Only Murders In The Building - Crítica

O Pai da Noiva, filme de 1991, e sua parte 2, de 1995, são filmes da minha infância e alguns dos preferidos da minha família. E um dos motivos de eles serem tão bons é terem no elenco Steve Martin e Martin Short. Depois disso eles trabalharam juntos outras vezes – e sempre foi incrível – e agora os dois atores se juntaram a Selena Gomez na série Only Murders In The Building, da Hulu e que está disponibilizada no Brasil pelo Star+.

Com uma primeira temporada divertida e emocionante, com ótimas reviravoltas, a série se tornou a mais assistida da história do canal desde o seu lançamento em agosto e em dezembro já começaram as gravações da segunda temporada, o que é ótimo depois do desfecho.

Only Murders In The Building

Criação de Steve Martin e John Hoffman, de Grace and Frankie, Only Murders In The Building acompanha três vizinhos que só tem em comum o amor por um podcast sobre crime reais e o fato de morarem no mesmo prédio. Quando um suicídio – será mesmo? – acontece no edifício, os três começam a investigar o caso e a gravar eles mesmos um podcast de “true crime”. Charles (Martin) é um solitário ator cujo principal e único projeto de sucesso foi uma série de detetive durante os anos 1980, Oliver (Short) é um falido e criativo diretor de teatro que está quase sendo despejado e Mabel (Gomez) é uma garota misteriosa e mal-humorada que está reformando o apartamento da tia.

Quando se encontram por acaso e descobrem a paixão em comum, decidem investigar a fundo e começam a descobrir segredos de vários vizinhos, que prontamente se tornam suspeitos de assassinato. Até mesmo o músico Sting – sim, ele mesmo! – é um dos suspeitos com grandes indícios de ser culpado.

Podcast de true crime

No mundo real, se acontece um assassinato no seu prédio você provavelmente liga para a polícia ou sai correndo de medo, mas nessa série o trio decide dar uma de detetive. E o roteiro é tão envolvente que faz a gente acreditar que essa é uma atitude muito sensata, por mais absurdo que tudo isso pareça. 

E por falar no roteiro, ele nunca deixa de surpreender. Várias pontas soltas e evidências vão aparecendo, se entrelaçando, soltando, amarrando, arrebentando até que no último episódio encontramos um desfecho criativo e muito condizente com tudo o que foi sendo descoberto, ainda que inesperado.

E apesar de ser uma comédia satírica, há muita doçura em Only Murders In The Building. A química entre Steve Martin e Martin Short já foi provada há décadas que funciona, mas eles se juntaram muito bem à Selena Gomez. Claro que ela não tem a experiência dos outros dois, mas a atriz e cantora se insere muito bem na dinâmica deles e é uma adição perfeita e improvável. Os três funcionam muito bem juntos, assim como separados quanto têm seus arcos dramáticos contados. É notável o carinho de Martin e Short com a jovem e dela com eles, ainda que várias piadinhas sobre a diferença entre as gerações aconteça e são deliciosas.

Apesar do tema assassinato brutal ser uma constante e conter drama, principalmente quando se foca no tema solidão - algo inerente aos três protagonistas, a série é leve e divertida. Não de fazer gargalhar, mas de fazer sorrir e aproveitar o entretenimento puro, com um pezinho no lúcido, simples e divertido que está bem na sua frente. É uma produção gostosinha de assistir.

Only Murders In The Building conta com 10 episódios com cerca de 35 minutos cada e vale cada um deles. Agora é esperar a segunda temporada, que dizem que deve chegar ainda esse ano.

Recomendo muito.

Teca Machado