quarta-feira, 26 de abril de 2023

Tetris - Filme - Crítica


Os jogos de hoje podem ser empolgantes, com gráficos espetaculares e enredos criativos, mas os jogos clássicos têm o seu lugar no nosso coração. É o caso de Tetris. Você com certeza já jogou pelo menos algumas vezes na vida. Mas você sabe a história por trás da popularização dele? Sabe que envolveu a KGB, subornos, disputa de poder e muito mais? 


Baseado na história real do jogo o filme Tetris, do diretor Jon S. Baird, com Taron Egerton, está disponível na Apple TV+ desde semana passada.



Tetris


Nos anos 1980, Henk Rogers (Taron Egerton), um designer de games e empresário do ramo, conhece Tetris numa feira e fica fascinado. Ele tem certeza de o jogo tem tudo para ser sucesso instantâneo e ganhar o mundo, por isso decide correr atrás dos direitos de representação. Mas ele não é o único. O grupo de mídia Daily Mirror também está nessa disputa. 


O problema é que esse não é um jogo inventado por uma pessoa comum. Alexey Pajitnov (Nikita Efremov), o criador, vive na URSS nos anos finais da Guerra Fria e não tem direito sobre sua própria criação. Rogers e outros começam negociações extremamente burocráticas, tensas e perigosas com o governo russo, que envolve a KGB, políticos corruptos e até mesmo Mikhail Gorbatchov.





Na verdade, Tetris não é um filme sobre a invenção do game, e sim sobre a sua popularização. A criação não tem muito destaque, ainda que o seu criador tenha bastante tempo em tela. O protagonista, junto com o jogo em si, é Rogers.


Comunismo x Capitalismo


Mais uma vez, temos um conteúdo original Apple TV+ de alta qualidade. Enredo interessante, elenco afiado (sim, eu sou muito fã do Taron Egerton e acho ele incrível em qualquer papel!), direção ágil (que faz com que você nem perceba que duas horas se passaram), ambientação muitíssimo bem pensada, uns clichês aqui e umas frases de efeito ali e exagero em alguns sentidos tornam Tetris um filme muito interessante, com bastante entretenimento e que nos faz conhecer mais sobre algo que sempre esteve presente na nossa vida.




Tetris é didático, sem esmiuçar demais os trâmites burocráticos, é eletrizante e faz uma obra sobre um tema tão maçante ser interessante. E é claro que estamos falando de Hollywood, então é o bem contra o mal, os capitalistas contra os comunistas, os globalizados (porque só assim para descrever Rogers: Holandês, criado em NY, fez faculdade no Havaí, conheceu a esposa e mora com ela no Japão) contra os enclausurados pela Cortina de Ferro. Temos aqui o velho estereótipo da cinza, feia e malvada União Soviética. Mas há um contraponto: O capitalismo também é feio. Não na figura de Rogers, mas no dos donos do Daily Mirror.


Tetris não é filme para concorrer ao Oscar e a outros prêmios (e nem tenta ser), mas é de alta qualidade e vale cada um dos 118 minutos que tem.


Recomendo muito.


Teca Machado



segunda-feira, 24 de abril de 2023

A Razão do Amor, de Ali Hazelwood - Resenha


Você sabe o que é STEM? É um acrônimo em inglês para "science, technology, engineering and mathematics" (ciência, tecnologia, engenharia e matemática), que representa um sistema de aprendizado científico. A sigla é presença constante nos livro de Ali Hazelwood, que usa o universo acadêmico STEM como pano de fundo de suas histórias. Sua primeira obra, que viralizou no TikTok em 2021, é A Hipótese do Amor (veja a resenha aqui), publicado pela Editora Arqueiro. E entrei novamente nesse universo com A Razão do Amor.


A Hipótese do Amor é o queridinho de todos e foi uma das minhas leituras preferidas do ano passado, amo de paixão. Mas no fim das contas gostei ainda mais de A Razão do Amor.


Foto @casosacasoselivros



A Razão do Amor


A carreira de Bee Königswasser não anda das melhores. Presa num emprego que não gosta e que não a vai levar muito longe, vê uma oportunidade de mudança quando a Nasa precisa de uma neurocientista para liderar um projeto com astronautas. Quando é chamada para a vaga, sabe que sua grande chance chegou. Só que tem um porém: Ela terá que dividir a liderança com Levi Ward, que é genial, lindo, alto, de olhos verdes e seu arqui-inimigo dos tempos do doutorado. Ela se pergunta o que Marie Curie, sua musa da ciência, faria.


