Fiquei cansada. Bem cansada. Um Limite Entre Nós, do diretor e ator Denzel Washington, é um filme que cansa o espectador. Diálogos muitíssimo longos e nenhuma ação, epifanias e ressentimentos e amarguras, além de muita injustiça e atuações fantásticas. Esse é mais um dos filmes indicados ao Oscar em 2017.
Um Limite Entre Nós é e não é filme. É e não é teatro. O enredo é a adaptação da peça Fences (Cercas) dos anos 1980 e que ganhou vários prêmios no segmento. No que foi transformada em roteiro para cinema, o diretor, que também faz o papel do protagonista, optou por manter a aura do teatro. Ela não chega a ser uma peça filmada, mas também não chegar a ser um filme comum. Os personagens são poucos, os cenários menos ainda e tudo gira em torno de conversas, debates e discussões. Conversas que mais parecem monólogos, na verdade. E são nesses momentos que Denzel Washington e Viola Davis mostram toda a força dramática que têm.
A história gira em torno de uma família de Pittsburgh nos anos 1950 que precisa enfrentar os problemas que negros dos EUA na época eram submetidos. Injustiças no trabalho e na vida comum, além de serem considerados inferiores. O pai é Troy (Denzel), um homem completamente amargurado com a vida que tem, mesmo que viva em razoável conforto financeiro e tenha uma esposa que ama. Rose (Viola) é a típica mulher da época, que vive pelo marido e pelos filhos, que deixa seus sonhos de lado para cuidar dos outros. E há ainda o filho mais velho Lyons (Russel Hornsby), um bom vivant, Cory (Jovan Adepo), o caçula que morre de medo do pai, Gabe (Mykelt Williamson), irmão de Troy com problemas mentais, e Jim Bono (Stephen Henderson), amigo do patriarca.
Troy não chega a ser um vilão, nem mesmo um anti-herói, mas não é de causar simpatia no público. Apesar de que em momentos que conta passagens da sua vida é possível se solidarizar com esse homem sofrido – e que faz sofrer aqueles ao seu redor. Ele, no fim das contas, se tornou um espelho do pai que tanto odiava e desprezava. O ambiente em que viveu o moldou.
Não há dúvidas que Denzel e Viola fazem um trabalho magistral. E pela segunda vez! Anos atrás ambos participaram da peça de teatro que originou a produção. As duas indicações ao Oscar são mais do que justas. E falam por aí que Viola é a favorita (óbvio, é a diva Viola, né, gente) na categoria Atriz Coadjuvante. Denzel, apesar de queridinho de todo mundo (porque ele é muito maravilhoso, convenhamos) talvez não leve, porque dizem que Casey Affleck está com mais chances.
Como o filme é todo sustentado por monólogos e discussões, excelentes atores são o que seguram o espectador nas 2h18 de produção. Só eles – e o fato de que eu me comprometo a assistir todos os filmes indicados na categoria para trazer para vocês – me fizeram continuar assistindo.
A cerca em questão, que é o nome do filme em inglês e da peça, é uma metáfora muito bem utilizada no filme. Troy passa o tempo quase todo construindo uma cerca, ou enrolando para construir a bendita. Ela pode ser usada para manter do lado de fora quem não pode entrar. Ou manter do lado de dentro aqueles que estão dentro dos seus limites. E essas duas opções de analogias são utilizadas por essa família de certa forma presa em sua etnia e em seus problemas.
O filme não é ruim, pelo contrário. Só que Um Limite Entre Nós tem aquele estilo que crítico de cinema e de teatro gosta, o que muitos podem achar chato (eu confesso que achei meio chato. Foi um filme muito longo...). As chances de levar a estatueta com o maior prêmio da noite são pequenas, mas Viola, Denzel e o roteiro adaptado estão mais do que no páreo.
Recomendo só para quem curte o gênero.
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Melhor Filme 2017 – Oscar
Clique nos que estão marcados com link para ler a resenha:
Estrelas Além do Tempo
Moonlight: Sob a Luz do Luar
Um Limite Entre Nós – Assistido!
A Qualquer Custo
Manchester à Beira-Mar
Teca Machado
ai to fazendo a maratona oscar e ta faltando alguns pra ver na minha lista, inclusive esse que quero mt ver, adorei a resenha!
ResponderExcluirwww.tofucolorido.com.br
www.facebook.com/blogtofucolorido
Conseguiu ver tudo?
Excluir:D
Beijooos
Oi teca, que resenha excelente! Super completa! parabéns! eu ainda não vi o filme, mas acho estava com expectativas super altas, não esperava que fosse um filme tão parado, sem ação, vou alinhar minhas expectativas agora!
ResponderExcluirBjs, Mi
O que tem na nossa estante
Oi, Mi!
ExcluirÉ beeeem parado, beeeem chato, haha.
Mas as atuações são maravilhosas.
Beijooos
Apesar de a estória mostrar algo importante para a sociedade, eu simplesmente não consigo me prender em filmes assim, longos e com diálogos enormes...
ResponderExcluirDos indicados ao Oscar eu assisti Moonlight e Manchester a Beira Mar. Amei os dois, acho que você vai curtir também!
Beijos!
www.ooutroladodaraposa.com.br
Ai, Raíssa, nem eu consigo.
ExcluirEsse é muito chato.
Beijoos
Tire o seu racismo do caminho, que eu quero passar com a minha cor.
ResponderExcluir( do livro "desaforismos" de Georges Najjar Jr)