terça-feira, 25 de junho de 2019

Alguém Especial - Crítica


Só porque o nome é comédia romântica, não significa necessariamente que apresenta apenas momentos cheios de amor, assim como um casal feliz. E essa é a pegada de Alguém Especial, da diretora e roteirista Jennifer Kaytin Robinson, produção original da Netflix.


O filme fala sobre o último dia de Jenny (Gina Rodriguez) em Nova York. Jornalista da indústria da música, ela recebe uma proposta do emprego dos sonhos para escrever para a revista Rolling Stone em São Francisco, mas nem tudo são flores. Seu namorado de longa data Nate (LaKeith Stanfield) decide terminar, já que não quer namorar à distância. De coração despedaçado, Jenny e suas amigas Blair (Brittany Snow) e Erin (DeWanda Wise) curtem um último dia na cidade que nunca dorme.

Pela sinopse, Alguém Especial parece mais do mesmo. E não deixa de ser. Não tem um roteiro inventivo ou surpreendente. Estamos falando aqui de término, superação, amizade e uma última noite louca. Mas o que faz com que o filme se destaque de outros é a maneira que o enredo se preocupa em mostrar a amizade entre as garotas, num feminismo e sororidade muito bacanas (garota que apoiam outras garotas, não importa como), enquanto não tem intenção de encontrar outro amor para Jenny, e sim fazer com que ela siga em frente sozinha. O grande mote aqui é o amor próprio.



A grande força do filme é o elenco. A interação entre as três é ótima. Gina Rodriguez tem um carisma que nos gruda na tela. Mesmo em momentos que mostra o lado mais feio da sua personagem, é impossível não se importar com ela. E Brittany Snow e DeWanda Wise completam esse trio de forma magnífica, já que todas possuem muita química. Apesar de todas as diferenças entre suas personagens são extremamente funcionais e se amam. E algo muito interessante do roteiro é que apesar de Jenny ser a protagonista, cada uma delas têm a sua história trabalhada e uma jornada pessoal a percorrer paralelamente.

Desde o início já sabemos que Jenny levou um fora e que vai mudar de cidade. Então Jennifer Kaytin Robinson constrói o filme por meio do presente e de flashbacks com todo o relacionamento de Jenny e Nate, dos momentos felizes e dos mais azedos. A diretora não pesa a mão na quantidade de cenas do passado, o que é ótimo para o ritmo do filme, que não fica tanto com vai e volta.



Um dos pontos interessantes é que Jenny e suas amigas buscam em drogas (seu traficante é o ótimo RuPaul), bebidas, música e festa como forma de superação. Até que a ficha cai: Não é superação, é fuga. Apenas quando Jenny realmente enfrenta seus sentimentos e os acontecimentos recentes é que realmente dá um passo para frente. É uma comédia romântica bem realista, madura e intimista.

Com uma fotografia lindíssima, Nova York é também uma das personagens do filme. Ela se despede de Jenny com suas luzes, cores e agitação. Trilha sonora, figurino e iluminação, tudo contribui para criar uma aura de comédia romântica ao mesmo tempo em que parece muito real.



Alguém Especial, apesar de ser tida como uma comédia, não faz realmente rir. Mesmo com o tema de término, ainda assim é leve, te faz sorrir e deixa o coração quentinho. Foi uma grata surpresa que encontrei por acaso no catálogo da Netflix.

Recomendo.

Teca Machado




segunda-feira, 17 de junho de 2019

A Beleza Sombria dos Monstros: 10 anos de A Arte de Tim Burton - Exposição


Que o Tim Burton é doidão, todo mundo sabe. Mas estar “dentro” da mente dele é uma experiência surreal. Brasília está recebendo a exposição A Beleza Sombria dos Monstros: 10 anos de A Arte de Tim Burton e ontem eu fui conhecer a instalação. E apesar de ele não ser nem de longe meu diretor preferido, fiquei impressionada com toda sua criação.


A exposição apresenta o universo de Burton, baseado no livro A Arte de Tim Burton, obra que compila os 40 anos das suas criações. Passeamos pelos capítulos da obra e vemos como a imaginação dele é, em palavras do livro, “descontroladamente imaginativa”.

