Eu sei, eu estou atrasada, já que em breve a segunda temporada vai ao ar, mas como não comentar aqui a maravilhosidade que é The Crown? Só posso dizer que é uma das melhores produções da Netflix (se não a melhor) e mereceu os prêmios que ganhou no Globo de Ouro esse ano, de melhor série dramática e melhor atriz de série dramática para Claire Foy.
The Crown conta a história real da Rainha Elizabeth II, aquela velhinha que sempre vemos na televisão e que usa roupas coloridas. Mas ela é muito mais do que isso e com a série acompanhamos sua história desde o começo, quando após a morte do pai, o Rei George VI (Jared Harris), a jovem Elizabeth (Claire Foy) é alçada ao trono e precisa sustentar o peso da coroa.
Mais do que uma produção que fala sobre a política da Inglaterra ou sobre fofocas da realeza, The Crown, como o próprio nome já diz, foca na coroa, no fardo que é ser a rainha/rei. E Elizabeth, quando criança, nem era o primeiro nome na linha sucessória, já que o rei era seu tio David, o Duque de Windsor (Alex Jennings), que abdicou ao trono por amor a uma divorciada (naquela época a Igreja não deixava que pessoas divorciadas se cassassem novamente se o cônjuge anterior ainda estivesse vivo). Seu pai teve que subir ao trono e, posteriormente, a garota.
Quando foi coroada, Elizabeth era nova, ingênua, com um casamento feliz e sem nenhum traquejo político, sempre insegura na hora de tomar decisões. Mas com a ajuda do primeiro ministro Winston Churchill (John Lithgow), ela vai se tornando cada vez mais rainha e menos Elizabeth, para desgosto do marido Phillip (Matt Smith), que não suporta ser jogado para escanteio e viver sob a sombra da mulher, uma das mais poderosas do mundo (Não foram poucas as vezes que eu quis dar um soco na cara dele enquanto assistia).
A vida dos Windsor é colocada no microscópio em The Crown. E, por incrível que pareça, a série teve o aval da família real. Apesar de ninguém ter dado entrevista para os roteiristas, tudo foi escrito com base em extensa pesquisa e é o mais real possível. Elizabeth precisa encontrar o equilíbrio entre manter o tradicional, já que a monarquia é uma instituição milenar, talvez ultrapassada, mas ser uma brisa de ar fresco para o sistema, com o seu rosto jovem, feminino e moderno.
Os embates familiares por causa da coroa de Elizabeth são o mote da série. Principalmente em relação a princesa Margareth (Vanessa Kirby), irmã mais nova da rainha. Várias vezes Elizabeth se vê sem saída: Apoiar a família ou fazer o que a certo mediante a monarquia? Essa é a escolha que sempre vai rondar a vida da regente, o que deixa o coração do espectador apertado por ela, por todo o sofrimento que ser rainha lhe causa.
The Crown não é cheia de ação ou cenas corridas, mas te prende em todos os episódios. As atuações excelentes (destaque para Claire Foy, John Lithgow e Vanessa Kirby, que estão fantásticos!), os movimentos fluídos dos atores em cena, a fotografia perfeita, o figurino espetacular e a iluminação que tem muito a dizer sobre o humor dos personagens é mais do que suficiente para que fiquemos fascinados. E apesar de começar com Elizabeth já aos 21 anos, no seu casamento por amor com Phillip, ao longo dos episódios temos flashbacks da sua infância, o que enriquece ainda mais o enredo.
O fato de conhecer a fundo uma figura que, apesar de não ser do nosso país, sempre esteve presente no nosso imaginário, é ótimo. É engraçado pensar nos primeiros anos de reinado de Elizabeth quando desde que eu me lembro por gente ela já é velhinha e rainha há décadas. No fim das contas, eu não sabia nada sobre ela ou sobre os Windsor, ou mesmo sobre a situação da Inglaterra pós-Segunda Guerra Mundial. The Crown é uma das melhores aulas de História que eu já tive.
Se você ainda não assistiu, faça um favor a si mesmo e corra para a frente da Netflix. São apenas 10 episódios nessa primeira temporada, mas a série foi projetada para ter 6 temporadas, com 10 capítulos cada e seguindo a cronologia.
Recomendo demais!
Teca Machado