sexta-feira, 29 de março de 2019

Sejamos Todos Feministas - Resenha



Sejamos todos feministas.


É o que propõe Chimamanda Ngozi Adichie, uma grande voz pela luta de igualdade de gênero mundial.

Com vários livros de ficção lançados, sempre com o tema sendo explorado, a nigeriana fez uma palestra para o TED com esse título, que foi assistida por milhões de pessoas. Resultado: Virou um manifesto, que foi transformado em livro com o mesmo nome, publicado no Brasil pela Editora Companhia das Letras.

Foto @casosacasoselivros

Com apenas 64 páginas, letras grandes e uma linguagem fluida e intimista, é uma leitura para fazer numa sentada, em menos de uma hora. Mas isso não significa que seja um tema fácil. Falar sobre feminismo incomoda, podendo ser indigesto para várias pessoas. Ainda mais no mundo em que vivemos, onde parece que as mulheres estão em pé de igualdade com os homens, o que não é bem verdade.

Chimamanda conta sua trajetória se descobrindo feminista, mesmo quando ainda nem sabia o que essa palavra significava, e como foi abraçando essa definição, que tenta livrar de estereótipos. Segundo ela, você pode ser feminista feminina, feliz, sem odiar homens, usando batom e da maneira que quiser. A conotação ruim não está correta.


Então a escritora dá exemplos de situações que passou – e ainda passa – pelo simples fato de ser mulher e discorre como precisamos ajustar a nossa mentalidade e ensinar as crianças de outra maneira para que o mundo seja mais igualitário entre os gêneros.

Sendo mulher, é difícil não me identificar com vários dos acontecimentos da vida de Chimamanda, mesmo que o que passou seja na África ou com amigas americanas. Essa é uma questão que atinge o mundo inteiro.


Sejamos Todos Feministas é uma leitura necessária, que vai abrir sua cabeça e pode ser uma excelente introdução ao tema, se você ainda não tem muita familiaridade com ele. E, como o próprio título já diz, não é apenas para mulheres: é para todos. Afinal todos devemos ser feministas.

Recomendo muito.


Teca Machado


quarta-feira, 27 de março de 2019

One Strange Rock – Crítica


A Terra é um lugar muito estranho. Bizarro, na verdade. E extremamente cruel e impiedoso. Ao mesmo tempo nosso planeta é lindo, único, cuidadoso, equilibrado, perfeito e incrível. E esses e muitos outros pensamentos são os que temos enquanto assistimos a One Strange Rock, documentário da National Geographic que entrou no catálogo da Netflix. Impossível não sair maravilhado com essa “estranha rocha” na qual vivemos em meio ao sistema solar.


One Strange Rock é uma série de documentário com 10 episódios de 40 minutos que foram filmados em 45 países. O foco são oito astronautas, que juntos somam mais de mil dias no espaço, falando sobre as percepções do nosso planeta que tiveram enquanto estavam em órbita.  


E se você torce a cara para documentários, dê uma chance para One Strange Rock, que tem vários pontos a seu favor, como:

1- National Geographic

A instituição é conhecida por imagens insanamente lindas, que é o caso dessa série. Então, além de um conteúdo super interessante, é uma explosão visual de cores.

2- Will Smith

O ator (que coincidentemente já atuou em vários filmes sobre a Terra, sobre o fim dela e sobre invasão alienígenas) é o apresentador de One Strange Rock, o que torna o assunto ainda mais palatável e humano.



3- Darren Aronofsky 

O diretor, famoso por filmes como Cisne Negro e Mãe!, também dirige esse documentário. Para quem conhece pelo menos um pouco o trabalho de Aronofsky, consegue enxergar sua identidade. Ele choca, ele nos sacode e brinca com nossos sentidos. A mesmo tempo que nos mostra o macro, mostra o micro – muito micro.

