quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Away - Crítica


Uma missão espacial à Marte.


Isso é algo com que a humanidade vem sonhando há tanto tempo.


Ainda não é a realidade – apesar de que tem muita gente por aí se esforçando para isso -, mas é o que mostra a Away, série original Netflix que está no catálogo desde setembro do ano passado.



Com Hilary Swank no papel principal, Away foi escrita por Andrew Hinderaker. A ideia surgiu em 2014 após ler um artigo com o nome Away, da revista Esquire, escrito pelo jornalista Chris Jones, sobre o astronauta Scott Kelly. Ele ficou um ano – sem intervalo - numa estação espacial, como uma espécie de experimento já visando viagens à Marte para ver as questões de como o ser humano se comporta tanto tempo no ambiente sem gravidade, tanto física quanto psicologicamente. Cheio de informações sobre o dia a dia do astronauta, como o seu medo de fogo na nave, o aspecto mental do confinamento e da solidão e a saudade da família, a publicação serviu como combustível para a criação de toda trama. Muito do que foi falado por Kelly é vivido pelos personagens.


Away




A série acompanha Atlas, a primeira viagem tripulada à Marte. Com duração de no mínimo três anos, a missão é recheada de incertezas tanto técnicas quanto pessoais. A comandante é a americana Emma Green (Swank), uma astronauta que a vida toda se preparou para estar nessa posição. A tripulação ainda conta com o indiano copiloto e médico Ram (Ray Panthaky), o engenheiro espacial russo Misha (Mark Ivanir), a química chinesa Lu (Vivian Wu) e o biólogo inglês Kwesi (Ato Essandoh). 


Matt (Josh Charles), marido de Emma é um dos engenheiros responsáveis pela construção da nave e um dos apoios de Atlas na Nasa. Logo antes de partir, Matt tem um problema de saúde, o que coloca em risco a missão, já que Emma fica desestabilizada emocionalmente. Ao mesmo tempo, ainda há a filha do casal, que está vivendo problemas. E todos os integrantes da tripulação têm seus próprios demônios e temores, o que sempre influencia a vida dentro da nave, além dos problemas técnicos que invariavelmente surgem. 


Sci-fi ou drama?





Por tratar de uma série sobre a primeira viagem tripulada à Marte, muitas pessoas de cara pensam que Away é uma série de ficção científica, muito mais focada nesse gênero – estilo Armageddon, com muita ação em todo o tempo. Mas a produção é muito mais um drama do que sci-fi, o que fez muitos espectadores desistirem dela logo no começo e não chegarem ao fim dos seus 10 episódios de quase uma hora cada.


Não vou negar: Away é lenta.


Mas isso não desmerece a série. Ela tem seus momentos de ação e tensão, como as caminhadas em espaço aberto, a nave pegando fogo, as entradas em atmosfera, mas é muito mais um drama, em que o psicológico dos personagens é explorado, assim como seus problemas tanto internos quanto externos. Como disse Hilary Swank, que também é produtora executiva da série, é uma jornada emocional, talvez mais do que especial propriamente dita.


Um dos pontos que mais me chamaram a atenção em Away foi como tudo foi tratado com muito realismo. Não, ainda não fomos à Marte, mas quando formos acredito que será assim. Não há nada em Away que seja exagerado no sentido de tecnologia (a não ser nos iPhones que têm sinal quase em Marte já!). A impressão que fica é a de que ela passa em 50, 70 anos no futuro e numa sociedade basicamente como a nossa. É muito bem feita e produzida, com excelentes efeitos especiais. Imagino que seja uma produção cara.





Apesar de ter sido uma das séries mais assistidas nos EUA e em vários países no seu mês de estreia, infelizmente Away foi cancelada. O roteirista e criador tinha feito uma proposta para três temporadas, mas de uma maneira que se tivesse apenas uma não seria um fim tão aberto. Fiquei triste de não continuar, mas o desfecho é satisfatório.


Recomendo bastante.


Teca Machado


segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Mulan – Live action - Crítica


Desde que a Disney anunciou o seu serviço de streaming, eu estava quicando de ansiedade para assinar. Finalmente isso aconteceu no último mês. E adivinhem qual foi uma das primeiras produções que assisti? Sim, Mulan, da diretora Niki Caro! O original de 1998 é uma das minhas animações preferidas, então ficou a empolgação e curiosidade para assistir, já que o filme seria lançado bem na semana que a pandemia estourou mundialmente e não pôde passar nos cinemas.



