King Richard: Criando Campeãs - Crítica
Você pode até não gostar ou não acompanhar tênis, mas com certeza já ouviu falar de Serena e Venus Williams. Serena tem 16 títulos de Grand Slams e 4 medalhas de ouro em Olimpíadas. Venus se tornou a primeira tenista negra a assumir o topo do ranking da WTA, ocupando, também, a liderança do ranking de duplas. Ela ainda venceu 7 torneios de Grand Slam em simples, 16 em duplas, tem 4 medalhas de ouro e uma prata em Jogos Olímpicos, sendo a maior vencedora desta competição. As duas irmãs se enfrentaram em oito finais de Grand Slam. E é o início da carreira das atletas que o filme King Richard: Criando Campeãs, do diretor Reinaldo Marcus Green, mostra.
Disponível na HBO Max, o longa entrou no catálogo em janeiro.
King Richard: Criando Campeãs
Como o próprio título já diz, o filme é focado no pai das tenistas, interpretado por Will Smith. Muito do sucesso de Venus e de Serena se dá graças a ele. Richard, como diz inúmeras vezes, traçou um plano junto com sua esposa Oracene ‘Brandy’ Williams (Aunjanue Ellis) mesmo antes das meninas nascerem. Era um manifesto de 85 páginas delineando toda a trajetória profissional das filhas. Mas o que muitas vezes o roteiro esquece é que o pai pode ter incentivado, treinado, empurrado e inspirado as filhas, mas o componente principal era o talento e a determinação das garotas. Se elas não quisessem, ele poderia ter feito o manifesto que fosse que não daria certo.
Acompanhamos Venus e Serena ainda na primeira infância (Saniyya Sidney e Demi Singleton) treinando com o pai e a mãe no gueto, em quadras ruins e em situações extremas, como na chuva. Além disso, é visível, ainda que por vezes sutil, a questão do racismo, da estranheza da elite branca com a família negra nos clubes de tênis, esportes de ricos. O objetivo inicial de Richard é que elas conseguissem um treinador e ele consegue Paul Cohen (Tony Goldwyn) e posteriormente Rick Macci (Jon Bernthal), ambos técnicos de estrelas do tênis que aceitaram treinar as garota gratuitamente. E começa aí a jornada de Venus e Serena para o tênis profissional.
Richard Williams
King Richard: Criando Campeãs é um filme inspirador, daqueles que dão quentinho no coração, no melhor estilo de história de sucesso que o Cinema adora. Mas ele tem um problema: Richard. É difícil se afeiçoar muito ao protagonista e apesar de trabalhar muito bem, Will Smith está bem caricato no papel.
Richard é egocêntrico (que mais atenção para ele do que para as filhas, que são as tenistas), narcisista, arrogante e mal-agradecido. Para ele só importa o seu esforço, não o das filhas, o da esposa, o dos treinadores, de ninguém. Polêmico, ele muitas vezes foi o centro, principalmente antes de elas serem estrelas. Além disso, mesmo que de forma rápida, o filme mostra que ele abandonou outros filhos antes delas. E é engraçado como ao mesmo tempo que ele exige das filhas a excelência, também quer que sejam crianças e não sintam tanta pressão. É bem paradoxal.
Mas a motivação por trás de toda essa quase loucura do pai vem de querer um futuro melhor para elas do que o seu, que conta centavos, vive numa casa apertada, fugiu do Ku Klux Klan quando criança e mais perrengues. Então é quase perdoável. E as duas tenistas são produtoras executivas do filme, então é vários lugares que pesquisei dizem que “douraram a pílula” do quanto o pai foi duro e intragável tanto com a família quanto com as equipes de treinadores.
O filme peca em mostrar pouco desenvolvimento de Venus e de Serena, que mesmo em tela têm pouca construção aprofundada das suas personagens. Com certeza elas são mais do que atletas impulsionadas pelo pai e eu gostaria de ter visto mais delas, apesar de entender que o filme é sobre Richard.
King Richard: Criando Campeãs é um bom filme. Pelo trailer achei que seria melhor, mas é bom.
Recomendo.
Teca Machado
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