sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Em Pedaços, série Recomeços - Resenha


Quando li Mais Que Amigos, da Lauren Layne, que recebi da Editora Paralela (Companhia das Letras) – resenha aqui – fiquei tão apaixonada pelo modo dela escrever e pela maneira deliciosa que construiu o maior dos clichês, que soube que queria ler muito mais da autora. Por sorte o grupo editorial me enviou logo depois Em Pedaços, também dela, o primeiro volume da série Recomeços. E posso dizer que gostei ainda mais desse do que do anterior.


Em Pedaços é uma releitura moderna de A Bela e a Fera. Temos aqui um veterano de guerra com sequelas físicas e emocionais do seu tempo no Afeganistão e uma garota que deseja fugir da sua vida depois de partir o coração das duas pessoas que mais amava. Ele deseja se afundar em autopiedade e desespero. Ela procura uma espécie de redenção.

Paul voltou do Iraque há alguns anos, mas simplesmente não consegue seguir em frente. Seu rosto possui cicatrizes, uma das suas pernas sofreu danos e ele viveu momentos de horrores em que perdeu amigos e parte da sua vontade de viver. Já Olivia faz parte da nata da sociedade nova-iorquina, mas decepcionou seu namorado e seu melhor amigo e simplesmente não consegue mais ficar na cidade, perto de tudo e todos. Ela quer absolvição dos pecados, então vai para o Maine, no cargo de cuidadora de um veterano de guerra. Imagina que irá encontrar algum homem com sérias restrições físicas, mas na verdade trabalha para Paul, que apesar das marcas e de um mau-humor terrível, é um homem lindo e que desperta emoções que ela nunca sentiu.

A leitura de Em Pedaços é fluida e deliciosa, me conquistando logo no começo. Como a história é contada em primeira pessoa em capítulos alternados entre os dois protagonistas, temos uma visão bem mais intimista e completa do enredo. Conhecemos Paul a fundo e todo o motivo por ter aparentemente desistido do mundo, assim como Olivia e tudo o que essa jornada pelo Maine muda nela.

Lauren Layne
Tanto Olivia quando Paul são bem construídos. Claro que as feridas emocionais dele são muito mais profundas e complexas do que as dela, mas nem por isso a autora desmerece o sofrimento que a personagem tem. Ambos se encontram num momento em que precisam de cura e de alguém que os diga que são bons, e encontram isso um no outro. Paul é terrível, mau humorado, grosso e mesmo manipulador, mas seu coração é enorme – ainda que destruído – e a mudança que a chegada de Olivia tem nele é visível. Aos poucos e de maneira muito natural Lauren Layne nos apresenta o Paul verdadeiro, por baixa das armaduras da dor. E Olivia era a moça fofa, boa e doce, que perto do seu veterano de guerra descobre um lado atrevido, sarcástico e sexy, além de tudo o que já era. Sim, ela errou, mas quem nunca? Ela se pune diariamente e quer pagar pelos problemas que causou.

Em Pedaços é considerado um livro adulto, por conter cenas de sexo. Tem até mesmo um aviso na capa do livro, mas já li outros muito mais “pesados” que não continham essa recomendação. Lauren Layne não pesa a mão, não coloca cenas calientes só por colocar. Pelo contrário, todas as vezes que há algo nesse sentido tem um motivo para o enredo. Não é só sexo por sexo, como aconteceu em Despertar, de Nina Lane, e me incomodou muito. E fiquei muito feliz que a autora não exagerou em quantidades de cenas do tipo, o que é ótimo para o desenrolar da história.

Esse primeiro volume da série Recomeços me fez suspirar em vários momentos e mesmo emocionar em outros. A dor deles foi mostrada de uma maneira que fez com que eu me importasse. E isso é um dos pontos positivos do livro. Quando o autor faz com que você se importe com os personagens, cumpriu seu objetivo.