A história da garota que de disfarça de homem para poder se juntar ao exército no lugar do pai, que já está velho, ganhou mais camadas e profundidade na versão live-action. Segundo pesquisei, Mulan é uma lenda chinesa contada há mais de mil anos, vinda de um poema escrito lá pelo ano 900, e foi desse conto que a produção de 2020 pegou insumo para o roteiro. É como eu vi em vários lugares dizendo: é menos um remake e mais uma releitura da lenda.


A animação de 1998 é tida como controversa na China, já que segundo eles foi muito caricato em vários aspectos e desrespeitoso ao colocar o dragão Mushu no enredo, que para o povo é um animal sagrado. A Disney, dessa vez, tentou fazer tudo mais direitinho, inclusive escolheu um elenco do próprio país. Mas não vou negar: a cena do Mushu dizendo "desonra para tu, desonra para a tua vaca" fez muita falta!





Enredo


Literalmente não é igual à animação, mas na essência sim. É a história de uma garota que mostra que pode fazer tanto – e até mesmo melhor – quanto os homens, usando a sua inteligência e estratégia, já que a força física não é necessariamente o seu ponto mais forte. É uma mulher que quebra padrões e se mantém fiel e verdadeira a si mesma, mesmo nos momentos difíceis e faz isso por amor à família e à honra, um dos pontos mais importantes para os chineses.


Entre as diferenças dos roteiros podemos citar o acréscimo de Xianniang (Gong Li), uma feiticeira inventada para o filme que ajuda o vilão Böri Khan (Jason Scott Lee) na sua conquista do território chinês. Ela é como Mulan no sentido de ser diferente das outras mulheres, de ter um poder e um chi (palavra que denomina uma espécie de força interior) extraordinários e que não focam a vida na busca de um casamento. Além disso, o relacionamento entre Mulan o capitão Lee Shang não existe. Os produtores acharam que uma relação entre superior e subordinado não parece apropriada em tempos atuais. Por isso o personagem foi dividido em 2: Um se tornou o Comandante Tung (Donnie Yen) que serve como seu mentor e o outro é Honghui, (Yoson An), que é um soldado igual a Mulan.





O elenco foi muito bem escolhido. Yifei Liu vive Mulan e é ótima, tem a doçura, sensibilidade e ao mesmo tempo força que a personagem pede. Tzi Ma e Rosalind Chao vivem os pais da protagonista e Xana Tang a irmã, outro adendo que não tinha no desenho de 1998. Os vilões vividos por Jason Scott Lee e Gong Li também são muito bons e a escalação de Jet Li como imperador também foi boa.


Mas posso dizer uma coisa? Senti que faltou alma em Mulan. É uma sensação difícil de explicar. O filme é bom – muito bom, inclusive -, mas não tem a alma do desenho, não deixa o seu coração quentinho no final e nem traz aquela sensação de “feel good movie”. Entendo as escolhas do roteiro, inclusive a retirada do Mushu, dos números musicais e de todo o humor que tinha no original, mas isso fez que com a produção perdesse muito e parecesse até meio frio. A diretora disse em uma entrevista que quando você está indo para guerra não dá para apertar pause na situação e começar a cantar.


Visual


O que ninguém pode falar de Mulan é do visual. É um deslumbre para os olhos com lindíssimas paisagens chinesas, cenas de luta muito bem filmadas e coreografas e figurino bonito e fiel à época em que o filme passa.


As cenas com a preparação para a casamenteira são lindas e mostram esse lado da cultura chinesa, assim como a sequência na belíssima cidade imperial. Um ponto legal é que quando transformam Mulan em mim o fazem de forma natural, não caricata ou exagerada.


O design de produção de Mulan fez jus ao orçamento de U$ 200 milhões, o maior já gasto num remake pela Disney.





***


No fim das contas, obviamente Mulan vale a pena ser assistido – ainda que tenho certeza que a experiência no cinema teria sido bem melhor, já que o visual arrebatador pede uma tela de grandes dimensões.


Assista Mulan sem expectativas que seja literalmente a animação de 1998 e curta o filme. Ele é bom. É um trabalho muito bem executado da Disney (lógico, a gente nunca espera menos dela), ainda que o meu live action preferido continue sendo Cinderela, seguido por Aladdin.


Recomendo.


