quarta-feira, 30 de maio de 2018

Safe - Crítica


Se tem um carequinha que eu adoro é o Harlan Coben. Já li tantos livros seus que eu nem sei dizer quantos. E sempre adoro e me surpreendo com as histórias, principalmente as que envolvem Myron Bolitar, seu protagonista mais famoso. Então fiquei ansiosa para assistir Safe, produção da Netflix que leva seu nome como criador e roteirista. Com apenas oito episódios, temos uma trama misteriosa que nos surpreende até os minutos finais, como é típico do autor.


Em Safe, após uma festa entre adolescentes regada a álcool e drogas, Chris (Freddie Thorp) é encontrado morto. Sua namorada Jenny (Amy James-Kelly) está desaparecida e ninguém têm ideia do que aconteceu. Desesperado com a falta de solução da polícia local, Tom (Michael C. Hall), um viúvo que ainda não se recuperou totalmente da perda da esposa, inicia uma busca frenética pela filha sumida ao lado do melhor amigo Pete (Marc Warren). Numa comunidade fechada e aparentemente muito segura próxima a Londres, Tom descobre que seus vizinhos e amigos escondem muito mais do que aparentam.

Apesar de ter visto vários sites e blogs dando mil estrelinhas e exaltando Safe, para mim faltou algo. Por vezes me pareceu um dramalhão. Senti, talvez, que Coben funcione melhor nos livros do que na televisão/cinema. Alguns episódios, principalmente a partir do quarto até o sexto ou sétimo, pareceram dar voltas e não chegar a lugar nenhum. Algumas subtramas, que estão lá para desviar a atenção do espectador das pistas principais, me pareceram supérfluas, algumas até mesmo sem resolução. Esses arcos dramáticos paralelos diminuíram um pouco o ritmo da história. Num livro isso é super válido, porque tem mais espaço para elaborar, principalmente porque temos um acesso mais universal aos personagens e seus pensamentos.



Michael C. Hall tem sido elogiado (menos o seu sotaque inglês bem falsificado) em um dos seus primeiros trabalhos depois da aclamada série Dexter. Ele trabalha de forma competente, mas não me pareceu espetacular. Não senti todo seu desespero pelo desaparecimento da filha durante todo o tempo. Quem podemos elogiar sem medo é Amanda Abbington, no papel de Sophie, interesse amoroso de Tom e investigadora da polícia local, e Audrey Fleurot, como Zoe, mãe de Chris e professora que está sendo acusada de pedofilia. 

Coben vai nos direcionando para locais que não imaginávamos e as peças do quebra-cabeça se juntam até, literalmente, o último minuto do último episódio. E essa capacidade de nos surpreender é algo que sempre gostei no autor. 



Quem já está acostumado com o estilo narrativo do autor consegue enxergar suas marcas em muitas passagens dos oito episódios. Por momentos me pareceu que ele colou trechos de várias histórias suas. Tanto que no início eu fiquei na dúvida se era um livro que tinha lido.

Safe é uma série interessante, com uma história que instiga, mas que pecou um pouquinho na execução e não me convenceu todo o tempo. Vale a pena assistir, ainda mais se for de uma vez só. Não há margens para uma nova temporada e pessoalmente eu acho que não precisa, porque seria esticar desnecessariamente a trama que está bem fechadinha.

Recomendo.

Teca Machado

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Um Contratempo - Crítica


Algo que a Netflix tem feito é abrir meus horizontes cinematográficos. Acostumados a assistir apenas produções de Hollywood, no máximo uma ou outra brasileira, nós agora temos com muita facilidade outros filmes estrangeiros. E no sábado, já que ninguém queria sair de casa para não gastar gasolina, meus vizinhos foram na minha casa e decidimos assistir a um filme. Não sei porque, mas paramos na seção de estrangeiros. Ao ler a sinopse do espanhol Um Contratempo, do diretor e roteirista Oriol Paulo, decidimos que talvez fosse uma boa escolha sem nem mesmo assistir ao trailer. Mas Estávamos errados, já que não foi uma boa escolha: foi ótima!

Pode se jogar na resenha que é livre de spoilers!


Posso dizer que Um Contratempo foi um dos melhores suspenses que vi nos últimos tempos. O enredo parece simples, mas é complexo, recheado de nuances e traz muitas reviravoltas, até o último minuto, literalmente. Temos um quebra-cabeça onde vão surgindo peças que nem imaginávamos que estavam faltando e tudo vai se juntando de uma forma que vai ser totalmente mind blowing. No fim das contas, você nunca está prestando atenção o suficiente.

