sexta-feira, 26 de abril de 2019

Lembrança - Resenha


Apesar do meu amor pela Meg Cabot datar um boooom tempo, desde que saiu o filme O Diário da Princesa, com a Anne Hathaway bem novinha em 2002, só conheci a sua série A Mediadora em 2014. O porquê eu não sei, mas assim que comecei a ler os livros da saga de Suze Simon fiquei completamente apaixonada e pude aproveitar ter todos os seis volumes já publicados. E então Cabot nos deu um presente em 2016 com mais uma obra – Lembrança - marcando os 15 anos da publicação do primeiro. E eu, atrasada como sempre, só li agora e posso dizer: mesmo com todo esse tempo, a autora ainda nos faz mergulhar na história e amar nossa mediadora preferida.

Foto @casosacasoselivros

Toda série A Mediadora foi lançada no Brasil pela Editora Record e em Lembrança se passaram alguns anos desde o primeiro desfecho da história. Suze agora trabalha como conselheira na escola onde fez o ensino médio e Jesse, aquela delícia latina com sotaque e tanquinho, está terminando seus estudos como médico. De casamento marcado para o próximo ano, a garota mal pode esperar para se casar com o fantasma de 150 anos morador do seu quarto que trouxe para a vida. Aliás, mal pode esperar pela lua-de-mel porque apesar desse tempo todo Jesse se recusa a fazer qualquer coisa mais caliente antes do casamento. Mas apesar de tudo parecer estar correndo bem, a mediadora está com os problemas mais sérios que encontrou até o momento: uma fantasma muito protetora está machucando pessoas ao seu redor (inclusive o padre Dom!) e Paul Slater, aquele vilão bem gato, está ameaçando transformar Jesse num demônio se Suze não fizer o que ele deseja.

A sensação que tive ao ler Lembrança foi a de reencontrar amigos que não via há um bom tempo. Meg Cabot inseriu quase todos os personagens que foram constantes durante a saga, mesmo que tenha sido em passagens breves, então dá aquele quentinho no coração. E ainda há alguns novos, sendo as minhas preferidas as sobrinhas trigêmeas de Suze, três “anjinhos” que deixam todo mundo de cabelo em pé.

Suzannah continua chutando bundas fantasmagóricas com botas cheias de estilo e boca suja. Está mais madura, mas ainda por dentro ainda é a adolescente maravilhosa que conhecemos e amamos. Jesse é aquela delícia com o melhor sotaque e deseja desesperadamente ajudar as pessoas com a oportunidade que teve de fazer medicina. Muita gente reclamou que ele é machista em vários momentos, mas é preciso lembrar que o rapaz é de 1800 e alguma coisa. Seus costumes sempre foram outros e ele precisa se acostumar que no nosso século as mulheres são muito mais independentes e voluntariosas.

Todos os livros anteriores tinham pepinos sobrenaturais cabeludos para Suze resolver, mas nenhum tão pesado quanto de Lembranças. E aqui Meg Cabot inclusive colocou um assunto polêmico e muito delicado. O que para a história e para o ódio da fantasma fez sentido, mas não houve um aprofundamento maior e foi tratado talvez com leviandade. Talvez a autora escreveu dessa forma por causa do público para o qual escreve, que é mais jovem, mas, ainda assim, poderia ter um encaminhamento melhor.

O ritmo de Lembrança é o mesmo que estamos acostumados com outros volumes da série. Não há nenhuma fórmula inovadora aqui – assassinato, fantasma bravo que não vai para a luz, Suze tentar resolver a situação -, mas é exatamente o que esperávamos da história. Apesar de ser o mais longo da saga, é aquela leitura rápida, envolvente e muito divertida – ao mesmo tempo que emocionante. E como é o fechamento de uma série (bom, mais uma vez), temos aquela sensação de fim definitivo que nos dá melancolia, porque sabemos que é a última vez que nos encontramos. Mas, como é Meg Cabot, podemos esperar um final feliz.

Foto @casosacasoselivros

Na época do lançamento de Lembrança eu soube que tinha um conto, chamado O Pedido. Mas isso apagou completamente da minha memória e só redescobri isso hoje. Ou seja: terei um pouco mais de A Mediadora na minha vida. Oba.

  

Recomendo muito.

Teca Machado




quarta-feira, 24 de abril de 2019

A Loja de Unicórnios - Crítica


Brie Larson é, definitivamente, uma das minhas divas supremas desde que estrelou O Quarto de Jack. E essa paixão aumentou ainda mais com Capitã Marvel. Então, quando a Netflix anunciou no seu catálogo o filme A Loja de Unicórnios, filme em que é a protagonista e estreou como diretora e produtora, fiquei empolgada. Mais ainda quando vi que tinha o Nick Fury Samuel L. Jackson e de certa forma me identifiquei com o tema. Pena o trailer é melhor do que o filme.


Kit (Brie Larson) sempre foi uma artista. Desde criança desenha, usa glitter, ama cores e é um arco-íris ambulante. Quando fracassa na faculdade de artes e volta para a casa dos pais, está frustrada e sem rumo na vida. Focada em se tornar uma adulta, deixa seus sonhos de lado e consegue um emprego chato corporativo. Mas, então, recebe um convite para a Loja. Lá descobre que eles vendem o que ela mais quer no mundo: um unicórnio. Mas, para isso, Kit precisa se mostrar merecedora e começa então uma jornada de autoconhecimento.