E One Strange Rick não é só sobre a natureza. Mas também culturas, seres humanos e interação entre todos nós e como afetamos o planeta em que vivemos, tudo costurado num roteiro interessante, diferente e que esbanja conhecimentos sem ser nenhum pouco chato.

Astronautas de One Strange Rock


O único problema para mim foi que batem muito na tecla do evolucionismo, enquanto eu acredito no criacionismo. Mas isso é de boa, porque não me incomodou. Eles têm uma crença, eu tenho a minha e todo mundo fica feliz.

O sentimento que fica é o de humildade e deslumbramento. Para estarmos vivos (e continuarmos assim) há muita coisa envolvida, é um equilíbrio muito tênue para que tudo continue funcionando. Realmente, vivemos numa “rocha estranha” e maravilhosa.


Recomendo.

Teca Machado



segunda-feira, 25 de março de 2019

Capitã Marvel - Crítica


Depois de 20 filmes e 10 anos, a Marvel finalmente lançou uma produção que tem uma mulher protagonista. E não é qualquer mulher, é a Capitã Marvel, tida como a criação mais poderosa de todo o cânone das HQs/estúdio. E nesse filme de introdução da personagem, entendemos o porquê de ao final de Os Vingadores: Guerra Infinita Nick Fury (Samuel L. Jackson) recorrer a ela para ajudar em toda a problemática com Thanos (Josh Brolin).


Dirigido por Anna Boden e Ryan Fleck, Capitã Marvel acerta ao montar o filme fora da ordem cronológica. Já conhecemos de início Vers (Brie Larson), uma guerreira kree extremamente poderosa e bem treinada. Ela não sabe o seu passado e vive tendo flashs de memórias que definitivamente não se encaixam com a vida que leva. Até que durante uma perseguição aos skrulls, raça que muda de forma, Vers cai – literalmente – na Terra, e enquanto tenta livrar nosso planeta dos terroristas descobre finalmente seu passado.

Capitã Marvel acerta principalmente pela maneira como construiu a personagem. Temos aqui um filme com mulher protagonista, altamente poderosa e sem interesse amoroso. Em hora nenhuma o enredo envolve Vers romanticamente com ninguém – e, convenhamos, isso é muito raro no cinema. O foco da protagonista é vencer obstáculos, é fazer aquilo que todos, principalmente os homens, disseram durante a sua vida que ela não era capaz. Se ela cai, ela sempre se levanta, ainda mais forte. E isso é uma lição muito valiosa para as meninas.


Mas, apesar de todo esse empoderamento, Capitão Marvel não é um filme de todo feminista. Acredito que o estúdio foi um tanto tímido nesse aspecto. Ao mesmo tempo que quis celebrar a força da heroína e das mulheres – afinal, é a primeira produção da Marvel com a protagonista feminina, uma diretora mulher (junto com um homem), roteiro escrito por elas e uma equipe composta por um time majoritariamente desse gênero -, não o fez a ponto de afastar os homens que ainda não estão preparados para isso (mas eles devem se preparar, porque nós estamos chegando e vamos dominar o mundo, haha).

A crítica principal ao filme por aí foi a falta de emoção vinda da personagem. Por Brie Larson já ter levado o Oscar pelo excelente O Quarto de Jack e ser uma atriz camaleão, esperava-se muito dela. Mas, na verdade, acredito que o problema está no roteiro e nas falas da protagonista, não na interpretação. Fora que eu mesma achei um tanto infundada essa crítica, que dizia faltar carisma a ela. Só porque Vers não é uma personagem sedutora ou que ri a todo momento, confundem com falta de carisma, o que não é verdade.



Os personagens secundários são excelentes, principalmente Nick Fury. Já conhecemos a persona de Samuel L. Jackson, com um Fury mais sombrio e amargo, mas aqui ele é leve, jovem e é quem cria vários dos alívios cômicos da história. Vale destacar também Jude Law, Ben Mendelsohn, Lashana Lynch e o gatinho Goose.

