sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Graça e Fúria - Resenha


Uma frase que pode descrever Graça e Fúria, de Tracy Banghart, é “mulheres fortes inspiram medo”.

Foto @casosacasoselivros

Em tempos de histórias como O Conto da Aia (The Handmaid’s Tale), de Margareth Atwood, vemos a importância de quando mulheres são resistência e lutam contra o domínio masculino que as inferiorizam. Vemos no mundo real sociedades em que elas são tratadas como nada, assim como livros e filmes. E Graça e Fúria, que recebi da Editora Seguinte (Companhia das Letras), segue essa premissa de forma envolvente. 

No reino de Virídia, as mulheres não podem aprender a ler e escrever, não podem escolher seus maridos, não têm voz. Suas únicas opções são trabalhar em fábricas, serem criadas ou aias. A não ser aquelas mais bonitas e delicadas, que treinam a vida inteira para serem Graças. O superior, rei nesse universo, a cada ano escolhe três Graças, mulheres para servi-lo, construindo assim um harém.

Tracy Banghart
É uma honra e uma vida de luxo que dificilmente conheceriam em outro lugar. Serina é uma garota que nasceu para o cargo. Sua vida foi dedicada a ser a melhor Graça possível. Já sua irmã Nomi nunca entendeu essa obsessão. Ela é uma rebelde. Aprendeu a ler escondido, não aceita as regras e deseja ardentemente poder fazer tudo o que seu irmão gêmeo faz. E então Serina vai para a primeira seleção de Graças do herdeiro, com Nomi como sua aia. Mas ele faz o impensável: escolhe Nomi ao invés de Serina, que acaba sendo enviada para a prisão. As duas irmãs, então, se veem presas numa vida que não desejam.

Graça e Fúria é um young adult bem empoderado. Quando comecei a ler imaginei que iria gostar da leitura. A capa, apesar de bonita, não me chamou tanto a atenção, me passou um ar quase infantil. Ainda assim, fiquei curiosa e havia visto uma resenha muito positiva. Então escolhi como a leitura da vez e posso dizer que não me arrependi nem um pouco. Depois das primeiras 40 páginas, que não me envolveram muito porque estava inserindo o contexto e o universo ao leitor, devorei o livro em poucos dias.

De início você pensa que vai se apaixonar apenas pelo espírito rebelde e desafiador de Nomi e que Serina será uma personagem chata que teremos que engolir (me lembrou Sansa no início de Game of Thrones). Mas com o passar dos capítulos, ambas as garotas precisam de moldar para sobreviver, ao mesmo tempo que sentem a necessidade de mudar, de alguma maneira, a realidade das mulheres de Virídia. E assim é impossível não gostar das duas, talvez um pouco mais de Serina porque sua situação é pior e o seu crescimento maior.

As personagens são muito bem trabalhadas, assim como o ambiente em que cada uma está inserida. É um contraste muito grande. Enquanto Nomi quase se afoga em rendas e sedas, se sente presa no meio do luxo e fartura, Serina está num inferno na terra, lutando para ter o que comer e beber, mas de certa forma livre de todas as obrigações que foi imposta durante a vida. E ainda há os personagens secundários, que são bem interessantes. As mulheres presas com Serina são um ponto forte do livro, assim como Val, o guarda que está sempre por perto. E no núcleo de Nomi não podemos deixar de destacar o herdeiro, Asa, seu irmão mais novo, e Maris, uma das outras Graças.

Frase de abertura de Graça e Fúria

Ainda que com alguns clichês do gênero, como um triângulo amoroso – mas não se preocupe, isso está longe de ser o foco ou ter muito destaque na história -, e o crescimento principalmente de Serina, Graça e Fúria tem plot twists e reviravoltas, algumas surpreendentes e outras nem tanto. Me envolvi totalmente na história das irmãs e não conseguia parar de ler, principalmente nas páginas finais.

E por falar nisso, ai, céus! Tracy Banghart nos deixa um cliffhanger daqueles dos mais absurdos possíveis e tudo o que eu consegui pensar por uns dois dias foi “eu preciso logo do segundo livro”, que felizmente está quase sendo lançado lá fora e em breve a editora deve trazer para nós.

Graça e Fúria é feminista, empoderado, cheio de girl power, envolvente e ótimo. É uma daquelas leituras que te deixa feliz por existir a literatura e não viver em Virídia, onde se você for mulher nunca poderia ler.


Recomendo bastante.

