Bohemian Rhapsody - Crítica
Uma lenda. É assim que podemos descrever Freddie Mercury. Bom, também podemos chama-lo de extraordinário, incrível, genial e outros adjetivos, mas ele foi uma lenda.
Freddie Mercury é uma figura que faz parte da minha vida. Com um pai roqueiro, cresci ouvindo o Queen. E sempre fui apaixonada pelas músicas, pela voz e pela dramaticidade de Mercury. Por isso fiquei muito ansiosa para assistir Bohemian Rhapsody, filme biografia não só do vocalista – apesar de ser a peça central -, mas de todo o quarteto. Assisti há dias, mas a sensação de arrepio ainda não passou. Quando as luzes do cinema acenderam tudo o que eu conseguia pensar era que eu estava maravilhada e que foi uma das melhores produções que assisti esse ano.
Bohemian Rhapsody tem uma linearidade cronológica e vemos Farrokh (nome real de Freddie) desperdiçado trabalhando no aeroporto, até que conhece Brian (Gwilym Lee) e Roger Ben Hardy) logo após o vocalista da banda que tinham sair e se oferecer para a vaga. A partir de então acompanhamos a ascensão do Queen – e a adição de John (Joseph Mazzello), o relacionamento de Freddie com Mary (Lucy Boynton), as criações, as brigas, a sexualidade do vocalista, a vida desregrada e cheia de sexo, drogas e festas de Mercury que culminam na descoberta da aids do cantor até o famosíssimo show da banda no Live Aid em 1985, que é considerada uma das maiores performances de rock da história.
Se tem uma coisa que podemos dizer de Rami Malek, que interpreta Freddie, é que o ator está extraordinário. Tudo bem que a prótese dentária que usa incomoda no início e parece falsa, mas depois a gente até esquece. Seus trejeitos, modo de falar, dançar, se mover pelo palco, tudo se assemelha incrivelmente a Freddie, principalmente nos momentos em que está no palco. Claro que Malek não tem a potência vocal de Mercury (bom, ninguém jamais vai ter), mas misturaram a voz do ator, com gravações originais e com a de mais um cantor e ficou muito boa. Se Malek não ganhar o Oscar de Melhor Ator no ano que vem vai ser uma injustiça tremenda.
Apesar de ser uma biografia que chamam de “chapa branca” (oficial do Queen e que pode tirar alguns dos momentos mais controversos da história), ela é considerada bem real, ainda que alguns fatos tenham sofrido pequenas mudanças para que cinematograficamente fique melhor. Mas os diretores Brian Singer e Dexter Fletcher não se furtaram de mostrar os escândalos da vida de Freddie e sua sexualidade, até porque fazer isso é basicamente apagar parte da personalidade do vocalista. Há cenas dos relacionamentos homossexuais dele, mas bem leve e nada que vá chocar a ninguém, assim como de consumo de drogas. Ele aparece chapado, louco e até mesmo há rastros de cocaína na mesa em certa cena, mas não é tão explícito.
Freddie era uma diva, melodramático, insano, egoísta, dava ataques, mas ao mesmo tempo era genial, divertido e muito solitário, perdido em si mesmo. Fica bem claro que o Queen só era quem era por causa dele, mas também que Freddie só alcançou o que tanto desejou por causa de Roger, Brian e John. Os três foram importantes na formação dele, mas não podemos esquecer de Mary, o amor da sua vida, tanto que a música Love of My Life escreveu para ela. Sim, ele era gay, mas a sua relação com Mary ia além disso, tanto que ela é a única que sabe onde estão as cinzas do cantor e ele deixou grande parte dos seus bens para ela e seu filho, seu afilhado.
Há alguns problemas no filme, principalmente de roteiro. O ponto principal são os relacionamentos tão importantes ao protagonista que foram mal trabalhados. A sua relação com Mary parece superficial e não sentimos a profundidade do que realmente foi, assim como a interação com os outros membros da banda e sua família. Na direção Bohemian Rhapsody teve sérios revezes. Brian Singer saiu do projeto quando 2/3 dele já estavam filmados e Dexter Fletcher assumiu. O estúdio alegou problemas de saúde, mas foi divulgado na imprensa que ele e Malek tiveram muitos entraves por visões divergentes, além de o diretor se atrasar constantemente e não aparecer em vários dias de filmagem.