Pelo que li por aí e conversei com amigos que entendem do assunto, o filme muda muito da história original das HQs, mas acho que a Marvel parou de se preocupar com isso há muito tempo. Os plot twists combinam com o andamento do roteiro e fiquei muito satisfeita com o caminhar da história. Capitã Marvel amarra todas suas pontas soltas, ao mesmo tempo que deixa uma espécie de gancho para novas produções e na primeira cena pós-créditos faz uma ligação direta com os Vingadores (que estreia em um mês, no dia 26 de abril).



Na linha cronológica, Capitã Marvel vem antes de quase todos os filmes da MCU (Universo Cinematográfico da Marvel), sendo depois apenas de o primeiro Capitão América. E a ambientação é muito divertida, já que ele passa nos anos 1990, então vemos a locadora Blockbuster e fitas cassetes, pagers, computadores enormes de mesa e até mesmo Stan Lee no seu cameo de sempre lendo um script de programa da época. 

E é impossível falar do filme sem comentar a trilha sonora. As músicas escolhidas para ajudar a contar a história de Vers são ótimas, especialmente para quem vem viveu nos anos 1990. Elas são principalmente canções de mulheres dessa década e são inseridas de forma divertida, como quando a heroína está metendo a pancadaria e toca ao fundo Just a Girl, do No Doubt. <3


Como de praxe na Marvel, há cenas de luta muito boas e muitíssimo bem coreografadas, com Brie Larsson fazendo parecer fácil. Mas os antagonistas nesse caso não tão fortes e catastróficos como estamos vendo nas últimas produções, afinal, quase todos os filmes anteriores estavam de certa forma envolvidos na aniquilação de metade do universo, então pouca coisa é mais apocalíptica do que isso.

Capitã Marvel foi uma ótima introdução da personagem no MCU e sei que podemos esperar grandes coisas da heroína mais poderosa de todo cânone. O filme já passou de U$ 900 milhões em arrecadação e deve em breve alcançar U$ 1 bi. Uau!


Recomendo muito.

Teca Machado



sexta-feira, 22 de março de 2019

O Beijo Traiçoeiro - Resenha


Ano passado recebi da Editora Seguinte (Companhia das Letras) o livro A Missão Traiçoeira, de Erin Beaty. Mas descobri que era o segundo volume, então fui correndo ler O Beijo Traiçoeiro, primeira obra e que dá nome à série, que será uma trilogia.

Foto @casosacasoselivros

Sage Fawler não é uma dama, mas também não é plebeia. Vive num limbo feliz, porque se tem algo que ela não deseja é ser domada e ter a sua língua afiada calada. Mas quando chega o momento de se consultar com a casamenteira – é uma honra! - é recusada como noiva, para seu alívio. Em contrapartida, a mulher lhe oferece um emprego como sua aprendiz. Sage precisa ser seus olhos e ouvidos enquanto vão para a capital do país com uma comitiva de noivas para a alta nobreza, acompanhadas por uma escolta militar, a cargo do capitão Alex Quinn, já que o país está sofrendo invasões nas fronteiras.

O Beijo Traiçoeiro, apesar de se passar num mundo fictício e numa época que não sabemos qual, tem uma pegada de romance de época, com seus trajes vitorianos, costumes do século XIX e população dividida entre nobreza, militares e pessoas comuns de classes mais baixas. Mas, apesar disso, não é apenas um romance, porque mistura ação, conspiração, intriga e espionagem (ainda que seja só para formar bons pares). Tem toda uma trama política por traz de simples casamentos e isso é um dos maiores destaques do livro.

Erin Beaty
Apesar de muitos leitores criticarem Sage, eu gostei da personagem. Não foi a minha preferida da vida, mas ela não me fez passar muita raiva enquanto lia. De certa forma é inteligente, perspicaz e tem um bom coração. Claro, sua língua é maior do que a boca e muitas vezes ela é um tanto mal-agradecida e julga as garotas da comitiva que sonham com algo diferente que ela. 