Não consegui achar notícias do livro dois de Recomeços, mas há o e-book de Como Num Filme, que é o prequel da série e, é claro, me deixou muito interessada. Porque como eu disse quando li Mais Que Amigos, quero tudo de Lauren Layne.

Em Pedaços se passa no Maine, uma região dos Estados Unidos lindíssima, com praias muito bonitas e que valem a pena receber uma visita. Se for passar uns dias no local, que tal procurar seu hotel no Booking?

Praia na região do Maine

Recomendo.

Teca Machado


quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Elite - Crítica


Impossível não lembrar de Gossip Girl ao assistir Elite, da Netflix, com toda a questão de uma escola de alta classe, figurinos bonitos e enredo que mistura de alunos muito ricos com outros que não são do mesmo nível da pirâmide social. E é impossível também não lembrar de La Casa de Papel, já que três atores dela estão no elenco e é uma produção espanhola. Confesso que comecei a assistir Elite acreditando que seria uma série bem adolescente, com os dramas e problemas da idade, de certa forma leve, mas encontrei algo muito mais profundo, misterioso e mesmo “pesado”. E isso foi uma grata surpresa, por ser realmente inesperado.


Após o desabamento do teto da escola em que estudavam, três adolescentes – Samuel (Itzan Escamilla), Christian (Miguel Herrán, o Rio de La Casa de Papel) e Nadia (Mina El Hammani) – ganham bolsa para um colégio de elite, onde os líderes do futuro da Espanha estão. Em meio a todo estranhamento causado ao inserir novos “espécimes” no habitat, como uma das alunas diz em certo momento e todos os dramas de relacionamentos da idade, o assassinato de Marina (María Pedraza, a Alison de La Casa de Papel) acontece. Com uma cena inicial mostrando Samuel todo ensanguentado dizendo ser inocente e flashbacks e cenas do presente, Elite vai construindo um enredo que prende e surpreende o espectador e nos leva até a descoberta de quem matou Marina.

O grande acerto da série foi colocar temas importantes em meio a uma série que poderia ser superficial. Em basicamente todos os episódios da primeira temporada há alguma crítica social, ou pelo menos um apontamento de problema. Temos Marina, que é portaria do vírus HIV, Nano (Jaime Lorente, o Denver, de La Casa de Papel), um ex-presidiário que está afundado até o pescoço em problemas com dívidas, Guzmán (Miguel Bernardeau), o típico playboy valentão, irmão de Marina que convive com o fato de que o pai é um corrupto, Omar (Omar Ayuso), mulçumano, gay e traficante, que precisa esconder dos pais quem é de verdade, Nadia que sofre preconceito por usar o véu da religião nos cabelos, Lucrecia (Danna Paola), que acredita que sua posição social a coloca acima de todos, Polo (Álvaro Rico) e Carla (Ester Expósito) que tem uma relação amorosa tediosa e desejam voyeurismo e poligamia e outros.




O elenco foi bem escolhido e há bons atores ali. Miguel Herrán e Jaime Lorente já conhecia de La Casa de Papel, mas se mostraram ainda mais versáteis. Nem mesmo lembramos do apaixonado Rio e do maluco Denver, tão bem eles trabalham aqui. E não podemos deixar de citar Miguel Bernardeau e Ester Expósito, na minha opinião dois dos destaques.

E Elite não poupa o espectador da verdade. Há cenas de sexo sem muito pudor com heterossexuais, homossexuais e mesmo de trios, um pouco de violência e sangue, uso de drogas e investigação criminal. Os personagens não são bons ou maus. Todos têm mais de uma faceta e as mostram. Marina começa doce e fofa para você se apaixonar, até que descobrimos que não é bem assim (eu mesma terminei só o ódio por ela!). Guzmán dá a entender no início que seria o antagonista de Elite, mas descobrimos muito mais nele. Nano fica entre a vontade de se redimir e da facilidade do crime. Acredito que apenas Christian não tem segredos. Desde o primeiro momento mostra quem é, o que quer, sem joguinhos, sem máscaras.