Adrián (Mario Casas), acorda num quarto de hotel e encontra sua amante morta (Bárbara Lennie) e muitas notas de dinheiro espalhadas, sem saber ao certo como isso aconteceu. O quarto estava trancado por dentro, sem nenhum tipo de saída alternativa, então ele é o suspeito óbvio. Acusado pelo assassinato e esperando julgamento, se reúne com Vírginia Goodman (Ana Wagener), uma das melhores advogadas criminais da Espanha, para juntar as peças, descobrir o que aconteceu e montar sua defesa.



Falando assim parece quase clichê, uma trama onde ele vira o próprio detetive para resolver seu caso, já que a polícia não acredita na sua versão. Mas há uma subtrama, contada por meio de flashbacks, que se entrelaça profundamente com a principal, nos trazendo um enredo diferente, surpreendente e muito bem amarrado. A cada hora o espectador cria uma teoria, que cai por terra nos minutos seguintes, pois Oriol consegue nos enganar todo o tempo. É uma espiral de acontecimentos que nos leva muito mais profundamente do que de início acreditávamos.

As atuações são excelentes, principalmente de Bárbara Lennie e Ana Wagener. Bárbara diz muito com o olhar, com as micro expressões do rosto. O espectador sente raiva, sente pena, sente nojo da sua personagem. Ela desperta emoções em quem a assiste e faz um trabalho excelente. Já Ana Wagener criou uma personagem feroz, uma advogada que não tem papas na língua e não se deixa manipular por ninguém. Seus momentos em tela são inspiradores. Ela pressiona Adrián, dizendo que não pode ser mole, já que promotores e juízes não serão. Mario Casas é competente, mas perde um pouco o brilho ao lado de mulheres tão notáveis.



Nem de longe é uma história que dá medo. É um thriller policial cheio de tensão, sobre o ser humano e as consequências do seu atos, que geram bolas de neve imparáveis. As cores são frias e sóbrias, como o enredo pede. Há sempre aquele clima de que algo irá dar errado em breve. Muito errado.

Um Contratempo é um excelente suspense para quem gosta de uma história inteligente que vai dar um tilt no seu cérebro.

Recomendo muito.

Teca Machado

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Disnasty - Crítica


Sabe quando a série é ruim, mas é boa

Dinasty, da Netflix, tem sido meu guilty pleasure, aquela produção que não te acrescenta em nada, é meio drama mexicano, às vezes parece meio forçado, mas é legal para caramba – principalmente porque as roupas são sensacionais.


Dinasty é um reboot do programa de mesmo nome que passou de 1981 a 1989 e era tido como um novelão. Acompanhamos os Carringtons, uma família americana riquíssima e poderosíssima, que tem uma verdadeira dinastia, um império empresarial. 

Fallon (Elizabeth Gillies), filha o bilionário Blake Carrington (Grant Show), se preparou a vida inteira para assumir as empresas do pai. É ambiciosa, inteligente, esforçada e faz tudo para estar no topo. Já seu irmão Steven (James Macay, a fuça do Mateus Solano), é o oposto, um ambientalista totalmente contra a organização do pai, que comercializa combustível. Mas quando Blake resolve se casar com Cristal (Nathalie Kelley), sua antiga relações-públicas que tem um passado obscuro e tenta a todo custo subir na vida, Fallon vê seus planos arruinados e vai fazer tudo para que seu status continue como antes, sem a madrasta em sua vida.



Em Dinasty você pode esperar glamour, riqueza, jatinhos, intrigas, conspirações e muita lavação de roupa suja. O que eles têm de ricos, eles têm de problemáticos. E ainda há os Colby, ricos na mesma medida e tão complexos quanto.

A série é dos mesmos criadores de Gossip Girl e The O.C., por isso continuamos nesse ambiente endinheirado e cheio de intrigas que já conhecíamos de anos atrás. Por isso podemos esperar o mesmo nível de cenários e figurino. As roupas, principalmente de Fallon e Cristal, são lindas e dão vontade de ter aquele guarda-roupa para a gente. Além disso, as cores da produção são muito bonitas. Elas combinam, são fortes, e brilham, como se todo aquele universo rico tivesse sido polido para brilhar ao máximo. É engraçado ver aquele pessoal jantando em casa, só em família, ainda mais maquiado e arrumado do que a gente vai em casamentos.



