sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Meu Sócio Me Odeia - Resenha


Lá em 2017 fiz aqui a resenha de Minha Chefe Me Odeia, romance nacional da Olivia Molinari, amiga minha. No ano passado ela lançou a parte 2, chamada Meu Sócio Me Odeia, mas como eu estava no meio do Desafio 1 Ano Sem Comprar Livros, só pude ler mês passado. Estava morrendo de ansiedade, porque ela nos deixou com um cliffhanger absurdo no livro 1, e agora pude me aventurar mais uma vez no romance de Edward e Elizabeth.

Foto @casosacasoselivros

Se você não leu Minha Chefe Me Odeia, o próximo parágrafo pode conter spoilers (mas pode ler o resto da resenha sem problema nenhum):

Depois que Edward e Elizabeth terminam de um jeito abrupto e sofrido, o inglês volta despedaçado para casa e para as atribuições de membro da Família Real britânica. Enquanto isso, a CEO da Adams Corporation vive seu inferno pessoal. Seu noivo a chantageia a todo instante e nem mesmo os negócios, que antes a faziam tão feliz, conseguem alegrá-la. A verdade é que ambos estão quebrados por dentro. Até que uma reunião em Londres vai mudar o destino do casal, que precisa deixar de lado todas as mágoas e mentiras do passado para seguir em frente e fugir das ameaças de Michael.

Meu Sócio Me Odeia é intenso, cheio de reviravoltas e muitas emoções. A trama é envolvente e, apesar do livro não ser curtinho, a leitura é rápida, tão imerso você fica na história. E é aquele tipo de livro que te faz sentir amor, ódio, compaixão e muitos outros sentimentos por quase todos os personagens. Foi um desfecho bacana, ainda que de certo modo clichê (mas a gente ama clichês!), e que foi coerente com todo o enredo.

Olívia Molinari (Arquivo pessoal)
Elizabeth mudou muito de um livro para o outro. E isso é bom, mostra um desenvolvimento da personagem, que não fica parada no tempo. Ela já não é mais aquela mulher altiva e arrogante, mas muito mais doce, ainda que extremamente triste. Edward, assim como Elizabeth, mudou. Amadureceu e se tornou um homem. Não é nem de perto o garoto que era assistente da “megera”, mas o bom humor continua o mesmo. 

Dos secundários, continuamos com aquele amor profundo por Anthony - nosso alívio cômico preferido -, ódio eterno por Michael (agora mais ainda!) e conhecemos outros personagens ótimos, como Serena, amiga de Edward, e Becky, a sua irmãzinha que é uma fofa!

Pude notar uma evolução muito grande na escrita da Olívia e a senti mais madura e já com as “manhas” e confiança. E o que me incomodava no primeiro livro - uso de muitas expressões brasileiras na boca de personagens estrangeiros -, já não está mais lá, então sou só elogios.

E, como é de praxe, o que a autora fez? Nos deixou um cliffhanger absurdo mais uma vez. Ah, dona Olívia, por que faz isso com a gente? A história de Edward e Elizabeth parece ter chegado ao fim e agora teremos um livro do Anthony. Oba. Mal posso esperar.

Os livros da Olívia Molinari estão na Amazon e você pode lê-los comprando individualmente ou de forma gratuita se tem o Kindle Unlimited. Os títulos são:




Recomendo.

Teca Machado

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Motivos para assistir Big Little Lies


Depois de muito tempo consegui assistir Big Little Lies, produção da HBO, inspirada no livro de mesmo nome (Pequenas Grandes Mentiras), de Liane Moriarty. E quando comecei não teve jeito: precisei maratonar e vi as duas temporadas seguidas!