Elite usa como recurso para nos manter interessados os cliffhangers. Geralmente no fim de cada episódio, em meio a investigação do assassinato, recebemos alguma informação vital que traz curiosidade para continuar. E é rápido de assistir. São apenas oito episódios de uma hora nessa primeira temporada. E o sucesso foi tão grande que apenas 12 dias após o lançamento a série já foi renovada, o que é ótimo, porque o último episódio nos deixa com cara de “!!!!!!!!!”. Foi realmente inesperado.

Costumo dizer que produções espanholas tem um quê de mexicanas, pelo dramalhão e exagero, com um pezinho do cafona, mas não chegam a ser Maria do Bairro ou A Usurpadora. E Elite não foge disso. É o tipo de série que posso chamar de guilty pleasure (prazer culposo), aquele programa que pode até dar um pouquinho de vergonha de assumir que gosta, mas não deixa de assistir. Quando me perguntam o que eu achei respondo com um “é ruim, mas é bom”, que acho que define bem.


Além de amar as produções espanholas, eu amo a Espanha! O país tem cidades lindíssimas, muita cultura e bastante lugares para conhecer. Recomendo que visite Barcelona e Madrid, para começo de viagem, mas tem vários locais que você pode ir. E não esqueça de fazer a sua reserva de hotel aqui.

Recomendo.

Teca Machado



segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald - Crítica


“É possível você gostar de uma coisa e ainda assim reconhecer que ela tem defeitos”. Essa é a frase de abertura do vídeo do canal Toga Voadora sobre o filme Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald, do diretor David Yates, e eu não podia concordar mais. Sim, eu amo Harry Potter e todo esse universo incrível e criativo que a J. K. Rowling criou e inclusive amei o primeiro filme da franquia Animais Fantásticos, mas vamos ser bem sinceros aqui: Esse longa tem problemas seríssimos, principalmente de roteiro.


Aqui continuamos acompanhando Newt Scamander (Eddie Redmayne), o magizoologista que soltou sem querer vários animais mágicos em Nova York. Apesar de ele ser o protagonista, o enredo agora gira em torno de Grindelwald (Johnny Depp), um bruxo que acredita que a sua raça deve dominar a humanidade que não é mágica. Após conseguir escapar da prisão americana, ele vai para Paris a procura de Credence e o obscurial (Ezra Miller), que segundo ele terá papel fundamental na sua busca de supremacia. Newt, Jacob (Dan Fogler), Tina (Katherine Waterston) e o Ministério da Magia seguem na caça ao fugitivo, enquanto ele tenta angariar seguidores a sua causa.

Mesmo sendo super fã de toda a saga fiquei perdida em inúmero momentos. Parecia que vários arcos foram jogados ali e pronto, sem grandes explicações. Eu que sou fã e acompanho até de perto todo esse universo muitas vezes fiquei “ahn?”, imagina quem não é tão fã assim. Achei que talvez fosse eu, que não estivesse prestando tanta atenção ao filme, mas ao sair do cinema perguntei para os meus amigos – um que gosta muito da saga e conhece super bem e outra que gosta, mas apenas isso – e o sentimento de roteiro problemático foi geral, inclusive do que ouvi outras pessoas comentando ao sair da sessão. 



A sensação que tive foi que o enredo andou muito pouco. Em mais de duas horas de filme quase nada foi concreto para o desenvolver da saga de modo geral. O primeiro volume é uma introdução dos personagens e do universo, enquanto esse foi apenas um capítulo com algumas informações que devem ser importantes para o caminhar das próximas produções, já que serão cinco filmes que levarão até o nascimento de Harry Potter. Há alguns momentos bem inspirados, como quando Leta (Zoe Kravitz) explica a história da sua família – mesmo isso achei um pouco fora de contexto -, Newt tenta falar palavras bonitas para Tina, Dumbledore (Jude Law) dá aula para os alunos de Hogwarts e mesmo o discurso inflamado de Grindelwald no fim do filme. Além disso alguns personagens parecem permanecer na história apenas porque o público gosta deles, como Queenie (Alison Sudol) e Jacob, que pouco acrescentam numa perspectiva maior.