Quem vê Elizabeth Gillies em Dinasty sem conhecer seu passado no entretenimento, que foi o meu caso, jamais iria imaginar que a ruiva cheia de fuego, sem medo de ninguém, uma mulher poderosa e altamente confiante, já foi do canal infantil Nickelodeon, começou a carreira ainda muito novinha como atriz da Broadway e é cantora e dançarina. Não é a melhor atriz do mundo – assim como ninguém basicamente da série -, mas é muito competente. Sabemos que sua personagem não é fácil, nem sempre é boazinha, mas nos apegamos e torcemos por ela. Já Cristal é uma vaca que amamos odiar. Nathalie Kelley nos entrega uma quase odiosa madrasta, que não deixa que Fallon pise facilmente.

A primeira temporada, toda na Netflix, tem 23 episódios. Teoricamente, o serviço de streaming ia soltar episódios semanalmente, mas não teve uma regularidade muito boa, o que fez com muito se dissesse que não teria uma segunda temporada. Mas há poucos dias ela foi anunciada, para ser lançada ainda em 2018 e já está em produção.



Dinasty é meio novela mexicana, mas vai te prender! Você sempre vai querer saber qual será o próximo passo dos Carrington e vai desejar que toda aquela dinastia fosse sua. Ou não.

Recomendo.

Teca Machado


terça-feira, 22 de maio de 2018

Prometida - Resenha


Quando li Perdida, da Carina Rissi, publicado pela Verus Editora, achei o livro perfeito, incrível e tão redondinho que poderia acabar assim. E então veio Encontrada, e foi uma excelente continuação, criativa e divertida como a Carina sabe fazer. E então veio Destinado, narrado pelo lindíssimo Ian, e Carina nos maravilhou mais uma vez, com reviravoltas e um novo enredo. Apesar de algumas pontas soltas envolvendo Elisa, irmã de Ian, imaginei que um livro depois disso seria demais, no sentido de que “já que está fazendo sucesso, vamos encher linguiça”. Mas ganhei da minha amiga Sarah (@sarahsbookclub) Prometida, com foco em Elisa e Lucas e posso dizer que me apaixonei por uma história doce, sensível e que precisava mesmo ser contada.

Foto @casosacasoselivros

Em Destinado, Ian e Sofia vão parar no futuro para resgatar Elisa, que sem querer foi para 200 anos a frente. Em Prometida temos o desdobramento disso. Elisa voltou diferente da experiência, mas o que mudou principalmente foi a sua relação com Lucas. Um dia após ser pedida em casamento, Elisa desapareceu na linha temporal por alguns dias. Para o noivo, que tanto a amava, ela havia fugido com outro homem e foi trazida de volta a força. Então agora aquele compromisso tinha outro rosto. Não era mais cheio de amor, mas de mentiras. Então Lucas manteve o noivado, mas foi passar anos na Europa estudando, para castigar a garota e para tentar esquecê-la. Elisa, com o coração arrasado por não poder contar o que aconteceu, virou chacota de todos, já que o noivo que tanto amava a deixou por tanto tempo. Mas agora ele está de volta e a relação que antes foi tão doce está cheia de mágoas, dor e desprezo.

Prometida tem uma história fofa e delicada, mas com dois personagens mais teimosos do que mulas. Acredito que muitos dos problemas de Elisa e Lucas poderiam ter sido resolvidos com uma boa conversa (mas aí não teríamos livro, né?). Várias vezes quis pegar os dois pela mão, sentar numa cadeira e mandar que resolvessem suas diferenças. Os motivos de cada um são válidos, ainda que meio tortos, porque um não sabe o lado do outro da história.

Carina Rissi
Muitos leitores sempre gostaram de Elisa. Eu gostava, mas achava uma personagem que não fedia e nem cheirava. Apenas ok. Muito doce, muito meiga, muito certinha, então sempre tive uma queda pela Sofia, bem mais vida loka e engraçada. Mas em Prometida conhecemos outro lado seu. Descobrimos que ela é um vulcão abaixo da superfície serena. Lucas, apesar de aparecer nos outros livros, nunca teve muito destaque. Apenas agora conhecemos quem é, suas motivações e sua história, o que foi muito bacana. Por capítulos narrados por Elisa e em outros do ponto de vista do rapaz, podemos ver sua mudança de gentil médico para um homem implacável, machucado, que ainda mantém um coração muito bom (e apaixonado).

Um enredo do livro, envolvendo Valentina e sua mãe, contém um mistério. Só que eu descobri rapidíssimo o desdobramento. Não sei se eu peguei no ar logo de cara ou se não era tão misterioso mesmo, só sei que não me surpreendi nesse sentido. Mas em todos os outros sim. Prometida foi uma grata surpresa, porque eu imaginava uma história “a mais” e encontrei uma cheia de personalidade, amor e doçura.

