Mãe Só Tem Duas - Crítica

Mãe só tem uma? No caso de uma série mexicana da Netflix tem duas!

Madre Solo Hay Dos (Mãe Só Tem Duas), que estreou na plataforma em janeiro de 2021, é divertida, emocionante e fala sobre vários temas. Assisti bem por acaso, justamente quando os meus gêmeos estavam com 4 meses – a mesma idade das bebês da série – e fiquei completamente fisgada logo de cara.

Mãe Só Tem Duas

Criada por Carolina Rivera, a mente por trás de Jane, The Virgin, em Madre Solo Hay Dos conhecemos Ana (Ludwika Paleta) e Mariana (Paulina Goto), mulheres que só possuem duas coisas em comum: suas filhas nasceram no mesmo dia e na mesma maternidade. Fora isso, não poderiam ser mais diferentes. Ana é workaholic, executiva bem-sucedida, muito disciplinada, tem uma vida pautada por regras e horários e foi mãe pela terceira vez. Já Mariana é uma estudante de 23 anos, bissexual, livre de quaisquer amarras, de família mais simples e ficou grávida sem querer do ex-namorado. 

Mas as duas se veem de repente unidas por uma mal-entendido: Suas filhas foram trocadas na maternidade e o hospital só descobriu o equívoco depois de 4 meses. Agora elas precisam destrocar as bebês, mas entendem a necessidade de morarem juntas por um tempo para que essa mudança não seja tão brusca para as crianças. Mas como mulheres tão diferentes, com estilos de criação tão opostos, podem se entender?

Maternidade

Apesar de falar sobre maternidade, Madre Solo Hay Dos não é só para quem é mãe. Talvez quem já tenha filhos se identifique mais, mas a série é para todo mundo.

Um dos maiores acertos do roteiro é mostrar que existem vários tipos de maternidade e não há certo ou errado. Ana e Mariana têm vivências completamente opostas, mas nem por isso uma ama mais a filha do que a outra ou é uma mãe melhor. Cada uma tem sua maneira, seus acertos e, principalmente, seus erros. E apesar de se julgarem mutualmente no início, passam a entender que o diferente não é ruim, pelo contrário, e que podem aprender muito uma com a outra.

Ambas precisam se entender, aprender a serem mães (Ana já é pela terceira vez, mas cada bebê é sempre único, assim como o seu momento de vida), se reencontrarem como mulheres e como indivíduo. Tudo isso no meio de uma troca de bebês, sabendo que a filha que amou e cuidou por 4 meses não é a sua. E como começar a amar uma estranha, com quem não tem afinidade ainda?

E além do tema maternidade, a série fala de inúmeros outros assuntos, como sororidade feminina, relacionamentos familiares quebrados e de aparências, sexualidade, amizade, autoestima, trabalho, culpa e muito mais.

Série mexicana

Sempre digo que os serviços de streaming, principalmente a Netflix, abriram os nossos olhos para produções de outros países que não Estados Unidos e Inglaterra. Descobri que gosto muito de séries e filmes espanhóis, franceses e alemães. E no caso de Madre Solo Hay Dos encontrei uma série mexicana.

Quando falamos de México, geralmente pensamos em Chaves e nas novelas dramalhões no melhor estilo Maria do Bairro e A Usurpadora. Mas temos aqui um outro gênero, que mistura alta qualidade de roteiro e de elenco, numa produção emocionante, com uma pegada engraçada e com situações levemente absurdas que poderiam pender para o ridículo se as atrizes não fossem tão boas e a trama tão bem escrita.

Ludwika Paleta e Paulina Goto estão ótimas, assim como o resto do elenco, que conta principalmente com a família de ambas as protagonistas.

Madre Solo Hay Dos logo na estreia, mesmo sem divulgação em massa, foi o sucesso no México, na Espanha e na América Latina. Desse modo, rapidamente foi renovada para a segunda temporada, o que é ótimo, já que a primeira acaba com muitos ganchos que precisam ser respondidos. 

Já estão disponíveis 9 episódios com cerca de meia hora cada.

Recomendo bastante.

Teca Machado