segunda-feira, 4 de julho de 2022

CODA – No Ritmo do Coração - Crítica


O Oscar de 2022 premiou na categoria mais importante da noite o filme CODA, que no português ganhou o nome de No Ritmo do Coração. Mas você sabe o que significa CODA? É a sigla de Child of Deaf Adults, cuja tradução é filho de adultos surdos. Ainda que o título em português faça todo o sentido – e dê um ar de Sessão da Tarde, não vou negar – CODA é tão significativo que dá dó chamar de qualquer outro nome que não seja esse.



CODA, da diretora Sian Heder, foi uma surpresa do Oscar. Não é a superprodução acostumada a ganhar como Melhor Filme, ou mesmo um filme menos grandioso, mas com roteiro espetacular (como Parasita), É uma história simples, mas bem contada. É de aquecer o coração, do tipo que a todo mundo precisa ver de vez em quando para voltar a acreditar, ou mesmo gostar, da humanidade. 


Remake do filme francês La Famille Bélier, de 2014, CODA está disponível no Amazon Prime Video e na Apple TV+.


CODA – No Ritmo do Coração


Ruby (Emilia Jones) é uma garota que mora com a família numa pequena cidade pesqueira no norte dos Estados Unidos. Todos os dias ajuda o pai e o irmão no barco, buscando o sustento da família. Na escola, quando procura uma atividade extracurricular, decide entrar para o grupo do coral. O que seria uma decisão comum para qualquer adolescente, para Ruby tem outras implicações: Ele é a única ouvinte da sua família. Os pais e os irmãos são surdos e além de ajudá-los com a pesca, é intérprete deles. A família não entende como a garota pode ter um hobby que não os incluem e que não podem fazer como família. Mas com a ajuda do seu professor Bernardo Villalobos (Eugenio Derbez) Ruby vislumbra um futuro diferente do que sempre sonhou: Estudando música. 




CODA é um filme sobre amadurecimento, descobrir quem você é e família. É uma fórmula que já vimos em livros, séries e filmes inúmeras vezes. Mas aqui é muito bem contada, com uma boa dose de emoção, sem ficar piegas e sem forçar a barra. A trama é bem real e mostra como Ruby quer encontrar o seu lugar no mundo ao mesmo tempo que é extremamente leal à sua família.


Elenco


O roteiro, também da diretora a diretora, trata com sensibilidade a realidade dos surdos. E um ponto extremamente positivo de CODA é o fato de que os personagens surdos foram interpretados por atores surdos. Frank, o pai de Ruby, é Troy Kotsur, que inclusive ganhou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante – e foi o primeiro ator surdo a receber o prêmio. Jackie, a mãe, é interpretada por Marlee Matlin, que foi a atriz mais nova a ganhar o Oscar de Melhor Atriz, com apenas 21 anos em 1986, e até 2022 era a única pessoa surda a ter recebido um Oscar. Há ainda Leo, vivido por Daniel Durant, personagem que é irmão da protagonista. E esse filme não teria a força e nem o coração que tem se não fosse pelo seu elenco. Todos - Ruby e sua família e Villalobos - entregam emoção, delicadeza, leveza e até mesmo um alívio cômico aqui e ali.




Por mais que pela sinopse pareça que são contra os interesses da filha e se apoiam na sua habilidade de ouvir, a família é muito unida e com uma dinâmica bacana de assistir. Seus pais são ótimos, longe de serem convencionais. Extremamente apaixonados, uma das melhores amostras disso é quando Ruby precisa ir com eles ao médico para interpretar o médico e fica ouvindo sobre as questões sexuais deles.


Acredito que uma das melhores palavras para descrever CODA é doçura. Esse é um filme doce, alegre – ainda que dramático – e com o maior potencial do mundo para aquecer corações, até os mais gelados deles. 



Recomendo muito.


Teca Machado


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