Revemos personagens queridos (Ian e Sofia, amo vocês, seus lindos!), que continuam morando no nosso coração, e conhecemos novos, como Samuel, o órfão que Elisa acolhe, a família de Lucas e Marina e Ana Laura, as filhas de Ian e Sofia que estão crescendo e sendo fofíssimas.

Série Perdida

Me emocionei, me apaixonei e suspirei muito em Prometida. Carina Rissi tem a magia da escrita na ponta dos dedos e nos encanta muito. Posso dizer hoje que é uma das minhas escritoras preferidas e fico muito feliz de saber que é nacional. Confesso que estou pensando que o próximo livro da série Perdida, Desencantada, que conta a história de Valentina, será uma encheção de linguiça, mas se eu me surpreendi uma vez, posso de novo, certo?

Recomendo muito.

Teca Machado

quarta-feira, 16 de maio de 2018

Companhia das Letras - Recebidos


Como disse na segunda-feira passada, estou vivendo o projeto Um Ano Sem Comprar Livros (só que não tem nem um mês ainda, não comecei a sofrer de verdade), mas, felizmente, o grupo Companhia das Letras, tem uma parceria com o blog e envia livros com certa frequência. Então essa pessoa aqui que irá chorar com a falta de comprar livros recebeu alguns de presentes.

Semana passada recebi quatro obras da Companhia das Letras, sendo três do selo da Editora Seguinte e um da Editora Suma de Letras.

Fotos @casosacasoselivros

1- Aos Dezessete Anos – Ava Dellaira (Editora Seguinte)

Quando tinha dezessete anos, Marilyn viveu um amor intenso, mas acabou seguindo seu próprio caminho e criando uma filha sozinha. Angie, por sua vez, é mestiça e sempre quis saber mais sobre a família do pai e sua ascendência negra, mas tudo o que sua mãe contou foi que ele morreu num acidente de carro antes de ela nascer.

Quando Angie descobre indícios de que seu pai pode estar vivo, ela viaja para Los Angeles atrás de seu paradeiro, acompanhada de seu ex-namorado, Sam. Em sua busca, Angie vai descobrir mais sobre sua mãe, sobre o que aconteceu com seu pai e, principalmente, sobre si mesma.

2- Dias de Despedida – Jeff Zentner (Editora Seguinte)

"Cadê vocês? Me respondam."

Essa foi a última mensagem que Carver mandou para seus melhores amigos, Mars, Eli e Blake. Logo em seguida os três sofreram um acidente de carro fatal. Agora, o garoto não consegue parar de se culpar pelo que aconteceu e, para piorar, um juiz poderoso está empenhado em abrir uma investigação criminal contra ele.

Mas Carver tem alguns aliados: a namorada de Eli, sua única amiga na escola; o dr. Mendez, seu terapeuta; e a avó de Blake, que pede a sua ajuda para organizar um “dia de despedida” para compartilharem lembranças do neto.

Quando as outras famílias decidem que também querem um dia de despedida, Carver não tem certeza de suas intenções. Será que eles serão capazes de ficar em paz com suas perdas? Ou esses dias de despedida só vão deixar Carver mais perto de um colapso — ou, pior, da prisão?

3- Interferências – Connie Willis (Editora Suma de Letras)

Em um futuro não muito distante, um simples procedimento cirúrgico é capaz de aumentar a empatia entre os casais, e ele está cada vez mais na moda. Por isso, Briddey Flannigan fica contente quando seu namorado, Trent, sugere que eles façam a cirurgia antes de se casarem — a ideia é que eles desfrutem de uma conexão emocional ainda maior, e que o relacionamento fique ainda mais completo. Bem, essa é a ideia. Mas as coisas acabam não acontecendo como o planejado: Briddey acaba se conectando com outra pessoa, totalmente inesperada.

Conforme a situação vai saindo do controle, Briddey percebe que nem sempre muita informação é o melhor, e que o amor — e a comunicação — são bem mais complicados do que ela esperava.

4- A Caçadora de Dragões – Iskari – volume 1 – Kristen Ciccarelli

Quando era criança, Asha, a filha do rei de Firgaard, era atormentada por sucessivos pesadelos. Para ajudá-la, a única solução que sua mãe encontrou foi lhe contar histórias antigas, que muitos temiam ser capazes de atrair dragões, os maiores inimigos do reino. Envolvida pelos contos, a pequena Asha acabou despertando Kozu, o mais feroz de todos os dragões, que queimou a cidade e matou milhares de pessoas — um peso que a garota ainda carrega nas costas.