Mas claro que Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald tem seus méritos. O elenco é espetacular. Eddie Redmayne com seu Newt de pouco traquejo social, mas muito carisma foi uma escolha super acertada para o protagonista. Sempre acreditei o personagem talvez estivesse dentro do espectro autista e essa semana vi uma matéria em que o próprio ator tem essa impressão. Dan Fogler e Alison Sudol são os queridinhos da saga, no sentido que todo mundo ama essa dupla altamente improvável. Jude Law encaixou perfeitamente como um jovem Dumbledore. Ele traz a aura de sabedoria, calma e de quem sabe das coisas que o nosso amado diretor sempre teve. Sobre a relação do personagem com Gridelwald dá a entender que era mais no sentido amoroso do que de amizade, mas é tudo muito sutil. Acredita-se que mais para frente teremos o desenrolar disso.



Ezra Miller também está muito bem, ainda que o seu personagem não tenha tanto espaço nesse filme como no outro. Mas, pelo cliffhanger do final, fica claro que ele será muito mais explorado nos próximos. Zoe Kravitz tem um papel interessante, ainda que muito sobre a sua personagem não tenha sido muito explicado (como ela passou de namorada de Newt a noiva do seu irmão? Por que nunca se deu bem em Hogwarts, mas tem um papel fundamental no Ministério?). Suas cenas do terço final do filme são muitíssimo bem atuadas. E quer você goste ou não do Johnny Depp depois dos escândalos envolvendo seu divórcio, não podemos deixar de falar bem dele aqui. Grindelwald tinha tudo para ser mais um Jack Sparrow caricato, mas o autor deu espaço para o personagem ser quem precisava e isso é muito bom. Tudo bem que no título se fala dos crimes dele, mas pouco ele fez. Ele mais fala e faz discursos do que realmente cria o caos. Espero que nos próximos volumes ele realmente tenha um papel ativo, como foi tanto dito durante os livros de Harry Potter.

Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald, como já era de se esperar, tem um visual espetacular. Os animais mágicos que aparecem, os cenários, a cena do cemitério, o circo francês, tudo isso é de encher os olhos. E esse foi um dos casos que valeu a pena assistir em 3D, já que em vários momentos as coisas “voam” da tela até o espectador. 



E para quem é fã de Harry Potter, o filme é um prato cheio de referências. Nicolas Flamel (Brontis Jodorowsky), o inventor da Pedra Filosofal aparece, assim como o próprio objeto que nomeia o primeiro livro de Harry Potter, também a professora Minerva MacGonagall (Fione Glascott), ainda que pela linha do tempo ela não teria nem nascido nessa época. Também encontramos o bicho papão na aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, o espelho de Ojesed e muito mais.

Se não fosse o roteiro tão truncado e problemático, Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald seria um filme muito bom. Mas J. K. Rowling foi a roteirista e pelo que foi dito por aí ela não deixou que ninguém colocasse a mão no seu trabalho. Ninguém pode negar que ela é uma excelente escritora, um fenômeno na verdade, mas já como roteirista não podemos dizer o mesmo, infelizmente.


Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald tem MUITOS problemas de roteiro, mas isso não tira o brilho de que passa na Cidade Luz, que durante os anos 1920 foi o lar de muitos escritores, artistas e pensadores do século XX. Paris é uma cidade que merece a sua visita. E quando for, não esqueça de escolher seu hotel na cidade aqui pelo Booking.

Recomendo.