Quem achei interessante foi Ash Carter, um dos oficiais da escolta, por quem Sage se afeiçoa de cara. Ela, então, percebe que ele é muito mais importante e complexo do que parece à primeira vista e ao mesmo tempo que vai se apaixonando por ele, o leitor também começa a ter uma quedinha pelo moço. Erin Beaty ainda desenvolve bem a personagem da casamenteira, que parece ter um cargo, digamos, fútil, mas fica bem claro que seu papel é político, importante e que de certa forma é quem administra o país sem que ninguém perceba.

Só que O Beijo Traiçoeiro é um livro com sororidade zero. Sage é exaltada por ser a diferente e acredita que quem quer se casar e gosta de roupas e maquiagem não merece sua atenção. E o núcleo masculino do livro parece pensar da mesma maneira. A autora nem mesmo discorre sobre as garotas, apenas tem destaque a que gosta da protagonista e a que a odeia. Faltou bastante irmandade aí.

Se você acha por causa do título e da capa que é um romance cheio de água com açúcar, você está errado. A parte cheia de amor acontece mesmo apenas no terço final, deixando o foco da história em todo o resto, o que nesse caso é muito bom, porque o enredo é interessante. Tem todo um suspense e coisas a descobrir que vão se entrelaçando nas páginas finais.

Um dos pontos negativos do livro é a ambientação. Sim, ela é bem interessante, diferente e gostei de a autora tem criado um novo mundo, com novas regras, mas não ficamos bem inseridos nele. Não há explicações ou contextualização e o leitor precisa ir entendendo à medida que as coisas acontecem, o que às vezes é confuso. Mas isso não atrapalha a leitura assim que você pega o jeito.


Apesar do que critiquei, O Beijo Traiçoeiro é uma ótima leitura, um livro que não conseguimos categorizar. O começo é um pouco mais lento, mas em pouco tempo você engata na história. A Missão Traiçoeira será uma das minhas próximas leituras e aí venho aqui contar para vocês o que achei.

Recomendo.

Teca Machado


quarta-feira, 20 de março de 2019

Projeto Um Ano Sem Comprar Livros – Meses 9 e 10




Em fevereiro o foco do blog estava no Oscar e em eu correr para terminar de assistir a todos os filmes, por isso a maioria dos posts ficou sendo sobre os concorrentes da categoria principal da noite e os livros que li no período. Acabei percebendo que não fiz o acompanhamento mensal do Desafio Um Ano Sem Comprar Livros, então agora vou fazer um duplo, do mês 9 e 10, que conta com janeiro e fevereiro. 

Não achem que eu abandonei o projeto: continuo firme e forte!


Janeiro teve um tantinho de tentações, porque quando estou em Brasília, onde moro, basicamente fujo de livrarias - afinal, o que os olhos não veem, o coração não sente -, mas passei vários dias em Cuiabá, na casa dos meus pais e meu pai e minhas sobrinhas não podem ver uma livraria que querem entrar (ai, que orgulho dessa galera!) e eu estava sempre com eles. Algumas vezes fui junto e em outras não. Eu estou bem forte no meu propósito, mas não preciso ficar me tentando demais, afinal, não sei qual é o meu limite.

Fevereiro foi tranquilo nesse aspecto, até demais. 

É o mês do meu aniversário e é bem comum eu comprar livros na época e dizer que é meu presente de mim para mim mesma (qualquer desculpa é desculpa para ser autopresentear com literatura, não é mesmo?), mas não foi o que aconteceu esse ano. Na verdade, nem lembrei de que me dou livros de aniversário, então nem precisei exercer meu autocontrole.

Acho que finalmente me acostumei a não comprar livros. Antes ficava doida quando via algum lançamento, agora estou mais tranquila. Claro que a vontade não passou – e acredito que nunca vai passar -, mas não estou sofrendo e isso é bom. 