A fotografia do filme, assim como sua edição, é muito bonita. Os figurinos são iguais aos usados por Freddie, e é possível ver discretamente a passagem do tempo pelas roupas, dos anos 1970 aos 1980. E não podemos deixar de lado a trilha sonora, afinal, essa é uma produção altamente musical. Claro que há canções do Queen o tempo todo, algumas delas inclusive mostrando o processo de criação. Mais tempo é dedicado à música que dá título ao filme, que é uma das mais icônicas do mundo. E quando finalmente chegamos na sequência do show do Live Aid, MINHA NOSSA, como eu fiquei arrepiada! Há poucos meses assisti a apresentação real e foi tão precisamente histórica a versão do filme que é impossível não se emocionar.
Para quem gosta do Queen, Bohemian Rhapsody é delicioso de assistir. Para quem não conhece o Queen, é uma ótima oportunidade para se apaixonar. E para quem não gosta, precisa ir ao cinema para se render à Freddie Mercury de uma vez por todas. Décadas se passaram, mas Queen nunca vai perder sua majestade.
Recomendo muito.
Teca Machado
Oi, Teca!
ResponderExcluirPreciso assistir o filme pra ontem, parece ser mesmo extraordinário! Adoro o Queen e o Freddie mais do que perecia um filme dele <3
xx Carol
http://caverna-literaria.blogspot.com
Oi, Carol!
ExcluirNossa, é maravilhoso demaaaaaaaaaaais!
Beijooos
Oi
ResponderExcluirestou bem curiosa para assistir o filme e estou lendo muitos elogios dele, parece ser muito bom, pena que vai demorar para assistir, já que não moro em lugar com cinema.
http://momentocrivelli.blogspot.com
Poxa, se eu não morasse em lugar com cinema ia ficar doidinha, hehe.
ExcluirBeijooos
Oi Teca,
ResponderExcluirEstou roendo as unhas para ir ao cinema. Acho que vou me arrepiar, me emocionar e lembrar muito do meu pai.
Foi ele quem me ensinou a amar o Queen. Será uma nostalgia maravilhosa!
beijos
http://estante-da-ale.blogspot.com/
Ale, foi o mesmo aqui em casa.
ExcluirMeu pai me mostrou Queen quando criança e foi amor à primeira vista.
Beijooos
Poxa, parece um filme de primeira categoria mesmo! Não sou aficionado em rock mas sei da importância que o Freddie teve para o cenário da música mundial. Pelo visto, esse lado mais obscuro (por assim dizer) da vida dele se assemelha aos problemas enfrentados por outros artistas como Cazuza, Jimi Hendrix, Amy (<3) e outros. É difícil e bem pesado manter-se no topo.
ResponderExcluirAdorei a resenha, beijos!!
rapeizedinamica.biz
Oi, Lincoln!
ExcluirEsse filme é para quem gosta de música e de um bom intérprete. Nem precisa gostar de rock.
Pois é. Esse problema é recorrente no mundo musical, infelizmente.
Beijoos
Oi Teca!!!!
ResponderExcluirAcho que vou tentar ir ver essa semana ou semana que vem... To doidinha pra assistir!
Meu amigo ja assistiu mas eu ainda não rs
Adorei a sua resenha, pena que tenha algumas falhas de roteiro mas acho que vale a pena de qualquer forma, né?
Beijocas da Pâm
Blog Interrupted Dreamer
Nossa, é maravilhoso, Pam!
ExcluirEspero que tenha conseguido assistir.
:D
Quem liga para falha de roteiro num filme e numa atuação tão maravilhosos?
Beijooos
Eu não estava tão afim de assistir ao filme, apesar de curti muito a banda e ser fã do Freddie, estou vendo tantos comentários positivos e lendo tudo que você escreveu sobre o filme, acho que preciso assistir... Aliás, a caracterização e os cenários estão incríveis!!
ResponderExcluirBeijos,
www.dosedeilusao.com
Oi, Fran!
ExcluirUai, se você gosta dele e da banda precisa assistir.
É beeeeeeeem maravilhoso!
Beijooos
Ótimo filme, impecável atuação de Rami Malek, mas com graves problemas no roteiro, na cronologia e na adaptação da realidade para a ficção. Como Brian May é um dos produtores executivos de Bohemian Rhapsody, tá na cura que houve um viés difamatório e moralista em relação ao Freddie Mercury. Recomendo um texto bem legal que fala sobre a forma como o vocalista do Queen foi tratado no filme, uma imagem muito distorcida se comparado com a realidade: "A moral da história de Bohemian Rhapsody", do The Cine Buzz Stop, na plataforma Medium.
ResponderExcluirhttps://medium.com/@thecinebuzzstop/a-moral-da-hist%C3%B3ria-de-bohemian-rhapsody-b9a9aae08eeb