Cabras da Peste - Crítica
O que uma cabra, dois policiais e uma grande operação contra um traficante de drogas têm a ver? Em Cabras da Peste, do diretor Vitor Brandt e disponível na Netflix, tudo!
A produção brasileira cheia de humor e muita fuga da realidade é exatamente o que a gente precisa em tempos tão pesados de pandemia e más notícias. Sabendo que é humor pastelão e que se diverte em si mesmo, é um filme engraçado, leve e bem atuado. De acordo com o próprio elenco em entrevistas, o que diferencia a produção de outras do gênero é exatamente isso, a “fuleiragem”.
Cabras da Peste
O policial Bruceuílis (Edmilson Filho), da pequena cidade de Guaramobin, no Ceará, tem orgulho da profissão. Num local pacato em que quase nenhum crime acontece, depois de um engano ele é incumbido de cuidar de Celestina, a cabra da cidade que é patrimônio municipal e estrela principal do Festival de Rapadura, acontecimento importante na região. Mas ele perde a cabra, que é sequestrada e vai parar em São Paulo. Bruceuílis então vai para a cidade em busca de Celestina e lá ele conta com a ajuda de Trindade (Matheus Nachtergale), um policial de escritório medroso que estragou uma operação enorme, causou a morte de um colega e foi transferido para outro distrito. Ambos se veem envolvidos na caça a um traficante de identidade desconhecida enquanto procuram a cabra.
Renato Aragão e Jackie Chan
Vi uma crítica no IMDb que dizia que Cabras da Peste é uma ótima mistura de Jackie Chan e Renato Aragão. Não tinha pensado nisso, mas analisando o filme é exatamente isso. Tem todo o tom pastelão, de humor fácil e “bobo” que beira o nonsense do Trapalhão e as cenas de ação bem coreografadas e com comédia do ator chinês. Enquanto ninguém leva Bruceuílis realmente a sério – a não ser ele mesmo -, o personagem se mostra um ótimo lutador em excelentes cenas de combate, que surpreendem não só aos bandidos e a Trindade, mas ao público também.
Cabras da Peste é a versão nacional – e um tanto satirizada – dos filmes de duplas policiais, enredo muito conhecido e usado em Hollywood. O roteiro geralmente tem dois profissionais que não têm absolutamente nada em comum e que são obrigados a trabalhar juntos, mas descobrem que se completam e viram ótimos amigos. Bons exemplos do gênero são as produções A Hora do Rush, Bad Boys, Máquina Mortífera e outras.
E para esse tipo de enredo funcionar a dupla principal precisa ter química. E Edmilson Filho e Matheus Nachtergale têm. Eles funcionam muito bem, até porque não foi a primeira vez que trabalharam juntos. A dupla fez a série Cine Holliúdy. Edmilson é divertido, carismático, engraçado, doce e faz com que o público se importe com ele, com a cabra e com Guaramobim. Sempre que está em cena rouba os holofotes. E Nachtergale é sempre uma estrela, não importa em qual papel. Aqui ele não brilha tanto como João Grilo, até porque o texto de O Auto da Compadecia permitia muito mais uma exibição do seu talento, mas ainda assim é sempre divertido com seu inseguro, estabanado e certinho Trindade.
Além dos protagonistas, há participação de muitos comediantes brasileiros, como Falcão, Letícia Lima, Juliano Cazerré, Evelyn Castro, Marianna Armellini, Emerson Ceará, Cristiane Wersom e outros.
Humor
Há muito humor brasileiro em Cabras da Peste e se o espectador piscar pode perder uma piada muito boa ou uma referência muito bem colocada. Há o policial que fala “tá ok”, a motorista de Uber que menciona Shrek (sim, o segundo filme é realmente melhor do que o primeiro, ainda que o primeiro seja ótimo), o velório com a canção Fico Assim Sem Você, Celestina e Edmilson se comunicarem mentalmente, falarem o tempo todo que o bairro da Liberdade é chinês, não japonês, o deputado Zeca Brito (interpretado pelo Falcão, que eu definitivamente não tinha reconhecido com o girassol na roupa!) e mais. Mas a melhor piada ainda é o político que diz precisar complementar a renda com atividades ilícitas porque, afinal das contas, é honesto.
Além de tudo isso, ainda há o sotaque divertido e caricato de Edmilson, cujo nome remete a Bruce Willis, assim como seus irmãos Chuquinorris, Vindisel e Mel (“Melissa?” “Não, Melguibissa”).
Cabras da Peste não tenta ser sério e nem mais do que é. É entretenimento e diversão muito bem feito e produzido em meio à pandemia.
Recomendo.
Teca Machado
Oi, Teca. Como vai? Interessante este filme. Parece ser agradável de ser visto. Que bom que gostou de assistí-lo. Abraço!
ResponderExcluirhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Vou ver se assisto à esse filme hoje. Parece ser bem engraçado.
ResponderExcluirBoa semana!
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Até mais, Emerson Garcia