Se você ainda não se aventurou por essa série incrível, vem comigo que vou te contar alguns motivos para assistir:

Elenco


Além de uma história fantástica, Big Little Lies tem um elenco fantástico. Começando com o trio principal, que conta com Reese Witherspoon, Nicole Kidman e Shailene Woodley. E ainda temos com destaque Zoe Kravitz, Laura Dern, Alexander Skarsgard, Adam Scott e, a partir da segunda temporada, Meryl Streep. Tem como não ser incrível?


Suspense


Big Little Lies não é aquela série corrida, cheia de ação, explosivos e pancadaria, mas tem um roteiro interessante e que te prende desde o começo. Sabemos que aconteceu um assassinato, mas não sabemos quem morreu, quem matou e quais foram os motivos - apesar de que todos na pequena cidade são suspeitos. Até o último episódio da primeira temporada há o mistério, que você quase rói as unhas de curiosidade, e a segunda temporada soube continuar muito bem a história, sem parecer que fez mais uma temporada apenas para continuar o hype. 


Complexidade

Perry (Alexander Skarsgard) é um dos personagens mais densos e complexos da série (além de lindo, a gente não pode negar, né?)

Big Little Lies mostra além da aparência. Na cidade onde eles vivem, Monterey, Califórnia, todos são lindos, ricos e felizes. Mas será? A série vai além, mostra a complexidade de cada pessoa. Vemos ali que ninguém é 100% bom ou 100% mal. Sentimos ódios, pena, amor e todo um misto de sentimentos pelos personagens. Alguns a gente quer abraçar ao final de cada episódio e dizer que vai ficar tudo bem. A construção deles foi muito bem feita e é um ponto alto da série.

Mulheres


Big Little Lies tem personagens masculinos, mas ela é uma série sobre mulheres. E não, elas não são perfeitas. Muito pelo contrários. Todas têm seus defeitos e suas fraquezas.  Madeleine, Celeste, Jane, Bonnie e Renata são complexas, cheias de camadas que a série vai desvendando pouco a pouco. E há ainda a sororidade, mostrando como a amizade e mulheres se apoiando conseguem ir muito além.

Prêmios


Até o momento, Big Little Lies ganhou 25 prêmios, incluindo Globos de Ouro e Emmys. Se a série não fosse excelente, dificilmente ganharia tantas premiações, certo?


Trilha sonora

A maior parte das músicas da série são tocadas por Chloe (Carby Camp)

Big Little Lies tem uma excelente trilha sonora, do tipo que você coloca para escutar e passa horas se perdendo nas músicas. É só jogar lá no Spotify o nome da série que você vai encontrar a playlist oficial.

***

Se você não viu ainda, vai correndo. Tenho certeza que  vai maratonar - até porque são poucos episódios, 7 em cada temporada! 

E se puder, leia o livro antes. É sempre mais interessante e completo.


Recomendo muito.

Teca Machado

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Missão no Mar Vermelho - Crítica


Chris Evans pode eternamente ser nosso Capitão América, mas ele se recusa a ser reconhecido apenas como o herói da Marvel. Há anos ele trabalha em todo tipo de produção - inclusive é roteirista, diretor e produtor - e mostra todas as suas facetas. Apesar de que em Missão no Mar Vermelho, do diretor Gideon Raff, ele seja uma espécie de herói, aqui o tom é muito mais realista. 


O filme original Netflix que entrou no catálogo no dia 31 de julho, passa no final dos anos 1970, início dos anos 1980, e conta a história real de um grupo altamente qualificado do Mossad - serviço secreto israelense - que gerenciava de fachada um hotel no Sudão, mas que na verdade transportava por água refugiados judeus etíopes para Jerusalém. Na época, o país vivia uma guerra civil na qual nem mesmo crianças eram poupadas de violência e assassinato, como é mostrado na primeira sequência da produção.

O diretor soube criar momentos de tensão. Em várias cenas me peguei prendendo a respiração ou quase levantando do sofá. Com um tema tão delicado quando perseguição religiosa e refugiados, tudo o que o espectador quer é que dê tudo certo.