Toda mostra é típica do diretor, com sua melancolia, monstros, palhaços malignos, flerte com o pós-vida e muito jogo de sombras e luz. Encontramos o fantasioso, o grotesco, o peculiar, o inocente, a inabilidade social. E é como os seus filmes: Você pode não saber que é criação dele, mas ao assistir apenas alguns segundos tem certeza que é do Burton. Com muitos conceitos visuais de filmes de sua autoria e centenas de ilustrações do arquivo pessoal do cineasta, a visita é uma imersão nesse mundo onde apenas Burton mora (e desconfio que o Johnny Depp também).




Mais do que apenas exibir desenhos e imagens, A Beleza Sombria dos Monstros é uma experiência física, onde o visitante interage com as obras e vê seus personagens quase vivos. Tem realidade virtual, 3D, periscópios, montar seu monstro e você pode até mesmo desenhar e pendurar sua arte numa parede.

Organizada pela produtora brasileira Rua 34 Produções, com curadoria de Jenny He e colaboração da Tim Burton Productions, a exposição usa tecnologias de linguagem digital para nos inserir no universo. O projeto envolve diversos artistas brasileiros dedicados às experiências imersivas incluindo Mirella Brandi e Muep, Rodrigo Gontijo, Paulo Beto, Murilo Kammer e o estúdio Olha Lhama.



A programação inclui uma mostra com filmes dirigidos por Tim Burton que acontecerá de 4 de julho a 11 de agosto. Você vai encontrar produções como Edward Mãos de Tesoura, A Fantástica Fábrica de Chocolate, A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, A Noiva Cadáver, O Estranho Mundo de Jack e vários outros.

Infelizmente, não podemos tirar foto e nem filmar dentro de A Beleza Sombria dos Monstros: 10 anos de A Arte de Tim Burton, por isso não consigo ilustrar muito bem esse post para vocês. A única galeria que podemos fotografar é a do Halloween, em que usamos máscaras.

Claramente vocês podem ver que essa sou eu, haha

Mas preciso ressaltar um ponto negativo: Como o espaço da exposição não comporta tudo num ambiente só, ela é dividida em duas. E quando você passa para a segunda parte, há uma quebra de experiência, porque você está todo empolgado e de repente pega uma fila de mais de uma hora para entrar na metade final. Mas, relaxa, isso não abala a visita.

Mesmo sendo bem incrível e extremamente bem-feita, a exposição é gratuita. Ela vai de 28 de maio a 11 de agosto no CCBB de Brasília. Então se você estiver na cidade, vale muito a pena ir. Não consegui achar informações sobre se a mostra vai para outras cidades, mas tenho certeza que vai.

Recomendo.

Teca Machado

P.S.: O próprio Tim Burton veio ajudar na montagem da exposição, por isso esteve passeando por Brasília e foi a muitos restaurantes e parques da cidade. Muita gente encontrou com ele e ficou encantado com a simpatia do cineasta.



sexta-feira, 14 de junho de 2019

Chernobyl - Crítica


A HBO é hoje muito mais conhecida como uma produtora de séries do que como um canal que passa filmes. É até difícil achar uma pessoa que assine a HBO para ver longas. O que todos querem mesmo é ver suas produções originais. Há anos tem todo o alvoroço com Game of Thrones, que foi crucial para levantar o canal, e foi seguido por Westworld, Big Little Lies e, agora Chernobyl, além de várias outras com menor expressão, mas tão boas quanto.


Chenobyl, criada por Craig Mazin (surpreendentemente roteirista de Se Beber Não Case) e dirigida por Johan Renck, é um retrato sobre o maior acidente nuclear da humanidade. Na madrugada de 25 para 26 de abril de 1986, o reator nuclear número 4 da usina explodiu e espalhou material radioativo pela região, alcançando vários países da Europa. Apenas duas pessoas morreram na hora da explosão, mas nos dias seguintes 31 trabalhadores das equipes de emergência perderam a vida. O impacto da radiação só seria visto muito depois. A Rússia não apresenta dados sobre o assunto, mas um relatório publicado pela ONU estima em cerca de 4 mil vítimas, enquanto o Greenpeace situa o número em 100 mil.

A minissérie tem muitos acertos, mas um dos maiores pontos positivos foi a quantidade de informações sobre o desastre, já que a Rússia nunca foi muito aberta em relação a isso. Temos um relato cru, muito real – ainda que com algumas alterações sobre a realidade – e que em momento nenhum perde o ritmo. 