A premissa de A Loja de Unicórnios é ótima. É sobre amadurecimento, deixar para trás sonhos infantis e crescer, seguir em frente. É muito identificável, principalmente se você vive a mesma fase de vida da personagem. Muita gente inclusive diz que é uma espécie de conto de fadas para adultos. E não deixa de ser. Imagina finalmente saber que unicórnios são reais e que você pode ter um? Mas a maneira como o filme foi executado fez com que todo o potencial do enredo fosse perdido.



Forçado e muitas vezes sem pé e nem cabeça, o tempo todo eu tive a impressão que A Loja de Unicórnios era um livro que cortaram vários pedaços para que coubesse no tempo de um filme. Mas não era. O roteiro de Samanta McIntyre foi sofrido em várias partes e talvez teria sido executado melhor por outras pessoas, seja diretores (desculpa, Brie, te amo, mas não deu), seja elenco. Vi que Rebel Wilson tinha sido cotada para o papel principal e talvez tivesse combinado melhor com ela, porque a atriz tem todo um quê de fora do padrão, louca e que pensa fora da caixa que não enxergo na Brie. Até Samuel L. Jackson parece deslocado, numa mistura de Willy Wonka com vômito de glitter. Seu personagem é interessante, mas cadê o aprofundamento? Tudo bem que ele é o Vendedor, um ser mágico que vai dar um unicórnio para Kit, mas gostaria de mais sobre ele.

Outros arcos dramáticos não foram bem trabalhados. Por exemplo, adorei os pais de Kit, interpretados por Joan Cusack e Bradley Whitford, mas pouco vimos deles. E todo o enredo de Gary (Hamish Linklater) - o vice-presidente esquisito da empresa onde a protagonista trabalha e que parecia um interesse amoroso, mas é extremamente estranho - e Virgil (Mamoudou Athie), que por algum motivo incompreensível gosta de Kit, mesmo ela sendo insana, e mimada - perde força por falta de aprofundamento.



Fora que me incomodou muito o fato de infantilizarem a Larson a um ponto que não era crível e foi quase ridículo. Uma mulher de 30 anos no papel de uma garota de uns 21 pode funcionar (era o caso de Glee), mas não foi o caso. E fosse satírico ou caricato, poderia dar certo, só que o filme nunca se propôs a isso.

Mas, confesso, que visualmente A Loja de Unicórnios foi um deleite. Glitter, que eu amo com todas as forças, cores, arco-íris, brilhos e tudo mais que é lindo e colorido no mundo. Posso dizer que Kit quase me representa, só que com um tantinho menos de exagero.



Fato fofo: Os vídeos de abertura que mostram a infância de Kit são mesmo de Brie Larson.

Enfim, A Loja de Unicórnios tem uma mensagem legal num roteiro mal estruturado, num filme com direção fraca e com uma lógica que se perde em vários momentos. Se você gostou do trailer, fique só com ele mesmo.

Não recomendo.

Teca Machado


segunda-feira, 22 de abril de 2019

Histórias para apreciar num futuro bem próximo


Tantos livros, filmes e séries para assistir/ler, tão pouco tempo.

Estou num looping de fazer mil coisas e faltar tempo. E quando sobra um tempinho preciso decidir se quero ler, se vou ver séries ou se prefiro assistir a um filme. Aí no fim das contas não consigo fazer nem metade do que eu queria. Vocês também estão nessa?

Por isso resolvi fazer uma listinha de histórias que desejo ler/assistir num futuro próximo. Vingadores: Ultimato e Game of Thrones não entram nessa lista porque, né, esses são prioridade máxima da vida em 2019.

1- Livro: Trono de Vidro, Sarah J. Maas



A Maas é uma das escritoras mais maravilhosas do mundo e eu fiquei enlouquecida com a sua saga Corte de Espinhos e Rosas. Estou enrolando para começar Trono de Vidro, sua outra série, porque sei que são mil volumes, eu só tenho o primeiro e até mês que vem não posso comprar nenhum livro novo (mas se alguém quiser me dar eu aceito, tá?).


2- Filme: O Date Perfeito, com o Noah Centineo


Que eu amo comédias românticas não é segredo nenhum e se tem o Noah, queridinho do momento, melhor ainda. Esse filme está disponível para assistirmos na Netflix há umas duas semanas, mas ainda não consegui tempo para sentar a bunda no sofá e gastar uma hora e meia com essa história fofa.


3- Série: This Is Us



Há muito tempo estou ensaiando para começar essa série que todo mundo diz ser incrível. Antes enrolava porque não tem na Netflix, mas descobri que tem no Now, então agora minhas desculpas acabaram e só preciso arrumar tempo mesmo.


4- Livro: Papillon, Henri Charrière



Quando eu era criança, meu pai dizia que era o melhor livro que ele já tinha lido e há uns meses assisti ao filme e amei. Só não saiu da minha estante ainda porque ando lendo uns livros enormes (estou há um mês com Sangue e Fogo, do George R. R Martin, que é um calhamaço) e sei que suas 800 páginas vão demandar muito tempo.