Teca Machado


segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Black Friday – I Love New York e Je T’aime, Paris


A Black Friday é uma época maravilhosa para comprarmos o que?

Livros!

E que tal em 2018 comprar livros nacionais, chick-lit (comédia romântica) e que passam em duas cidades maravilhosas, cada uma mágica a sua maneira?

I Love New York e Je T’aime, Paris, minhas duas obras, estão em promoção por todo novembro para aproveitar essa época de descontos. 

Se você adquirir os dois livros na versão física o combo que vem com brindes sai por R$ 40 + frete (se você morar em Brasília não tem frete, é só a gente combinar que eu te entrego em mãos). E se você comprar separadamente cada um sai por R$ 25 – e vem com brinde também, porque quero que todo mundo tenha esses mimos.


O e-book de Je T’aime, Paris também está em promoção aqui na Amazon por apenas R$ 3,99 e se você tem o Kindle Unlimited pode ler de graça.

Vem conhecer um pouco mais sobre cada uma dessas histórias:

I Love New York


Alice cresceu apaixonada por Nova York. Mas sempre que tentava ir à Big Apple acontecia algo para atrapalhar seus planos. Quando um vídeo na internet fez com que ela virasse a piada de sua cidade e também do país, largou tudo e finalmente foi para Manhattan passar um tempo e tentar ser “esquecida por todos”. Estudando numa universidade americana, com novos amigos, um lindo namorado e um apartamento de cair o queixo, Alice pensou que tinha deixado o passado um tanto comprometedor para trás. Só que não foi bem assim que aconteceu. Ela não era mais anônima nem mesmo na nova cidade.

Je T’aime, Paris

Com um pai milionário encrencado com a Justiça e seus bens bloqueados, Ana Helena precisa aprender a viver com poucos recursos e decide se refugiar em Paris. Peraí! Como viver com pouco dinheiro em Paris? Não tem jeito! Arles acaba sendo a alternativa mais modesta. Mas a tranquilidade dessa pacata, porém charmosa, cidade do interior da França logo dá lugar a um turbilhão de acontecimentos envolvendo um novo amor, obras de arte importantes e homens tão ambiciosos que farão de tudo para colocar as mãos no que desejam. 

A grande aventura leva Ana Helena de volta a Paris, com perseguições alucinadas, romance, estratégia, muita ação, drama e reviravoltas. 

O que você faria para salvar um grande amor e alguns milhões de euros?

*** 

Gostou? Quer um de cada para chamar de seu? Me manda um e-mail pedindo no teca@casosacasoselivros.com ou me manda mensagem pelo instagram @tecamachado. Vou adorar enviar para você minhas histórias.


E se quiser ver outras várias promoções da Amazon é só clicar aqui.

Teca Machado

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Bohemian Rhapsody - Crítica


Uma lenda. É assim que podemos descrever Freddie Mercury. Bom, também podemos chama-lo de extraordinário, incrível, genial e outros adjetivos, mas ele foi uma lenda.

Freddie Mercury é uma figura que faz parte da minha vida. Com um pai roqueiro, cresci ouvindo o Queen. E sempre fui apaixonada pelas músicas, pela voz e pela dramaticidade de Mercury. Por isso fiquei muito ansiosa para assistir Bohemian Rhapsody, filme biografia não só do vocalista – apesar de ser a peça central -, mas de todo o quarteto. Assisti há dias, mas a sensação de arrepio ainda não passou. Quando as luzes do cinema acenderam tudo o que eu conseguia pensar era que eu estava maravilhada e que foi uma das melhores produções que assisti esse ano.