O roteiro é muito amarrado e coeso. Temos informações sobre o antes, o durante e o depois, tudo respaldado por muita pesquisa. Apesar de ser uma produção dos EUA sobre a Rússia – USRR na época -, não há a caça por vilões e o heroísmo americano tão comum. Claro, procura-se os culpados pelo desastre, mas o foco está muito mais naqueles que tentaram reverter a situação, nas pessoas que trabalharam e em muitos casos literalmente deram as suas vidas para diminuir o impacto da radiação.

O trio principal faz muito pela série. Valery Legasov, um cientista convocado a ajudar quando a explosão acontece é vivido por Jared Harris. Stellan Skarsgard interpreta Boris Scherbina, vice-primeiro-ministro responsável por conter a crise. E Emily Watson vive Ulana Khomyuk, única entre os três que não existiu na vida real, mas representa as dezenas de cientistas que trabalharam junto a Legasov e Scherbina. Ela é a voz da razão, teimosia e desafio e vai contra as ordens do governo, que tenta esconder o impacto. Os três atores têm uma interação e química excelente, naquele tipo de trabalho que não podemos colocar defeito. E há ainda os dramas pessoais, exemplificados principalmente por Lyudmilla Ignatenko (Jessie Buclkey).



Há todo um cuidado da produção com fotografia e ambientação. Não há os russos estereotipados que estamos acostumados, mas sim pessoas comuns que tentam fazer o melhor que podem num desastre ambiental e humano de proporções inimagináveis. O figurino, o cenário e mesmo as cores levemente esmaecidas que lembram os anos 1980 são impecáveis.

Apesar tantos de elogios, não pense que Chernobyl é uma série fácil de ser assistida. O tema é pesado, as atitudes dos personagens muitas vezes são indigestas (não consegui ver a cena do controle de animais) e não há flores, sorrisos ou finais felizes. Mas vale a pena, principalmente o último episódio, que fecha com chave de ouro.



Com apenas 5 episódios de uma hora de duração, Chernobyl te prende do começo ao fim. E apesar de ter como tema um acidente de 33 anos atrás, é extremamente atual. A USRR tenta esconder o máximo que pode e diminuir o efeito do desastre. As notícias falsas, o acobertamento de informações, tudo isso a série mostra como o custo da mentira e o ego pode alcançar patamares catastróficos.

Chernobyl está com a maior nota já vista no IMDb e não é para menos.

Recomendo muito.

Teca Machado


quarta-feira, 12 de junho de 2019

Rocketman - Crítica


Apesar de não ter sido um cantor muito presente na minha vida, como a banda Queen, Elton John sempre esteve rodeando minha formação musical. Algumas músicas dele estão entre as minhas preferidas, mas nunca acompanhei tão de perto. Mas agora que assisti Rocketman, do diretor Dexter Fletcher, quero mais de Elton John (tanto que a playlist do filme e os álbuns dele agora não saem do meu Spotify).


Rocketman é uma cinebiografia do cantor. Mas mais do que apenas mostrar os fatos da atribulada vida daquele que antes da fama se chamava Reginald Dwight, o filme é uma fantasia musical. O diretor, também responsável por nos trazer Bohemian Rhapsody, conta a história de forma cronológica, mas não tanto, e com elementos que flertam com o nonsense, mas que casam perfeitamente com a personalidade e trajetória de Elton John.

O filme tem início com o cantor (Taron Egerton) vestido de forma extremamente espalhafatosa chegando numa reunião com um grupo de reabilitação. Então ele começa a contar quais são seus problemas (álcool, drogas, compras, bulimia, raiva) e como chegou até lá. Então conhecemos sua infância, com o pai (Steven Mackintosh) que não demonstra emoções, a mãe (Bryce Dallas Howard) desmotivadora e a avó (Gemma Jones), única que acredita no seu incrível potencial. Em seguida passamos para a juventude, quando se insere realmente na cena musical dos anos 1960 e ao mesmo tempo que se torna uma estrela e vive extremos problemas de relacionamentos e abuso de substâncias.




Taron Egerton está impressionante (já estão falando de uma possível indicação ao Oscar). Ele vive realmente Elton John. Não é uma versão literal, mas uma leitura só dele. E é totalmente crível. O mais bacana é que ele mesmo canta todas as músicas. Mas o elenco de apoio é tão espetacular quanto o protagonista. Jamie Bell é Bernie, seu melhor amigo e parceiro de composição. Elton fazia melodia, enquanto Bernie era o letrista. A amizade dos dois é muito linda de se acompanhar. E não podemos deixar de falar de Richard Madden, empresário e amante do cantor, que não tinha uma célula carinhosa e bondosa no corpo. Tudo o que podemos sentir é ódio. E há ainda Bryce Dallas Howard, a mãe que nunca apoiou ou compreendeu o filho. A cena em que ele assume sua preferência sexual para ela é de partir o coração.