5- Série: Segunda temporada de The Handmaid’s Tale


Minha história com essa maravilhosidade é conturbada. Eu acho a série incrível, mas ao mesmo tempo ela é muito pesada e não consigo ver mais de um episódio por vez, fora que não são todos os dias que estou no clima para assistir algo que mexe tanto comigo. Então todo mundo já terminou de ver há mil anos e eu ainda estou na metade da segunda temporada.


6- Série: Big Little Lies


Mais uma que está na minha lista “a assistir” tem muito tempo, mas ainda não consegui parar para assistir. Com um elenco desses e uma história de suspense, tenho certeza que minhas expectativas vão ser atendidas.


7- Livro: Biografia de Van Gogh


Sou doida pelo Van Gogh há anos – se você leu meu livro Je T’aime, Paris com certeza já percebeu isso – e achei na casa dos meus pais uma biografia dele que estou ensaiando para ler há meses e até agora nem comecei. Mas pretendo em breve, juro, ela até fica no móvel da minha sala para eu olhar para a cara dela e sempre me lembrar.

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E vocês, o que querem ler/assistir, mas não conseguiram até agora? Já se aventuraram numa dessas histórias que eu citei?

Teca Machado

terça-feira, 16 de abril de 2019

Nada a Esconder – Crítica


Você participaria de um jogo em que num jantar todos tivessem que colocar os celulares na mesa e todas as mensagens, e-mails, fotos, notificações e telefonemas que chegassem tivessem que ser lidos e respondidos em voz alta? Afinal, quem é você dentro do seu celular? Essa é a premissa de Nada a Esconder, filme francês do diretor Fred Cavayé, disponível na Netflix.


Quinta versão de um filme italiano chamado Perfetti Sconosciuti (que dizem sem melhor ainda), a produção é tragicômica. Amigos e casais que se conhecem há décadas começam a descobrir segredos, traições e atitudes uns dos outros que irão afetar verdadeiramente o grupo. Dentro dos telefones vivemos vidas paralelas que muitas vezes não condizem com o nosso eu que a sociedade conhece. Mas, afinal das contas, quem é o seu real? A perigosa caixa de Pandora foi aberta e é impossível contê-la.

São revelações tocantes, chocantes e absurdas, que deixam o espectador sem acreditar nas dinâmicas que existem nesse grupo íntimo e aparentemente muito unido. Nenhum deles escapa das ações do jogo e tem algo sobre si revelado. Alguns segredos são mais leves e com pequenas consequências, outros são tudo menos insignificantes. Há muitas reviravoltas e plot twists que nos deixam de boca aberta. O roteiro é um dos maiores acertos do filme.



O começo é um pouco lento, mas necessário para nós inserir no universo desses amigos e entender a relação entre eles. Mas depois o ritmo fica mais frenético, ainda que o filme tenha poucos atores e menos cenários ainda. E esse que é o grande trunfo de Nada a Esconder: o elenco, que conta com Bérénice Bejo, Vincent Elbaz, Suzanne Clément, Roschdy Zem, Doria Tiller, Grégory Gadebois e Stéphane De Groodt. Eles são carismáticos e conseguimos nos identificar com os personagens, fora que trabalham muito bem. Passam dos momentos leves aos mais tensos sem pestanejar ou perder o ritmo. Há química entre eles e é possível ver isso em tela. Os mais conhecidos do público fora da França são Bérénice Bejo, a argentina que ficou conhecida em 2011 com o filme O Artista, pelo qual concorreu ao Oscar, e Vincent Elbaz, de Eu Não Sou Um Homem Fácil, outro filme francês que ganhou fama na Netflix.

Muita gente disse que o único problema de Nada a Esconder foi o final.

Calma, não vou dar spoiler.



E apesar de ter achado esse fim razoavelmente bom, acredito que foi uma fuga fácil de roteiro, que não condiz tanto com o que aconteceu. Tudo poderia ter sido melhor explorado, mas ainda assim o filme não perdeu a qualidade por causa disso e nos apresenta um desfecho inovador.

Nada a Esconder é excelente e traz muita reflexão sobre o uso do celular e de segredos. Quem somos nós realmente quando estamos atrás dessas telas brilhantes que carregam hoje nossa vida? Se alguém ler suas mensagens, ver suas fotos e atender suas ligações vai ter enxergar de outra forma?



É aquele filme que invariavelmente te faz pensar se realmente conhece aqueles com quem divide sua vida, sejam amigos, sejam filhos, sejam cônjuges. Se você é do tipo que vira a cara para filmes franceses, não faça isso com Nada a Esconder.

Recomendo muito.

Teca Machado

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Projeto Um Ano Sem Comprar Livros – Mês 11



Esse último ano passou tão rápido que nem foi tão difícil assim resistir às tentações do Projeto Um Ano Sem Comprar Livros, que se encerra mês que vem. A vida ficou tão corrida, tão louca e tão cheia de coisas que quase nem consegui pensar direito em livros e literatura. Ano passado foi o que menos li nos últimos tempos (e esse ano está seguindo pelo mesmo caminho), mas apesar disso a vontade de comprar livros nunca passou – e acredito que nem vai passar.

