terça-feira, 12 de abril de 2016

Tirania da Contingência – Sobre música, Lollapalooza, amizade e tropeços da vida


Musicalmente literário. Ou seria literariamente musical? O livro Tirania da Contingência, de E. M. Pastore, é uma viagem para dentro dos festivais, como Lollapalooza, e para a vida estagnada de Roberto Salvatore, o Salva, protagonista da obra.


Salva é um rapaz de Brasília com quase 30 anos que poderia ser qualquer um de nós. Nem sempre a vida (e as nossas atitudes) nos levam para onde queríamos e em certo momento podemos parecer estagnados, tanto na carreira quanto na vida pessoal. Salva ainda mora com a mãe, tem um emprego medíocre que não gosta e leva de qualquer jeito o namoro de oito anos com Valentina. A única coisa que realmente o empolga é o seu blog sobre música chamado Tirania da Contingência, só que a página tem apenas onze seguidores, dez se não contarmos ele próprio.

Ao tentar fazer as pazes de uma briga com Valentina descobre que foi traído. Então, vê numa ida ao Lollapalooza, em São Paulo, com amigos uma chance de se reinventar e tentar sair do tédio e chatice que é sua vida e ainda por cima incrementar o conteúdo do blog com postagens ao vivo do festival. Três dias de música, companheiros loucos, bebida e mulheres é a oportunidade que queria para sair do ponto morto, mas com a ex ao seu encalço e uma mania de tomar péssimas decisões, Salva pode complicar mais ainda a situação. Tudo pode até parecer ruim, mas as coisas realmente vão mudar, para melhor ou para pior.

É muito difícil não se sentir próximo de Salva. A narrativa de E. M. Pastore é fluída, dinâmica e empolgante, além de muito íntima. Mesmo tendo 260 páginas, é aquele tipo de livro que você quer ler numa sentada só (e consegue). O livro é narrado em terceira pessoa e temos o ponto de vista de vários personagens, principalmente de Salva e Valentina.

Não temos aqui vilãos e mocinhos. Salva é o protagonista, mas é recheado de defeitos. Valentina não fica atrás também, assim como os amigos do casal, como Magrão, Nariz e Lilica. O autor criou personagens completamente humanos, que nos fazem sentir raiva, compaixão, ternura e tristeza. Dá muita vontade de sacudir Salva várias vezes, ainda mais depois da metade do livro em que ele se mete numa enrascada atrás da outra, algumas inimagináveis. Confesso que cheguei a rir das desventuras do rapaz. Apesar das situações tensas, Pastore deu uma leveza incrível no seu texto, acrescentando muitas tiradas e brincadeiras entre os rapazes que já vi amigos meus fazendo um com o outro.


Um dos aspectos mais interessantes de Tirania da Contingência é a quantidade de referências musicais. Algumas eu já conhecia, mas a maioria não, então passei o livro com o celular na mão aberto no Youtube. Sempre que Salva falava sobre a emoção de uma música ou de seu clipe, eu corria para escutar e ver se as conclusões do protagonista eram as mesmas das minhas. Eu, que já gosto bastante de rock, me aprofundei mais no gênero, tudo graças ao Salva (e a E. M. Pastore).

Apesar de adorar ir a shows, nunca senti vontade de participar dos grandes festivais como Lollapalooza, só que agora bateu um desejozinho de ir. As percepções, alegrias e loucuras narradas por Salva, Valentina e companhia são tão incríveis que queria ter estado lá também. Quem sabe no próximo? É possível perceber em cada linha do livro a paixão que o autor tem pelo tema.

O grande tcham de Tirania da Contingência é a sua semelhança com a vida real. Poderia acontecer comigo, com você ou com alguém que a gente conhece.

Recomendo muito.

***

Como eu disse aqui há alguns dias, o E. M. Pastore entrou em contato comigo e me enviou um exemplar de Tirania da Contingência. E ele quer presentear mais leitores!


Tenho certeza que você não vai se arrepender! É daquelas leituras muito prazerosas, principalmente para aqueles que gostam de música.

Pastore, obrigada pela oportunidade de conhecer seu livro e também pelas conversas literárias por e-mail. Tem sido ótimo!

Teca Machado

5 comentários:

  1. Adorei sua resenha, Teca!!
    Estou super interessada no livro e vou dar uma olhada melhor assim que tiver tempo novamente.
    Infelizmente estarei na correria total até o fim do mês, mas espero conseguir reorganizar meu tempo e incluir novas leituras que não estão na lista! :)

    Bjs!!

    livrosontemhojeesempre.blogspot.com.br

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    1. Que bom que gostou, Carol!
      Eu gostei para caramba da leitura.
      <3

      Beijooos

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  2. Interessante ver a capacidade do personagem de superar a traição e ir em frente em busca do seu futuro e o que todos deveriam fazer deixar o passado pra traz e experimentar coisas novas este livro e um incentivo a perseverança muito bom

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    1. Siiiiim, isso foi uma das coisas que mais gostei do livro.
      Novas experiências sempre são uma cura para qualquer mau, né?

      Beijooos

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  3. Apesar de não gostar de multidões, eu adoro ir a shows e festivais. Em 2013 fui em dois dias do Rock in Rio e foi uma experiência muito bacana. Sem falar nos outros shows que eu já fui. ^^
    Posso dizer que vale a pena, nem que seja uma vez para experimentar.
    Sobre o livro, eu achei bem legal o enredo. principalmente por ser uma história que literalmente poderia acontecer comigo.. rs
    Quero ler!
    bjin

    http://monevenzel.blogspot.com.br/

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