De certa forma, Missão no Mar Vermelho não foge muito dos filmes do tipo, já que temos aqui um plano mirabolante, com personagens corajosos (e sem juízo algum!) e resgates. Mas o roteiro foi bem estruturado, de forma que nos envolve e nem ao menos vemos o tempo passar.

O elenco é bem afiado e o grupo principal de agentes, chefiado por Evans, conta com Haley Bennett, Alessandro Nivola, Alex Hassel e Michiel Huisman. Há o sempre ótimo Ben Kingsley, ainda que num papel relativamente pequeno, e Greg Kinnear. E não posso deixar de citar Thabo Bobape, como um capitão sudanês responsável pelos momentos mais intensos do filme (a cena do jantar!) e Michael Kenneth Williams, na pele de Kabede, incumbido pelo transporte dos refugiados da Etiópia até Jerusalém.



Mas um problema em relação aos personagens é a falta de desenvolvimento pessoal. No caso de Evans, que vive Ari/Guy, há um “ensaio” de falar sobre sua vida além da missão e sobre como ele chegou até lá, mas não é o suficiente para mostrar toda a complexidade do protagonista. Sobre o resto do esquadrão do hotel pouco se sabe, assim como de Kabede, que merecia mais destaque.

Extremamente bem feito e cativante, uma crítica em relação ao filme é o fato de que ele foca apenas na operação, enquanto o tema da perseguição política e religiosa aos judeus é um pano de fundo. Com mais fatos sobre o assunto, quem assiste e nem ao menos conhece o que acontece na região poderia ter uma dimensão mais apurada do terrores que aconteciam - e ainda acontecem - na Etiópia e no Sudão. Mas o filme já tem pouco mais de duas horas e isso talvez o deixasse ainda mais longo.

O legal é que ao final temos cenas reais dos resgates e da equipe de agentes do Mossad, o que torna tudo ainda mais incrível.


Missão no Mar Vermelho é um filme muito bom e que fala de uma história heróica e interessante que pouca gente conhece. Vale a pena. 

Recomendo.

Teca Machado

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Dicas para começar a escrever


Além de ler você gosta de escrever? Ou gostaria de começar a escrever?

Às vezes você já tem na mente que tipo de história deseja escrever no livro. Mas organizar as ideias e começar pode ser o passo mais difícil para quem ainda não tem muita prática. Por isso trouxe algumas dicas que podem te ajudar a encontrar uma direção nesse primeiro momento.

Foto: Pixabay




1- Pense para quem você vai escrever

Antes de qualquer coisa – qualquer coisa mesmo! – descubra quem é o seu público. Isso vai te ajudar a definir o tipo de linguagem, de enredo, quais estratégias de marketing usar e outros pontos. Com isso claro, você vai conseguir se comunicar de forma mais assertiva e se aproximar do leitor.

2- Defina seu conteúdo

Escolha um tema central e pense em subtemas relacionados a ele que podem ser explorados. Com essa espinha dorsal do livro feita é mais fácil desenvolver todo o conteúdo, seja de ficção, seja uma prosa ou seja técnico.

Algumas pessoas trabalham melhor assim, já com uma espécie de roteiro para seguir, enquanto outras preferem seguir o fluxo, sem muita organização. Entenda o que funciona melhor para você.

3- Escreva algo bom

Não estamos dizendo aqui que precisa ser algo extraordinário como os autores de seus livros preferidos (mas se for o caso, melhor ainda!).

Para isso, você precisa escrever de uma maneira clara, objetiva e que qualquer pessoa interessada no tema consiga entender todo o texto.

4- Impacte o leitor desde o início

A começar pelo título, é sempre importante chamar a atenção do leitor. Por isso, uma dica é iniciar o texto com uma pergunta ou respondendo uma dúvida de sua audiência.

Além disso, aproveite a introdução para impactar. Faça uma introdução curta, mas que dê ao leitor uma ideia clara do que será abordado no texto. 