Estamos no mês 11 do desafio e até agora foi tudo muito mais suave do que eu imaginei que seria. Acho que estar tão ocupada ajudou muito (e ser do Time de Leitores do Grupo Companhia das Letras também. E quando fiquei com muita vontade de comprar, me fiz duas perguntas

1- Eu quero mesmo perder no meu desafio autoimposto?
2- Vou conseguir ler esse livro agora?

E como em quase todos os casos a resposta foi “não” nas duas perguntas, consegui já passar 11 meses sem comprar livros. E se já cheguei até aqui, tenho plena confiança que mais um mês não vai me matar.


E se eu for contabilizar de verdade, já são 13 meses de abstinência. A última vez que eu me joguei em promoções de livros foi no Dia da Mulher do ano passado, mas comecei mesmo o desafio em maio, por isso contabilizo essa data. Ou seja, já atingi o objetivo (Viva eu!), mas quero fazer tudo certinho e oficialmente.

Em março não comprei nenhum livro, mas isso não significa que não aumentei a minha estante. Ganhei The Chase, de Elle Kennedy, publicado no Brasil pela Editora Paralela, selo da Companhia das Letras. Ele é o primeiro spin-off da série Amores Improváveis, que tem os livros O Acordo, O Erro, O Jogo e A Conquista.

Foto: Casos, Acasos e Livros

Digo com muito prazer e expectativa que:

Foram 11 meses. Só falta1.

Teca Machado

sexta-feira, 12 de abril de 2019

Ardente e Em Chamas - Resenha


Sempre ando com um livro na bolsa (vai que preciso a qualquer momento, né?), mas há algumas semanas por algum milagre saí sem e para piorar minha bateria do celular acabou. Aí como Murphy e sua lei são malandrinhos, precisei passar horas numa fila de espera. Por sorte minha sogra estava por perto e tinha um livro para me emprestar. Passei tanto tempo lá que li mais da metade dele durante a tarde. Dois dias depois eu terminei a leitura de Ardente e Em Chamas, livro duplo da Sylvia Day, publicado no Brasil pela Editora Paralela (Grupo Companhia das Letras).

Foto @casosacasoselivros

Sendo bem sincera, o gênero erótico não é nem de longe o meu preferido, mas de vez em quando cai um na minha mão e acabo lendo, que foi o caso de Ardente e Em Chamas. Fico um pouco cansada de histórias em que a parte sexual é mais importante do que o enredo. Não ligo se o livro é mais caliente, desde que as cenas de sexo não sejam mais predominantes do que a história em si e repetitivas (foi o que me deixou completamente irritada na série A Garota do Calendário). Infelizmente foi o que aconteceu em Ardente e Em Chamas e para mim a leitura foi apenas ok.

Gianna Rossi cresceu rodeada por comida. Sua família tem um tradicional restaurante italiano no Brooklyn e agora ela é assistente de Lei Yeung, uma famosa administradora de gastronomia. Gia ama seu trabalho mais do que tudo, mas seu mundo profissional balança quando encontra com Jackson, mais conhecido como Jax, seu antigo caso amoroso que sumiu sem dar quaisquer explicações dois anos antes e quem nunca consegui superar. E ele está investindo no maior concorrente de Lei e estraga seus planos de fechar com uma dupla famosa de chefs.

O que me incomodou em Ardente e Em Chamas foi a profundidade quase zero da história. Acho que muito foi do fato de que na verdade eram apenas dois contos curtos que foram transformados em livro (e mesmo assim é bem curtinho, menos de 200 páginas). A autora não desenvolveu bem os arcos dramáticos. Tudo é raso demais, simples demais, mas fazem tempestades em copo d’água por pouco.

Já tinham me falado bem da Sylvia Day, mas não achei grandes coisas. Os personagens são contraditórios. Por exemplo, Gianna é apresentada como forte, de sangue quente, que não leva desaforo para casa e não deixa homem nenhum comandar sua vida. Mas, na verdade, Jax estala os dedos e ela faz o que ele quer. Já Jax se passa como sedutor, maravilhoso e para mim foi apenas legal. Não me fez apaixonar, ainda mais porque o motivo que o fez se afastar foi morno (se eu fosse a Gia pedia explicações melhores). A química entre eles é bacana e forte, mas enjoativa. Tive a impressão que foi uma relação baseada apenas em sexo.

Em compensação, os personagens secundários são bem mais interessantes, principalmente os irmãos de Gia e sua chefe. Eu com certeza leria com prazer um livro com cada um deles.

Apesar de não serem livros todo maravilhosos, Ardente e Em Chamas viraram filme para televisão. Você pode ver o trailer aqui:


Recomendo apenas mais ou menos. É uma leitura ok para uma tarde, talvez.

Teca Machado


quarta-feira, 10 de abril de 2019

Neil Gaiman: Dicas e reflexões sobre literatura


Neil Gaiman é hoje um dos maiores nomes na literatura fantástica. Entre seus maiores sucessos estão Sandman, Coraline, Deuses Americanos e O Oceano No Fim do Caminho.

Ele deu uma entrevista ao Nerdist Podcast, que o pessoal da Ficção Em Tópicos traduziu. É mais de uma hora de conversa, mas abaixo segue um trecho com algumas dicas e reflexões do escritor sobre o mundo da leitura:


IDEIAS E RASCUNHOS
Para mim, escrever sempre foi um processo de tentar me convencer de que o que estou fazendo no primeiro rascunho não é importante. Me lembro da sensação de liberdade incrível quando deixei de usar uma máquina de escrever e passei a usar um computador, porque eu não estava mais criando pilhas de papel. Era apenas especulação, imaginação. Eu estava escrevendo aquelas palavras, mas elas não tinham importância.