Fevereiro não teve livros novos, mas recebi uma ótima notícia literária: Fui renovada para o Time de Leitores do Grupo Companhia das Letras!

A instituição tem vários selos, sendo os mais conhecidos deles a própria Editora Companhia das Letras, a Editora Seguinte, a Editora Paralela, a Editora Suma, a Editora Objetiva e a Editora Alfaguara.

Foto @casosacasoselivros

Ano passado recebi vários livros incríveis do grupo e mal posso esperar para ver quais vão ser os lançamentos de 2019!

Foram 10 meses. Só faltam 2.

Teca Machado

segunda-feira, 18 de março de 2019

The Umbrella Academy - Crítica


The Umbrella Academy, da Netflix, é uma série, estranha, divertida, quase non-sense, que trabalha o psicológico dos personagens, coloca dramas familiares ao mesmo tempo que insere cenas de ação com músicas animadas. Excêntrica é uma palavra para descrever. Tinha tudo para ser uma mistura ruim, mas é improvavelmente muito bom. 


Baseada nas HQs de mesmo nome de Gerard Way (ex-vocalista do My Chemical Romance) e do artista brasileiro Gabriel Bá, na Dark Horse Comics, a trama começa com o nascimento de 43 crianças no mesmo dia em 1989, concebidas de forma muito misteriosa. Sete delas, que tinham poderes, foram adotadas por Reginald Hargreeves (Colm Feore), que criou a Umbrella Academy e formou uma família de heróis. Mas como fruto de uma criação fria, rígida e cruel, os sete se tornaram altamente disfuncionais quando adultos e afastados um dos outros. Quando Reginald morre, eles se juntam para a despedida e, então, precisam evitar que uma catástrofe de proporções globais aconteça. 

O mote de The Umbrella Academy é o relacionamento entre os irmãos, que desde quando eram crianças é problemático. Cada um deles vive seus demônios internos, geralmente relacionados às suas habilidades, ou falta delas no caso de Vanya (Ellen Page, por quem eu tenho um ranço eterno e gratuito há anos). Com vidas pessoais atribuladas e perdidas, quando se juntam as diferenças e divergências entre todos ficam ainda mais evidentes.


Todos os irmãos têm arcos dramáticos interessantes e bem trabalhados, principalmente Cinco (Aidan Gallagher), que estava desaparecido há anos e retorna com notícias terríveis. O roteiro não deixa que nenhum seja esquecido - a não ser Ben (Justin H. Min), que já morreu, mas fica claro que saberemos em breve o que aconteceu com ele, assim como com o próprio Reginald, de quem no último episódio temos um vislumbre da sua história. Há ainda o arco de Hazel (Cameron Britton) e Cha-Cha (Mary J. Blige), que perseguem Cinco por motivos que vão sendo explicados durante a temporada.

O visual de The Umbrella Academy tem todo o toque de excentricidade que a história pede. Figurino, fotografia e cenas de ação, são todos um tanto estilosos e diferentões, com movimentos de câmera que parecem mudar de personagem para personagem e refletem muito das personalidades deles. E os efeitos especiais são muito bacanas, principalmente quando estamos falando de Pogo (Adam Godley), o assistente de Reginald, que é um chipanzé. Realmente tem a qualidade dos símios que aparecem em Planeta dos Macacos.

Irmãos Hargreeves quando crianças

Um dos meus pontos preferidos da série foi a trilha sonora e a maneira como foi encaixada no roteiro. Músicas principalmente antigas tocam em momentos inesperados, como quando Cinco está fugindo dos seus perseguidores dentro de uma loja de departamentos ao som de Don’ Stop Me Now, do Queen. Não consigo parar de escutar Dancing In The Moonlight, de Toploader, e I Think We’re Alone Now, de Tiffany, que é parte de uma excelente cena do primeiro episódio em que todos os membros da família dançam cada um em um cômodo (e os atores improvisaram os passos).