Agora, aos dezessete anos, ela se tornou uma caçadora de dragões temida por todos. Quando recebe de seu pai a missão de matar Kozu, Asha vê uma oportunidade de se redimir frente a seu povo. Mas a garota não vai conseguir concluir a tarefa sem antes descobrir a verdade sobre si mesma — e perceber que mesmo as pessoas destinadas à maldade podem mudar o próprio destino.


*** 

No momento estou lendo A Mulher Entre Nós, de Greer Hendricks e Sarah Pekkanen, que recebi no pacote anterior a esse. O livro é da Editora Paralela, que faz parte do mesmo grupo editorial. Estou gostando muito. É um thriller psicológico que está me deixando extremamente curiosa.

E sem seguida, qual desses quatro vocês acham que eu deveria ler?

Teca Machado


sexta-feira, 11 de maio de 2018

Corte de Asas e Ruína - Resenha


Tem coisa mais maravilhosa do que terminar uma série de livros de forma épica? Tem não (a não ser o fato de que acaba e a gente fica chateado de ter que deixar esse mundo que tanto amou). E é assim que me senti no fim de Corte de Asas e Ruína, terceiro e último volume da saga Corte de Espinhos e Rosas, de Sarah J. Maas, publicado pela Galera Record.

Fotos @casosacasoselivros

Depois de um ótimo Corte de Espinhos e Rosas (comentei aqui), um incrível e insano Corte de Névoa e Fúria (aqui), chegamos ao maravilhoso Corte de Asas e Ruína. No fim do livro 2, a gente quase morre do coração de tanta coisa que acontece (meu, Deus, Maas, por que fazer isso com a gente? POR QUE?), e finalmente soube como tudo se desenrola, a todo momento com tensão, porque a guerra que está sendo falada desde o primeiro livro chegou.

Se você não leu os dois anteriores, pule o próximo parágrafo.

Feyre, após fingir que o laço com Rhys foi cortado para salvar a todos que ama, voltou para a Corte Primaveril. Com sede de vingança e muitíssimo brava com Tamlin, ela deseja destruir a corte dele de dentro para fora e então voltar para onde realmente pertence, a Corte Noturna. Quando enfim volta aos braços de Rhys, reencontra os amigos e suas irmãs, Feyre descobre que a guerra está batendo na porta e todos precisam abandonar a segurança de Velaris para proteger o mundo – ou pelo menos o que sobrar dele depois que o Rei de Hybern usar o Caldeirão.

Corte de Asas e Ruína é como o fim dessa saga maravilhosa deveria ser: épico. Cada página, cada capítulo, te transporta para Prythian, te envolve nesse universo de uma forma tão profunda que é até difícil voltar para a realidade. Maas criou uma história envolvente, cheia de tensão, que te instiga e te faz sempre querer saber o que acontece em seguida, morrendo de medo de que algo aconteça com seus personagens preferidos, porque a autora não tem medo de fazê-los sofrer. A leitura, apesar de bem longa, passa de forma rápida

Se tem algo que esse livro faz é te encher de emoções. Não é exagero dizer que nas últimas 100 páginas eu berrava, ficava com o coração acelerado, sentia apreensão e tensão por tudo o que acontecia. Costumo dizer que o objetivo de um livro é te fazer sentir. E posso afirmar com total e plena certeza que a Maas faz a gente sentir. Ao final tudo o que eu queria era ficar deitada na BR, me sentindo atropelada por sentimentos, pensando “uau, é por isso que eu amo literatura”.

Os personagens principais continuam enchendo o nosso coração de amor. Feyre e Rhys são um dos melhores – se não o melhor – casal DA VIDA. São aqueles que eu irei shippar eternamente. A autora soube criar um romance crível, engraçado, maduro e que realmente mostra que o amor cura feridas. Todo resto da Corte dos Sonhos sempre será maravilhosa também. Cassian, Azriel, Mor, Arhen... Que pessoal incrível! Posso ser amiga deles? E há ainda as irmãs de Feyre, que aparecem bastante nesse livro. Elain está diferente, está difícil, não é uma personagem que nos fará gostar tanto dela. E há ainda Nestha. Bom, Nestha é um ponto a se comentar. Ela é odiosa, é brava, é egoísta. Mas é uma força da natureza, furiosa, uma tempestade. Podemos entender toda sua revolta, tudo o que borbulha embaixo da sua superfície. Nestha é alguém a se observar nos próximos livros, que serão spin-offs e terão como foco as irmãs Archeron.