Então, uma década depois, me lembro da mesma sensação de liberdade quando me dei conta que podia escrever em blocos de anotações, porque o texto não parecia real até que eu digitasse no computador. Uma das coisas que ainda faço é escrever em blocos de notas. Eu simplesmente escrevo a mão porque não é real.

Uma forma de ultrapassar o bloqueio de escritor é se convencendo que seu primeiro rascunho não importa, ninguém nunca vai ler o que você escreveu ali. Talvez seja isso que esteja deixando você tão agoniado, mas honestamente, o que quer que você esteja escrevendo pode ser consertado. Você pode consertar amanhã ou na semana que vem. Por agora, simplesmente coloque as palavras para fora da sua cabeça, apenas registre a história da forma como você conseguir e deixe para consertar ela depois.

INSPIRAÇÃO
Se você só escreve quando está inspirado, talvez você seja um bom poeta, mas você nunca será um romancista, porque você precisa atingir sua meta de palavras a cada dia. E essas palavras não vão esperar que você decida se está inspirado ou não.

Então, você deve escrever quando não está inspirado. E você tem que escrever as cenas que não inspiram você.

O mais estranho é que em 6 meses ou 1 ano, você vai olhar para essas cenas e não vai lembrar quais você escreveu porque estava inspirado e quais simplesmente escreveu porque era a cena seguinte da história.

Alguns dos livros de Neil Gaiman

PROCESSO
O processo de escrita pode ser mágico. Há momentos em que você dá um passo para fora da janela e caminha no ar. Quando isso acontecer, vai trazer grande felicidade para você. Mas acima de tudo, escrever é o processo de colocar uma palavra após a outra.

Na Inglaterra e na Escócia, existem pessoas que fazem muros de pedras seca. E elas tem feito muros de pedra seca por gerações. Elas fazem esses muros com várias pedras. Colocam uma, depois colocam outra que se encaixa nela, e outra que se encaixa nesta. E de alguma forma, elas criam esses muros que são absolutamente estáveis. Simplesmente colocando uma pedra após a outra, eventualmente você vai ter um muro.

É assim que você cria uma história. Você coloca uma palavra depois da outra e depois você repete.

GÊNEROS
Quando as pessoas me perguntam “eu quero ser um escritor, o que preciso fazer”? Eu digo “você tem que escrever”. Às vezes elas me dizem “eu já estou fazendo isso, o que mais preciso fazer?” e eu digo “você tem que terminar seus textos”. É assim que você aprende. Você aprende terminando textos.

Existem outros conselhos, tem tantos conselhos que se pode dar para escritores iniciantes, particularmente para escritores que querem trabalhar com determinados gêneros. Leia o gênero que você quer escrever para ver o que outros escritores estão fazendo. Depois, leia fora da sua zona de conforto. Se você ama um certo tipo de filme e quer escrever um triller de ação para Hollywood, assista também outros tipos de filme. Assista a documentários. Conheça outras referências.

Se você gosta de livros de fantasia e você quer ser o próximo Tolkien, não leia apenas fantasias parecidas com as histórias de Tolkien. O Tolkien não leu fantasias parecidas com as histórias de Tolkien. Ele leu livros em finologia finlandesa. Você deve ler fora da sua zona de conforto para aprender sobre coisas diferentes.

ESTILO
E meu conselho mais importante para qualquer pessoa que atinge um certo nível de qualidade é conte sua história. Não tente contar as histórias que outras pessoas podem contar.

Porque qualquer escritor iniciante vai começar escrevendo com as vozes de outras pessoas. Você vem lendo outros escritores há anos, você vai escrever sobre suas próprias experiências, mas assim que possível, comece a contar as histórias que somente você pode contar. Sempre vão haver escritores melhores que você, mais inteligentes que você. E sempre vão existir escritores melhores nisso ou naquilo.

Mas você é o único você. Tem escritores melhores que eu por aí, existem escritores mais inteligentes, pessoas que criam enredos melhores, etc, mas não existe ninguém que consegue escrever uma história do Neil Gaiman como eu.

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Gostou?

Veja aqui trecho da entrevista:


Teca Machado



segunda-feira, 8 de abril de 2019

Shazam! - Crítica


Você sabe o que significa Shazam, nome do novo filme e do super-herói da vez da DC? É um anacrônico, que junta a primeira letra de personagens de diversas mitologias. O herói tem a sabedoria de Salomão, a força de Hércules, o vigor de Atlas, o poder de Zeus, a coragem de Aquiles e a velocidade de Mercúrio. Bom, sobre a sabedoria eu não sei, mas todo resto Shazam (ou Sir Choquelot, Trovoada Vermelha e vários dos outros nomes que ele é chamado ao longo da produção), realmente tem. Se assim como eu você nunca se interessou por esse personagem com nome estranho, roupa ridícula e pouca expressão no universo de heróis, é melhor repensar isso e assistir Shazam!, do diretor David F. Sandberg, que está nos cinemas desde o dia 4.


