nada ortodoxo enquanto lida com pacientes e dramas pessoais.



Falando assim parece um pouco sem graça, mas a dramédia (drama + comédia) do melhor serviço de streaming atual (também conhecida como Apple TV+) é uma excelente produção, com 10 episódios curtos, fluidos e divertidos nessa primeira temporada.


E se você acha que tem Falando a Real um quê de Ted Lasso está certo. É dos mesmos produtores e até mesmo roteiristas. Brett Goldstein, nosso eterno Roy Kent (“He’s here, he’s there, he’s every f*** where”) é um dos criadores e roteirista principal, assim Bill Lawrence, também figura importante na outra série.




Falando a Real


Jimmy (Jason Segel) perdeu a esposa recentemente. Ele fica sem rumo. Afundado em luto, drogas, mulheres e depressão, seu atordoamento impacta o trabalho de psicólogo. Tentando sair da estagnação em que se encontra, ele começa a dar conselhos e sugestões inimagináveis. Esse é o ponto de partida para alcançar mudanças em sua própria vida.


Além de acompanhar Jimmy, a série também dá espaço para Gaby (Jessica Williams) e Paul (Harrison Ford), colegas de trabalho do protagonista e que são figuras centrais da produção. Ambos também têm seus demônios pessoais com que lidar. Gaby é responsável pelas melhores momentos de comédia, tem um timing perfeito e é extremamente divertida.  Sei que eu gostaria de ser amiga dela. E Paul é nosso eterno Indiana Jones, que mesmo aos 80 anos tem o talento e o brilho que sempre teve. Seu Paul é resmungão, bravo e, de certa forma, leve.


Há ainda a filha de Jimmy Alice (Lukita Maxwell), Sean (Luke Tennie), paciente que Jimmy acolhe, Brian (Michael Urie), melhor amigo do protagonista, Liz (Christa Miller), vizinha e amiga e outros.




Luto


Falando a Real é um retrato do luto que ainda dói, ainda é latente. É sobre chegar ao fundo do poço, sobre relações. Mostra como aqueles que ficam para trás precisam reaprender a viver e tentar superar seus traumas. Por mais que ficar na autopiedade seja mais fácil, não é viável a longo prazo. 


Mesmo que seja um tema pesado, a série o faz de forma leve e mesmo divertida. Tem seus momentos emocionantes, mas seus momentos de risada. Várias vezes eu queria pegar os personagens (principalmente Jimmy) e dar um abraço dizendo que vai ficar tudo bem. Os atores têm muita química e entrosamento, fora bastante carisma, o que deixa tudo ainda melhor. Jason Segel é basicamente o Marshall de How I Met Your Mother mais velho e de luto. Impossível não amar.





O roteiro é bem amarrado e sem firulas. Não aprofunda demais onde não precisa e também não corre. O último episódio fecha muitos arcos, dando uma sensação de final mesmo, do tipo que se não tiver uma nova temporada não ficaremos com pontas abertas, apesar de que é difícil não querer mais. E demos sorte: Falando a Real foi renovada.


Recomendo demais.


Teca Machado





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