Se tem um carequinha que eu adoro é o Harlan Coben. Já li tantos livros seus que eu nem sei dizer quantos. E sempre adoro e me surpreendo com as histórias, principalmente as que envolvem Myron Bolitar, seu protagonista mais famoso. Então fiquei ansiosa para assistir Safe, produção da Netflix que leva seu nome como criador e roteirista. Com apenas oito episódios, temos uma trama misteriosa que nos surpreende até os minutos finais, como é típico do autor.
Em Safe, após uma festa entre adolescentes regada a álcool e drogas, Chris (Freddie Thorp) é encontrado morto. Sua namorada Jenny (Amy James-Kelly) está desaparecida e ninguém têm ideia do que aconteceu. Desesperado com a falta de solução da polícia local, Tom (Michael C. Hall), um viúvo que ainda não se recuperou totalmente da perda da esposa, inicia uma busca frenética pela filha sumida ao lado do melhor amigo Pete (Marc Warren). Numa comunidade fechada e aparentemente muito segura próxima a Londres, Tom descobre que seus vizinhos e amigos escondem muito mais do que aparentam.
Apesar de ter visto vários sites e blogs dando mil estrelinhas e exaltando Safe, para mim faltou algo. Por vezes me pareceu um dramalhão. Senti, talvez, que Coben funcione melhor nos livros do que na televisão/cinema. Alguns episódios, principalmente a partir do quarto até o sexto ou sétimo, pareceram dar voltas e não chegar a lugar nenhum. Algumas subtramas, que estão lá para desviar a atenção do espectador das pistas principais, me pareceram supérfluas, algumas até mesmo sem resolução. Esses arcos dramáticos paralelos diminuíram um pouco o ritmo da história. Num livro isso é super válido, porque tem mais espaço para elaborar, principalmente porque temos um acesso mais universal aos personagens e seus pensamentos.
Michael C. Hall tem sido elogiado (menos o seu sotaque inglês bem falsificado) em um dos seus primeiros trabalhos depois da aclamada série Dexter. Ele trabalha de forma competente, mas não me pareceu espetacular. Não senti todo seu desespero pelo desaparecimento da filha durante todo o tempo. Quem podemos elogiar sem medo é Amanda Abbington, no papel de Sophie, interesse amoroso de Tom e investigadora da polícia local, e Audrey Fleurot, como Zoe, mãe de Chris e professora que está sendo acusada de pedofilia.
Coben vai nos direcionando para locais que não imaginávamos e as peças do quebra-cabeça se juntam até, literalmente, o último minuto do último episódio. E essa capacidade de nos surpreender é algo que sempre gostei no autor.
Quem já está acostumado com o estilo narrativo do autor consegue enxergar suas marcas em muitas passagens dos oito episódios. Por momentos me pareceu que ele colou trechos de várias histórias suas. Tanto que no início eu fiquei na dúvida se era um livro que tinha lido.
Safe é uma série interessante, com uma história que instiga, mas que pecou um pouquinho na execução e não me convenceu todo o tempo. Vale a pena assistir, ainda mais se for de uma vez só. Não há margens para uma nova temporada e pessoalmente eu acho que não precisa, porque seria esticar desnecessariamente a trama que está bem fechadinha.
Recomendo.
Teca Machado