Como estamos falando da DC, nada mais natural do que esperar um filme mais dramático e sombrio – apesar de que o estúdio tem mudado isso com suas últimas produções, como Mulher Maravilha e Aquaman. Mas se eu não soubesse que era um lançamento, teria certeza que Shazam! é um clássico da Sessão da Tarde. 

O enredo gira em torno de Billy Batson (Asher Angel), um garoto problemático de 14 anos que passou por inúmeros lares adotivos (e fugiu de todos) que recebe inesperadamente todos os poderes de um mago, transformando-o num cara de trinta e poucos anos, muito forte, que solta raios pelos dedos e um tanto indestrutível (Zachary Levi). Fascinado com as novas habilidades Billy e o melhor amigo e irmão adotivo Freddie (Jack Dylan Grazer) vão testando tudo o que pode fazer, mas chega a hora que precisa lutar contra o dr. Sivana (Mark Strong), que recebeu dos sete pecados capitais os mesmos poderes de Billy e deseja soltar o caos no mundo.





Um dos melhores adjetivos para descrever Shazam! é fofo. A inocência da adolescência e da infância permeia todo o filme. Imagina ter 14 anos e de repente encontrar em você todo esse poder? A produção é divertida, leve e com uma linda lição sobre família, mostrando principalmente que ela não precisa ser de sangue para ser a mais incrível que você poderia encontrar. É possível rir e até mesmo se emocionar em alguns momentos, com várias piadas que não são exageradas na quantidade.

O roteiro é bem amarradinho e nos dá um ótimo filme de origem, fazendo com que amemos logo de cara os personagens na tela. Mas ele não seria tão elogiado pela crítica e pelo público se não fosse pelo elenco escolhido. Zacary Levi, que foi lançado à fama com a série Chuck, está sensacional. Ele nasceu para esse papel. É um homenzarrão com uma mente adolescente e poderes sem iguais. Seu Shazam é equilibrado, em momento nenhum ficou caricato e realmente acreditamos que ele tem 14 anos apesar de todos aqueles músculos (e não é enchimento, o ator realmente está forte daquele tanto!). E o mesmo tanto de elogio pode ser feito à Asher Angel e Jack Dylan Grazer. A dupla adolescente é carismática ao extremo e trabalha muito bem. E, apesar de não ter tanto tempo em tela, não podemos esquecer dos irmãos adotivos deles: a fofa Darla (Faithe Herman), o hacker Eugene (Ian Chen), a inteligente Mary (Grace Fulton) e o quieto Pedro (Jovan Armand). 



Convenhamos que as motivações do vilão não são as melhores do mundo. Quando criança ele foi testado pelo mago para receber os poderes de Shazam, mas falhou. Desde então vive uma busca louca para se tornar poderoso. Ele é uma espécie de espelho de Billy, só que do mal no caso. Basicamente ele é uma criança mimada querendo o doce que lhe foi negado. Mark Strong trabalha bem, apesar de que é quase uma repetição dos papeis que geralmente vive. Sempre que aparece o antagonista do herói, o filme tem uma pegada anos 1980, quase brega, com um pé no cafona, levemente sombrio.

A DC foi corajosa em lançar um filme de herói entre Capitã Marvel e Os Vingadores: Ultimato, mas está se saindo bem em bilheteria e críticas (mas acredito que seria ainda melhor se tivessem segurado para o segundo semestre). 




Shazam! é um filme para assistir e sair sorrindo do cinema. Tem o coração puro, é um deleite e é cheinho de referências (Superman, Batman e até mesmo Quero Ser Grande, com o Tom Hanks, que tem a mesma pegada de um adolescente no corpo de um adulto). Com reviravoltas divertidas, soube guardar bem os segredos e não contar tudo no trailer. Em nada se parece com os outros filmes da DC e mostra que o estúdio está finalmente emplacando um sucesso atrás do outro.


Recomendo bastante.

Teca Machado

sexta-feira, 5 de abril de 2019

A Pirâmide Vermelha - Resenha


Eu sei, estou bem atrasada, muito mesmo, mas como a vida adulta não é fácil e não me permite ler tudo o que eu quero na hora que eu quero (além do mais, tinham outras histórias que eu queria ler primeiro), só em fevereiro consegui finalmente me aventurar na série egípcia de Rick Riordan, mais conhecido pelos livros sobre mitologia grega, romana e agora nórdica. Li o primeiro volume de As Crônicas dos Kane, da Editora Intrínseca, que é A Pirâmide Vermelha.

Foto @casosacasoselivros

Carter e Sadie são irmãos que não poderiam ser mais diferentes, tanto fisicamente quanto com a forma de levar a vida. Quando eram pequenos a mãe deles morreu e as crianças foram separadas. Carter foi viver com o pai egiptólogo pelo mundo, em escavações e ruínas, sem endereço fixo, sem escola e sem amigos. Sadie foi viver em Londres com os avós numa vida completamente normal. Em uma visita ao museu da Inglaterra, os irmãos veem o pai explodir um artefato milenar, desaparecer com mágica e despertar Set, o mais cruel dos deuses egípcios. Então Carter e Sadie descobrem que os deuses não são apenas mitologia, mas estão vivos e têm influência no nosso mundo.