5- Seja sucinto

Isso não quer dizer que você deva escrever pouco, mas sim que você pode e deve criar parágrafos e frases curtas. Essa regra é ainda mais fundamental quando seu conteúdo é disponibilizado na internet.

Quando você escreve parágrafos curtos, faz com que o leitor tenha a sensação de que seu conteúdo é agradável e fácil de ler.

*** 

Essas são algumas dicas, mas nunca podemos esquecer dos pontos mais fundamentais: Gramática correta, revisão durante e depois de pronto e uma edição assertiva.

Teca Machado

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Graffitis literários


“A literatura não permite caminhar, mas permite respirar”, Roland Barthes.

Literatura permeia a nossa vida. Mesmo quando não nos livros, ela está por perto. Seja nas adaptações para o cinema e para o teatro, seja em músicas, em quadros e em muitos outros aspectos. E há ao redor do mundo graffitis literários belíssimos, perfeitos para quem aprecia uma boa história em qualquer lugar.

E, assim como disse Roland Barthes, encontrar imagens tão lindas na rua nos permite respirar. Elas transformam os ambientes das grandes cidades em arte.

Vem ver alguns lindíssimos:

A metamorfose, Franz Kafka – Bucareste



Charles Dickens – Londres



Fernando Pessoa – Lisboa 



Goethe – Frankfurt



Mural de vários autores – Boston



A redoma de vidro - Sylvia Plath



Antônio Machado – Jáen, Espanha



Machado de Assis – Rio de Janeiro



Alice no país das maravilhas, Lewis Carrol – Londres 



Samuel Beckett – Londres



Fonte: Homo Literatus

Teca Machado

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Desafio Seja Um Leitor Melhor em Sete Dias


Você era um leitor assíduo, mas perdeu o costume, a paixão ou mesmo a voracidade?

O The New York Times lançou o desafio Seja um Leitor Melhor Em Sete Dias, que propõe te ajudar a escolher o livro certo e ler criticamente durante uma semana. 

Arte: Egle Zvirblyte

O projeto é de Tina Jordan, profissional bem conhecida no meio, que foi por muito tempo editora na Entertainment Weekly e apresentadora do programa Off the Books e hoje é editora do The New York Times Book Review, onde trabalha especificamente com literatura de ficção, sci-fi, fantasia, thriller e romance.

Ao se inscrever, recebe e-mails diários por uma semana com sugestões que te ajudarão a encaixar os livros na sua rotina, assim como dicas de como escolher o livro certo, montar um plano de leitura e ler criticamente. 

Os temas diários são:

Seja Um Leitor Melhor em Sete Dias

Dia 1
Escolha o livro certo

Dia 2
Faça um plano de leitura

Dia 3
Leia mais profundamente

Dia 4
Leia mais criticamente

Dia 5
Explore diferentes formatos

Dia 6
Leia mais socialmente

Dia 7
Eleve a sua experiência pós-leitura

Infelizmente, esse é o projeto americano, então é preciso ter conhecimento em inglês para acompanhar.

O conteúdo é gratuito e para fazer a inscrição é só acessar esse link

Dica: Para se inscrever é preciso ir na barra no fim da página, onde está escrito “Join the Be a Better Reader in 7 Days. Log in or Create a free account” e fazer sua conta gratuita (pode ser com o login do Facebook, para ficar mais fácil ainda).

Eu já criei a minha conta e recebi a primeira lição. O conteúdo é mesmo muito bacana, completo e com várias dicas muito úteis. Vou compartilhar com vocês assim que for recebendo.

Teca Machado 

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal - Crítica


Por algum motivo, as histórias de assassinos e serial killers fascinam o ser humano. Talvez seja a exploração de uma psique tão distante da nossa ou alguma admiração pelo macabro, mas a verdade é que existem centenas de filme, séries e livros que exploram histórias reais de crimes horrendos. E esse é o caso de Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal, do diretor Joe Berlinger, produção original Netflix, mas que no Brasil está nos cinemas. O longa é baseado no livro de Elizabeth Kloepfer, namorada de longa data de Bundy.