Imagem de Charlie Bowater

Corte de Asas e Ruína é grandioso, amarra várias pontas que estavam abertas dos outros volumes e dá um fim épico e emocionante a uma série que deveria ser lida por todo mundo. Mal posso esperar pelos próximos, que não serão da saga de Feyre e Rhys, mas continuarão nesse universo féerico.

Recomendo muito (MUITO MESMO).

Teca Machado

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Dark - Crítica


A Netflix tem me tirado um pouco da zona de conforto hollywoodiana. Por causa dela, tenho assistido a mais séries, filmes e documentários de países fora do eixo EUA-Inglaterra. A espanhola La Casa de Papel (comentei aqui) é um dos exemplos que quase todo mundo viu, ou pelo menos conhece, mas acho que a alemã Dark também merece atenção.


Primeira produção da Netflix da Alemanha, Dark, de Baran bo Odar e Jantje Friese, foi comparada a Stranger Things logo que foi lançada, em dezembro. Ouvi algumas pessoas dizerem que era como a série dos Duffer Brothers, mas mais sombria. Só que tirando o fato que a série tem como início o desaparecimento de uma criança e que parte dela se passa nos anos 1980, as similaridades terminam.

Conhecemos em Dark a pequena cidade industrial de Winden, no interior da Alemanha, e seus habitantes. O que há de mais notável no lugar é o funcionamento de uma usina nuclear, que está em processo de desligamento. E então um homem se suicida, deixando para sua família uma carta que só pode ser aberta em determinada data, uma criança desaparece misteriosamente e o roteiro começa a nos apresentar respostas, perguntas e muitos desdobramentos que falar aqui seria de um spoiler tremendo.



Dark é complexa, é inteligente, é lúgubre e exige paciência do espectador no início. O roteiro realmente nos fisga lá pelo terceiro ou quarto episódio, quando passamos a entender com o que a cidade está lidando, quais são os segredos, rancores e mentiras que esconde. Antes disso é um desfile imenso de personagens que confundimos o tempo todo e não entendemos a sua relevância para a história, mas não se engane, todos têm um porquê, mesmo que não tão explorados na primeira temporada.

São muitos os núcleos de personagens, mas todos eles se entrelaçam, seja no presente, seja no passado. É preciso ficar atento – e muitas vezes até mesmo voltar alguns minutos – para saber quem é quem e qual é a relação com outro. Isso é proposital. O principal de Dark não são os personagens e nem as relações humanas, ainda que podemos enxergar, especialmente do meio para frente que Jonas (Louis Hofmann) é o protagonista, juntamente com Ulrich (Oliver Masucci, que parece um Daniel Craig bem amarrotado). Todos fazem parte de uma história maior, de uma trama em que as engrenagens devem estar alinhadas ou tudo dará errado, que é o que acontece. Winden é o centro de tudo, de toda complexidade do universo.

Fala se ele não parece o Daniel Craig bem amarrotado?


No início, principalmente no primeiro episódio, parece que temos uma série de terror, ou no mínimo de suspense. A trilha sonora dá uns sustinhos, as cores são sombrias. Winden é triste. Parece um eterno inverno. Pouca ou nenhuma luz do sol, cores muito sóbrias e de paleta fria (tirando o casaco de chuva de Jonas, que é amarelo, e contrasta com tudo ao seu redor), chuva constante, florestas com poucas folhas verdes. Enfim, é melancólico e eu fiquei deprimida só de olhar. E na verdade toda ambientação da série mostra o estado de espírito dos habitantes da cidade, como todos estão por dentro. Gente, não tem UM ÚNICO ser humano naquele lugar que seja feliz, que dê sorrisos. 

Dark não é fácil de assistir. Por não ser linear pode parecer confusa. Vai, volta, volta mais um pouco, vai para frente e assim acontece. Temos cenas em 2019, no anos 1980, nos anos 50... E ainda precisamos pensar em quem é quem em cada um dos momentos, porque os personagens se repetem em diferentes anos com idades variadas. Em momentos a série é lenta, mas isso é um pouco necessário para que o espectador se ambiente com todos os personagens e famílias. 


