Pedro Coelho - Crítica
“Tia é para essas coisas”, disse a minha irmã me pedindo para ir ao cinema com as minha sobrinhas. Eu realmente gosto de levar as meninas ao cinema, desde que o filme seja bacana e me interesse também (eu me recusei terminantemente a assistir Meus Quinze Anos, da Larissa Manoela). Mas elas me pediram muito para assistir Pedro Coelho, do diretor Will Gluck. Tinha visto o trailer, achado meio bobinho, mas vamos lá, né? Como minha irmã disse, tia é para essas coisas. E ainda bem que eu fui. Me diverti com um filme infantil diferente dos últimos que assisti.
Pedro Coelho é baseado nos livros Peter Rabbit, de Beatrix Potter. Pedro, suas irmãs e seu primo moram no campo, na Inglaterra. Vivem numa toca ao lado de Bia (Rose Byrne) e Severino (Sam Neill). Bia é uma protetora dos coelhinhos e acredita que a terra precisa ser compartilhada. Severino já tem outra ideia. Odeia os coelhos – inclusive matou o pai coelho, numa cena que partiu meu coração – e não deixa que os animais comam da sua horta. O que não os impede de roubar uns legumes, claro. Quando Severino morre e Thomas (Domhnall Gleeson), seu sobrinho-neto, assume a propriedade, Pedro acredita que seus problemas acabaram, afinal, o rapaz está se envolvendo com Bia. Só que Thomas é ainda pior do que Severino e coelhos e homem começam uma guerra.
Temos aqui uma história que tinha tudo para falar do politicamente correto, de partilhar com os mais fracos, cuidar da natureza e tudo o mais. Mas Pedro Coelho tem uma pegada muito mais Tom e Jerry, Papa-Léguas e Coyote, com brigas, guerras e batalhas entre coelhos e humanos (e isso gerou polêmica nos EUA, já que em certa cena Pedro faz com que Thomas coma uma amora, que ele é alérgico, e algumas pessoas disseram que é bullying, maldade demais). E isso é algo que pode agradar os mais velhos – sei que eu me diverti muito -, ainda mais porque há muitas referências, como quando eles falam que alguém revive igual a um highlander.
Além disso, Pedro Coelho é um protagonista malicioso, arrogante e cheio de si. É aquele filme em que a jornada do herói molda o comportamento futuro dele, o tornando uma pessoa melhor. Vi dublado, mas acredito que deve ser melhor no original porque quem dubla é James Corden. As irmãs de Pedro e seu primo Benjamin são fofos, divertidos, com personalidades muito bem delineadas. Bia é inocente, bondosa e completamente avoada. Sua relação com os coelhos é muito bonitinha e Pedro vê nela uma mãe-postiça, por isso se sente ameaçado quando ela começa um relacionamento com Thomas. Rose Byrne trouxe a leveza que a personagem pede. E Domhnall Gleeson é um ótimo antagonista. O ator geralmente faz mais filmes dramáticos (Questão de Tempo ❤), mas ele se deu muito bem com essa comédia infantil que pediu muito da sua expressão corporal. Ele dá acessos de raiva, corre atrás dos coelhos, apanha, toma choque, cai e muito mais, e o faz de maneira que não parece forçada. Seu vilão é mau em muito momentos, mas passamos a ver que ele é apenas incompreendido, meio louco e com um pouco de esforço e carinho ele vai se tornar uma pessoa melhor.
A fotografia e os efeitos especiais são muito bonitos. O campo inglês é realmente um lugar lindo para se morar e o filme não deixa de ser uma ode à região. E o engraçado é que os animais não chegam a ser antropomórficos, mas não são inteiramente naturais. Todos usam roupinhas (muito se comenta da jaqueta marrom do Benjamin, e “todo mundo sabe que marrom sobre marrom não é fashion”), falam – e em certos momentos até mesmo com humanos, e convivem numa sociedade bem organizada entre várias espécies.
Foi um acerto do diretor usar como obras de Bia ilustrações dos livros de Pedro Coelho. Além disso, as imagens são usadas como maneira de flashback da história dos animais. Só não foi muito legal terem traduzido os nomes dos personagens. Pedro é Peter, Bia é Bea, Severino é McGregor e muito mais.
Mesmo que não foque no politicamente correto, a história tem uma boa mensagem e prega valores, sem ser de forma piegas. Pedro Coelho foi uma surpresa para mim e pode ser para você.
Recomendo.
Teca Machado
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