Dickinson - Crítica
Por mais que você nunca tenha lido nada dela, provavelmente já ouviu falar da poeta americana Emily Dickinson. Ela é muito citada em filmes e séries, principalmente naqueles que passam no ensino médio, porque a autora é muito estudada por lá. E é sobre essa escritora totalmente a frente do seu tempo que é a série Dickinson, da Apple TV+.
Dickinson
A primeira coisa que é preciso deixar muito claro é que essa não é uma série biográfica. Aliás, é. Mas não é. A criadora da produção, Alena Smith, elaborou situações sobre a vida de Emily baseadas em seus poemas, tanto que cada episódio tem o nome de um deles. A ambientação, sua família e cenário é todo real, mas o que acontece e como acontece não necessariamente.
Dickinson é um drama, que pode misturar um pouco com comédia, e mostra o início da maturidade de Emily Dickinson, vivida por Hailee Steinfeld. Nascida numa família rica e influente da Nova Inglaterra em meio a ares abolicionistas, Guerra Civil americana e sufrágio, a sua mãe quer que ela seja a mulher perfeita, criada para ser esposa, mãe e dona de casa. Mas Emily não é assim: Ela é selvagem, indomável, criativa, observando o mundo numa frequência diferente de outras pessoas. Nunca foi seu desejo se casar, por isso rechaça os pretendentes e vive no próprio mundo de escrita e poemas. Mas Emily tem um segredo: até gostaria de se casar, mas não pode. Sua paixão é Sue (Ella Hunt), a cunhada e melhor amiga, que na vida real inclusive foi a inspiração de mais de 300 de seus poemas e cujo sentimento era recíproco.
Apesar do pai obviamente tê-la como preferida e fazer suas vontades, é machista e extremamente conservador, por isso nunca a deixa publicar nada porque na época mulheres “de respeito” não eram escritoras.
Hailee Steinfeld
A protagonista está ótima no papel. Vive a loucura, doçura e dor que era ser Emily Dickison. E ela trouxe uma leveza para as imagens sisudas que temos da poeta nos livros de História. Hailee brilha sempre que em tela e é impossível não amá-la, mesmo quando faz suas birras e tem atitudes egoístas.
Quem também merece destaque é Jane Krakowski, como a sra. Dickinson, sempre com um ar que beira o nonsense e a comicidade.
Irreverente
Dickinson é irreverente e ousada. A série, apesar de ser de época, não segue tanto os moldes e costumes das primeiras décadas do século XIX, quando viveu Emily. A narrativa é quase lúdica – sendo um dos maiores exemplos os encontros que a poeta tem com a Morte, interpretada pelo rapper Whiz Kalifa – e artística, sem ser enfadonha. As músicas são modernas, assim como o palavreado. É comum os personagens usarem expressões como “bro”, “dude” e outras.
Além disso, algo bastante explorado é a sexualidade da protagonista, que apesar de se relacionar com a melhor amiga e cunhada, também se envolveu com homens. Ela não tem rótulos e nem se preocupa com eles. Mas isso está longe de ser o foco da produção: o destaque sempre está na construção de Emily e o que a levou a escrever seus enigmáticos poemas tão a frente do seu tempo.
E fica a dúvida: na História Emily Dickinson é tida como uma mulher reclusa, que sempre viveu reservada no seu âmbito familiar. Afinal, ela era uma pessoa isolada por escolha ou por causa da família e reputação?
Dickinson pode não ser uma série para todo mundo, mas definitivamente me cativou. São três temporadas até o momento, sendo que a terceira começa a ir ao ar esse mês. Cada uma tem 10 episódios de meia hora, que passam num piscar de olhos.
Recomendo muito.
E se você ainda não é assinante da Apple TV+, recomendo que seja, é só vir aqui. É só R$ 9,90 por mês! (e esse não é um publipost, é que eu realmente gosto muito do que oferecem!). Além de Dickinson, Ted Lasso, The Morning Show e Trying, há muitas outras produções excelentes no streaming e tem sido o meu serviço preferido ultimamente.
Teca Machado
Adorei seu Blog
ResponderExcluire especialmente
essa matéria.
Vou amar receber sua visita.
Bjins
CatiahoAlc.
Oi Teca, tudo bem?
ResponderExcluirAdorei a resenha, apesar de não ter certeza se é pra mim.
Acho que fiquei mais curiosa com a parte lúdica da trama, talvez a parte mais fantasiosa, já que eu não conheço praticamente nada da poetisa real. :(
Beijos,
Priih
Infinitas Vidas