Teca Machado



sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Boneco de Pano - Resenha


Um corpo. Seis vítimas. 


É assim que trabalha o serial killer do enredo do livro Boneco de Pano, de Daniel Cole, publicado no Brasil pela Editora Arqueiro.


Sombrio e cativante, o romance policial é o primeiro livro escrito pelo autor e nos deixa de cabelo em pé com o modus operandi com que o assassino trabalha.


Foto @casosacasoselivros


Boneco de Pano


Chamada devido a um corpo encontrado, a detetive Emily Baxter se choca ao descobrir que apenas um cadáver conta com partes do corpo de seis vítimas diferentes, numa espécie de colagem de um bizarro boneco de pano.


Ao mesmo tempo, a jornalista Andrea Hall recebe um pacote anônimo com o nome de seis novas vítimas e a data em que serão mortas para a montagem de um novo “boneco de pano”. E o último nome da lista é de William Fawkes, conhecido como Wolf, ex-marido de Andrea e detetive amigo de Emily que está trabalhando no caso.

Daniel Cole


Numa corrida contra o tempo, Emily e Wolf precisam descobrir o que conecta as vítimas já assassinadas e as que estão juradas de morte e tentar expor a identidade do serial killer. 


Trama


Mais do que acompanhar os personagens na busca pelo assassino para impedir que ataque novamente, Boneco de Pano também conta a história de Wolf. O detetive esteve envolvido num caso famoso anteriormente que pode – ou não – ter algo a ver com o criminoso que faz os bonecos de pano.


A trama da obra é muito bem construída, com vários fatos acontecendo ao mesmo tempo. Talvez o autor se perca um pouquinho ao inserir personagens demais e os acompanhar por tempo desnecessário. Ainda assim tem a pegada envolvente e instigante de thrillers policiais, prendendo o leitor desde o comecinho. Mas, como eu tenho percebido ser comum no gênero, o meio da leitura é um tantinho enrolado, mesmo que com enredo interessante sobre Wolf, que mostra porque ele é como é.


Personagens


As maiores críticas que vi sobre o livro diziam que era difícil se conectar com os personagens. Mas acho que isso foi proposital. Daniel Cole construiu protagonistas quase odiosos. Wolf é lotadíssimo de defeitos, assim como Emily e mesmo Andrea, e obviamente, o antagonista, que o que tem de genial tem de maligno. Eles são complexos e com mais falhas do que qualidades.


Narrado em terceira pessoa e em diversos pontos de vistas, é um livro que te prende porque o leitor deseja desesperadamente saber o desfecho, que para mim foi satisfatório, ainda que algumas pessoas reclamaram por acharem rápido e forçando a barra. Além disso, é morbidamente fascinante ver como o serial killer vai conseguir burlar todo o policiamento e matar o próximo nome da sua lista.


Livros da série Fawkes & Baxter


De todo modo, Boneco de Pano é um livro criativo, um romance policial diferente que não tem medo de mostrar o pior lado do ser humano.


A Editora Arqueiro já lançou o segundo livro da série Fawkes & Baxter, que acompanha os dois detetives, e se chama Marionete. É uma continuação que se passa cerca de 18 meses após o fim de Boneco de Pano e há troca de protagonista: enquanto no primeiro o foco é Wolf agora é Emily. A série é uma trilogia, cujo último livro se chama Endgame e ainda não foi publicado no Brasil.



Recomendo muito para aqueles que gostam do gênero.


Teca Machado

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Eu Nunca... - Crítica

Eu nunca...


Bom, todo mundo tem algo que nunca fez na vida. Sei que Devi Vishwakumar (Maitreyi Ramakrishnan) tem várias coisas para colocar nessa lista. E ela quer fazer muitas delas, como ir à uma festa só para dizer “não” às drogas, fazer sexo com o cara mais gato do colégio e ser um pouquinho mais popular. E essas são vontades normais de adolescentes, mas a maneira como o roteiro de Eu Nunca..., da Netflix, caminha ganha o espectador logo nos primeiros minutos do primeiro episódio.




Eu Nunca...


Devi teve um péssimo primeiro ano do ensino médio. Como se já não bastasse ser indiana com uma mãe super rígida, seu pai faleceu no meio da sua apresentação da banda e, pelo trauma, suas pernas pararam de funcionar temporariamente. E foram esses motivos que a levaram a ser conhecida na escola. Mas um novo ano letivo está começando e a garota quer fazer tudo diferente. 


