Se você é um leitor que vive nessa realidade literária de blogs, eventos, Bienal e livrarias, pode até achar que o brasileiro lê muito, que a leitura no país cresceu. Não deixa de ser verdade. Cresceu mesmo. Essa semana saiu o resultado da Pesquisa Retratos da Leitura do Brasil, grande fonte de informação sobre o tema, e ela afirma que de 2011 para cá o número de leitores no Brasil cresceu 6%. Só que isso ainda está longe de ser grande coisa. Antes 50% da população era considerada leitora (leu pelo menos um livro nos últimos 3 meses), agora é 56%.
Você sabia que a média de livros que o brasileiro lê por ano é de 4,96? Se você parar para pensar, é pouquíssimo. Eu geralmente leio mais do que isso num mês. Tudo bem, não sou muito padrão porque eu sou meio louca por leitura, mas, ainda assim, quase 5 livros por ano é muito, muito pouco.
E, segundo a pesquisa, não são nem 4,96 livros lidos inteiros. Eles consideram obras lidas pela metade ou apenas partes. Segundo dados apresentados, 2,43 livros foram terminados e 2,53 foram lidos em parte. OU SEJA: Esse número, que já não é lá bom, nem pode ser considerado por inteiro, já que livros lidos de verdade são menos de 50% dos 4,96.
Dados alarmantes da pesquisa indicam que 30% dos entrevistados, que englobam estatisticamente 93% da população do país, nunca, repito NUNCA, comprou um livro. Enquanto isso, 73% das pessoas não comprou e nem se interessou por uma obra nos últimos 3 meses.
Os dados também informam que 67% da população nunca teve quem os incentivasse a ler, e dos que tiveram 33%, foram principalmente levados a ler pela mãe ou outra representante do sexo feminino da família e também por professores.
E por falar em mulheres, nós somos maioria quando o assunto é leitura: 59%. E entre os jovens de 18 a 24 anos ouve um aumente significativo de gente que lê por prazer, de 53% em 2011 para 67% em 2015.
A Pesquisa Retratos de Leitura do Brasil também descobriu outros fatos interessantes, como que o que mais chama atenção dos leitores num livro é o tema (30%), seguido pelo autor (12%), dica de outras pessoas (11%), pelo título (11%), pela capa (11%), dicas de professores (7%), resenhas/críticas (5%), publicidade (2%), editora (2%) e redes sociais (2%).
E sabe os que não leem? Usam como justificativa falta de tempo, falta de gosto pela leitura, não ter paciência para sentar e ler um livro e prefere outras atividades.
Muitos desses dados me deixaram triste, mas nenhum pouco surpresa. Eu vivo num ambiente de literatura desde que nasci, sempre muito influenciada a ler e também a escrever, tanto que tenho esse blog há quatro anos, um livro publicado, um em processo de edição e um sendo escrito. Mas fiquei muito chateada ao saber com a pesquisa que nem os professores do país leem. Quando questionados sobre qual livro haviam lido nos últimos 3 meses, mais da metade respondeu que nenhum. NENHUM. E dos 50% restante, 22% disseram que só leram a Bíblia, o que nesse caso é mais por fé e religião do que gosto pela leitura propriamente dita. Aqueles que mais deviam influenciar a ler, não deram exemplo.
O objetivo desse post é mostrar para vocês que o Brasil ainda tem muito a crescer quando o assunto é literatura. Para vocês terem noção nos EUA a média é de 10 livros por ano e na Suécia e Dinamarca 15. Na Índia a média de horas de leitura por semanas é de mais de 10 horas.
Então é possível ver a importância de incentivar a leitura, já que a maioria dos brasileiros nunca teve alguém que os desse um empurrãozinho. Não preciso falar aqui dos benefícios de ler um livro tanto no âmbito pessoal quanto no da sociedade porque acredito que quem passa por aqui está mais do que careca de saber.
Vamos melhorar esses índices e ler mais?
Teca Machado