Bohemian Rhapsody tem uma linearidade cronológica e vemos Farrokh (nome real de Freddie) desperdiçado trabalhando no aeroporto, até que conhece Brian (Gwilym Lee) e Roger Ben Hardy) logo após o vocalista da banda que tinham sair e se oferecer para a vaga. A partir de então acompanhamos a ascensão do Queen – e a adição de John (Joseph Mazzello), o relacionamento de Freddie com Mary (Lucy Boynton), as criações, as brigas, a sexualidade do vocalista, a vida desregrada e cheia de sexo, drogas e festas de Mercury que culminam na descoberta da aids do cantor até o famosíssimo show da banda no Live Aid em 1985, que é considerada uma das maiores performances de rock da história.

Se tem uma coisa que podemos dizer de Rami Malek, que interpreta Freddie, é que o ator está extraordinário. Tudo bem que a prótese dentária que usa incomoda no início e parece falsa, mas depois a gente até esquece. Seus trejeitos, modo de falar, dançar, se mover pelo palco, tudo se assemelha incrivelmente a Freddie, principalmente nos momentos em que está no palco. Claro que Malek não tem a potência vocal de Mercury (bom, ninguém jamais vai ter), mas misturaram a voz do ator, com gravações originais e com a de mais um cantor e ficou muito boa. Se Malek não ganhar o Oscar de Melhor Ator no ano que vem vai ser uma injustiça tremenda.




Apesar de ser uma biografia que chamam de “chapa branca” (oficial do Queen e que pode tirar alguns dos momentos mais controversos da história), ela é considerada bem real, ainda que alguns fatos tenham sofrido pequenas mudanças para que cinematograficamente fique melhor. Mas os diretores Brian Singer e Dexter Fletcher não se furtaram de mostrar os escândalos da vida de Freddie e sua sexualidade, até porque fazer isso é basicamente apagar parte da personalidade do vocalista. Há cenas dos relacionamentos homossexuais dele, mas bem leve e nada que vá chocar a ninguém, assim como de consumo de drogas. Ele aparece chapado, louco e até mesmo há rastros de cocaína na mesa em certa cena, mas não é tão explícito. 

Freddie era uma diva, melodramático, insano, egoísta, dava ataques, mas ao mesmo tempo era genial, divertido e muito solitário, perdido em si mesmo. Fica bem claro que o Queen só era quem era por causa dele, mas também que Freddie só alcançou o que tanto desejou por causa de Roger, Brian e John. Os três foram importantes na formação dele, mas não podemos esquecer de Mary, o amor da sua vida, tanto que a música Love of My Life escreveu para ela. Sim, ele era gay, mas a sua relação com Mary ia além disso, tanto que ela é a única que sabe onde estão as cinzas do cantor e ele deixou grande parte dos seus bens para ela e seu filho, seu afilhado.




Há alguns problemas no filme, principalmente de roteiro. O ponto principal são os relacionamentos tão importantes ao protagonista que foram mal trabalhados. A sua relação com Mary parece superficial e não sentimos a profundidade do que realmente foi, assim como a interação com os outros membros da banda e sua família. Na direção Bohemian Rhapsody teve sérios revezes. Brian Singer saiu do projeto quando 2/3 dele já estavam filmados e Dexter Fletcher assumiu. O estúdio alegou problemas de saúde, mas foi divulgado na imprensa que ele e Malek tiveram muitos entraves por visões divergentes, além de o diretor se atrasar constantemente e não aparecer em vários dias de filmagem.

A fotografia do filme, assim como sua edição, é muito bonita. Os figurinos são iguais aos usados por Freddie, e é possível ver discretamente a passagem do tempo pelas roupas, dos anos 1970 aos 1980. E não podemos deixar de lado a trilha sonora, afinal, essa é uma produção altamente musical. Claro que há canções do Queen o tempo todo, algumas delas inclusive mostrando o processo de criação. Mais tempo é dedicado à música que dá título ao filme, que é uma das mais icônicas do mundo. E quando finalmente chegamos na sequência do show do Live Aid, MINHA NOSSA, como eu fiquei arrepiada! Há poucos meses assisti a apresentação real e foi tão precisamente histórica a versão do filme que é impossível não se emocionar. 