Os quadrinhos têm toda uma estranheza que, dizem, não ter sido passada para a série, apesar de que ela tem uma pegada “esquisita”. E apesar de se passar em 2019, é muito diferente do mundo em que vivemos hoje. Por exemplo, a tecnologia é inexistente, visto que não tem celulares, os carros são super antigos e as imagens são em fita-cassete. Mas, por outro lado, a robótica é altamente avançada (a mãe deles é um robô muitíssimo igual às pessoas) e o assistente de Reginald é um chipanzé que fala. 


A Netflix lançou The Umbrella Academy há algumas semanas e tem 10 episódios entre 40 e 50 minutos. A gente assiste rapidinho, ainda que na metade alguns momentos parecem meio lentos, ganhando fôlego nos episódios finais. A série ainda não foi renovada para a segunda temporada, mas provavelmente vai ser (e precisamos que seja, porque terminamos com um cliffhanger gigantesco).

Recomendo bastante.

Teca Machado

segunda-feira, 4 de março de 2019

Livros sobre livros


Se você está aqui, podemos afirmar com certeza que você gosta de livros e de literatura, certo? Leituras fazem parte da sua vida. E quando a leitura fala sobre literatura? Fica melhor ainda! Provavelmente você já leu alguma obra que tem como foco essas histórias maravilhosas que amamos. Pensando nisso, trouxe um apanhado de livros que falam sobre livros.

1- Trilogia Mundo de Tinta, de Cornelia Funke – Resenha aqui


O mais legal dessa trilogia, composta por Coração de Tinta, Sangue de Tinta e Morte de Tinta, é que nela se realiza um dos maiores sonhos de todo leitor: trazer para o mundo real os personagens da história ou ser transportado para o universo literário. “Meggie e seu pai Mo têm uma habilidade especial: Tudo o que leem em voz alta vai para fora das páginas. Mas quando trazem para o mundo real Capricórnio, um terrível vilão, precisam consertar seus erros”. O primeiro volume foi transformando em filme e tem Brendan Fraser no papel principal.


2- Amor nas Entrelinhas, de Katie Fforde


Não sobre livros propriamente ditos, essa obra fala sobre o mercado editorial e quem trabalha nele. “Prestes a ficar desempregada, Laura Horsley acha que o convite para ajudar na organização de um festival literário veio bem a calhar. Mas quando recebe a missão de convencer o famoso escritor Dermot Flynn a comparecer ao evento, ela é dominada pelo pânico. Dermot é temperamental, nunca sai de casa e enfrenta um bloqueio criativo. É também o escritor favorito de Laura, além de extremamente atraente e dono de uma longa lista de conquistas amorosas”.


3- Um Best-Seller Para Chamar de Meu, de Marian Keyes – Resenha aqui


A irlandesa Keyes é famosa pelos seus livros divertidos, engraçados e que nos emocionam. Nesse enredo com três protagonistas não é diferente. “No seu caminho para o sucesso, a agente literária Jojo Harvey não esperava se apaixonar por um dos seus chefes – e justamente o casado. O romance de estreia de Lily Wright, cliente de Jojo, é um sucesso instantâneo, mas seu segundo livro se nega a sair de sua cabeça, enquanto lida com a culpa de ter roubado o namorado de sua melhor amiga. Enquanto isso, os e-mails hilários da recém-abandonada Gemma Hogan chamam a atenção de Jojo, que a aceita como cliente”.


4- O Nome da Rosa, de Umberto Eco


Esse é um famoso conhecido! Transformado em filme em 1983, com Sean Connery, pela sinopse você não pensa que é um livro sobre livros, mas é bastante. “Durante a última semana de novembro de 1327, em um mosteiro franciscano na Itália, paira a suspeita de que os monges estejam cometendo heresias. O frei Guilherme de Baskerville é, então, enviado para investigar o caso, mas tem sua missão interrompida por excêntricos assassinatos. A morte, em circunstâncias insólitas, de sete monges em sete dias, conduz uma narrativa violenta, que atrai o leitor por seu humor, crueldade e erotismo”.