Na verdade, Bee não tem ideia do motivo que o faz a odiar tanto e porque ele a trata com tanta indiferença e frieza. Mas ele sempre aparece para salvá-la nos momentos em que mais precisa e concorda com suas ideias no trabalho. Mas quando coisas estranhas acontecem no projeto e eles se envolvem cada dia mais, Bee percebe que talvez ela não odeie tanto aquele homem lindo e frio...


Enemies to lovers

Ali Hazelwood

Em A Razão do Amor a trope (padrão narrativo) é enemies to lovers, o clichê que a gente ama (sei que eu amo!). É aquela história que começa com os protagonistas se odiando, com diversas diferenças, mas cuja relação vai mudando e se envolvem romanticamente. E aqui na obra esse enredo é um prato cheio, porque Ali Hazelwood cria personagens com muita química e interação, já que são obrigados a trabalhar juntos diariamente.


Bee e Levi são um ótimo casal. À primeira vista ele parece taciturno e meio babaca (Adam Carlsen, é você?), mas na verdade ele está longe disso. Confesso que meu lado periguete literária apaixonou total e queria ele para mim (desculpa, marido, é a verdade!). E Bee é ótima! Engraçada, divertida, prática, trágica, dramática, ela é o tipo de pessoa de quem eu queria ser amiga. Suas tiradas são sensacionais. Dei algumas risadas durante o livro.


Marie Curie, STEM e Twitter


A física ganhadora do prêmio Nobel e que é até hoje umas cientistas mais importantes do mundo é figura constante em A Razão do Amor. Bee é apaixonada por Curie e durante a leitura vamos conhecendo mais sobre a vida dela (e você pode assistir ao filme Radiotividade, da Netflix, para se aprofundar ainda mais. Veja crítica aqui). Ela é quase uma personagem do livro.


E o universo STEM está também em evidência, a questão do machismo no setor e outros problemas acadêmicos que envolvem o assunto. Muitas gente criticou Hazelwood por ser “mais do mesmo”. Mas, se pararmos para pensar, outros autores são sempre mais do mesmo e ninguém reclama (Collen Hoover, Nicholas Sparks, romances de época e mais...). E convenhamos, é interessante ler livros sobre o tema, até porque eu sou de humanas e é legal conhecer.  Outra figurinha importante de A Razão do Amor é o Twitter e dá um toque a mais na história e tem papel fundamental.


 


Mesmo que alguns dos mistérios da obra sejam óbvios, ainda mais para quem é fã de romances e os lê com frequência, a autora cria umas reviravoltas mais bem elaboradas e é divertido de acompanhar. Ali Hazelwood tem uma escrita gostosa, que te envolve e que te faz mergulhar naquele mundo e ficar triste quando o livro acaba. Sei que eu fiquei tão imersa que li as últimas 100 páginas de uma vez só porque eu simplesmente precisava saber como terminava.


A Razão do Amor é um ótimo livro e foi uma das minhas leituras preferidas do ano até o momento.


Recomendo muito.


Teca Machado

quarta-feira, 19 de abril de 2023

Sem Limites com Chris Hemsworth - Crítica


Todo mundo quer viver mais e com mais saúde. A busca pela fonte da juventude e da saúde são tão antigas quanto a história do ser humano. E não só os “pobres mortais” como nós procuram isso. Estrelas como Chris Hemsworth (o Thor) também perseguem esse objetivo. E esse é o foco do documentário Sem Limites com Chris Hemsworth, do criador e diretor Darren Aronosky (também de Cisne Negro, A Baleia, One Strange Rock e outros). 


Da Disney+ em parceria com a National Geographic, Sem Limites tem seis episódios com cerca de uma hora cada e nela acompanhamos o ator buscando uma maneira de viver melhor, por mais tempo e com menos danos ao corpo e à mente.



Sem Limites com Chris Hemsworth


Até o Thor tem medos e fraquezas. E Chris Hemsworth abre o coração no documentário. Ele mostra vulnerabilidades e receios e ao longo de seis episódios vai vencendo obstáculos ao envelhecimento sem saúde e aprendendo no caminho. Não é só seu corpo (e que corpo!) que trabalha na série, sua mente também. Até porque muitos dos desafios do corpo são vencidos com a ajuda da mente. Ele anda sobre um andaime a mais de 200 metros de altura, fica sem comer por 4 dias, nada no Ártico e muito mais.


