Tartarugas Até Lá Embaixo - Resenha
Meu primeiro encontro com o John Green aconteceu em 2012, acho que como todo mundo, quando ele lançou A Culpa é das Estrelas e saiu quebrando corações mundo afora (sei que eu chorei tanto que minha mãe chegou a perguntar se eu estava bem). Desde então ele não lançou mais livros, - as editoras que publicaram os anteriores que ele havia escrito – até que chegou ao público no final do ano passado Tartarugas Até Lá Embaixo, da Editora Intrínseca. E, como sempre podemos esperar do John Green, esse não é apenas mais um young adult comum.
A graça no autor é que ele nunca entrega algo clichê – não que haja problema com clichês, eu mesma amo. Seus personagens são reais, com problemas, cheios de peculiaridades. Aza Holmes, por exemplo, protagonista de Tartarugas Até Lá Embaixo, é uma garota com um grave caso de TOC (transtorno obsessivo-compulsivo), assim como o próprio John Green, que afirma ser esse livro uma espécie de espelho de si próprio.
Aza é uma garota de 16 anos que, junto com a amiga Daisy, decide tentar solucionar o misterioso desaparecimento de um milionário de Indiana, onde vivem. Quem tiver qualquer pista sobre seu paradeiro irá receber uma quantia em dinheiro, o que ajudaria as duas garotas a irem para a faculdade. Davis, o filho do tal milionário, por quem Aza sempre teve uma quedinha, participou de um acampamento com ela anos antes, e acaba se reaproximando dele. E enquanto questões sobre a investigação, amizade, amor e até mesmo um réptil raro neozelandês acontecem, Aza precisa lidar com o seu maior problema: o TOC que muitas vezes a incapacita de viver, devido aos pensamentos que formam espirais infinitas sobre doenças, germes, bactérias e morte.
John Green |
Muito mais do que um romance adolescente, Tartarugas Até Lá Embaixo é sobre conviver com uma doença que quase te leva ao extremo do desespero. Acompanhamos Aza e suas espirais de pensamento, em como ela consegue conectar tudo ao ponto de chegar a ter sérias crises de ansiedade. E como o próprio John Green explica que sempre conviveu com o TOC ele sabe do que escreve. Como sempre fez em seus outros livros, ele não romantiza o problema, mas fala de uma maneira muito real, crua, mas ainda assim sensível. Eu, que não sofro de TOC, ansiedade ou de outros distúrbios, me sentia aflita durante a leitura, dividindo com Aza seu sofrimento e entendendo porque ela simplesmente não conseguia parar. Até porque a história é contada do ponto de vista da garota e temos um acesso imenso ao seu íntimo, medo e obsessões (ou seria dos medos do próprio John Green?).
A história é interessante, mesmo que o caso do desaparecimento do milionário não tenha sido tão bem explorado. Ele foi realmente um pano de fundo para Aza, seus relacionamentos e seu TOC, não a parte mais importante da obra, mas ainda assim senti falta de algo mais profundo, talvez porque eu esteja acostumada a ler muitos thrillers policiais. Mas isso não tira em nada o brilho do livro.
Aza é uma excelente personagem. É uma adolescente que sofre com os problemas normais da idade e ainda precisa lidar com o TOC e com a morte prematura do pai. Nos compadecemos dela várias vezes, mas enxergamos uma garota forte por trás disso tudo. Daisy me deu sentimentos contraditórios. Muitas vezes foi uma vaca, mas é uma amiga leal e doida por Aza, totalmente o oposto dela. Enquanto Aza se dobra em si mesma, chamando o mínimo de atenção possível e falando apenas o necessário, Daisy ama a própria voz, é extrovertida e é conhecida na internet por escrever fanfics de Star Wars onde Rei e Chewbacca vivem um romance. E ela sabe de todos os problemas de Aza e ainda assim tenta ao máximo diminuir as consequências que isso traz para a amizade entre elas. Davis é outro ótimo personagem. Mesmo que riquíssimo, é um rapaz humilde, que se importa com o irmão, com poesia e com as estrelas. Ele soube lidar com Aza e nunca quis mais dela do que a garota podia oferecer.
Claro que como falamos de John Green, há muitas filosofias – inclusive sobre o nome do livro -, pensamentos sobre vida, morte e mundo, referências ao universo pop, algo que o autor ama, e tudo isso de uma forma muito acessível a todo tipo de leitor. E, por mais incrível que pareça, mesmo falando de assuntos tão sérios, é um livro leve, engraçadinho, que ao mesmo tempo te deixa com um nó na garganta e triste quando acaba.
Quote do livro |
Recomendo bastante.
Teca Machado
Oi, Teca!
ResponderExcluirEu queria até estar na vibe do John Green, mas saturei do autor. Pior que todo mundo está falando que esse é o melhor livro dele... e eu fico naquela se leio ou não
Beijos
Balaio de Babados
Eu fico saturada com alguns autores também, mas tinha muito tempo que não lia nada dele.
ExcluirÉ uma leitura bem bacana, mas A Culpa é das Estrelas é o meu preferido ainda.
Beijooos
Oi, Teca.
ResponderExcluirDepois de A culpa é das estrelas, o autor passou por um hiato grande e espero que tenha sido por causa dessa obra, que parece ter algo autobiográfico.
Parece que o livro não foca muito na resolução do desaparecimento do milionário e isso talvez não agrade algumas pessoas, mas o que talvez mais importe seja o problema de TOC da protagonista e suas ligações de amizade e de possível envolvimento amoroso com Davis.
Bela resenha.
Abraços.
Diego || Diego Morais Viana
Acho que a história do desaparecimento é totalmente secundária nesse caso.
ExcluirQue bom que gostou da resenha.
Beijooos
Oi Teca, tudo bem? Por incrível que pareça não sou tão fã assim do autor rsrsrs mas estou bem curiosa pra conferir esse livro, acho bem interessante abordar o TOC!
ResponderExcluirBjs, Mi
O que tem na nossa estante
Oi, Mi.
ExcluirEle é assim, ou todo mundo ama muito ou ama pouco, hahaha.
Esse é um livro bem diferente.
Beijooos
Esse livro está fazendo sucesso e gostei de saber ainda mais sobre esta leitura na sua resenha.
ResponderExcluirBjs
https://eternamente-princesa.blogspot.com.br
É bem bacana!
ExcluirVale a pena.
Beijooos
Oii Teca, tudo bem? Quero muito ler esse livro, amo os livros do John, justamente por não serem clichês, e nesse eu estou bem curiosa para saber como ele vai tratar o TOC da protagonista.
ResponderExcluir- Beijos, Carol!
http://entrehistoriasblog.blogspot.com.br
Oi, Carol!
ExcluirE esse tem uma pegada bem diferente.
Vale muito a pena, viu?
Beijooos
Olá!
ResponderExcluirEssa foi a primeira resenha que li do livro e confesso que me interessei ainda mais sobre a história. Como eu disse em um comentário anterior aqui no seu blog, eu adoro os livros do John Green (tirando o livro O Teorema Katherine...). Também chorei até quase desidratar com A Culpa é das Estrelas, o pior de tudo é que eu estava dentro de um ^nibus do transporte público quando isso aconteceu. Hehehe
Enfim, sua resenha só aumentou minha vontade de desvendar a mente de Aza e o quanto o TOC a torna diferente. Bela resenha!
Blog Enquanto Leitora
Oi!
ExcluirQuem não chorou não tem coração!
Hahahahaha.
Eu também não gosto de O Teorema de Katherine. Foi uma decepção!
Você vai gostar desse, tenho certeza.
Beijooos