Ford vs. Ferrari - Crítica


A velocidade é algo que move o ser humano. Sempre moveu. E as corridas automobilísticas começaram assim que os carros foram inventados, mas tomaram fôlego no pós-Segunda Guerra Mundial. E é 20 anos após esse período, em meados dos anos 1960, que passa o filme Ford vs. Ferrari, do diretor James Mangold (de Logan e Johnny & June).


Com Matt Damon e Christian Bale nos papeis principais, o filme conta a história real de quando a Ford decidiu entrar no ramo do automobilismo e tentou uma parceria com a Ferrari. Rechaçada por Enzo Ferrari, a montadora contratou Carroll Shelby (Damon), antigo piloto que se tornou designer de carros esportivos, para criar um automóvel que fosse capaz de vencer a Le Mans, corrida na França que dura 24 horas. Juntamente com Ken Miles (Bale), um piloto fora do comum, ele tenta colocar em prática essa construção que parece impossível.

Bale e Damon são excelentes em todos os papeis que fazem e aqui não seria diferente. Bale está se divertindo muito como Miles, com sua boca suja, temperamento difícil e amor absurdo pelo que faz. Já Damon é a personificação da lealdade, confiabilidade e trabalho em equipe. A química entre os dois é gigante e mostra o lado mais pessoal e humano das grandes corporações. É muito crível que eles são amigos de verdade, até mesmo quando estão se batendo (na briga mais tosca e engraçada que vi nos últimos tempos). Como preparação para o personagem, Bale teve aulas de direção de corrida, para ficar tudo o mais real possível. E o esforço valeu a pena, porque o resultado é fantástico. Tanto que o instrutor de Bale e coordenador de dublês disse que ele é o melhor e mais esforçado ator com que já trabalhou.



Mais do que focar apenas na criação do carro perfeito para a corrida, Ford vs. Ferrari mostra como o corporativismo interfere nas questões de criatividade, com Shelby tendo que lidar a todo instante com o vice-presidente da Ford e diretor da divisão de automobilismo Leo Beebe (Josh Lucas), claramente um “vilão” na produção. Enquanto Shelby e Miles têm a paixão e a visão, a Ford tem os olhos no dinheiro.

Essa é uma história muito bem contada. O roteiro Jez Butterworth é bem amarrado e com ótimo ritmo. Nem tão acelerado – apesar de estarmos falando de um filme de corrida – e nem lento. Está na medida certa, mostrando os dramas familiares de Miles e o seu psicológico durante as corridas, os problemas físicos de Shelby e seu bom coração, a relação que tenta ser equilibrada entre o corporativismo e a emoção e os percalços na construção da máquina perfeita num pequeno período de tempo. Apesar do clima pesado em alguns momentos, o filme tem um quê de engraçado, como em Perdido em Marte.



O visual de Ford vs. Ferrari é especial. Sem CGI aparente e usado o tempo inteiro, sua fotografia é muito crua e real. Os closes de Bale dentro do carro a 350 km/hora e o rosto sempre suado e com graxa, o choro descontrolado de Henry Ford II (Tracy Letts) ao experimentar a velocidade, as cores e composição da oficina de Shelby, os carros durantes as corridas e suas ultrapassagens, tudo isso cria uma identidade hipnotizante durante o longa. Eu fiquei apavorada e agoniada durante várias cenas de corrida, pensando “ok, agora eles vão morrer, não tem como controlar um carro nessa velocidade”. Os nervos ficam a flor da pele, não tem jeito. Tudo é muito bem feito e coreografado. 

E ainda tem a trilha sonora e a mixagem de som repleta de roncos de motor, barulhos de pneus ruído do vento e músicas e narrações de rádio.



Mesmo eu que não entendo nada de corridas, de carros, de rotação por minuto e regras do automobilismo, fiquei imersa em Ford vs. Ferrari. Estão apostando em algumas indicações ao Oscar 2020, principalmente em categorias técnicas, e eu espero muito que ganhe várias nomeações e prêmios.

Recomendo muito.

Teca Machado

4 comentários:

  1. Oi, Teca como vai? Esse filme é muito bom, o vi no mês passado e gostei bastante do longa metragem. Acredito que o filme seja indicado ao Oscar e ganhará alguns prêmios por ser um filme muito bem produzido em relação à esse mundo motorizado. Adorei sua resenha, abraço!

    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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  2. adoro esses dois atores e confesso que nao tinha dado mt atenção não até ler aqui sua resenha, agora quero assistir!

    www.tofucolorido.com.br
    www.facebook.com/blogtofucolorido

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    Respostas
    1. Lívia, esses dois são sinônimo de filmes bons, né?
      Gosto muito deles!

      Beijooos

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