Persuasão, de Jane Austen - Resenha
Cumprindo uma das minhas metas literárias de 2023 (veja mais aqui), meu primeiro livro lido do ano foi Persuasão, de Jane Austen. E vou já começar sendo polêmica: Gostei mais do que de Orgulho e Preconceito (leia a resenha aqui). #MeJulguem #DesculpaMrDarcy
Não me entendam mal, eu adorei Orgulho e Preconceito, mas afirmo que Persuasão bateu mais fundo no meu coração. E posso dizer que meu ano literário começou muito bem: Foi uma leitura deliciosa, leve e fofa. Já ganhou cinco estrelas.
Foto @casosacasoselivros |
Persuasão
Anne Elliot é uma jovem doce e de coração muito bom. Filha de um baronete falido e muito vaidoso e com irmãs que não lhe dão muita atenção, ela encontra conforto nos seus dias em Lady Russel, amiga da família e que é uma espécie de mãe para ela, em seus amigos e em passeios melancólicos e reflexivos geralmente feitos sozinha. O único arrependimento de sua vida é Frederick Wentworth. Anne e Frederick se apaixonaram, fizeram planos de casamento, mas sua família a persuadiu a romper o compromisso, já que ele era um pobre oficial da Marinha, sem posses ou nome. Oito anos se passaram e Anne aprendeu a viver sem Wentworth, mesmo que ainda o ame. Mas ele reaparece, agora um rico Capitão e que está cortejando sua vizinha – e cunhada de sua irmã mais nova.
Persuasão é um livro simpático, doce e leve. A escrita de Jane Austen é envolvente e nos apegamos profundamente aos personagens, principalmente Anne, que tem a voz narrativa da história. Mesmo que o enredo não seja visto pelos olhos de Wentworth também gostamos muito dele. Ainda que seja um homem ferido, cujo amor da sua vida preferiu ouvir o conselho de outras pessoas a ficar com ele, ele nunca é nada menos do que um cavalheiro com Anne. É, sim, muito apaixonante esse homem, não vou negar.
E por falar nos personagens, Persuasão é cheio de gente simpática! Eu definitivamente queria ser amiga do grupo de Anne. Seus vizinhos e familiares da sua irmã, os amigos e parentes de Wentworth, todos são pessoas maravilhosas, divertidas e que se importam mais com os laços de amizade e carinho do que status social, ao contrário dos Elliots, que são bem detestáveis (Tirando você, Anne, que é perfeita!).
Anne Elliot
É interessante ver que Anne é completamente diferente de Elizabeth, protagonista de Orgulho e Preconceito. Enquanto Elizabeth é à frente do seu tempo, voluntariosa e que não deixa ninguém pisar nela, Anne é a perfeita donzela de 1800. Apesar de ser extremamente inteligente, com uma mente afiada e que gosta de estar rodeada por pessoas interessantes, sua índole doce e agradável faz com que tenha dificuldade de ter suas vontades atendidas. Seus desejos dificilmente prevalecem, pois ela prioriza as outras pessoas para que aqueles ao redor dela fiquem felizes. E esse é provavelmente um dos maiores encantos da personagem, porque apesar de não ser perfeita, é uma pessoa de alma boa, do tipo que raramente se encontra por aí (mesmo nos livros).
Sociedade do século XIX
Marca característica dos livros de Austen, a obra também em ironia e humor (leve em conta que é humor de 1800 e ainda por cima britânico, então não é para gargalhar). Além disso, contém muitas críticas à sociedade e discute muito o preconceito, a elitização e a discrepância social, principalmente por meio da família de Anne. A começar, não aceitam seu romance por Wentworth não ser nobre, falam muito dos Musgrove (sogros da irmã mais nova) porque não são da elite, dão mais valor a manter as aparências do que a pagar suas dívidas e muito mais.
Enquanto lia fiquei rindo ao perceber que a nobreza e os ricos da época tinham a vida resumida a: Fofocar, jantar na casa de outras pessoas, passear ao ar livre, fazer visitas uns aos outros, ir a concertos e só. Confesso que ficaria um pouco entediada.
Se você está acostumado com romances de época modernos com muitas cenas mais calientes, saiba que os livros de Jane Austen são extremamente castos. Nem mesmo beijos acontecem. Mas ainda que não tenha um conteúdo mais sexual, saiba que o amor está presente. Ô, se está! Dá para sentir em cada página o amor e a paixão de Anne por Wentworth – e dele também, ainda que ele tente não demonstrar. Persuasão é um livro cheio de sentimentos e emoções e te deixa com o coração quentinho.
Agora vou assistir ao filme da Netflix com Dakota Johnson, Cosmo Jarvis e Henry Golding, da diretora Carrie Cracknell. Mas já vou esperando ser diferente do livro, ao contrário da obra-prima que foi Orgulho e Preconceito, do diretor Joe Wright e lançado em 2005.
Recomendo muito.
Teca Machado
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