Se você não sabe quem é o personagem título, ele é um serial killer americano que atuou entre os anos 1970 e 1980 e matou pelo menos 30 mulheres com requintes de crueldade. Bonito, carismático e bom de oratória, conquistou fãs em todo o país e transformou seu julgamento num espetáculo.

Vivido por Zac Efron, ninguém pode negar, está estupendo. Muita gente o julga por causa do tempo que o ator passou em High School Musical, mas ele é um intérprete de alto nível. Lembro do primeiro filme que vi com ele, super novinho, no papel de um menino autista e mesmo lá já deu um show. E como Ted Bundy não é diferente. Seus olhares, suas sobrancelhas levantando nos momentos propícios, seu tom de voz manipulador. Ele realmente viveu o assassino.

No elenco ainda temos grandes nomes, como Lily Collins, Kaya Scodelario, Haley Joel Osmend (o menininho de O Sexto Sentido), Jim Parsons e o maravilhoso John Malkovich.



O título em português fala sobre ele ser “irresistível”, mas a não ser nos momentos do tribunal, não vejo tanta “irrestibilidade” em Bundy. O título em inglês é mais chocante e com mais sentido: Extremamente malvado, chocantemente mal e vil (Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile), e a frase vem de uma fala do juiz que o sentenciou. A primeira metade do longa foca em Liz (Lily Collins), a namorada de Bundy, com quem ele era extremamente carinhoso e apaixonado, então o roteiro se volta para o próprio protagonista e sua saga.

O diretor fez uma opção de trabalhar com a fase de Bundy já com a namorada e tendo cometido muitos crimes, sem deixar tão explícito para o espectador. Nesse ponto o ritmo do filme está longe de ser frenético ou empolgante. A seguir, segue para as suas tentativas de defesa, tribunal e julgamento. O grande fôlego do filme vem no julgamento do protagonista, que aconteceu nos anos 1980 e foi o primeiro televisionado nacionalmente nos EUA, então foi um caso extremamente midiático e famoso. E é principalmente ali que o protagonista mostra seu lado irresistível, que levou tantas jovens ao tribunal e a se apaixonarem por ele.



Um ponto que levou a crítica a não gostar tanto do filme foi o fato de que a produção de um dos assassinos mais icônicos dos EUA não mostra seus crimes. Claro, é uma forma de respeito às vítimas e às suas famílias, mas isso faz com que o público não tenha tanta dimensão da crueldade de Bundy, ainda mais porque ele passa o tempo todo alegando inocência, até os últimos cinco minutos. Mas, ao contrário de um filme fictício onde esse recurso de suspense de “ele é culpado ou inocente?” funciona, aqui todo mundo sabe quem ele é e o que fez, então poderia ter sido explorado um pouco mais.

Então, mais do que falar sobre os detalhes do crime, Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal é sobre o seu relacionamento com as pessoas – principalmente Liz – e como ele era manipulador quando queria. Tanto que nos seus momentos “bom moço” é possível até mesmo sentir compaixão pelo assassino.



Ao final do filme, há cenas reais da vida do assassino e é possível ver o cuidado do design de produção para reproduzir falas, roupas e ambientes. Ficou perfeito.

Além de probleminhas de roteiro e ritmo, há um certo estranhamento com a trilha sonora. Ela é boa. Muito boa. Com várias canções dos anos 1970 animadas. E é aí que está o ponto: As músicas não combinam com o filme. Elas tentam trazer uma leveza que não deveria estar lá e parecem deslocadas.

Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal não é o melhor filme que vi no ano, mas vale uma ida ao cinema. E agora estou curiosa para assistir o documentário Conversando com um serial killer: Ted Bundy, também de Joe Berlinger.

Recomendo.

