Estamos quase no Natal e cheguei com mais uma resenha natalina! Hoje o filme é Crônicas de Natal, do diretor Clay Kaytis, com Kurt Russel no papel de Papai Noel e também produção original Netflix.
Seguindo uma linha bem diferente dos últimos filmes temáticos que comentei no blog (A Princesa e a Plebeia aqui e O Feitiço de Natal aqui), Crônicas de Natal não tem a vibe Halmmark e nem é um romance. Ele é aquele filme natalino para toda família com um Papai Noel badass, crianças fofas, elfos bonitinhos e mensagem de amor e família, típico dessa época do ano.
O filme conta a história dos irmãos Pierce. Kate (Darby Camp) é uma garotinha de 11 anos que ainda acredita em Papai Noel e Teddy (Judah Lewis) é um adolescente revoltado desde que perdeu o pai. Esse é o primeiro Natal da família sem ele, que amava as comemorações e era a alma dos Pierces. Na véspera de Natal, a mãe (Kimberly Williams-Paisley) precisa trabalhar, deixando os irmãos sozinhos. Após uma chantagem, Kate convence Teddy a tentar filmar o Papai Noel e eles surpreendentemente conseguem, tanto que fazem com que ele sofra um acidente de trenó, o que atrasa a entrega de presentes e pode acabar com o espírito natalino no mundo.
Crônicas de Natal é fofo e divertido, mas ele não seria nem metade do que é se não fosse pelo carisma de Russel. Seu Papai Noel é mais moderno, mais esbelto ("por que eles insistem em me desenhar tão grande? Minha bunda não é desse tamanho"), que não fala Ho Ho Ho ("isso é mito!"), que dirige carros esportes e canta Blues na cadeia com uma galera presa na véspera de Natal (e que é uma banda de verdade). Ele é bonzinho, afinal, o Papai Noel precisa ser o bom velhinho, mas não é ao extremo, o que o deixa muito mais humano e identificável. O papel caiu como uma luva nesse sessentão que está voltando à Hollywood. Com uma barba que disseram ser 80% natural, roupa de couro que em muito lembra a original, mas com um ar muito mais bonito e descolado, Russel é o melhor Papai Noel.
O roteiro não tem nada de extremamente original, mas é divertido e com doses certas de emoção e de comédia, vinda principalmente das ótimas tiradas de Russel. Várias vezes ele encontra adultos que se recusam a acreditar que ele é o verdadeiro Papai Noel, mas ele os convence ao saber de tudo de suas vidas e trazendo presentes que queriam na infância. O único problema foi a sensação de que o espírito natalino só existe se houver presentes. Ali, sem eles o Natal não acontece, mas a gente releva, porque afinal é um filme sobre o Papai Noel, né?
O visual de Crônicas de Natal é muito bonito, mesmo ao usar muito CGI. Tem quase um ar de história em quadrinhos, com muitas cores. O escritório de São Nicolau no Polo Norte é aconchegante, do jeito que deveria ser. E a direção de arte na cena musical da cadeia é quase brega e deliciosa de assistir.
Kurt está tão inserido no filme que parte dele gira em torno da sua vida real. Temos uma pequena participação de Goldie Hawn, sua esposa, como a Sra. Noel e muitos dos nomes das crianças em sua lista de presentes são de seus filhos e netos. Achei esse um toque fofo.
A Netflix divulgou que na primeira semana que o filme estava disponível foi visto mais de 20 milhões de vezes. Isso é um marco para carreira de Russel, porque nunca uma produção em que esteve teve uma estreia tão boa. Isso só mostra a força do streaming.
O sentimento que fica ao final de Crônicas de Natal é o de coração quentinho e de que se existisse mesmo o Papai Noel, ele deveria ser Kurt Russel. O filme é fofo e daqueles que vou querer ver mais algumas vezes em outros Natais.
Recomendo bastante.
Teca Machado