quarta-feira, 18 de março de 2020

Hunters - Crítica


Não sei na cidade de vocês, mas aqui em Brasília a Amazon Prime investiu pesado em divulgação da série Hunters, com Al Pacino, que entrou no canal de streaming no final de fevereiro. Já fazia uns dias que estava assistindo a primeira temporada, que conta com 10 episódios com cerca de uma hora cada, e ontem terminei. Mais alguém aí assistiu?


Hunters é produção executiva de Jordan Peele, escritor e diretor de filmes como Corra! e Nós e dá para sentir o dedo nele na série, com aquele toque do suspense, do quase bizarro e das reviravoltas. No enredo que se passa nos anos 1970, acompanhamos Jonah (Logan Lerman, o Percy Jackson), um rapaz de descendência judia que após investigar a morte da sua avó (Jeannie Berlin) se vê envolvido com os Caçadores, um grupo de judeus que descobriu nazistas infiltrados nos Estados Unidos e os caça impiedosamente.

Gostei muito de Hunters, principalmente da premissa. Afinal, quem não quer ver um bando de nazistas se dando mal, sentindo na pele – literalmente – a vingança daqueles que foram perseguidos por eles tão violenta e cruelmente? E é nesses momentos que a série brilha, quando mostra a caçada em si, o encontro dos oprimidos, dessa vez com o poder, com os opressores.



A produção tem um quê de realidade. Além de falar sobre acontecimentos históricos da II Guerra Mundial, como os campos de concentração, a Noite dos Cristais e até mesmo a Operação Paperclip (quando o governo americano trouxe engenheiros e cientistas da Alemanha nazista no período pós-guerra para trabalhar para eles – e um deles inclusive foi um dos responsáveis a leva o homem à Lua), os caçadores de nazistas realmente existem. Não da maneira retratada lá – até onde a gente saiba -, mas eles são reais.

Mas o que tem levado um pouco de polêmica para Hunters são as atrocidades dos campos de concentrações. Sim, elas aconteceram e foram malignas de uma maneira que a gente nem consegue imaginar, mas o roteiro de Hunters criou fatos, como o xadrez com prisioneiros e o concurso de canto.  O Memorial de Auschwitz soltou uma nota dizendo que fatos como esse podem fazer com que no futuro as pessoas neguem o Holocausto e os horrores feitos nos campos, assim como é perigoso e caricaturado.



Além do núcleo principal, com Jonah, Meyer (Al Pacino) e toda equipe de caçadores, há duas tramas separadas, que são tão interessantes quanto. De um lado temos Millie (Jerrika Hinton), agente do FBI que descobre a conspiração nazista nos EUA e luta tanto para desmascarar o governo quanto para pegar os caçadores, e do outro lado está o americano Travis (Greg Austin), que deseja entrar no grupo nazista extremamente bem organizado no país, liderado pela Coronel (Lena Olin), que tem como objetivo começar o Quarto Reich.

A atuações são boas – ainda que em vários momentos eu tive a sensação de que o Al Pacino estava sendo canastrão, talvez de propósito, talvez por ser a pegada de Hunters. Não é nada espetacular, mas está bom. A equipe de Caçadores é coesa, com boa química e trabalha bem mesmo quando o seu personagem não é dos mais desenvolvidos. O mesmo pode ser dito de Jerrika Hinton. Mas quem rouba o show com atuação é Greg Austin. Seu neonazista é sádico, com um carisma extremamente sombrio e um olhar gélido que chega a dar medo.



A série tem uma fotografia bonita. Uma vibe totalmente anos 1970. O design de produção acertou em cheio em toda a ambientação, das roupas até em mostrar imagens de NY com aquele ar de filmagem de décadas atrás.

O maior problema de Hunters foi o fato de muitas vezes ficar confuso para o espectador que tipo de série estamos vendo. Vi uma crítica no Omelete que disse: “Uma cena dos caçadores torturando um nazista pode ser seguida por um flashback emotivo do Holocausto. É como tentar juntar Bastardos Inglórios e A Lista de Schindler em uma obra só”. E essa é realmente a sensação que fica. Ao mesmo tempo que explora graficamente a tortura, o sangue, a violência, de repente temos um momento de reflexão, introspecção e altamente emocional. Isso dá uma quebra de ritmo absurdo, além de fazer um mix de temas que às vezes não funciona.


Apesar disso, Hunters é uma série muito boa. Começa extremamente interessante, dá uma caída pelo meio, mas nos dois últimos episódios volta a brilhar, principalmente nos minutos finais. Não há ainda confirmação da segunda temporada, mas ficamos no aguardo, principalmente depois das pontas soltas que ficam e do último minuto, que dá uma sensação de cena pós-crédito da Marvel.

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Recomendo.

Teca Machado

11 comentários:

  1. Parece ótima essa série, eu ainda não vi
    Big Beijos,
    Lulu on the sky

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  2. Oi Teca, tudo bom? Nossa, não estava sabendo dessa série ainda... Gostei da dica, ainda mais agora, em tempos de quarentena. É sempre bom ficar a par das novidades de filmes e séries, né? Cogitando assistir por aqui. :)

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  3. Oi Teca, tudo bem? A premissa é muito boa e o elenco me chama bastante atenção. Apesar da polêmica e da ressalva, acho que vou conferir durante a quarentena.

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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    1. Oi, Mi!
      É uma ressalva beeeem ressalvinha, nada de mais.
      Vale a pena mesmo assim.

      Beijooos

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  4. Oi Teca,
    Confesso que eu vi as propagandas e as ignorei por conta do Al Pacino, kkkkkkkkkkkk.
    Porém, se tem essa pegada de 2ªGuerra Mundial, certeza que minha mãe vai querer ver. Vou até contar para ela!
    beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com/

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  5. Oi, Teca como vai? A premissa é interessante, e depois de ler sua análise com os elogios que fez ao seriado, despertou meu interesse por assistí-la. Abraço!


    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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  6. Estou assistindo agora e tô achando muito legal e interessante

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