A Cinderela como você nunca viu: Feitiço – Livro 2 da Saga Encantadas

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Gosto de contos de fadas de qualquer jeito: Os clássicos da Disney, as releituras, os macabros originais. Enfim, histórias maravilhosas cheias de magia, princesas, reinos e bruxas. Quando li Veneno, de Sarah Pinborough (Comentei aqui), gostei bastante da versão mais cruel e sensual que ela criou para a Branca de Neve. Agora no segundo volume da Saga Encantadas, temos Feitiço, que tem como foco a Cinderela, mas ainda tem elementos e personagens do livro anterior.

Os livros dessa série podem até parecer independentes, já que cada um é sobre uma princesa, mas a história, no fim das contas, é interligada e continuação. Em Feitiço Cinderela é a protagonista, mas a Branca de Neve, de forma sutil, é importantíssima no arco dramático. Então, é preciso ler Saga Encantadas na ordem cronológica: Veneno, Feitiço e Poder.

O que melhor pode definir Feitiço é a frase “Cuidado com o que deseja, você pode acabar conseguindo”. Depois de toda a história de a madrasta não ligar para ela, as meia irmãs também não e o pai, que nessa releitura está vivo, ser indiferente a ela, com a ajuda de uma fada madrinha, ou quase isso, Cinderela consegue ir ao baile e conquistar o príncipe. Sim, ela conseguiu o que queria, mesmo que no caminho “atropelasse” várias pessoas e seus sonhos, principalmente da sua família.

Só que a paixão entre ela e o príncipe veio por meio de mágica e os dois não se gostam realmente. Viver no palácio não é nada do que Cinderela imaginava, ainda mais porque precisa todas as noites cumprir uma missão para a fada madrinha, a de vasculhar todos os aposentos do castelo, e contar o que descobriu para o Caçador, um homem rude, que a trata mal e é basicamente o oposto do seu belo príncipe. Só que os segredos da realeza podem ser tudo o que Cinderela nunca quis para a sua vida.

Sarah Pinborough

Esqueça todo o que você sabia sobre a doce Cinderela. Em Feitiço ela é egoísta, extremamente sensual e até meio chata. É possível ver que o problema dela com sua madrasta e meias irmãs é culpa dos dois lados, nada que um pouco de conversa não resolva o problema. A protagonista não nos conquista, é verdade, mas a história é interessante, principalmente por causa da presença do Caçador, peça importante do livro anterior.

O momento em que as histórias de Feitiço e Veneno se cruzam (eu já imaginava) é surpreendente, mas surpresa mesmo é o epílogo. Eu definitivamente não estava esperando por aquilo e foi um final bem divertido e totalmente inesperado.

A diagramação é boa, apesar de feita em página branca, o que pode cansar a leitura, mas como esse livro é pequeno você não chega a sentir. Tem sempre um detalhe de ilustração que remete aos contos de fadas. Mas as capas, apesar de parecerem bonitas de longe, de perto são mal impressas, até meio granuladas, sabe? O box é bonito na foto só.

A leitura dos livros da Saga Encantadas é rápida e dinâmica. As histórias são relativamente curtas e escritas de forma direta, sem enrolação. São ótimas para desanuviar a mente em dois ou três dias, tempo que geralmente se demora com cada volume.

Sarah Pinborough não tem medo de desconstruir as princesas que conhecemos desde pequenos, de transformá-las em quase vilãs, cheias de falhas, ganância, egoísmo e até mesmo luxúria (Gente, a Cinderela é safadinha! Hahaha). E mesmo o príncipe está longe do lorde maravilhoso a quem estamos acostumados. Perfeição é só legal (e verdadeira) vista de longe.

Recomendo.

Teca Machado