É verdade quando dizem quem As Crônicas do Kane não é o melhor trabalho do Rick Riordan. Mas isso está longe de significar que a obra é ruim. Pelo contrário. Temos toda aquela magia do escritor que amamos, num enredo que ao mesmo tempo que ensina História e mitologia, é interessante, eletrizante e corrido. E o legal é que como fala-se muito de hieróglifos, o leitor não precisa quebrar a cabeça tentando imaginar como eles são, já te quem a ilustração. Além disso, conta com toda a leveza e todo bom-humor que encontramos em Percy Jackson, em Magnus Chase e em Apolo. 

Rick Riordan
A relação entre os irmãos começa ruim. Eles são dois estranhos que não se dão bem, mas com o passar do livro Carter e Sadie entendem que são um time, que precisam um do outro e que, afinal das contas, se amam. Ambos tiveram uma evolução muito bacana e com o passar das páginas amadurecem de forma precoce e necessária. Impossível não se importar com eles e torcer para que tudo fique bem.

Uma das maiores diferenças dessa série para as outras sagas de Riordan é a narração. É em primeira pessoa – o que eu amo! -, mas é como a transcrição de um áudio. Logo no começo há uma nota do autor dizendo que o livro foi escrito por meio de gravações dos dois irmãos e que em alguns momentos o som estava ruim, mas ele fez o melhor que pôde. É interessante e divertido, mas ainda acho que prefiro a narração normal.

Parte de A Pirâmide Vermelha passa no Egito e também em Paris e Londres, mas como nos outros livros dele, o centro da história são os Estados Unidos. E é uma mistura doida que surpreendentemente dá certo, com os personagens passando por Phoenix, pelo Brooklyn e até mesmo por Graceland, a mansão de Elvis que é hoje um museu.

Riordan costuma fazer livros grandinhos, mas A Pirâmide Vermelha é um dos maiores dele. O que, de certa forma, às vezes arrastou um pouco a história, mas nada que chegou a incomodar a leitura. Mas eu tiraria bem umas páginas da história, com tanto suspense que tinha e só ia acumulando sem resolver.

Hieróglifos mostrados no livro

Como eu disse, não é a melhor série do autor, mas ainda assim é muito boa, divertida e cheia de ação.

As Crônicas dos Kane conta com três livros: A Pirâmide Vermelha, O Trono de Fogo e A Sombra da Serpente.

 

Recomendo.

Teca Machado



quarta-feira, 3 de abril de 2019

25 curiosidades sobre livro, escritores e literatura


Livros existem há milênios e vão existir provavelmente enquanto a humanidade estiver por aqui. E sua História é recheada de curiosidades.

Fiz um apanhado em vários sites diferentes com fatos interessante e outros apenas esquisitos (como recorde de empilhar livros na cabeça coletivamente) sobre esses maravilhosos que amamos tanto.


1- O primeiro livro que se tem notícia é Diamond Sutra, um compilado de textos budistas produzido pelos chineses em 868 d.C. com uma técnica rudimentar que consistia em entalhar letras em bloquinhos de madeira e depois decalcá-las sobre o papel.

2- O primeiro livro feito em uma máquina de escrever é de Mark Twain, o As Aventuras de Tom Sawyer.

3- Já o primeiro livro registrado como bestseller foi o Fools of Nature, de Alice Brown.

4- A primeira obra editada no Brasil foi Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga, em 1808.

5- A Índia é o país que mais lê no mundo, registrando uma média de 10 horas semanais para cada leitor.

6- O recorde de pessoas que conseguiram equilibrar um maior número de livros na própria cabeça, ao mesmo tempo e em um mesmo lugar, foi 998 indivíduos, em Sydney, na Austrália, em 2012.

7- Leiloado em 2013 por US$ 14,2 milhões em Nova York, o Bay Psalm Book tornou-se o mais caro livro impresso já vendido no mundo

Bay Psalm Book

8- Bibliosmia é o nome dado ao prazer em que as pessoas sentem ao cheirar livros antigos.

9- E esse cheiro agrada a tanta gente porque o papel dos livros é feito com polpa de madeira e possui uma grande quantidade de substâncias orgânicas. Quando reagem à luz, ao calor e à humildade, libertam compostos orgânicos voláteis, que se traduzem num aroma de baunilha, de amêndoa ou de flores.

10- A frase mais longa impressa em um livro vem da obra Os Miseráveis, de Victor Hugo, com 823 palavras.

11- Os três livros mais lidos no mundo são: a Bíblia, “O Livro Vermelho”, de Mao Tsé-Tung, e “Harry Potter”, de J. K. Rowling.

12- Ler pode ajudar a prevenir doenças como o Alzheimer.

13- Um estudo mostra que crianças e adolescente entre 10 e 16 anos que leem por prazer vão melhor na escola.

14- Agatha Christie é considerada a escritora mais traduzida mundialmente.

15- Paulo Coelho é o autor brasileiro que mais vendeu livros no mundo. Cerca de 70 milhões de exemplares.

16- J.K. Rowling escreveu todos os livros da saga à mão.

17- Alice no País das Maravilhas chegou a ser proibido de ser vendido na China por ter como personagens “animais que falavam”.


18- Franz Kafka não queria que seus livros O Castelo, O Processo e Amerika fossem lançados. Antes de morrer, ele pediu que seu amigo queimasse os manuscritos – o que não aconteceu.

