Ted Lasso - Crítica
Em 2013 a NBC Sports, divisão esportiva dos canais NBC, pagou U$ 250 milhões pelos direitos de transmissão da Premier League nos EUA. Sabendo que esse não é um país dos mais aficionados por futebol, o ator Jason Sudeikis criou Ted Lasso, um personagem que ajudou a promover o esporte nos Estados Unidos (você pode ver os vídeos aqui, são ótimos!). E deu tão certo que Sudeikis viu potencial para mais. Então ele conseguiu que a Apple+ produzisse uma série com o personagem como protagonista. Assim nasceu Ted Lasso, cuja primeira temporada com 10 episódios, com cerca de meia hora cada, já está disponível no serviço de streaming da Apple.
Ted Lasso
Ted Lasso (Sudeikis) é um técnico de futebol americano que foi contratado pelo fictício time AFC Richmond, na Inglaterra. Ao lado do técnico Beard (Brendan Hunt), que veio com ele dos EUA, Lasso não entende absolutamente nada do esporte, mas é otimista e sabe lidar com pessoas, então acredita que pode encarar o emprego no time que está à beira do rebaixamento. Ele precisa conquistar os jogadores, mas o mais difícil é lidar com Rebecca (Hannah Waddingham), dona do Richmond, que como vingança ao ex deseja afundar o time.
É maluco pensar que um técnico que nem ao menos sabe o básico do básico é contratado, mas esse absurdo e todo o carisma de Sudeikis é o grande trunfo da série. Produções sobre times azarões e seus técnicos cheios de otimismo e vigor estão aos montes por aí – e é o caso aqui também -, mas o roteiro pega esse clichê e o transforma da melhor maneira possível e nos entrega uma história deliciosa de assistir.
Complexidade
Jason Sudeikis nasceu para esse papel, tanto que em 2021 foi o vencedor do Globo de Ouro de Melhor Ator em Série de Comédia ou Musical (e ele participou virtualmente caracterizado, com o seu bigode e moletom!), do SAGA Awards e do Critics Choice Awards. Como disse ali em cima, o seu carisma é imenso, assim como o charme do personagem. Passei a série inteira querendo ser amiga dele e conviver com uma pessoa tão otimista e feliz.
Mas mais do que um personagem alto astral, positivo e gentil, Ted Lasso tem inúmeras camadas. O sorridente técnico tem seus demônios para enfrentar, como o fim do casamento, a ansiedade e lidar com a falta de confiança do time, da imprensa e da torcida.
E não só ele tem tantos níveis. Em outros personagens encontramos essa complexidade, em todos muito bem trabalhada e construída. Rebecca parece fria e sem coração, mas é um mulher ferida que só deseja dar a volta por cima. Roy Kent (Brett Goldstein), capitão do time, é mais do que o bruto raivoso que entra em campo. Keeley Jones (Juno Temple) parece de início uma Maria-Chuteira e influencer rasa, mas na verdade tem muito mais a oferecer. Nate (Nick Mohammed) é o tímido zelador/cuidador do vestiário, mas tem ideias e estratégias dignas de um técnico.
Leveza e coração
E mesmo com toda essa complexidade e camadas a serem descascadas de cada um dos personagens, Ted Lasso é uma série leve e divertida. Apesar de não fazer gargalhar de perder o ar, vai te fazer rir em vários momentos e sorrir bastante, principalmente quando o protagonista abre o seu sorriso imenso e fácil. Ela conta com um humor mais refinado, com piadas inteligentes e muito bem colocadas, ao mesmo tempo que tem a comédia pastelão.
Essa é uma série com coração. Na falta de palavra melhor, posso dizer que é adorável, mesmo que não seja essa uma expressão comum para descrever um enredo que fala de esportes.
Ted Lasso é o que a gente precisa assistir nesses tempos tão tristes e sombrios que vivemos. Digo com certeza que deixa nossa alma e humor mais leve.
A produção já tem a segunda e a terceira temporadas encomendadas, o que faz todo sentido com o enredo. Semana passada saiu o trailer da segunda temporada (veja aqui), que vai ser lançada dia 23 de julho. E se você ainda não assina a Apple+, indico bastante que faça isso. Há séries incríveis, como essa, The Morning Show (comentei aqui), Trying, Em Defesa de Jacob e muitas outras.
Recomendo demais.
Teca Machado
Oi, Teca. Tudo bem? Me parece um seriado bastante divertido, não é mesmo? Rir é o melhor remédio para enfrentarmos esses dias difíceis. Adorei a dica. Abraço!
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