Teca Machado

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

La Casa de Papel – Parte 3: Crítica


Todos nós amamos La Casa de Papel, não há dúvidas. O mundo inteiro se apaixonou pelos “atracadores” vestidos com macacões vermelhos, máscaras de Dalí e planos mirabolantes. Impossível não vibrar por eles terem virado bilionários. Vi em entrevistas que os produtores ficaram surpresos com tamanho sucesso em todo o mundo. Mas tenho certeza que a sua reação foi como a minha quando vi que teria uma nova temporada: “Para que isso, gente? Não precisa”. O fechamento da parte 1 e parte 2 foi tão bom que ficou aquela sensação de “só vão fazer mais para ganhar mais dinheiro”. E, sem dúvida, esse foi o motivo principal para a Netflix produzir a nova temporada. Mas, felizmente, o criador Alex Pina soube criar um enredo para a parte 3 que não deixou a desejar.


O grande desafio de Pina era nos levar de volta para aquele universo e personagens, sem que a nova temporada perdesse a identidade, ao mesmo tempo que precisava de algo novo, para não ser mais do mesmo. E isso ele conseguiu. Voltamos para um grande “atraco”, mas o dinheiro não é o foco da equipe – até porque todo mundo lá já tem dinheiro para comprar um pequeno país e ainda sobrar um tanto -, e sim usar o assalto do Banco da Espanha como uma distração e moeda de troca para resgatar Rio (Miguel Herrán), que foi preso após um deslize e ser encontrado pela polícia.

Essa parte 3, onde é possível ver claramente um orçamento maior para a produção, nos situa sobre o que aconteceu com cada um dos personagens após a saída bem-sucedida da Casa da Moeda com quase 3 bilhões de euros. E até mesmo Arturito (Enrique Arce) é mostrado, agora como life coach que sobreviveu na mão de terríveis terroristas (Spoiler nem tão spoiler assim: Ele continua insuportável). Claro que quem é o estopim dos acontecimentos é Tóquio (Úrsula Coberó), que é basicamente a razão de todos os problemas que acontecem com a gangue (eu ainda não a perdoei por ser a culpada da morte do Moscou). 



Além dos sobreviventes das temporadas anteriores, temos novos integrantes: Lisboa (Itziar Ituño), que é a inspetora Raquel Murillo, Palermo (Rodrigo De La Serna), Bogotá (Hovik Keuchkerian), Marselha (Luka Peros) e até mesmo Cincinnati (Luca Anton), o filho de Denver (Jamie Lorente) e de Monica (Esther Acebo), agora chamada de Estocolmo. No lado da polícia, quem fica no lugar de Raquel na negociação é a insana, grávida e maléfica Alícia (Najwa Nimri), que conseguiu a proeza de fazer o público a odiar ainda mais do que odeia o Arturito. E os criadores acharam uma maneira muito bacana de inserir Berlim (Pedro Alonso) na trama sem precisar criar uma desculpa esdruxula de como sobreviveu ao tiroteio ou à doença. A série sem Berlim perderia grande parte da graça, é verdade.



O roteiro é aquele que já conhecemos de La Casa de Papel: rápido, ágil, inteligente, com reviravoltas e extremamente criativo. Mas dessa vez há o acréscimo de abordar o tema da tortura e mostrar que talvez os mocinhos – a polícia – não seja tão boazinha assim. Há uma subversão de valores, até porque é explorado muito o fato de que toda a Espanha torce pelos bandidos vestidos de Dalí, não pela polícia. A série já aborda o fato de os atracadores serem o símbolo da resistência, do “Bella Ciao”, e agora mais ainda, quando a luta deles não é por dinheiro, e sim por libertação de um membro da equipe que está sendo julgado sem a lei ser obedecida. 