Para quem gosta do Queen, Bohemian Rhapsody é delicioso de assistir. Para quem não conhece o Queen, é uma ótima oportunidade para se apaixonar. E para quem não gosta, precisa ir ao cinema para se render à Freddie Mercury de uma vez por todas. Décadas se passaram, mas Queen nunca vai perder sua majestade.

Recomendo muito.

Teca Machado

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Bibliotecas para seguir no instagram


Bibliotecas são lugares mágicos. Além de serem recheadas de livros de todos os tipos, geralmente são construções muito bonitas, principalmente as mais antigas. E muitas delas têm instagram, para nos deliciar com imagens lindas! O BuzzFeed Books fez um apanhado com contas que todo amante de livros deveria seguir. Para acessar os perfis é só clicar nos @.

1. Biblioteca Pública de Nova York @nypl


Fotos esteticamente bonitas de livros e de eventos que acontecem no local, o perfil também coloca nos Stories livros completos. Se quiser saber mais sobre isso, é só ler o post que fiz aqui sobre o assunto.


2. Biblioteca John Rylands @thejohnrylands


Como sua arquitetura é linda e tem uma vibe bem Hogwarts, o instagram dessa biblioteca em Manchester, na Inglaterra, posta muitas fotos da sua construção.


3. Biblioteca da Universidade de Missouri @mizzoulibraries


Essa conta tem uma pegada bem-humorada e faz piadinhas com temas literários e memes com capas antigas de livros.


4. Biblioteca de Provo City @provolibrary


Você já ouviu falar no #BookFaceFriday? É um desafio em que você tenta alinhar o rosto em capas de livros. E essa biblioteca domina a arte em seu instagram.


5. Biblioteca Starfield @starfield.library 


Localizada em Seoul, na Coreia do Sul, ela é presença constante em vários instagrams literários. Mas o perfil oficial dela é cheio de fotos lindas da sua arquitetura e de eventos que acontecem no local.


6. Bibliotecário Dam @thedamlibrarian


A conta da biblioteca do Museu de Arte do Delaware tem posts com lombadas vintage, capas de edições antigas e artes e ilustrações dentro das obras. 


7. Bibliotecária Lucy @ncclibrarylucy 


Lucy não é o nome da biblioteca da North Central College's Oesterle, e sim da gatinha que vive nela e que adora posar para fotos com muitos livros e entre as estantes.


8. Biblioteca George Peabody @georgepeabodylibrary 


Essa biblioteca, que fica na Universidade John Hopkins University, além de ser belíssima e gerar fotos lindas, é um local muito comum para casamentos. No instagram tem fotos dos eventos, de livros e da arquitetura.


9. Biblioteca British @britishlibrary 


Diferente de outras contas do gênero, essa tem falas e entrevistas com curadores e bibliotecários, nos mostrando um novo mundo por trás das portas dessas instituições.


10. Biblioteca Pública de Worcester @worcesterpubliclibrary 


É colorida, divertida e muito ativa. Essa conta tem frases de autores proeminentes e outras figuras da literatura, debates e memes.


11. Bibliotecário Old Book @oldbooklibrarian


Esse não é o perfil de uma biblioteca, mas contém desenhos e pedaços de livros raros e antigos, sempre com uma legenda bem-humorada e esquisita.


12. Bibliotecas do Smithsonian @silibraries


O complexo do Smithsonian contém 21 bibliotecas e nesse instagram há conteúdo de todas elas. Tem de tudo um pouco e você fica com a sensação de que aprendeu alguma coisa.


13. Biblioteca Little Free Library @littlefreelibrary


Little Free Library é um movimento de pequenas livrarias independentes no mundo inteiro. O Instagram deles coloca fotos delas localizadas em vários países.