5- Fahrenheit 451, de Ray Bradbury


Escrito logo após a Segunda Guerra Mundial, quando a propaganda nazista anti-intelectual estava muito viva na cabeça das pessoas, essa é uma distopia considerada clássica. “Num futuro incerto, mas próximo, um governo totalitário proíbe qualquer livro ou tipo de leitura, prevendo que o povo possa ficar instruído e se rebelar contra o status quo. Tudo é controlado e as pessoas só têm conhecimento dos fatos por aparelhos de TVs instalados em suas casas ou em praças ao ar livre.




E vocês, tem mais algum livro sobre livros para me indicar?

Teca Machado

sexta-feira, 1 de março de 2019

Os Números do Amor - Resenha


Não são tantos os livros que tratam de autismo e dos espectros da condição, mas Os Números do Amor, de Helen Hoang, da Editora Seguinte, que recebi como parte do Time de Leitores do Grupo Companhia das Letras, é um deles. A obra foi escolhida como o melhor romance no Goodreads Choice Awards em 2018 e já tem uma continuação prevista para esse ano ainda, mas focando a história de outros personagens que não os protagonistas.

Fotos @casosacasoselivros

Stella Lane é um gênio dos números. É tão apaixonada por matemática, que fez dela a sua carreira, na qual é muito bem-sucedida. Mas outros aspectos da sua vida não são tão bons assim. Como portadora da síndrome de Asperger, um dos espectros do autismo, é altamente funcional, mas tem muita dificuldade em se relacionar com outras pessoas e de participar de interações sociais. Nunca sabe o que dizer ou como se portar. Com sua família pressionando para que arrume um namorado, Stella decide que precisa aprender como manter um relacionamento. Assim, contrata os serviços de Michael Phan, afinal, quem melhor do que um acompanhante de luxo para passar seus conhecimentos para ela?

Sabe aquela leitura que deixa o seu coração quentinho? É assim com Os Números do Amor. Apesar das cenas mais calientes – sim, Michael faz Stella descobrir muitas coisas boas na vida e acompanhamos esse processo – o livro é muito fofo e cheio de amor, porque os protagonistas vão criando uma cumplicidade e descobrem que a necessidade um do outro é mútua.

Helen Hoang
Stella tem suas dificuldades de relacionamento e é autista, mas Michael, descendente de vietnamitas e anglo-saxão (uma mistura bem sexy, por sinal), também tem seus problemas, que Hoang vai nos revelando aos poucos, apesar de que muito é possível que o leitor desconfie com os passar das páginas. E ele não é um simples acompanhante que vai ensiná-la sobre sexo e pronto. Ele é muito mais complexo e completo do que isso. Ambos os personagens são muito bem construídos na narração alternada entre eles feita em terceira pessoa. E o núcleo do Michael é muito interessante porque sua família é ótima de acompanhar, principalmente suas inúmeras irmãs, sobre quem provavelmente é o próximo livro.

Há cenas de sexo, claro, afinal, é isso que Stella deseja aprender e é com isso que Michael trabalha, mas Hoang em hora nenhuma deixou pesado ou exagerou a mão. Esse não é o foco da história, e sim o respeito sem preconceito e o amor que cresce entre Stella e Michael.

Helen Hoang trata o autismo com uma delicadeza profunda. E isso é fruto da sua própria experiência. Já adulta a escritora descobriu ser portadora da mesma síndrome que Stella e relata sua dificuldade ao longo da vida, porque nunca recebeu um diagnóstico. Desse modo, a construção personagem é a de alguém que realmente entende a condição e isso faz toda a diferença.

A leitura é fluida, fofa e com certeza vai de deixar com um sorriso no rosto. Sei que me deixou.


Recomendo.

Teca Machado

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