Um dos maiores acertos do roteirista Lee Hall foi não suavizar a vida de Elton John. Pesquisando, vi que os produtores queriam fazer um filme com censura PG-13 (categoria americana para ser vista por quem tem acima de 13 anos, mas que avisa aos pais que pode ter cenas um pouco fortes), mas o próprio cantor disse que não viveu uma vida PG-13, então o filme não deveria ser brando: deveria ser real. Por isso Rocketman mostra uso – e muito abuso – de drogas, bebidas alcoólicas, cenas de sexo entre dois homens, uma espécie de metáfora para orgias e tentativa de suicídio. Elton John está ali verdadeiro, vulnerável e exposto mostrando seus piores lados. Isso faz com que o público se identifique e importe com ele de forma profunda.




Com um enredo muito interessante, com momentos sérios e dramáticos, divertidos e mesmo engraçados, Rocketman te prende na cadeira do cinema nas suas duas horas de duração. Os números musicais são ótimos. As canções não são colocadas na ordem cronológica em que foram criadas, mas o roteiro as insere para contar a história. Algumas são animadas e um espetáculo, outras introspectivas e sentimentais. Um dos momentos mais bonitos do filme, por exemplo, é quando ele toca pela primeira vez Your Song e o vemos se conectar com a música e com Bernie.

Além das cenas de música maravilhosas, Rocketman é um deleite visual. A história é contada por meio do figurino, principalmente de Elton John. Suas roupas de palco extremamente espalhafatosas, os óculos enormes, os sapatos chamativos e mesmo as vestimentas do “dia a dia”. Tudo ajuda a criar quem é Elton John, o garoto que era tímido e se transforma no deslumbre que ele é até hoje, ainda que mais contido


De certa forma, Rocketman é uma história de superação e mostra que não há problema em pedir ajuda. Saí do cinema fã e com o coração quentinho por Elton John. 

Recomendo muito.

Teca Machado






segunda-feira, 10 de junho de 2019

Cinco comédias românticas na Netflix para assistir


Na semana passada meu marido viajou. E o que eu aproveitei para fazer?

Assistir a comédias românticas que ele não queria ver!

Fiz uma seleção na Netflix da qual eu não me arrependo e me diverti muito. Por isso resolvi trazer para vocês a lista com os filmes que assisti de segunda a sexta.

1- Meu Eterno Talvez


Amigos desde a infância, Sasha (Ali Wong) e Marcus (Randall Park) se reencontram depois de anos separados. Quando ela volta para São Francisco para abrir um restaurante, os dois retomam sua amizade, mas rapidamente, Marcus se vê apaixonado pela chef de cozinha.



2- O Date Perfeito


Precisando de dinheiro para pagar pela faculdade, Brooks (Noah Centineo) decide criar um aplicativo que permite contratar um namorado para todo tipo de situação imaginável. Porém, adotar uma personalidade e um par romântico diferente para cada dia começa a se mostrar uma tarefa difícil e ele começa a se perguntar quem ele é de verdade e como pode encontrar o amor verdadeiro.


3- Nosso Último Verão


Antes de começar a faculdade, um grupo de jovens precisa tomar decisões importantes: Griffin (K.J. Apa) hesita entre cursar música ou ingressar numa prestigiosa faculdade de administração, Phoebe (Maia Mitchell) prepara um documentário para obter uma bolsa de estudos, Erin (Halston Sage) e Alec (Jacob Latimore) cogitam terminar o namoro por cursarem faculdades em cidades distantes, Audrey (Sosie Bacon) pensa em fugir da vida acadêmica e o nerd Chad (Jacob McCarthy) finge ser um jovem trader para conquistar mulheres mais velhas.


4- Alguém Especial


Depois de passar por um término devastador, a jornalista musical Jenny (Gina Rodriguez) resolve fazer uma longa viagem por Nova York com suas melhores amigas. Pretendendo fazer desta uma noite inesquecível, elas acabam aprendendo muito mais do que imaginavam e vivem alguns dos momentos mais importantes de suas vidas.