Os episódios são sobre stress, frio (e calor), jejum, força, memória e aceitação. Sempre rodeado de profissionais especialistas em cada área que ele vai se aprimorar e chegando ao limite – e até passando dele, o ator também conta com a participação de sua família. Sua esposa é figura frequente nos capítulos, assim como os irmãos (sim, o ex da Miley Cyrus que está digerindo Flowers até hoje) e amigos.




É possível aprender e levar muito do que ele faz para a nossa vida. Claro que para fins de documentário e por causa da sua forma física, ele faz tudo de forma extrema, mas podemos adquirir muitos dos hábitos. O que é mostrado é interessante, baseado em ciência e nos faz querer viver mais e de forma mais saudável. Sei que eu guardei muito comigo e tenho tido algumas das atitude que aprendi na série.


Uma frase que ficou comigo é “a gente não para de se movimentar porque envelhece. A gente envelhece porque para de se movimentar”.


Pausa na carreira


Um dos episódios mais emotivos de Sem Limites com Chris Hemsworth é sobre memória. Para a série, o ator fez diversos testes genéticos e um deles revelou uma propensão elevada ao desenvolvimento de Alzheimer.  Ele descobriu que carrega duas cópias do gene APOE4, herdadas tanto do seu pai quanto da sua mãe, uma combinação bastante rara, que segundo pesquisas mais recentes afirma que seus portadores têm de 8 a 10 vezes mais chance de desenvolver a doença de Alzheimer do que pessoas sem esses genes.




Isso foi um baque para o ator, já que seu avô teve a doença e o resultado o fez encarar uma possibilidade amedrontadora para o futuro. Isso não significa que ele vai desenvolver o Alzheimer, mas Hemsworth enxerga o laudo como uma oportunidade de aproveitar mais sua vida e ficar mais com sua família. Assim, ele decidiu dar uma pausa na carreira. Ele entendeu que mais do que viver muito, ele quer viver bem e aproveitar seu tempo com quem realmente importa.


Com alguns episódios melhores do que outros (mas todos bons), Sem Limites com Chris Hemsworth é uma excelente série documental, com conteúdo interessante e visual lindíssimo, e que pode nos fazer repensar a vida, a saúde e a mortalidade.


Recomendo muito.


Teca Machado


segunda-feira, 17 de abril de 2023

Air: A História Por Trás do Logo - Crítica


Você pode até pensar que Air: A História Por Trás do Logo, do ator e diretor Ben Affleck, seja sobre Michael Jordan, mas não é. Ele nem ao menos aparece no filme, apesar de ser a figura central e tudo girar ao seu redor. O vemos sempre de costas, sua silhueta e mesmo ouvimos a voz, mas o lendário jogador não aparece. A estrela é o seu par de tênis Air Jordan (e toda linha que surgiu a partir disso).


Mesmo que você não seja fã de basquete, ou mesmo de esporte em geral, Michael Jordan dispensa apresentações. Foram seis títulos da NBA pelo Chicago Bulls, seis vezes o MVP das finais, 32 mil pontos na carreira, 6,6 mil rebotes e 5,6 mil assistências. Ele é, sem dúvida, um dos maiores atletas de todos os tempos. Ele mudou o basquete, mas, como vemos em Air, ele também mudou a maneira como marcas patrocinam os esportistas.



Air: A História Por Trás do Logo


Air não é um filme sobre basquete, é sobre negócios. As quadras são pano de fundo para as negociações entre a família de jogador e as marcas que o gostariam de patrocinar. Michael Jordan era um novato, tinha acabado de ser recrutado pela NBA, nem ao menos tinha pisado numa quadra do campeonato nacional, mas já era disputado.


Em 1984, a Nike tinha 10 anos e já era uma empresa milionária e conhecida no mundo todo, mas sua divisão de basquete era pífia. Phil Knight (Ben Affleck), fundador e CEO da marca, traz para a equipe Sony Vaccaro (Matt Damon), um guru e expert do esporte. E Vaccaro tem certeza de que devem patrocinar Jordan, uma estrela em ascensão. Mas há muito contra sua ideia: A Nike nunca pagou tanto para um só jogador, há outras marcas disputando o atleta e, pior, Jordan está certo de que quer a Adidas, nem cogita Nike. 




Mas Vaccaro sabe que isso é o que deve fazer e usa todos os meios disponíveis para convencer Jordan a se reunir com a empresa. E, como bem sabemos, daí surgiu uma das maiores colaborações de uma marca com um atleta, que já rendeu mais de 5 bilhões de dólares (e tenho certeza de que o filme vai impulsionar ainda mais as vendas em 2023).


