O coração com raízes em duas terras – Projeto Drama Queen #75


Me sinto totalmente dividida. Desde que me mudei de cidade, deixando para trás tudo o que me era confortável e conhecido, não me senti completa um dia que fosse, mesmo que esteja adorando a nova fase. Quando estou aqui, quero estar lá. Quando estou lá, quero estar aqui. Isso é tão confuso! Estou absolutamente feliz na minha nova vida, mas sinto falta da antiga também, que era bem felizona. Como aplacar essa saudade? Como conviver com o novo e o velho apertando o seu coração?


Em Brasília, minha nova realidade, estou exultante de felicidade com tudo o que sempre sonhei. Meu marido maravilhoso, um filhotinho de West Terrier chamado Calvin que é o tchutchuco da minha vida, minha casa, meu cantinho, uma das minhas melhores amigas que mudou um ano antes de mim, amigos novos, trabalhando só com literatura, minha paixão, muitas opções de lazer e uma qualidade de vida enorme. Por outro lado, em Cuiabá tenho meus pais, minhas sobrinhas, minha irmã, meus amigos de toda uma vida, meu quarto que foi meu quarto por uns 20 anos, a casa com os cheiros e cômodos onde eu cresci e em quase todos os lugares da cidade vejo lembranças, algumas ótimas e outras nem tanto.

Casa? Eu tenho duas. Não consigo dizer que a casa onde eu morei a vida toda e onde meus pais moram não seja a minha casa. Mas o meu apartamento atual, meu lar com meu marido e cachorro, é a minha casa. Me senti em casa no momento em que entrei pela porta e disse “lar doce lar”.

Se eu quero voltar para a vida antiga?

Não, não quero. Sinto falta, é claro, mas não quero voltar. Fui feliz, muito feliz, mas hoje estou até mais, mesmo com o coração apertado por estar longe daqueles que eu amo. Só que eu amo pessoas aqui também, então de qualquer modo meu coração vai sofrer


E ele sofre. Ah, se sofre! Todas as vezes que vou para Cuiabá, principalmente se meu marido não vai, fico sentida por estar deixando para trás várias coisas boas, mas quando volto também me dá um aperto no peito por não ter conseguido ver todo mundo que eu queria e por deixar minha família.

Se você já se mudou, seja para perto, seja para muito distante, vai entender completamente como eu me sinto, esse drama de ter o coração com raízes em duas terras. Meu sonho da vida era poder mesclar minha vida antiga com a nova. Ou que inventassem o teletransporte, porque aí eu poderia ir de um lado para o outro o tempo todo. Ou poder utilizar o pó de Flu. Isso sim seria incrível!

Como diz aquela música “só se tem saudades do que é bom”. E eu tenho saudade, óbvio. Mas isso não significa que quero voltar ao que era antes. Só que sinto saudades mesmo.

*** 

O Projeto Drama Queen é uma parceria muito bem humorada (e às vezes mais séria, como hoje) sobre os pequenos, médios e grandes dramas da vida. Todas as quintas-feiras tem post novo aqui e no blog Pequena Jornalista. Quer participar também? Mande o seu texto para nós.

Teca Machado

3 comentários:

  1. Oi, Teca!

    Imagino como se sente porque também sou super ligada à minha família e tenho certeza que sentiria muita falta deles se me mudasse para longe.
    Mas o tempo ajuda um pouco e pelo menos ainda estão no mesmo país, né?
    É mais fácil visitar assim. Hahahaha

    Bjs

    livrosontemhojeesempre.blogspot.com.br

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    Respostas
    1. É triste, Carol.
      Mas a vida é assim e tem muita coisa boa em morar longe também.
      Sim, estar no mesmo país é maravilhoso. Pelo menos isso.

      Beijooos

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  2. Olha, dizem por aí que nosso lar é onde nosso coração está, e qual o problema se ele estiver em dois lugares? Qual o problema de ter mais de um lar, né não!? ^^
    Saudade dói, principalmente nessa fase de transição, mas com o tempo tudo se ajeita. ^^
    Com certeza não vai deixar de sentir saudade, nem esquecer, mas a vida é assim, né!? Um pouquinho de felicidade em vários locais e momentos
    bjin

    http://monevenzel.blogspot.com.br/

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