5- Perfeita Para Você


Abbie (Gugu Mbatha-Raw) e Sam (Michiel Huisman) se conhecem desde os oito anos de idade e acreditam ser almas gêmeas, destinadas a ficar juntos para sempre. Mas, tudo muda quando um deles recebe a notícia de que tem câncer terminal.

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Vocês já assistiram a algum desses? É uma sessão de fofura!

Claro que, depois de tanto amor, coisas boas e comédia romântica, precisei de algo diferente – até para não enjoar do gênero. Então comecei a ler Objetos Cortantes, da Gillian Flynn, e assisti com meu marido Chernobyl, da HBO. Mais pesado do que isso é muito difícil.

Recomendo todos.

Teca Machado

sexta-feira, 7 de junho de 2019

The Chase - Resenha


A série de livros Amores Improváveis, de Elle Kenney, faz sucesso há um tempinho. Apesar de ter lido várias resenhas sobre ela – e inclusive ter me interessado – acabei não lendo ainda. Mas a Editora Paralela (Companhia das Letras) lançou também há pouco tempo o spin-off da saga chamado Briar U, cujo primeiro livro é The Chase – A busca de Summer e Fitz, que recebi e devorei em poucos dias.

Foto @casosacasoselivros

Mesmo não tendo lido os anteriores, The Chase é fechado em si mesmo e não é preciso ler os outros para entender o contexto. Há personagens antigos, mas eles apenas fazem participações especiais. Claro que seria muito melhor ter lido tudo, mas não é impedimento.

Em The Chase – A busca de Summer e Fitz conhecemos, como o título já diz, esses dois protagonistas. Mais diferentes impossível. Colin Fitzgerald é um jogador de hóquei grandão, todo tatuado, cuja aparência intimida as pessoas, mas, na verdade é um doce. Sua paixão é desenhar e programar videogames, que é algo que estuda na faculdade, e gosta de se manter discreto, quase invisível. Já Summer atrai atenção onde vai. Linda, loira, rica e carismática, as pessoas orbitam ao seu redor. Mas, apesar de tudo isso, tem TDAH, se sente burra, tem crises de ansiedade e foi expulsa da Brown. Esse é inclusive o motivo pelo qual foi parar na Briar U, universidade que a aceitou após o fiasco na escola anterior. Sem ter onde morar, acaba indo para a casa onde Fitz e mais dois outros amigos do seu irmão Dean (protagonista de Amores Improváveis) vivem. Summer e Fitz desde o momento em que se conhecem sentem uma atração inegável, mas como conseguirão passar por cima das diferenças para se acertarem?

Elle Kennedy
A escrita de Elle Kennedy é fluida, rápida e quando você percebe já leu várias páginas. O enredo não é inovador, temos aqui um casal totalmente oposto que se atrai e até um triângulo amoroso, mas a maneira como a autora construiu toda a história é uma delícia de acompanhar, por mais que em muitos momentos queria pegar Summer e Fitz pela mão e dar um tapão em cada um para ver se acordavam.

Um ponto muito bacana de The Chase é o TDAH de Summer. Vi muita gente reclamando da protagonista, que é incoerente, que muda de opinião muito rápido e que é leviana. Mas acredito que essas sejam algumas das características da condição, já que a pessoa tem uma dificuldade imensa de se concentrar. Além disso, há a reclamação que ela choraminga que Fitz a chama de fútil quando em vários momentos ela se derrete pela Prada. Bom, não acho que há problema nenhum em gostar de coisas caras e boas e ainda conseguir ter conteúdo, caso de Summer. No fim das contas, eu gostei bastante da personagem e da sua jornada. Ao mesmo tempo que achei o Fitz uma coisinha delícia. Lindo, inteligente e leal, queria para mim. #perigueteliterária

Há personagens secundários ótimos, como Hunter, que faz parte do triângulo amoroso principal e pelo que pude sentir vai ganhar um livro para si mais para frente na série, e Hollis, o terceiro colega de apartamento deles, que é engraçado daquele jeito meio babaca. Mas a minha preferida, sem sombra de dúvidas é Brenda, amiga de Summer e filha do técnico de hóquei. Totalmente badass, sarcástica e que se discute o esporte com um cara com o dobro do seu tamanho, com certeza ganha. E ainda há a Selena Gomez. Calma, ela não aparece realmente no livro, mas ela é a voz interior de Summer e elas conversam o tempo todo em ótimos diálogos.