19- Sherlock Holmes é o personagem da literatura mais retratado no cinema e na TV.

20- Todo o lucro de vendas do livro Peter Pan, de J. M. Barrie, foi revertido ao Great Ormond Street Hospital for the Sick Children, em Londres.

21- Se a Wikipedia fosse um livro, teria 1.133.500 páginas, o equivalente a 2.267 volumes. 

22- A biblioterapia, desenvolvida com base numa investigação do psiquiatra Neil Frude, em 2003, concluiu que os livros têm potencial para serem substitutos de antidepressivos.  

23- Charles Bukowski, William S. Burroughs, Jack Kerouac e F. Scott Fitzgerald são os autores mais roubados das livrarias, segundo um estudo da Vintage Books & Anchor Books.

24- Um método, desenvolvido pelo Prix de La Page 112, defende que um livro é bom se a página 112 da obra conferir prazer na leitura.

25- O Bloomsday é um feriado comemorado em 16 de junho na Irlanda, em homenagem ao livro Ulysses, de James Joyce. É o único feriado em todo o mundo dedicado a um livro, excetuando-se a Bíblia.


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E vocês, conhecem alguma outra curiosidade que não falei aí em cima? Me contem nos comentários.

Teca Machado

segunda-feira, 1 de abril de 2019

Megarrromântico – Crítica


Não sei vocês, mas vários dos meus filmes preferidos são comédias românticas. Algumas altamente clichês, outras que fogem dos padrões, mas só sei que essas produções em que tudo é mais colorido, musical e geralmente com promessa de final feliz deixam meu coração quentinho. E é rindo e criticando o gênero que Megarrromântico (assim com três R mesmo), da Netflix e do diretor Todd Strauss-Schulson, faz de si mesma uma comédia romântica.


Imagine bater a cabeça e quando acordar estar dentro de uma comédia romântica? Bom, definitivamente esse é o meu sonho. Mas não é o de Natalie (Rebel Wilson). Quando criança, era apaixonada por esse tipo de filme, até que sua mãe lhe deu um banho de realidade dizendo que garotas como elas nunca viveriam algo nem remotamente próximo disso. Então, Natalie cresceu cínica com o gênero cinematográfico e com o amor em geral. Adulta, vive no subúrbio nova yorkino, com roupas normais, num trabalho normal, com amigos normais e um apartamento ok. Mas quando acorda do seu desmaio tudo mudou: A cidade está linda, florida e cheia de lojas de cupcakes, as cores são mais brilhantes, a luz com um tom dourado, suas roupas incríveis e seu apartamento luxuoso. Até mesmo um galã (Liam Hemsworth) quase a atropela e se apaixona instantaneamente. Mas Natalie não quer nada daquilo, ela quer voltar ao à sua vida, mas para isso precisa viver a jornada dos protagonistas em comédias românticas para então acordar.

Megarrromântico pega todos os clichês do gênero e os insere de forma satírica. Temos a mocinha desajeitada (mas dessa vez fora dos padrões de beleza), o amigo gay que ninguém sabe o que faz, mas está sempre presente, a colega de trabalho que é inimiga, a narração onipresente, as músicas pop que começam a tocar de repente, o acordar maquiado e de cabelo perfeito, o relacionamento que começa depois que um dos dois engasga e o outro o salva e, é lógico, a sempre presente cena para impedir um casamento. Várias comédias românticas são citadas, assim como mostradas ao longo do filme. Até mesmo o figurino de Rebel duas vezes é uma réplica de peças usadas por Julia Roberts em Uma Linda Mulher (o vestido, o chapéu e a luva de quando sai do hospital e o vestido vermelho do jantar no iate).




Dá para rir e sorrir com a produção, afinal, é da maravilhosa Rebel Wilson que estamos falando. Ela por si só já é engraçada e o enredo ajuda ainda mais nesse quesito. E o elenco também é todo muito bom e se joga na proposta do filme. Adam Devine, que já foi seu par romântico em três outros filmes, é Josh, o melhor amigo que é secretamente apaixonado por Natalie, Liam Hemsworth (Thor Júnior), é o bonitão milionário clichê de comédias românticas e Priyanka Chopra é a modelo-embaixadora-de-yoga-linda-super-rica. 

Acostumados com uma Rebel Wilson mais louca e um Adam Devine mais surtado (é só lembrar deles nos filmes de A Escolha Perfeita), é estranho vê-los quase contidos em Megarrrômântico. Na verdade, quem mais parece se divertir é Liam Hemsworth, que está ótimo como o galã impulsivo e meio bobo.



A fotografia do filme parece saída diretamente do Pinterest. Com certeza a vontade de temos é  a de viver naquele ambiente para todo o sempre. Quem dera morar naquela versão de NY em que até mesmo o trânsito não é impedimento para nada.

Apesar de criticar o gênero (em alguns momentos mais do que em outros e que poderia ter sido melhor explorado pelo roteiro), fundamentalmente Megarrromântico é uma comédia romântica e sabe que é, ainda que passe uma mensagem mais de autoestima para o público. De acordo com o próprio diretor, ninguém precisa de outra pessoa para se sentir completo. Você em si mesmo basta e pode ser feliz.


Recomendo.

Teca Machado

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