Pela sinopse, parece uma série comum adolescente, mas Eu Nunca... vai muito além. Criação e roteiro de Mindy Kaling (atriz e roteirista, conhecida por The Office e The Mindy Project) e Lang Fisher, a série tem um quê de autobiografia de Mindy, inspirada em suas experiências e memórias, e fala sobre ser uma jovem indiana morando nos Estados Unidos.




Bebendo da fonte de Sex Education no sentido de ser uma série adolescente diferente, Eu Nunca... fala sobre os problemas normais que a idade tem, mas se aprofunda e busca muitos outros – Devi, por exemplo, pedir para sua terapeuta comprar uma lingerie sexy para ela fazer sexo pela primeira vez com o seu maior crush, o fato de que precisa ir em uma festa hindu sem ter vontade e ser mordida por um coiote. 


Apesar de passar no ensino médio americano, não é a típica história com as loiras gostosas malvadas, os jogadores de futebol americano bonitões e os nerds rejeitados. Bom, Devi e seu grupo de amigas são as nerds rejeitadas, mas nem de longe isso é o que define as personagens e nem é o foco da série. E isso é ótimo.


Personagens


Os maiores acertos são tanto a construção dos personagens quanto o elenco escolhido. Maitreyi Ramakrishnan e sua Devi são ótimas. A protagonista é real, engraçada, egoísta, empática – quanto quer -, doce, mas insensível. Ela grita, berra, briga, ama, faz as pazes, tudo no mesmo combo. É alguém adoravelmente cheia de falhas – e sabe disso. Com suas melhores amigas, Eleanor (Ramona Young), uma atriz cheia de cor e vibração, e Fabiola (Lee Rodriguez), um gênio que está questionando sua sexualidade, forma um trio delicioso de acompanhar.




Ainda merece destaque Nalini (Poorna Jagannthan), mãe de Devi e atormentada com suas dores enquanto tenta ser perfeita, Kamala (Richa Moojani), prima indiana que vai morar na sua casa e não quer um casamento arranjado, Ben (Jaren Lewinson), arqui-inimigo de Devi, que poderia ser o clichê do riquinho arrogante, mas não é, e Paxton (Darren Barnet), o amor de Devi que aparenta ser só o atleta bonitão, mas tem um background bem legal. É uma produção com muita representatividade, mostrando muitas nuances de pessoas e culturas nem sempre mostradas.


Eu Nunca... ousa – e acerta – em ter como narrador o ex-tenista e ator John McEnroe e em um episódio focado em Ben o narrador ser Andy Samberg (Jake Peralta, de Brooklyn 99).


Dramédia


Eu Nunca... é definitivamente uma dramédia. Nos faz rir – porque as situações em que Devi se enfia muitas vezes nos dão vontade de rir – e ao mesmo tempo emocionam. Tudo relacionado a Mohan (Sendhil Ramamurthy), pai de Devi é de partir o coração, porque ele definitivamente é um dos melhores pais da ficção. A série mistura e trabalha nossas emoções e consegue ser leve e profunda simultaneamente.




Os 10 episódios da primeira temporada, com apenas 20 minutos cada, passam voando. É quase impossível não querer maratonar, tão gostosa, ágil e rápida de assistir que é a série. Felizmente Eu Nunca... já foi renovada pela Netflix para uma segunda temporada. Agora nos resta aguardar – e falar para todo mundo assistir.


Recomendo muito.


Teca Machado

 

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

De Repente Uma Família - Crítica


Tem dias que tudo o que você quer é assistir algo que vai deixar o seu coração quentinho. Era o que eu precisava no último sábado e foi o que consegui com o filme De Repente Uma Família, do diretor Sean Anders. Terminei com a alma aquecida e alguns ciscos nos olhos, não vou negar.



De Repente Uma Família, além de doce, sensível e engraçado, é baseado na história do próprio diretor e da sua esposa, o que trouxe uma sensação ainda melhor ao assistir ao filme. Eles contam nos extras que certo dia, sem filhos e já um pouco mais velhos, um brincou com o outro sobre adotar uma criança com 5 anos, porque pareceria que eles já teriam começado a serem pais há 5 anos. O que era para ser apenas uma piada entre o casal, se tornou realidade – tanto que no filme os protagonistas falam exatamente o mesmo.


