quarta-feira, 16 de setembro de 2020

O Momento de Voar, de Melinda Gates - Resenha

 Sabe quando você está no avião, a velocidade aumenta, o mundo passa rápido pela janela e você sabe que a partir dali vai sair do chão, alcançar as alturas e tudo ser diferente e maravilhoso, ainda que talvez um pouco amedrontador? E mais do que algo que realmente acontece em viagens, é uma metáfora perfeita para quando as pessoas percebem que podem alças voos, saírem do chão e encontrarem novos ares. E é exatamente essa analogia que Melinda Gates usa em seu livro O Momento de Voar.


Foto: @casosacasoselivros

Melinda Gates


Sim, se o sobrenome te parece familiar é porque é! Melinda é casada com Bill Gates, fundador da Microsoft e que dispensa apresentações. Mas não podemos reconhecer uma mulher como Melinda apenas como esposa de alguém (ainda que esse alguém seja Bill Gates). 


Muito além disso, ela é uma profissional extremamente bem sucedida numa área profundamente masculina – a de tecnologia – e apenas depois conheceu e se casou com Bill. Hoje ela é uma das maiores filantropas do mundo e toca a Fundação Gates, uma instituição sem fins lucrativos que luta para reduzir as desigualdades em todo o mundo, principalmente na área da saúde. Mas, como a autora nos mostra em O Momento de Voar, uma das suas principais plataformas são as melhores condições para as mulheres.


O Momento de Voar


Quanto mais viajou pela fundação e escutou histórias em todos os continentes, algo ficou claro para Melinda: Para realmente mudar o mundo é preciso empoderar as mulheres. 


Melinda conversa com mulheres indianas

E ela não está falando sobre feminismo, sobre uma ascensão feminina ao poder, sobre rebaixar homens. A questão aqui é que ela percebeu que para realmente mudar a vida de uma comunidade – seja ela do tamanho que for – as mulheres precisam ocupar um espaço de igualdade com os homens. A autora entende que para um subir o outro não precisa descer: podem estar juntos no topo e quando um ajuda o outro a florescer todos ganham. Ela inclusive destaca que, às vezes, para ajudar as mulheres a alçarem voos não é preciso muito, “basta pararem de nos puxar para baixo”.


De partir e aquecer o coração


Dividido em capítulos sobre um tema cada, O Momento de Voar é um livro que vai partir seu coração ao mesmo tempo que o aquece. 


Melinda retrata todo tipo de realidade em seu livro. O leitor sofre quando ela fala sobre os casamentos infantis cheios de abusos que ainda acontecem, sobre as mulheres que andam 20 quilômetros para buscar água no poço (porque para os homens da comunidade é humilhante fazer isso), sobre a mutilação genital, sobre a falta de estudos para as meninas, sobre o estigma que sofrem aquelas que querem usar métodos contraceptivos para não ter o 10º filho, sobre cuidados neonatais e muito mais. 


Mas também lemos sobre outros tipos de desigualdades que as mulheres sofrem, como o preconceito no ambiente de trabalho, o assédio sexual, o malabarismo de cuidar dos filhos e manter uma vida profissional, sobre o trabalho não remunerado (o cuidar da casa, dos filhos, do marido...) e muito mais.


Mas ao mesmo tempo que nosso coração sangra ao ler sobre tudo isso, ele também fica aquecido ao conhecer iniciativas revolucionárias – e muitas vezes simples – de empoderamento, de como uma fundação, uma instituição, um grupo ou mesmo apenas uma mulher mudou toda uma sociedade.


Meu exemplar está todo assim: Grifado



Conexão


Melinda Gates afirma que o objetivo da humanidade não deve ser a igualdade e sim a conexão. “Igualdade sem conexão não faz nenhum sentido. Pessoas conectadas se entrelaçam. Você é parte de mim e eu sou parte de você”. E é para isso que serve o empoderamento: para que haja conexão na igualdade.


O Momento de Voar é um relato poderoso, cheio de vulnerabilidade – tanto das histórias que Melinda conta quanto dela própria, já que muitas vezes abre a sua vida ao leitor. É aquele tipo de livro que não deve ser lido apenas por mulheres, mas por todos que querem que o mundo seja um lugar melhor. Espero que você seja uma dessas pessoas.


Eu simplesmente não consigo parar de recomendar esse livro para as pessoas!


Teca Machado


sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Resenha de Paris É Uma Festa, de Ernest Hemingway – Canal Teca Machado


“Se você quando jovem teve a sorte de viver em Paris, então a lembrança o acompanhará pelo resto da vida, onde quer que você esteja, porque Paris é uma festa ambulante.”

A frase acima é do livro Paris É Uma Festa, de Ernest Hemingway, que é o tema de hoje do vídeo do Canal Teca Machado.


Paris É Uma Festa


Considerado um dos maiores escritores do século XX e vencedor do Prêmio Nobel da Literatura em 1954, Hemingway conta no livro sobre seus anos vividos na Cidade Luz, onde ficou de 1921 a 1926.