Há alguns temas importantes, ainda que não profundos, como o assédio sexual, principalmente da relação professor-aluno. Poderia ser algo com maior destaque, mas imagino que por não ser o foco do livro, a autora não deu tanta ênfase.

Próximo livro da série Briar U, com Brenda como protagonitsa

The Chase tem várias cenas bem calientes e quando finalmente – FINALMENTE – esses dois teimosos se acertam, prepare o ventilador, porque vai ficar bem quente. Mas o bacana é que Elle Kennedy não exagera na quantidade de cenas eróticas. Elas acrescentam à história, não estão lá só por estar.

Já podemos esperar o próximo volume de Briar U, chamado The Risk, que vai ser sobre Brenda e Jake, um jogador de hóquei do time de Harvard, inimigos de Briar, que já aparece um pouco em The Chase.


Recomendo muito.

Teca Machado


quarta-feira, 5 de junho de 2019

Meu Eterno Talvez - Crítica


Estava passeando a toa pelo Facebook quando fui pega de surpresa pelo trailer de Meu Eterno Talvez, da diretora Nahnatchka Khan, filme original Netflix. Entrou no catálogo do streaming fim de maio e como meu marido viajou, resolvi tirar a semana para assistir todas as comédias românticas que ele não quer ver, sendo essa uma delas.


Temos em Meu Eterno Talvez a velha história de melhores amigos que se apaixonam. Sasha (Ali Wong) e Marcus (Randall Park) são grudados desde muito novos. Ainda crianças criam uma conexão profunda. Até que quando a adolescência chega e os hormônios explodem, eles têm um rápido romance que faz tudo desandar. Mais de 15 anos depois, Sasha é uma chef renomada mundialmente que volta para São Francisco para abrir um restaurante e acaba reencontrando Marcus, que ficou parado no tempo, vivendo a mesma vida, na mesma casa e até mesmo com a mesma banda.

A produção é a típica comédia romântica, com melhores amigos que todo mundo sabe que precisam ficar juntos, protagonistas apresentados quando crianças, passagem de tempo, estarem envolvidos com pessoas que não parecem terem sido feitas para eles e final feliz. Desse modo, ela não se diferencia muito de outros filmes do gênero, mas inova ao acrescentar no enredo Keanu Reeves interpretando ele mesmo.



Keanu Reeves vive Keanu Reeves, mas não exatamente ele, mas uma versão babaca, egocêntrica e doida dele mesmo. Todo mundo sabe que o ator é um dos caras mais bacanas, humildes e gente boa de Hollywood, por isso é tão engraçado o assistir em Meu Eterno Talvez. Ele soube rir de si mesmo. Quer bom humor maior do que esse? Quando está em tela são os melhores momentos do filme, que beiram o nonsense. Ele gravou suas cenas em apenas quatro dias, entre as filmagens de John Wick 3.

Ali Wong e Randall Park foram ideais para o papel (até porque foram os roteiristas também). Eles têm uma química muito palpável e a gente realmente acredita que eles são amigos, que se gostam e que brigam também o tempo todo.




Além dos protagonistas e de Keanu Reeves, o elenco de apoio é ótimo. Michelle Buteau, que anda aparecendo em muitas produções da Netflix, vive Veronica, assistente de Sasha e amiga dos protagonistas e tem excelentes tiradas. James Saito é o pai de Marcus, que é uma fofura. Vivian Bang está ótima como Jenny, a namorada good vibes e meio doida de Marcus, assim como Karan Soni, o Dopinder de Deadpool, que faz parte da banda. Só achei que Daniel Dae Kim, de Lost, que vive o noivo de Sasha, foi mal aproveitado e tem pouco tempo em tela.

Outro ponto muito bacana de Meu Eterno Talvez é a cultura asiática apresentada. A família de Marcus é coreana, a de Sasha não fica claro, mas são todos orientais, e houve até o cuidado ao escolher Keanu Reeves, que é descendente de chinês e havaiano pelo lado do pai.


Meu Eterno Talvez é leve, é fofo e despretensioso, faz rir um pouco e sorrir muito. É o tipo de filme que você assiste quando quer desanuviar e ver algo que não te faz pensar muito. É um pouco longo, já que no final fica um pouco arrastado, mas isso não deve (e nem pode) ser impedimento para você ver essa comédia romântica.

Recomendo.

Teca Machado

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