De Repente Uma Família


Em De Repente Uma Família, Pete (Mark Wahlberg) e Ellie (Rose Byrne) são um casal já no início dos seus 40 anos e bem sucedidos profissionalmente, mas sem filhos. Ao decidirem adotar uma criança, eles acabam se afeiçoando a Lizzy (Isabela Moner), uma adolescente de 15 anos. Mas tem um porém: ela vem com um “pacote”, seus dois irmãos mais novos, Juan (Gustavo Escobar) e Lita (Julianna Gamiz). Pete e Ellie que antes nem queriam ter filhos, se veem, então, com 3.







Se adaptar a uma criança já é difícil, agora imagina a 3? Pete e Ellie precisam aprender a conviver com uma adolescente problemática que desde novinha precisou ser mãe dos irmãos mais novos, um menino que tem medo de tudo e uma garotinha arredia e que grita por tudo.


Enredo e elenco


Esse é aquele tipo de filme que te ganha em 10 minutos. Com atuações leves, te faz rir e também se emocionar, afinal, ao lidar com o assunto adoção é basicamente impossível não falar sobre momentos triste ou difíceis.


O roteiro não força a barra nem com piadas e nem com momentos piegas. É tudo na medida certa e muita delicadeza e sensibilidade. Acompanhar os problemas do casal com os meninos é uma das melhores partes do filme, principalmente quando Pete é chamado de pai pela primeira vez por Lita e Ellie desesperadamente quer o mesmo, as pirraças de Lita, como Juan se machuca e pede desculpas a todo instante, Lizzy sendo adolescente e “odiando” os pais. Tudo isso ajuda a contar uma história deliciosa de acompanhar. E o diretor nem mesmo corta momentos ruins dos protagonistas, como quando eles conversam seriamente sobre devolver as crianças.







Apesar de ser uma história real, é claro que tem muito clichê de Hollywood, mas nem de longe isso tira o brilho da trama. O sistema de adoção americano é muito diferente do nosso, então todo o processo pode parecer muito estranho para nós – e até mesmo irreal (há uma feira de adoção de crianças e curso para pais adotivos). Mas pesquisando sobre o tema descobri que por ser a história do diretor, eles tentaram se manter o mais fiel possível à realidade e, de acordo com depoimentos de pessoas que passaram por isso – seja sendo pai, seja sendo o filho – é realmente assim.


O elenco tem uma química incrível. Mark Wahlberg e Rose Byrne são ótimos juntos e se descobriram na comédia. Nos fazem rir e nos emocionam. Como não gargalhar quando ambos dão uma surra no zelador da escola que está querendo Lizzy? Nesse momento você percebe que eles são realmente os pais das crianças. Isabela Moner também trabalha muito bem e a sua personagem é uma das que mais têm profundidade e cenas difíceis. Gustavo Escobar e Julianna Gamiz também brilham, não dá para negar.


Diretor e roteirista Sean Anders e sua família, que inspirou o filme


E há ainda a sempre extraordinária Octavia Spencer. Ela vive uma das assistentes sociais e é sempre uma delícia quando aparece. É uma daquelas atrizes que fazem a atuação parecer fácil. 


De Repente Uma Família foi uma grata surpresa para um sábado à noite e agora estou indicando para todo mundo assistir, porque é uma comédia que vale muito a pena.


Recomendo muito.


Teca Machado



sábado, 16 de janeiro de 2021

Adulta Sim, Madura Nem Sempre – Resenha


“É, acho que a gente consegue ser uma adulta jovem um pouco imatura, porém responsável.”


Me identifiquei totalmente com essa frase do livro Adulta Sim, Madura Nem Sempre, da Camila Fremder, publicado pela Editora Paralela. Na verdade, me identifiquei tanto com a obra num modo geral que o meu exemplar está todo grifado.


Foto @casosacasoselivros


No formato de crônicas e relatos da própria autora, o livro fala sobre um belo dia sermos jovens, que vão para a balada e ficam até o raiar do dia, que vão aonde o vento mandar e escutam música na maior altura. Mas, quando menos esperamos, estamos cansados para ir até no supermercado na esquina, dormir na própria cama é sempre melhor e reclamamos da música alta do vizinho. 


Vida adulta


Camila explica que descobriu que a vida adulta é assim: chega de uma hora para a outra, sem avisar, sem nem dizer “daqui a pouco estou aí, viu?”. E, quando a gente percebe, está afundado em fraldas, boletos e até mesmo umas ruguinhas que a gente jura que na semana passada não estavam lá.


