1917 - Crítica
Até o Globo de Ouro,
1917, do diretor Sam Mendes, era um filme quase sem expressão. Não era citado
pela crítica e pelo público de forma abrangente, mas recebeu uma menção aqui e
outra ali. E, então no dia da cerimônia o “azarão” levou o prêmio de Melhor
Filme – Drama para casa. Todos começaram a falar sobre a produção, que
inclusive entrou na lista de indicados a Melhor Filme do Oscar. E, é claro, na
minha maratona de assistir aos concorrentes dessa categoria, vi 1917.
O enredo gira em torno
de dois soldados ingleses, Blake (Dean-Charles Chapman, o Tommen de Game of
Thrones) e Will Schofield (George MacKay). Em meio a Primeira Guerra Mundial,
os russos haviam saído da batalha para resolver seus problemas internos, os
Estados Unidos estavam prestes a entrar no combate e os alemães estavam
liderando. Blake e Will recebem uma missão: atravessar 16 quilômetros de um terreno
antes ocupado pelo exército alemão para entregar ao general de outro batalhão
uma carta cancelando um ataque na manhã do dia seguinte. A inteligência inglesa
descobriu que eles estavam prestes a ir para uma armadilha, que poderia custar
a vida de mais de 1.600 homens, incluindo o irmão mais velho de Blake.
Além de uma história
interessante, ainda que um tanto rasa em questão de desenvolvimento de
personagens, o que mais chama a atenção em 1917 é a maneira como foi filmado. O
diretor criou um plano-sequência quase ininterrupto e acompanhamos os
protagonistas como se fosse em tempo real. Há apenas um corte aparente na
filmagem, quando um deles desmaia. Fora isso, a impressão é que Sam Mendes filmou
os 120 minutos de produção em uma só tomada. E isso é incrível. Essa continuidade
constante dá a sensação de urgência que os soldados vivem. Em muitos momentos
eu me peguei pensando “corre, gente, não vai dar tempo”, torcendo para que tudo
desse certo.
A câmera está sempre
muito próxima. Os acompanhamos de costas em meios as trincheiras – e dá uma
sensação enorme de claustrofobia e medo pelos soldados -, de frente, como se estivéssemos
caminhando poucos passos adiante, e ao lado. Por isso e por toda fotografia,
que é belíssima, é difícil acreditar que outro filme leve os Oscars de Melhor
Fotografia e Melhor Design de Produção. Alguns críticos reclamaram que essa
técnica deixou o filme com cara de videogame. Até mesmo disseram que estava
mais para Call of Duty do que para longa-metragem. Mas não podemos negar que
Mendes ousou e quis fazer algo diferente.
As atuações são
competentes. A dupla principal toma 95% de tempo de tela e possui uma química
boa. Enquanto Blake é otimista, destemido e ansioso para começar a “aventura”
de entregar a carta, salvar o irmão e mais vários soldados – e, quem sabe, ganhar
uma medalhe nesse processo -, Scho é reticente, tem medo do que lhes pode
acontecer e é a voz da razão. Além deles, se você não prestar bastante atenção,
acaba não percebendo a participação de atores de peso em 1917. Colin
Firth, Benedict Cumberbatch, Richard Madden (Rob, de Game of Thrones) e Mark
Strong aparecem por alguns segundos.
A produção é tão
maravilhosa tecnicamente que pecou um pouco no enredo. O roteiro é muito bom,
mas faltou profundidade e talvez um tantinho de emoção. É de se esperar que um
filme de guerra arranque algumas lágrimas do público – ou mesmo dê uns nós na
garganta. Fora que muitos momentos parecem “dar certo demais”. Por exemplo:
eles acham um balde de leite fresco numa fazenda abandonada e pegam. Horas depois
encontram um bebê que precisa de leite. Senti que muito ficou bem amarrado até
demais. São tantas coincidências que fica um pouco irreal. Mas isso não tira o
brilho do filme e nem da experiência cinematográfica que ele é.
1917 é baseado em
histórias da guerra que o avô de Sam Mendes o contava quando era jovem. Não
chega a ser baseado em fatos reais literalmente, mas, segundo o diretor, esse fato da carta
entregue realmente aconteceu. A produção tem uma carinha de ganhadora de Melhor
Filme e é o favorito nas pesquisas. Além da categoria principal da premiação,
está concorrendo a Melhor Direção, Melhor Fotografia, Melhor Cabelo e
Maquiagem, Melhor Trilha Sonora Original, Melhor Design de Produção, Melhor Edição
de Som, Melhor Roteiro Original, Melhor Mixagem de Som e Melhores Efeitos
Visuais.
Recomendo muito.
Oscar 2020
Categoria Melhor Filme
JoJo Rabbit
Adoráveis Mulheres
1917
Parasita
Teca Machado
De todos os filmes concorrendo a Melhor Filme que vi, com certeza 1917 foi o que mais me surpreendeu. Minha torcida está para Parasita, mas ele perder para esse filme não ficarei triste.
ResponderExcluirBeijos
Balaio de Babados
Lu, e quem diria que 2017 perdeu para Parasita e não o contrário?
ExcluirMaravilhoso, né?
Beijoooos