Teca Machado

22 comentários:

  1. Olá!
    Você começou a resenha com O Conto da Aia e eu já amei. Não tinha ideia que o livro falava sobre isso, foi uma surpresa. Amo histórias com esse tipo de assunto porque é necessário e faz pensar, apesar de ser bem claustrofobico. Vou confessar que a capa não me interessou tanto, mas depois dessa resenha e dessa história que acabei de descobrir, quem se importa? Com certeza eu irei ler!
    Beijos

    Our Constellations

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Ana!
      Assim como você, a capa não me chamou a atenção, mas uau, que livro!
      Vale a pena demais.
      Você vai gostar.

      Beijoooos

      Excluir
  2. Oi Teca,
    Adorei a resenha e fiquei ainda mais animada pra ler.
    Imagino o horror e raiva que irei passar diante de algumas dessas situações, o mesmo quando assisto The Handmaid's Tale, mas o pior é que muitas dessas abordagens soam tão real que dá uma tristeza maior.
    Também acho a capa linda. Espero ler em breve e amar!

    até mais,
    Nana e Leticia - Canto Cultzíneo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Nana!
      Nossa, a gente vai ficando com raiva total desses situações.
      É bem triste, mas muito necessário.
      Esse livro é incrível!

      Beijooos

      Excluir
  3. Oi, Teca!
    Menina, eu até queria ler esse livro, mas vou esperar o hype passar um pouco. Fora que essa capa realmente passa a intenção de que ele é infantil..
    Beijos
    Balaio de Babados
    Natal Literário 2018: 5 kits, 10 ganhadores. Participe!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Lu, esquece a capa e se jogar no livro.
      Gostei demaaaaaaaais!

      Beijoooos

      Excluir
  4. Super amei *-*

    Beijos,
    www.thalitamaia.com

    ResponderExcluir
  5. Oi Teca,
    Esse livro está na minha lista de desejados há algum tempo, mas eu ainda não consegui comprá-lo. Acho que vou devorar! Tem tudo o que eu gosto e essa coisa de emponderamento é tão necessária nos dias de hoje. QUERO!!!!
    P.S.: Li sua crítica de Aquaman e não vejo a hora de ver o filme, vou na terça *-*
    Beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  6. Oi Teca! Adorei a resenha!
    Esse livro já está na minha listinha, mas ainda não consegui adquirir. Estou de olho nele! *-*
    Que frase de abertura, hein? Precisamos de mais livros assim!
    Bjs
    http://acolecionadoradehistorias.blogspot.com

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Carol, fica de olho mesmo.
      Não deixe esse livro passar.
      :D

      Beijooos

      Excluir
  7. Oi Teca,

    Esse livro está na minha lista de leitura desde que saiu. Sabia que era bom.
    Só estou esperando uma promoçãozinha para comprar.
    Bjs e uma boa semana!
    Diário dos Livros
    Siga o Instagram

    ResponderExcluir
  8. Oi Teca, tudo bem?
    Uau, adorei essa dica! Achei incrível que duas protagonistas fortes - cada uma a seu modo - sejam bem trabalhadas. Já fiquei morrendo de vontade de conferir!
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Priih!
      São duas protagonistas muito diferentes, mas fortes para caramba.
      Vale a pena, viu?

      Beijooos

      Excluir
  9. Oi, Teca

    Eu recebi o livro há algumas semanas e fiquei super animada, pois li resenhas maravilhosas e sua só veio acrescentar mais.
    Essa capa também me passa essa coisa mais infantil, acho que a história merecia uma capa melhor, mas o importante é o conteúdo que pelo visto vai ser uma leitura e tanto, estou ansiosa!

    Beijos
    - Tami
    https://www.meuepilogo.com

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Tami, a capa estrangeira é muito mais bonita.
      Mas a história é incrível, então a gente releva.
      :D

      Beijooos

      Excluir
  10. Se eu não me engano já li outra resenha sobre esse livro e fiquei muito entusiasmada para conhecer a história, por incrível que pareça eu amei a capa, achei os detalhes lindos e não me lembrou história infantil.

    www.kailagarcia.com

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Kaila, eu achei linda a capa, mas passa uma impressão mais doce do livro, sabe?
      Ele é muito mais do que isso.
      E a história é incrível. Leia que você vai gostar.

      Beijooos

      Excluir
  11. Oi, Teca
    Eu queria muito ter recebido esse livro da editora, infelizmente não fui uma das escolhidas mas quero muito ler por causa do tema e por trazer essa diferença de personalidades entre as irmãs, além de mostrar o empoderamento feminino em uma sociedade machista de época. Já quero pra ontem!

    Beijo
    http://www.capitulotreze.com.br/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Aaah, que pena, Mika!
      Mas quando puder, leia. Você vai gostar, tenho certeza.
      É incrível e super girl power.

      Beijoooos

      Excluir

Tecnologia do Blogger.