No início do ano decidi que em 2018 leria clássicos da literatura mundial. Escolhi cinco obras que estavam há tempos na minha estante e que sempre me despertaram a curiosidade: Orgulho e Preconceito – Jane Austen, Os Miseráveis – Victor Hugo, Paris É Uma Festa – Ernest Hemingway, Alice no País das Maravilhas – Lewis Carroll e Peter Pan – J. M. Barrie. Se quiser saber um pouco mais sobre essa minha meta, é só vir aqui no Canal Teca Machado e assistir ao vídeo que fiz sobre o assunto. E o primeiro clássico que li dessa lista foi Peter Pan.
Fotos @casosacasoselivros |
Todos nós sabemos a história do menino que nunca queria crescer. Peter Pan vivia na Terra do Nunca com os Meninos Perdidos, sempre em pé de guerra com os piratas, principalmente com Capitão Gancho, e em harmonia com fadas e sereias. Certa noite, ao visitar Londres, Peter chama três crianças para irem como ele, Wendy, João e Miguel, que se aventuram nessa ilha da fantasia durante um tempo.
Antes de mais nada, precisamos ter em mente que Peter Pan é fruto da sua época: 1904, quando a peça foi apresentada pela primeira vez, para um tempo depois se tornar um livro. Então temos alguns conceitos que hoje já foram revistos. Por exemplo, Wendy é a única menina entre os Meninos Perdidos e cabe a ela ser a mãe, a cuidar de tudo, a não trabalhar fora de casa. Entre suas tarefas estão costurar, cozinhar, dar remédios, ajudar quando se machucam e assim por diante, enquanto eles vão para guerras, batalhas e aventuras. Ela é a voz de juízo entre tantos garotos, a segurança que eles precisavam.
Peter Pan nunca foi um mocinho típico. Traiçoeiro e muito manipulador, o personagem principal do livro é um péssimo exemplo para todos os outros meninos. Peter é egoísta, zombeteiro e completamente ardiloso, talvez tanto quanto seus terríveis inimigos piratas. Mas ao mesmo tempo é leal e justo. E enquanto o Capitão Gancho é descrito como bonito, elegante e muito educado, Peter é o extremo oposto. Muito se fala durante as páginas sobre os bons modos do capitão e como ele se sente culpado quando os deixa de lado.
Peter Pan foi um livro escrito para crianças, mas J. M. Barrie não nos poupa de mortes e sofrimentos. Pelo contrário, até os descreve com bastante detalhes. Várias vezes somos apresentados aos Meninos Perdidos andando com facas, participando de lutas e perdendo um membro ou outro, assim como os piratas e os índios que vivem na Terra do Nunca.
Há muita analogia durante a história, muitas das quais os leitores mais jovens podem passar despercebidos. Até eu como adulta passei por várias delas! A Terra do Nunca é um lugar para onde todas as crianças vão durante seus sonhos. Elas conhecem Peter, mesmo que nunca tenham estado com ele. Ele é como o amigo imaginário que todos tivemos um dia.
Claro que estamos falando de uma fantasia, mas Peter Pan tem várias passagens nonsense mesmo no mundo real, fora da ilha. Por exemplo, as crianças têm uma babá canina, o pai deles passa semanas em uma casinha de cachorro como forma de punição por ter sido responsável pela fuga dos filhos, a mãe deles “vasculha” suas mentes enquanto dormem e muito mais.
Talvez Peter Pan seja menos maluco do que Alice no País das Maravilhas, mas isso não significa que seja menos psicológico. Acho que dá para estudar muito e ter várias referências e reflexões em livros de psicologia infantil. Há muitos sentimentos durante o livro, como afeição, amizade, egoísmo, raiva, ciúmes, medo, instinto materno e traição.
A história flui, é uma leitura relativamente rápida, principalmente por causa da linguagem. Apesar de ser do início do século passado. J. M. Barrie escreve de forma atemporal – não só sua gramática, mas também o tipo de história – e em pouco tempo chegamos ao fim da saga de Wendy, Peter e dos Meninos Perdidos. O mais interessante é que narrador conversa com o leitor, não é apenas onisciente. Ele é como um pai contando uma história para o filho antes de dormir, dando suas opiniões e falando sobre o que aconteceu no melhor estilo “vou te contar esse trecho, mas se prepare que ele é triste”.
Livos clássicos que vou ler em 2018 |
Peter Pan foi um bom livro, uma boa maneira de começar a minha meta de leitura de clássicos em 2018. E essa minha edição da Editora Zahar está mais do que linda! O box do qual faz parte tem também Alice no País das Maravilhas, O Mágico de Oz e Contos de Fadas, além de vir numa caixinha que brilha no escuro.
Recomendo.
Teca Machado