Teca Machado

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Legítimo Rei - Crítica


Muitos são os filmes baseados em fatos históricos, mas já não são tantos os que se preocupam com a fidelidade e com o que realmente aconteceu. Segundo David Mackenzie, diretor de Legítimo Rei, original Netflix disponível desde o dia 5 de novembro, esse foi um cuidado que ele teve. O objetivo era contar um pedaço muito importante da história da Escócia sem fugir da realidade. Isso talvez tenha tirado um pouco do “coração” e da emoção do enredo, mas encontramos um filme muito bom, que nos transporta para o meio das lutas e batalhas de Robert de Bruce.


O título da produção em inglês é muito melhor. Outlaw King, que é Rei Fora da Lei, transcreve bem quem foi Robert de Bruce. Depois de batalhas e derrotas, em 1300 os lordes escoceses juram lealdade ao Rei Edward (Stephen Dillane, o Stannis de Game of Thrones). Robert de Bruce (Chris Pine) é um deles, pois acredita que se ajoelhar e humilhar é melhor do que continuar o derramamento de sangue numa guerra que não pode ganhar. A sua família é uma das que teriam direito à coroa da Escócia, mas a Inglaterra tomou as terras para si, subjugou a população e impediu a nação de ter um soberano próprio. Quando Wallace, o símbolo da resistência, é esquartejado, o povo começa a se inflamar contra a Inglaterra. Bruce, então decide desonrar seu juramento, é proclamado rei e passa a lutar pela libertação da Escócia.

Se você já assistiu Coração Valente, de Mel Gibson, sabe quem é Robert de Bruce, mas tem uma imagem mais vilanesca dele. Enquanto Legítimo Rei se preocupa com a veracidade dos fatos, Coração Valente é mais focado na bravura e emoção (e qualquer um que sabe um pouco de história sabe que é cheio de licença poética). Bruce é mostrado como o traidor de Wallace, mas aqui vemos outra faceta, mais acurada do personagem histórico. Um homem sério e certo, que se importou com o povo mais do que com o título. “Eu sou o rei dos escoceses e não o rei dessas terras”, disse em certo momento.



Bruce não teve uma tarefa fácil. O exército inglês era, na melhor das hipóteses, esmagador. Numeroso, rico, bem treinado e bem potente. Já o de Bruce era bem menor e em uma emboscada foi reduzido a 50 soldados. Então, os escoceses decidem jogar pesado e passam a reconquistar sua terra com ações não convencionais.

Apesar do tema muito interessante e que poderia trabalhar muito o lado emocional de Bruce, o roteiro pecou nesse aspecto. Bruce em vários momentos é apático. E o problema não é necessariamente Chris Pine, que trabalha muito bem em vários filmes, mas uma junção das duas coisas. Ele não está ruim e tem momentos inspirados. E por falar no Pine, estou lá de boa distraída vendo o filme e de repente dei de cara com ele peladão de frente saindo da água, haha.



Muito foi falado da atuação de Florence Pugh, que interpreta Elizabeth Burgh, esposa de Robert. Não achei tão excepcional assim, a não ser em certa cena em que pressionam sua personagem. Mas não podemos deixar de citar a interpretação de Aaron Taylor-Johnson, o Quicksilver de Os Vingadores: Era de Ultron. Ele é louco, com olhos esbugalhados e sedento por sangue e vingança. É de arrepiar.

E por falar em sangue, David Mackenzie não poupa o espectador nesse sentido. Há sangue espirrando, lama, suor. A cena de batalha final, principalmente, é pesada. O diretor soube retratar muito bem a Idade Média, que era violenta, desse tanto e um pouco mais. As roupas são acuradas com a época, assim como as construções e as cores bege, marrom e cinza predominando. Mas, em compensação, quando a sequência é num plano aberto, mostrando as lindíssimas paisagens escocesas, é de perder o fôlego com tanto verde exuberante.



Legítimo Rei tem um enredo real muito interessante. É um ótimo filme histórico e que vale muito a pena ser assistido na Netflix.

Recomendo.

Teca Machado


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