Felicidade Por Um Fio - Crítica
Mulheres sempre devem estar perfeitas. Pelo menos é isso que a maioria de nós escuta a vida toda. E foi assim com Violet (Sanaa Lathan), protagonista de Felicidade Por Um Fio, filme original Netflix. E ela ainda sempre ouviu da sua mãe que precisava estar ainda mais perfeita, por ser uma mulher negra, que é mais observada e cobrada do que as brancas. Seu cabelo alisado sempre esteve impecável, mas por causa de um erro no salão, Violet precisou raspar a cabeça. E começa aí o seu desespero – ou libertação.
A produção, da diretora Haifaa Al-Mansour (a título de curiosidade, a primeira mulher da Arábia Saudita a ser cineasta), é baseada no livro homônimo da escritora Trisha Thomas. Pode parecer que fala principalmente sobre transição capilar (período em que a mulher deixa seu cabelo natural crescer da raiz até que atinja um comprimento ideal para o chamado big chop, o corte que tira todas as pontas lisas). Mas Felicidade Por Um Fio é sobre se aceitar, autodescoberta e perceber quem é você mesma por baixo de todas as camadas de perfeição forçada que a sociedade impôs. O filme ainda trata sobre racismo – afinal, a não aceitação dos cabelos afros vem principalmente daí – e machismo.
A cena em que Violet raspa os próprios cabelos é impactante, pois expõe frustração e tristeza acumuladas há anos. Depois de desastres relacionados ao cabelo, ao seu relacionamento que ela achava que viraria um noivado e ao trabalho, Violet fica bêbada e arrasada e em meio a lágrimas e maquiagem borrada decide que chegou o momento da libertação. Sanaa Lathan se desfaz dos fios de verdade em frente às câmeras e emociona. É aquele tipo de cena que faz valer o filme inteiro e toca principalmente aquelas pessoas que já se sentiram presas à ditadura do cabelo perfeito. E, então, a protagonista precisa se redescobrir e abrir mão da vaidade que esteve sempre presente no seu dia.
É interessante quando ela conhece Will (Lyriq Bent), que produz cosméticos naturais para cabelo, mas o grande trunfo que ele traz para o filme é Zoe (Daria Johns), sua filha. Ao contrário de Violet, cuja mãe sempre a obrigou a estar com os cabelos alisados, a garotinha exibe com orgulho o seu, tudo isso com o apoio do pai, que a incentiva a se amar e que afirma que é linda exatamente desse jeito. E isso impacta profundamente a protagonista: Como seria sua autoaceitação se sua mãe a tivesse tratado como Will trata Zoe?
Por ser considerada uma comédia romântica, é claro que o roteiro coloca romance entre Violet e Will. Mas ele parece que está lá para cumprir tabela. Felicidade Por Um Fio é uma jornada sobre Violet e inserir mais alguém na equação é desnecessário. Tanto que o desenvolvimento desse relacionamento é um tanto fraco comparado ao resto do filme.
Sanaa Lathan faz um excelente trabalho, principalmente na cena já dita em que ela raspa a cabeça. A atriz fica bem com qualquer tipo de cabelo – inclusive sem ele – e a medida que a personagem vai encontrando confiança, sua beleza é ainda mais realçada. Em alguns momentos, principalmente no início, ela exagera na atuação, ficando um tanto forçada e caricata, mas a medida que Violet sobre impactos da vida, ela se suaviza.
Felicidade Por Um Fio acerta em vários aspectos e um deles é a representatividade. Alguma vez você já viu um filme sobre uma mulher negra e seu empoderamento com o cabelo? A produção trata com delicadeza e sensibilidade um tema que para muitas pessoas pode parecer fútil, mas que na verdade é parte importante do processo de confiança de uma pessoa.
Seja você uma pessoa que sempre lutou contra a natureza do seu cabelo ou não, assista Felicidade Por Um Fio e conheça essa história sobre aceitação e liberdade.
Recomendo.
Teca Machado
Oi, Teca tudo bem? Eu assisti esse longa metragem e realmente a cena de ela raspar o próprio cabelo é impactante. Adorei, abraço!
ResponderExcluirhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com
Amei sua resenha, assisti esse filme logo que ele foi lançado e adorei. É impactante!
ResponderExcluirhttps://www.kailagarcia.com
Oiii Teca
ResponderExcluirTenho vontade de assistir esse filme, ele trata sobre uma mulher e suas crise,s lutas e conflitos e deixa a parte romântica em secundário, o que é dificil em se tratando de comédia romântica. Achei legal saber que a mensagem é passada com delicadeza e sensibilidade, isso conta muito.
Beijos, Ivy
www.derepentenoultimolivro.com
Oi, Teca!
ResponderExcluirFicou ótima a sua resenha! Tenho muita vontade de ver esse filme, é bem representativo e mostra a força que nós mulheres temos, e a importância de ter coragem em fugir dos rótulos, não deixar isso nos influenciar. Um filme repleto de lições, preciso assistir pra ontem!
xx Carol
https://caverna-literaria.blogspot.com/
esse filme é ótimo! mt além de uma comedia romantica e ele tem mt representatividade e sensibilidade, fala de auto aceitação que é um tema mt importante de ser abordado
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