Apesar de parecer que ser adulta é um saco (e muitas vezes é!), Camila fala sobre as suas experiências com muitíssimo bom humor, comentários perspicazes e que são impossíveis de não se identificar se você está passando por essa fase da vida. E eu estou, principalmente porque quando ela escreveu tinha acabado de ter bebê e eu li estando grávida.




A escrita da autora é tão gostosa, que você começa a ler e logo depois termina o livro todinho, sem nem perceber que se passaram horas. Eu, por exemplo, comecei o meu exemplar logo depois do almoço e terminei à noite. Tinha anos que eu não lia um livro todo no mesmo dia. A edição é super bacana, com muitas ilustrações. Super prática de ler e agradável aos olhos.


Além de ser um livro que te faz rir, porque a Camila é, sim, engraçada, te faz refletir que tudo o que ela vive são situações muito reais: ou você mesmo já passou por isso, ou vai passar ou conhece alguém que viveu exatamente isso. Eu me vi todinha na página em que ela fala sobre os medos dos adultos, sendo que um deles é a panela de pressão. Tenho 32 anos na cara, casada há 5 anos, com filhos gêmeos e mesmo assim tenho PAVOR da bendita panela. Estamos juntas, Camila!




Acho que todo mundo - mulheres, principalmente - deveriam ler esse livro para rirem, se identificarem e refletirem sobre o que é ser adulta, ainda que não tão madura assim. Ganhei a obra de uma amiga e com certeza vou fazer o mesmo e presentear amigas.



Na introdução a Camila Fremder fala que não nega que vai ficar triste se alguém disser que o livro é ridículo. Bom, no meu caso ela não precisa se preocupar: Eu AMEI! Fiquei até com vontade de ler outras obras delas, a Como Ter Uma Vida Normal Sendo Louca e Enfim 30: Um livro para não entrar em crise, ambos escritos com a Jana Roça.


Recomendo muito.


E não se esqueçam: “Envelhecer faz parte do jogo, crescer é se aprimorar com as experiências que você̂ vive.”


Teca Machado


quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

A Batalha das Correntes - Crítica


Se a energia elétrica cai e ficamos poucas horas sem ela, a vida já fica um pouco caótica. Se for à noite, pior ainda. A luz e tudo o mais que vem com a energia fazem tanta parte do nosso cotidiano que nem ao mesmo reparamos nela diariamente, a não ser quando falta. Agora imagine viver num período em que ela ainda não tinha sido inventada. E é da criação da energia elétrica que trata o filme A Batalha das Correntes, do diretor Alfonso Gomez-Rejon.


De vez em quando você esbarra em filmes muito bons, mas que tiveram pouca divulgação. A Batalha das Correntes, apesar de contar que atores excelentes, é um deles. Entre os nomes do elenco temos Benedict Cumberbatch, Michael Shannon, Nicholas Holt e Tom Holland. Lançado em 2017, o filme não chegou nos cinemas daqui e foi direto para o serviço de streaming Amazon Prime. A produção, que teria um grande marketing e plano de lançamento, acabou sendo ofuscada pelo escândalo sexual dos bastidores de Hollywood que tinha como centro Harvey Weinstein, que era um dos produtores do filme.




A Batalha das Correntes


O longa é baseado numa história real e acompanha a guerra comercial entre o inventor Thomas Edison (Cumberbatch) e o empresário George Westinghouse (Shannon) pela distribuição de energia elétrica para os Estados Unidos e consequentemente para o mundo.


Com o apoio do banqueiro e investidor J. P. Morgan (Matthew Macfadyen), Edison descobre uma maneira de usar a energia com a corrente contínua, enquanto Westinghouse, trabalhando em conjunto com Nikola Tesla (Holt), vê falhas na invenção de Edson e defende a corrente alternada. Ambos os homens lutam para ganhar território com as suas invenções e mais do que realmente iluminar o país, desejam ser superiores ao rival.






Visual


Um dos pontos altos de A Batalha das Correntes, além das atuações, é o visual. O design de produção é lindíssimo, respeitando o período no qual o filme é ambientado, que é o final do século XIX. Os cenários, os figurinos, tudo isso enche os olhos, como um filme de época deve ser.