Desde o começo ficamos intrigados com os mistérios de Winden e seus habitantes, mas chega num ponto, lá pelo quinto ou sexto episódio, que as peças começam a se encaixar e você imerge tanto naquele enredo que é impossível sair. Há muitas perguntas, algumas respostas e muito fica em aberto – muito mesmo, mas não a ponto de o espectador se cansar do suspense, de achar que o roteiro só quer te enrolar a ver mais e vai dar desfechos ruins. Pelo contrário. O final da primeira temporada é inesperado e deixa as expectativas lá no alto para a segunda temporada, que já foi confirmada e está em produção.

Como não estamos acostumados com séries e filmes em alemão, por um tempo é muito esquisito assistir e ouvir a língua (que, para mim, parece que eles brigam o tempo todo por causa da entonação), mas depois de um tempo isso nem é perceptível mais.


Se você já assistiu a série e ficou cheio de perguntas e dúvidas, o Omelete fez aqui um guia para entender melhor Dark.

Recomendo.

Teca Machado

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Projeto um ano sem comprar livros


Eu fiz uma promessa da qual eu tenho certeza que vou me arrepender.

Aliás, acho que já me arrependi.

E olha que não se passaram nem 24 horas ainda.

Prometi que vou passar 1 ano sem comprar livros.


Ai, que burrice.

Por que eu fiz isso mesmo?

Sábado saí com meu marido e alguns amigos e estávamos conversando sobre metas, promessas e todo tipo de crescimento pessoal que é importante, mas que acabamos não fazendo.

Conversa vai, conversa vem, brincaram que eu deveria fazer como a blogueira Jojo Moura, que em 2011 decidiu ficar um ano inteiro sem comprar nenhuma peça de roupa ou acessório, vivendo só com o que já tinha, surgindo assim o projeto Um Ano Sem Zara. No meu caso seria sem livros. Aí meu marido ainda falou:

- Acho que você deveria ficar sem comprar nenhum livro até ler todos os que tem lá em casa.

Na hora eu ri, falei “jamais, vocês são loucos?”, mas ontem pensando um pouco mais sobre isso, decidi que talvez eu devesse fazer o mesmo (um ano só, não até ler tudo, porque aí eu só iria comprar livros lá por 2025, socorro, é demais para mim!). Afinal, não é como se eu fosse ficar sem ter o que ler, né? Deem uma olhadinha na minha estante atual de livros não lidos:


Vou ter com o que me divertir, é claro. São 139 histórias me esperando.

Decidi fazer isso porque eu compro livros sempre que posso. Quando vejo uma promoção fico coçando todinha. Eu evito entrar em livrarias, é muita tentação. É quase não saudável. Então, esse projeto é uma maneira de me desintoxicar – e também de economizar, porque se tem algo com o que eu não tenho dó de gastar dinheiro é com leituras. Além disso, eu tenho muitos livros na estante que quero muito ler, mas nunca deu tempo, sempre chegaram obras novas, que passaram na frente. Então acredito que chegou a hora dessas histórias ganharem o mundo e me ganharem.

Coloquei como meta um ano (ai, Jesus, eu vou perder a Black Friday de 2018). Eu estava querendo trapacear um pouco, dizendo que a última vez que comprei livros foi em março, então que ia contar até o dia 8 de março de 2019, mas se é para fazer esse negócio, vamos fazer sério!

Regras do projeto 1 ano sem comprar livros:

1- Válido de 1º de maio de 2018 a 1º de maio de 2019.
2- Não posso comprar livros para mim, mas se for para comprar de presente para outras pessoas posso.
3- Não tem problema ganhar livros nesse período (fica dica, amigos!).
4- Posso receber livros de parcerias com autores e editoras, afinal eu não comprei.
5- Única exceção de compra de livros: Comprar exemplares em lançamento e noites de autógrafos.

Me desejem sorte. Vou precisar.

Queria agradecer (ou não, hahaha) ao meu marido Caio e aos meus amigos Júlia e Igor que deram a ideia desse desafio. Ainda não sei se amo ou odeio vocês.

Espero sobreviver.

Teca Machado.

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Canal Teca Machado: Origem, de Dan Brown


De onde viemos?

Para onde vamos?

Essas são as principais perguntas de Origem, de Dan Brown, publicado no Brasil pela Editora Arqueiro.

Vem ver a resenha do quinto livro do professor Robert Langdon como protagonista.


E aproveite para se inscrever no canal aqui

Bom final de semana para vocês! Que ele seja cheio de leituras!

Teca Machado


quinta-feira, 3 de maio de 2018

George Méliès – Doodle Google


Se você viu o Google hoje, vai perceber que está mostrando um dos Doodles mais legais feitos pela empresa. Ele é uma homenagem a “À La Conquête Du Pôle” (A Conquista do Polo), filme de George Méliès, que estreou no dia 3 de maio de 1912.