Esse relato autobiográfico publicado por aqui pela Bertrand Brasil é sobre os efervescentes, loucos, cheios de festas, champanhe e cultura anos 1920 parisienses e é recheado de histórias sobre o próprio Hemingway e sobre outros artista célebres da época.

Ele se passa exatamente no mesmo período de Meia-Noite Em Paris, filme do diretor Woody Allen, onde inclusive o escritor aparece, interpretado por Corey Stoll.

É uma leitura para adorar - mesmo se você não gosta de literatura mais clássica.


Paris É Uma Festa de Ernest Hemingway
Foto: @casosacasoselivros

Canal Teca Machado


E hoje chegamos a mil inscritos! 

E você, já faz parte essa comunidade de apaixonados por uma boa história?



E me conta o que achou do livro se já leu ou se ficou interessado. Vamos conversar sobre literatura?

Teca Machado

terça-feira, 1 de setembro de 2020

A Casa das Marés – Jojo Moyes: Resenha


Uma autora que há anos conquista corações e faz muitas lágrimas rolarem em leitores do mundo inteiro é Jojo Moyes. A escritora estourou com o romance Como Eu Era Antes de Você e seus livros lançados antes e depois desse sucesso sempre fazem parte das listas de mais vendidos. Já li várias obras de Moyes e me apaixonei, sendo as preferidas A Garota Que Você Deixou Para Trás (resenha aqui), A Última Carta de Amor (resenha aqui) e Um Mais Um (resenha aqui). E a leitura mais recente que fiz dela é A Casa das Marés, da Editora Intrínseca.

A Casa das Marés, de Jojo Moyes
Minha edição é da Bertrand Brasil, mas hoje o livro é publicado pela Editora Intrínseca. Foto: @casosacasoselivros

A Casa das Marés


Esse foi o segundo livro publicado por Jojo Moyes, em 2003. Como é até frequente nas histórias da autora, duas histórias são contadas ao mesmo tempo, separadas por décadas.

Jojo Moyes. Foto: Intrínseca
Em uma temos Lottie e Celia, duas garotas que nos anos 1950 vivem em Merham, uma pequena cidade litorânea inglesa. Celia é filha do médico local, muito respeitado, e Lottie, durante a Segunda Guerra passou a morar com a família de Celia, numa espécie de adoção. Merham é extremamente conservadora, seguidora dos bons costumes e nada realmente interessante acontece lá, para desespero de Celia, que deseja ver o mundo, enquanto Lottie só deseja achar seu lugar no mundo. Mas quando excêntricos artistas se mudam para Arcádia, uma mansão de Merham, as duas garotas se encantam com os recém-chegados, tão diferentes de todos na região. E a relação com eles muda toda a trajetória de vida das meninas.

Já na segunda trama, vamos para o século XXI e conhecemos Daisy, uma decoradora de interiores londrina que acabou de ter um bebê, foi abandonada pelo marido e é contratada para restaurar Arcádia. Merhram, mesmo tantas décadas depois, ainda é retrógrada e conservadora e Daisy precisa aprender a lidar com os cidadãos da cidade, com o seu recém-divórcio e com as descobertas que faz sobre a história da casa – e sobre si mesma.

O que achei?


A Casa das Marés é dividido em três partes e tem todos os elementos que conhecemos e amamos em Jojo Moyes. Romance, protagonistas feministas fortes que passam por crescimentos pessoais dolorosos, perdas, sensibilidade, segredos que são desvendados aos poucos e muita emoção.

A escrita da autora, mesmo esse sendo apenas o seu segundo livro publicado, é fluida, bem desenvolvida e com pontas bem amarradas. Um ponto positivo da autora é que sabemos que sempre podemos esperar um bom livro, muito bem montado.

Os personagens são bem construídos, principalmente Lottie, que é o foco da primeira parte – ainda que Celia apareça bastante -, Daisy, protagonista da segunda e terceira partes, e a sra. Bernard, antiga proprietária de Arcádia e que ajuda a decoradora, ainda que seja uma pessoa amarga e sempre de cara fechada.

Mas apesar desse tanto de pontos positivos, A Casa das Marés demorou muito a me envolver. Achei a leitura interessante desde o início, mas estava com dificuldade em me conectar. Sabe aquela obra que você não sabe de onde veio e para aonde está indo? Durante umas 150 páginas – das 384 – fiquei um pouco perdida, sem entender qual era o objetivo da história. Da metade para frente mergulhei mais no enredo e o ritmo fluiu melhor para mim.

Conclusão


Dessa forma, gostei de A Casa das Marés, mas não se tornou uma das minhas leituras preferidas nem do ano e nem da própria Jojo Moyes.

Recomendo o livro, porque gostei dele, mas não posso afirmar que amei ou que mudou a minha vida. Podemos considerar 3 estrelas: Bom, só que não extraordinário.

Teca Machado

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