Além disso, o diretor de fotografia Chung-hoon Chung soube brincar com toda a questão da energia elétrica, do claro e o escuro, da luz e da escuridão que contrastam a todo o tempo.





Roteiro


Enquanto Edison é tido como um gênio, excêntrico e com personalidade extremamente difícil, sendo até mesmo arrogante, Westinghouse pensa como um empresário, com um distanciamento até mesmo frio do problema, pensando mais logicamente. As atuações são excelentes, já que temos aqui dois atores de ótimo calibre. 


O maior problema foi que o roteiro não dá muita chance de aprofundamento aos personagens, sendo eles quase rasos. Mesmo quando o roteiro foca na questão ética que Edison enfrenta devido ao uso da sua invenção para a execução de presos na cadeira elétrica não há tantas reflexões por parte do protagonista.




De todo modo, A Batalha das Corretes é um filme muito bom sobre um tema muito interessante. Apesar de ser uma história real, não conhecia os pormenores da disputa comercial entre Edison e Westinghouse. 


Recomendo.


E se você ainda não assina Amazon Prime, é só clicar aqui para conhecer e começar o seu teste grátis por 30 dias. Com o serviço, você tem acesso ao streaming, com inúmeras produções excelentes e frete grátis nas compras na Amazon.


Teca Machado


sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Cinder – Crônicas Lunares - Resenha

 

Toda releitura de contos de fadas me chama a atenção. Amo as histórias originais, mas também amo o que autores fazem com elas, dando uma nova cara, uma nova vida. A Disney mesmo faz suas próprias versões, já que se lermos os escritos, veremos enredos muito menos infantis e mais trágicos (como o príncipe Eric ficando com a bruxa e a Ariel se jogando de um penhasco, as irmãs da Cinderela cortarem parte dos pés para caberem no sapato, a Bela Adormecida dormir 100 anos e muitos príncipes morrerem nos espinhos tentando alcançá-la...). Eu mesma já reescrevi a história da Rapunzel, com uma pegada feminista para a coleção A Revolução das Princesas, da Plan International, que tem como objetivo empoderar as meninas. Você pode conhecer sobre esse projeto cuja venda é revertida para garotas em situação de vulnerabilidade aqui.


Ano passado finalmente li Cinder, de Marissa Meyer, publicado no Brasil pela Editora Rocco. Ele é o primeiro volume das Crônica Lunares, que é uma saga steampunk e cujo cada livro é sobre uma personagem dos contos de fadas, mas com as histórias se entrelaçando. As obras são:


Foto @casosacasoselivros


Cinder - Cinderela

Scarlet – Chapeuzinho Vermelho

Cress - Rapunzel

Levana – A Rainha Má (Na verdade esse é o livro 3.5)

Winter – Branca de Neve

Stars Above - 9 contos que complementam as Crônicas Lunares



Cinder


No universo da saga, um futuro um tanto distópico, há os humanos, os ciborgues (humanos com partes de máquinas), androides e lunares. Os ciborgues são considerados uma raça inferior, os androides são robôs que ajudam nas mais variadas tarefas e os lunares são humanos que colonizaram a Lua e que através das propriedades dela adquiriram poderes, como manipulação das emoções e vontades das pessoas.


A Terra não é dividida como hoje e no centro dela está Nova Pequim, cujo imperador está gravemente doente e o filho e os cientistas tanto de lá quanto do resto do planeta tanto descobrir a cura para letumose, uma doença contagiosa que mata rapidamente (ai, Jesus, até no livro tem pandemia!).


Marissa Meyer 

Lá conhecemos Cinder, que quando criança sofreu um acidente e teve partes do corpo substituídas por máquinas. Ela foi adotada por um homem quem morreu logo em seguida e que a deixou com uma madrasta, que a detesta, e duas irmãs. A mulher a mantém em casa apenas porque ela é a fonte de renda, já que é a melhor mecânica da cidade. E é no seu trabalho que conhece o príncipe Kai, que leva um androide para o conserto e que vai dar um baile para escolher uma esposa. Enquanto tudo isso acontece, reina a apreensão de que a poderosa rainha Lunar venha para a Terra e Cinder se vê no meio de conspirações governamentais, experimentos médicos, descobertas sobre o seu passado e uma batalha iminente.


