sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Dias de Despedida - Resenha


E se os seus três melhores amigos morressem num acidente de carro e você se sentisse culpado? Como seguir em frente, como sobreviver sozinho? Essa é a premissa do lindo, tocante e ótimo Dias de Despedida, de Jeff Zentner, que recebi da Editora Seguinte (Companhia das Letras). Pegue um lencinho e se prepare que lágrimas virão.

Foto @casosacasoselivros


Um pouco antes de as aulas voltarem, Carver perdeu seus três melhores amigos Mars, Eli e Blake. Eles estavam a caminho de encontrar com o garoto, que estava impaciente e mandou uma mensagem perguntando onde estavam. Nesse meio tempo, eles sofreram um acidente de carro e no celular de Mars, o motorista, encontraram uma mensagem meio digitada com uma resposta a Carver. Ele se culpou, a irmã de um dos garotos também, assim como algumas das famílias. Além de sofrer um luto profundo recheado de vazios e ataques de pânico, Carver agora precisa se preocupar com um processo criminal que o pai de Mars, um juiz, pediu que fosse aberto para investigar se o garoto teve intenção de matar os amigos ou não. Em meio a um furacão tão profundo, Carver só pode contar com Jesmyn, a namorada de Eli, sua irmã Georgia, o terapeuta dr. Mendez e vovó Betsy, avó de Blake, que lhe pede que organize um “dia de despedida”, uma forma de homenageá-lo e compartilhar memórias do garoto.

Dias de Despedida foi um livro que me deixou deitada na BR atropelada por emoções. Foi uma história que me fez sentir, me fez sorrir, me fez chorar – várias vezes - e me fez ficar arrasada pelas vidas perdidas de forma tão prematura. Claro que eu sei que nada disso aconteceu, mas Zentner escreve de forma tão real, tão humana, que é impossível não se envolver e acreditar em tudo aquilo.

Jeff Zentner (Gente, achei bem gato!)
Em vários momentos tudo o que eu queria era dar um abraço em Carver. O garoto perdeu algumas das pessoas que mais amava no mundo e ainda precisou lidar com a culpa que ele mesmo se impôs e que outras pessoas despejaram sobre ele. Ele teve carinho e apoio de algumas poucas outras, mas nunca se sentiu merecedor disso. Ele foi um ótimo protagonista, que me fez importar com a sua situação e chorar junto.

Zentner criou o enredo de uma maneira que misturou o presente de tristeza e luto com o passado sorridente. A cada vez que Carver faz um dia de despedida com a família dos seus amigos, temos acesso a flashbacks do passado onde conhecemos melhor cada um dos garotos que perderam a vida. Eles são ótimos, eles completam Carver e cada um tem uma história própria que nos faz ficar triste por ter sido tão curta.

Além de Carver e seu grupo de amigos, que se chamava Trupe do Molho, há ótimos personagens secundários. O dr. Mendez é um profissional e pessoa incrível, que me fez querer ser amiga e paciente dele. Georgia é a melhor irmã que Carver poderia ter. E a vovó Betsy é um docinho, é aquela senhorinha que eu quero amassar e apertar. Jesmyn é uma fofa e muito coerente com tudo o que diz e fala. E ainda há a família de Eli e o pai de Mars, cujas atitudes grosseiras são compreensíveis devido ao tamanho da sua dor.

O autor soube trabalhar muitos temas delicados em meio ao luto. Homossexualidade, abandono infantil, problemas psicológicos, racismo, amizade, perdão, esperança e mais. Gostei do fato de que Zentner não nos forçou goela abaixo um romance e nem uma resolução de problemas, ele não insiste em ficar tudo bem e rápido. Essa é uma cura que demanda muito tempo e nunca será completamente cicatrizada.

Dias de Despedida é sensível, é musical e poético, é uma prosa que vai aquecer seu coração, mesmo em meio a tanta dor. Ao terminar, é impossível não pensar em como devemos aproveitar a vida, dizer àqueles que amamos como nos sentidos, porque nunca sabemos quando será o último dia.


Recomendo muito.

Teca Machado



9 comentários:

  1. Oii Teca

    Eu acho que vou chorar demais com esse livro, esse tema da despedida, da morte sempre mexe demais comigo, ainda assim são tantos elogios que preciso ler, sei que vai valer a pena.

    Beijos

    www.derepentenoultimolivro.com

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    1. É de chorar bastante.
      Eu sei que chorei várias vezes, haha.

      Beijooos

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  2. Oi, Teca.
    Mesmo a obra sendo sensível, com um tom doce na escrita, na história e tal, não é uma obra que me chamou a atenção.
    Acredito que fujo desse estilo assim. rs

    Abraços,
    Naty
    http://www.revelandosentimentos.com.br

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  3. Gostei da sua postagem, sempre estou visitando seu blog e lendo suas postagens.. Seu blog está salvo em meus favoritos..

    Parabéns!

    Amo seu blog ❤️..

    Meu Blog: Laís

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  4. Oi, Teca

    Custo a engolir o fato de culparem o menino pelo acidente, acho que esse ponto de partida força meio a barra, afinal, o falecido que foi imprudente.
    Mas bacana que é um livro emocionante e que aborda temasimportantes. Não leria porque não faz meu tipo de leitura mesmo.


    Beijos 
    - Tami 
    https://www.meuepilogo.com

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    1. Oi, Tami!
      Eu pensava a mesma coisa, mas pela lei específica que ele cita que tem naquele estado, acho dá coerência com a história.

      Beijooos

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  5. Oi Teca!
    Excelente resenha! :)
    N vejo muita gnt falar sobre esse livro!
    A história me parece ser bem melancólica... N sei se leria por enquanto, confesso q fujo um pouco disso, rs
    Bjs
    http://acolecionadoradehistorias.blogspot.com

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    1. Oi, Carol!
      É um livro que merecia muita gente falando.
      <3

      Beijooos

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