A parte 3 é muito boa, mas não tem o charme e toda a surpresa da parte 1 e 2, o que é natural, porque a novidade já passou. Mas os fãs não se decepcionam com esse novo capítulo da saga dos atracadores. E os roteiristas foram crueis: Terminaram o último episódio com um cliffhanger INSANO, nos fazendo arrancar os cabelos de ansiedade pela próxima parte, ainda sem data confirmada de lançamento. Mas já sabemos que está confirmada (o que é óbvio, dona Netflix, porque se terminasse assim, ia rolar revolução de verdade) e que a parte 3 bateu recordes de audiência.

Mas, antes de ir, só digo uma última coisa: Nairóbi (Alba Flores) continua rainha, o resto nadinha.

Recomendo muito.

Teca Machado


sexta-feira, 2 de agosto de 2019

O Rei Leão - Crítica


Antes de mais nada:

“Naaaaaaaats ingonya ba bagithi Baba
Sithi uhm ingonya aba
Nats ingonya ba bagithi babo
Sithi uhhmm ingony aba
Ingonya aba”

Confessa: Você leu o trecho acima no ritmo do começo da música Circle of Life.

Chegou o momento tão esperado por todos nós: o live-action de O Rei Leão.


O desenho da Disney, de 1994, foi o primeiro filme que assisti no cinema. Pelo menos o primeiro que eu me recordo. E lembro claramente de estar com seis anos e chorar igual a uma condenada com a morte do Mufasa (e agora, aos 31 anos, chorei do mesmo jeitinho). Se eu já choro vendo o desenho morrer, imagina com características tão reais?

A verdade é que o live-action (entre aspas, porque é computação gráfica) de O Rei Leão, dirigido por Jon Favreau, é um deslumbre. Se tem algo que ninguém pode botar defeito é no visual do filme. A produção é digna de documentários sobre a vida selvagem da NatGeo, com a diferença que os bichos falam. Dá para ver todos os detalhes dos animais, como íris dos olhos, microexpressões e pormenores nos pelos.




O Rei Leão é fofo, é nostálgico e é muito legal. As partes musicais, principalmente são maravilhosas. A Disney não erra quando o assunto é criar filmes épicos e com qualidade excepcional. Até porque o enredo nunca fica velho, a história Shakespeariana (você sabia que é baseado em Hamlet?) do príncipe ameaçado que fugiu, mas precisa voltar para retomar as rédeas do seu reinado devastado por um tirano está sempre em alta.

E apesar de ter gostado muito, senti que faltou aquele tcham, aquela magia do desenho que fez com que ele fosse o preferido de milhões de crianças - e mesmo de adultos. Acho que a grande culpada é uma das maiores qualidades do filme: ser realista demais. Esse fato tirou muito das emoções do personagem. O Simba, principalmente, era extremamente expressivo e no filme não foi tanto. E confesso que me incomodou o fato de ver animais tão “de verdade” falando. Demorei vários minutos para me acostumar com isso.




E, me julguem, apesar de amar a Beyoncé, não gostei da dublagem dela. Ficou com um pézinho na novela mexicana e simplesmente não me convenceu. Donald Glover, como Simba, ficou bacana. Nada extraordinário, mas ficou legal. Quando eles cantam Can You Feel The Love Tonight é bem bonito. Em compensação, Seth Rogen deitou como Pumbaa. O ator inclusive disse que esse é um dos papeis que ele sente que nasceu para fazer. Podemos elogiar também Billy Eichener como Timão e John Oliver como Zazu. Chiwetel Ejiofor, como Scar, ficou bem diferente no original no sentido de que ele parece mais malvadão, enquanto no desenho tinha um ar bem sarcástico.

O Rei Leão é muito bom, mas não é excelente. Vale com certeza a ida ao cinema, mas ele provavelmente não vai ser lembrado com tanto carinho quanto o desenho. Dos live-actions, por exemplo, gostei muito mais de Aladdin e de Cinderela (que é, disparado, o meu preferido entre eles).

Recomendo muito.

Teca Machado


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