Nos últimos meses li muitos romances seguidos e eu precisava desesperadamente ler um gênero diferente. E já fazia tempo que queria ler Pachinko, de Min Jin Lee, publicado por aqui pela Editora Intrínseca. Então ele foi o escolhido. E posso dizer sem medo de que a obra merece todas as crítica positivas e elogios que recebeu desde seu lançamento em 2020.
Sobre imigração, intolerância, decisões que mudam a vida de toda uma família e que repercute por quase 100 anos, Pachinko é uma jornada épica com mais de 500 páginas e que é impossível não se envolver.
Foto @casosacasoselivros |
Pachinko
Nos primeiros anos do século XX, Sunja é uma adolescente adorada pelos pais e que apesar de viver uma vida simples em uma pequena ilha na Coréia, não lhe falta nada. Mas ela se envolve com um homem mais velho e engravida. Ele se apaixona por ela também, mas já é casado. Se dispõe a dar tudo para a garota e para o filho, menos casamento. Não querendo acabar com sua reputação, Sunja aceita casar-se com Isak, um pastor gentil e doente que estava de passagem pelo seu vilarejo. Casados, eles se encaminham para o Japão e Sunja decide esquecer o pai do seu filho. Assim começa a saga que envolve quatro gerações por quase um século, passando por colonização, guerras internas, Segunda Guerra Mundial, a reconstrução do Japão após as bombas atômicas, divisão da Coreia e mais.
O nome do livro é Pachinko em referência às máquinas caça-níqueis do Japão comumente administradas e frequentadas por coreanos imigrantes e que tem papel fundamental no enredo do livro.
“A História falhou conosco, mas isso não importa.”
Min Jin Lee |
A frase acima está presente no livro e é a partir dela que conhecemos a dura realidade dos coreanos em solo japonês. Apesar de não ser uma história real, é historicamente acurado. Min Jin Lee escreve a discriminação que eles sentem, a exclusão, o preconceito e como mesmo os imigrantes ricos não conseguem fugir do estereótipo de “coreano sujo, burro, mafioso”. Mesmo os filhos de coreanos nascidos em solo japonês há gerações são considerados imigrantes. Há uma questão muito profunda de identidade, porque não são considerados japoneses, mas não se sentem coreanos. Quem são, então?
Pachinko fala sobre miséria, amor, família, fé, desigualdade, luto, superação, e, principalmente, sobrevivência em meio às mais completas adversidades.
Sunja e família
Os personagens são bem construídos, principalmente Sunja. Ela é de certa forma a protagonista, mas à medida que o tempo vai passando, seus filhos e netos ganham destaque e ela passa para o papel de coadjuvante. Todos os arcos dramáticos são interessantes, mas além do dela os meus preferidos foram o do seu filho e neto Solomon e Mozazu.
Pachinko é um livro incrível por todo seu conjunto. Min Jin Lee criou uma ambientação fantástica e realista, personagens identificáveis e carismático e por vezes odiosos, uma história interessante e reflexões que muitas vezes são um tapa na cara do leitor.
Além disso, sua escrita é fluida e boa. São 500 páginas que passam sem você perceber. Talvez não seja uma leitura rápida porque o tema é um tanto denso, mas não é maçante e nem difícil.
A Apple TV+ fez uma adaptação de Pachinko e estou louca para assistir (porque a Apple TV+ é, sem sombra de dúvidas, o melhor streaming do universo). São 9 episódios com cerca de 1 hora de duração cada. Veja o trailer aqui.
Recomendo muito, demais, bastante. É um livro incrível.