Affleck e Damon


A dupla de atores e amigos já fez diversas colaborações e é sempre um bom resultado. O roteiro de Air: A História Por Trás do Logo não é deles, mas juntamente com Alex Convery eles trabalharam no enredo. Em entrevistas, Affleck disse que Jordan não participou ativamente do filme, mas que esteve disponível para conversar sobre a história, para deixá-la a maior verossímil possível.




Essa é a quarta vez em que Affleck tem a direção (a mais conhecida é Argo, que levou o Oscar de Melhor Filme em 2013) e se podemos dizer algo dele é que sabe contar uma história. Um enredo que poderia ser bem chato, com reuniões e discussões de marketing, protótipos e decisões executivas, se torna uma história interessante em suas mãos.


Mas o elenco também segura a produção. Além de Damon e Affleck (que não aparece tanto), Air conta com Viola Davis, Jason Bateman, Chris Tucker, Marlon Wayans, Chris Messina e outros. O diretor deu espaço para seus atores trabalharem e eles brilham, principalmente Viola Davis, como sempre é de se esperar.


Air: A História Por Trás do Logo é interessante, entretenimento, bem dirigido, bem atuado e vai te fazer querer um par de Air Jordan assim que sair no cinema.


Recomendo muito.


Teca Machado


quinta-feira, 6 de abril de 2023

10 livros que vão virar séries e filmes ainda em 2023


Todo leitor tem uma relação complicada com adaptações dos seus livros queridos para o cinema. Ao mesmo tempo que espera ansiosamente por isso, fica completamente amedrontado por estragarem a história (Sim, Netflix, estou falando de você mesma que comprou os direitos de Os Sete Maridos de Evelyn Hugo!). Em alguns casos a produção respeita muito o original, como na saga Jogos Vorazes, Garota Exemplar, Outlander e outros, mas em outros parece que pega a história, rasga e escreve uma nova (Nem assisti Amor & Gelato porque só o trailer já me deu ódio).


Com medo ou sem medo, veja aqui 10 adaptações que chegam aos cinemas/streamings em 2023:




1- A Vida Mentirosa dos Adultos, de Elena Ferrante – Editora Intrínseca 



Com seis episódios, a série da Netflix tem Giordana Marengo no papel da protagonista Giovanna e a premiada Valeria Golino como Vittoria. Desde o começo de janeiro está no catálogo da Netflix.


2- Tartarugas Até Lá Embaixo, de John Green – Editora Intrínseca



Com Isabela Merced no papel principal, o filme da HBO Max, ainda não tem data de estreia.


3- O Rouxinol, de Kristin Hannah – Editora Arqueiro



As irmãs Dakota e Elle Fanning estão no elenco desse drama de época e trabalham juntas pela primeira vez. O filme irá para os cinemas e não tem data de estreia.


4- Amor(es) Verdadeiro(s), de Taylor Jenkins Reid – Editora Paralela



Estrelado por Phillipa Soo, Simu Liu e Luke Bracey, o filme está quase chegando aos cinemas: 18 de maio.


5- Um Ano Inesquecível, de Paula Pimenta, Babi Dewit, Bruna Vieira e Paula Rebouças – Editora Gutemberg



O livro brasileiro de contos vai ganhar um filme para cada história na Amazon Prime Video, ainda sem data de estreia.


6- Perdida, de Carina Rissi – Editora Galera Record


  


Mais um brasileiro na lista da adaptações. Giovanna Grigio vive Sofia no filme, que será lançado nos cinemas no segundo semestre, mas ainda não tem data de estreia.


7- Percy Jackson e os Olimpianos, de Rick Riodan – Editora Intrínseca


  


Da Disney+, essa é a segunda adaptação da saga de livros de Riordan, que promete ser mais fiel ao material original e mesmo sem data de estreia, a série já está com a segunda temporada sendo produzida.


8- Vermelho, Branco e Sangue Azul, de Casey McQuiston – Editora Paralela



Filme da Amazon Prime Video ainda sem data de estreia, terá Taylor Zakhar Perez e Nicholas Galitzine, respectivamente, como Alex e Henry no filme.


9- Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior – Editora Todavia



Sucesso literário brasileiro, vencedor dos prêmios literários Jabuti e Oceanos, Torto Arado irá ganhar uma adaptação pelas mãos da HBO Max e do diretor Heitor Dhalia.


10- A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes, de Suzanne Collins – Editora Rocco



Rachel Zegler e Tom Blyte estrela prelúdio de Jogos Vorazes que estreia dia 16 de novembro de 2023 nos cinemas.


*** 


Vários desses estão na minha lista de “quero assistir”. E na sua?


Teca Machado

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