Quem viu A Invenção de Hugo Cabret sabe quem é Méliès. Se hoje assistimos filmes com efeitos visuais, ele é um dos motivos, já que foi o pioneiro, ousado e muito sonhador.

Em 1895 os irmãos Lumière criaram o cinema. Em sua primeira exibição mostraram uma cena de um trem à vapor saindo da estação. Registros  da época contam que as pessoas presentes entraram em histeria e o público correu em desespero para longe da sala.

Mas uma pessoa não ficou assustada: Méliès. Ele era um mágico profissional e ficou intrigado com o que viu. Tentou comprar um exemplar de filmadora e tela, mas os Lumière se recusaram. Visionário como sempre, ele não desistiu, e conseguiu um projetor de filmes e fez seus experimentos numa época em que o cinema não existia. Estima-se que de 1896 até 1913  tenha produzido mais de 500 filmes, muitos com efeitos inéditos, alguns usados até hoje, mais de 100 anos depois e com a tecnologia super avançada. Então, de certa forma, Méliès fazia mágica. Talvez tenha surgido daí a expressão magia do cinema.

Voyage Dans La Lune (A Viagem à Lua) é o seu filme mais famoso e cultuado. Você provavelmente já viu a cena de uma espaçonave atingindo os olhos da Lua, imagem icônica do seu trabalho. Fascinado por Julio Verne (Te entendo, Méliès, também sou!), a história é uma adaptação do livro Da Terra à Lua

A Invenção de Hugo Cabret não é um filme sobre ele, mas é um personagem importante do enredo, e conta parte da sua vida, que foi simplesmente fantástica. Muito do seu trabalho foi perdido, principalmente devido à Guerra, já que o Governo francês confiscou grande parte das suas terras e também seus negativos de filmes, que foram derretidos e usados como material para projéteis e bala. Mas ainda assim muito foi salvo e hoje podemos ver seu trabalho.

Cena famosa

Trecho de um dos seus filmes com efeitos especiais
O Doodle do Google hoje, em homenagem a esse homem tão incrível, foi inspirado na sua vida e obra. Em parceria com a Nexus Studio e The Cinémathèque Française esse é o primeiro Doodle em 360º. O vídeo tributo a Méliès pode ser visto com smartphones, cardboards, daydream e o aplicativo Google Spotlight Stories. O conteúdo também pode ser assistido por meio do YouTube, em uma versão 360°.

Clique aqui e veja o material que o Google Doodle preparou sobre o cineasta mágico e assista ao filme, que é uma gracinha!

Méliès definitivamente merece ser celebrado.

Cena do Doodle

Com informações do Google.

Teca Machado

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Livros lidos em abril


2018 está sendo um ano mais corrido para mim, então as leituras estão diminuindo de ritmo, mas não tem problema, por mais que eu queira ser paga para ler livros (alguém me indica para esse emprego dos sonhos, por favor?), o importante é nunca parar, sempre seguir em frente e ler o quanto puder.

Em abril li três livros, um muito bom, um bem chato e um muito incrível.


1- Outlander – Os Tambores do Outono – Parte 2 – Diana Gabaldon (Editora Arqueiro)
2- Quando Tudo Volta – John Corey Whaley (Editora Novo Conceito)
3- Corte de Asas e Ruína – Sarah J. Maas (Editora Galera Record)

Outlander é sempre uma delícia e super intenso. Com a Parte 2 finalmente soube o final do livro quatro (quando comprei a parte 1, esqueci de comprar a parte 2 e ao terminar o primeiro fiquei exatamente na metade da história, haha), que teve um desfecho bem bacana, me deixando curiosa para o quinto volume, chamado de A Cruz de Fogo.

Quanto Tudo Volta foi uma surpresa negativa. Esperava bastante porque foi um livro muitíssimo elogiado. Achei meio sem pé e nem cabeça. Se você quiser saber mais sobre ele é só ler aqui a resenha.

E o que falar do final da série Corte de Espinhos e Rosas com o incrível Corte de Asas e Ruínas? Essa é uma das minhas sagas preferidas e a Maas me deu um fim épico, legen – WAIT FOR IT – dary. Corte de Névoa e Fúria, o livro 2, ainda é para mim o melhor dos três, mas esse terceiro foi maravilhoso também. Fiquei sem ar e tensa durante as quase 700 páginas.



E vocês, o que leram em abril?

Que maio seja recheadinho de livros para todos nós!

Teca Machado

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