Interessante e diferente, o livro te prende durante as 450 páginas. Apesar de parecer longo – afinal, 450 páginas! – não é demorado de ler. A história é interessante e diferente. Se passa depois da Quarta Guerra Mundial e é repleta de tecnologia, fantasia, ação e mesmo um pouco de romance. Tem reviravoltas, mas algumas são bem óbvias e chocam um total de zero pessoas. Mesmo assim, isso não tira a graça do livro.


Cinder é uma Cinderela nunca antes vista, apesar de que o conto de fadas é só um pano de fundo para um enredo muito mais elaborado. O espaçamento entre as linhas é grande, a letra também e a edição física é “baixinha”, menor do que livros normais, por isso é rápido ler a obra.


O desenvolvimento de Cinder é muito bacana, assim como o de Kai, de Iko, a robôzinha da protagonista e que é a coisa mais fofinha do mundo, e mesmo a rainha Levana, a rainha Lunar, extremamente poderosa – e extremamente ruim também.


Com ganchos ótimos para os próximos volumes, é impossível terminar Cinder sem querer ler logo Scarlet.


Saga Crônicas Lunares



Recomendo.


E vocês, lá leram Cinder e os outros livros da saga Crônicas Lunares? Gostaram?


Teca Machado

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Dicas para ler mais em 2021

Foto @casosacasoselivros


Ano novo, novas leituras!


O comecinho de janeiro é um excelente momento para nos planejarmos em todas as áreas da vida – e com as leituras não seria diferente, não é?


Se uma das suas resoluções de ano novo foi ler mais ou se é uma vontade que sempre esteve presente, mas você nunca concretizou, essa é a hora!


Trago dicas bem práticas de como ler mais – ou mesmo começar a ler.


Dicas para ler mais em 2021


1- Sempre tenha um livro por perto




Esse é um dos meus truques preferidos. Se você está com um livro ao alcance das mãos vai ser muito mais fácil resistir a mexer a esmo no celular naqueles momentos meio “limbos”, como esperando uma consulta médica, o metrô ou o ônibus chegarem ou o jantar ficar pronto.


Como eu prefiro livro físico, não me importo de carregar peso (já perdi as contas de quantas vezes levei na bolsa um volume de Game of Thrones ou Outlander). Mas se você não quer peso, e-readers são uma excelente opção. Eu mesma tenho o Kindle e adoro. Uso para livros que não têm edição física. E se você gosta de ler pelo celular, baixe aplicativos de leitura ou de audiobooks, ideais para quem quer usar o tempo dirigindo ou correndo para “ler”. 


2- Separe seu momento de leitura




Coloque na sua rotina um tempinho reservado à leitura. Não precisa ser muito: 15 minutos, meia hora por dia. E escolha uma hora em que você sabe que fica mais tranquilo, como logo após o café da manhã, antes de dormir, depois do almoço, o que for melhor para você. 


E se gosta de metas, estipule uma: Ler x páginas ou dia ou x livros por mês. E se quiser ir além, que tal fazer uma lista com as obras que pretende ler em 2021? 


Isso ajuda a ter uma sensação de compromisso e disciplina. E quando virar hábito de verdade, vai ser melhor ainda, porque vai ser natural.


3- Leia o que te faz feliz




Quem vive um pouquinho nesse universo literário, sabe que rola umas tretas de “literatura clássica é que vale”, “literatura pop não é literatura” e outras coisas do tipo. Mas quer saber de uma coisa? Leia o que te faz feliz!


Criar hábito com algo que você não tem afinidade faz tudo ser 10 vezes mais difícil, então transforme a leitura em algo que te dá prazer. Gosta de ler literatura infanto-juvenil mesmo tendo 30 anos? Se joga! Prefere romances açucarados? Maravilha! Ama de ser surpreendido com mistérios e terror? Ótimo! Autoajuda é o que te motiva a ler? Excelente. Livros clássicos são a sua paixão? Leia muito. E assim por diante. A verdade é que ler, não importa o que, é maravilhoso.


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Agora me contem quais são os seus truques para lerem mais. Dicas bacanas são sempre bem-vindas!


E se quiserem acrescentar meus livros na lista de leitura de vocês em 2021, I Love New York e Je T’aime, Paris, em versão física saem juntos por R$ 25 reais e com frete grátis pela Shopee ou R$ 15 avulsos. É só vir aqui na minha loja virtual. Mas se prefere e-books, ambos estão no Kindle Unlimited para ler de graça e com possibilidade de compra avulsa também aqui.


  


E aí, vamos ler muito em 2021?


Teca Machado

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