terça-feira, 29 de março de 2016

Conspiração e Poder – Mídia, vespeiro e reeleição


Em certo momento do filme Conspiração e Poder, roteiro e direção de James Vanderbilt, me senti olhando o meu Facebook nos dias atuais. Por mais que o filme, baseado numa história real, passe em 2004, na época da reeleição do presidente americano George W. Bush, os partidarismo, as ofensas e a humilhação na internet já aconteciam, algo que tem aos montes na nossa timeline.


Conspiração e Poder, apesar de ter uma história muito interessante e ser conduzida de forma muito competente pelo diretor, tem como trunfo a maravilhosa e diva Cate Blanchet. Preciso dizer que a cada filme que passa ela trabalha melhor, o que é difícil de acontecer já que ela é fantástica sempre. E no caso desse filme não foi diferente. Quando ela aparece em cena, nossos olhos grudam na atriz. A câmera a ama (e nós também)! Todos os outros atores do elenco são muito bons, mas Blanchet é fora de série. Além disso, a cada dia que passa ela está mais linda e atemporal. Cate é como vinho, a cada ano melhora em todos os sentidos.

O filme gira em torno de Mary Mapes (Cate Blanchet) e Dan Rather (Robert Redford), produtora e âncora do programa de TV 60 Minutes. Após pesquisa inicial, Mary descobre em pleno período de reeleição do presidente que Bush pode ter sido um dos riquinhos privilegiados dos anos 1970 que usaram influência e poder da família para fugir da Guerra do Vietnã. Não só isso, ele ainda ludibriou o Exército em alguns aspectos. Ao fazer uma reportagem detalhada e com muita informação oficial como base, começa uma guerra de poder velada no momento que vai ao ar.



Bush nunca se posiciona sobre o assunto, assim como a Casa Branca, mas é claro que eles estão fazendo de tudo pelos bastidores para derrubar tanto os dados da matéria quanto Mary e Dan. Os jornalistas têm suas vidas e carreiras viradas de ponta cabeça, assim como toda a equipe por trás da reportagem.

Conspiração e Poder mostra o que acontece quando se mexe num vespeiro: Você é picado. Tudo bem que o roteiro foi baseado no livro de Mary Mapes, “Truth and Duty: The Press, the President, and the Privilege of Power”, ou seja, é apenas o seu lado da história, mas é possível ver como as coisas desandam, dão errado e prejudicam carreiras moldadas ao longo de 25, 30, 40 anos quando há alguém poderoso por trás. Eu, como jornalista, fui ficando cada vez mais indignada e tensa com os problemas de Mary, principalmente com a comissão de investigação da emissora que continha integrantes do governo e amigos de Bush.



A confusão em torno da veracidade ou não do material do 60 Minutes acabou ofuscando o verdadeiro problema para o povo americano: Que Bush mentiu. O circo ao redor da suposta falsificação de Mary tirou das manchetes naquele ano (e nos seguintes) o fato e o presidente acabou sendo reeleito. A verdade é que se não houvesse essa caça às bruxas, hoje John Kerry poderia ser ex-presidente dos EUA. Ou não. Nunca saberemos ao certo.

A história é bem amarrada, não fica maçante em momento algum, mesmo que às vezes a gente se perca em meio à investigação jornalística com tantos fatos e jargões oficiais das Forças Armadas. As informações foram tornadas acessíveis a todos os leigos, sem fazer que com pareçamos idiotas. Além disso, o elenco faz sua parte muito bem, principalmente Cate Blanchet. É um prazer ver Robert Redford no auge dos seus 80 anos (!) atuando tão bem, firme e forte. Não posso deixar de citar os atores que fazem parte da equipe de pesquisa do programa: Dennis Quaid, um coronel com contatos, Elisabeth Moss, uma professora de jornalismo premiada, e Topher Grace, quem descobre as sujeiras, mais uma vez o alívio cômico dos filmes em que atua.


Conspiração e Poder é um tapa na cara do espectador ao mostrar o quanto a mídia pode ser manipulada (e manipular) de acordo com os interesses políticos tanto do governo quanto dos anunciantes e da emissora. O jornalismo é mesmo imparcial? Fica aqui o questionamento em época de eleições americanas e impeachment brasileiro.

Recomendo.

Teca Machado


5 comentários:

  1. Aah, me falaram desse filme e fiquei com vontade de ir! Vou ver se consigo ir ao cinema final de semana para ver. :D

    Beijos,
    Malu
    www.batomnosdentes.com

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  2. Oi, Teca!!!

    Adorei tudo o que falou!! Estou louca para ver esse filme agora. Mais um para lista! Acho que nunca terei tempo suficiente para assistir tudo o que eu quero assistir! Hahahahaha

    Mas a Cate é diva, né? Não vi nenhum filme dela que não tenha gostado. Tudo muito bem feito. *-*

    Bjs!!

    livrosontemhojeesempre.blogspot.com.br

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    Respostas
    1. Hahahaha.
      Espero que você consiga assistir, ainda mais sendo jornalista.
      É muito maravilhoso. Sério.

      Beijooos

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    2. O mais triste disso tudo é que não é só um filme, né, e sim a mais pura e triste realidade. O que dizer de uma das principais emissoras do nosso país que manipula a torto e a direito a grande massa?
      A verdade é que a verdade não vale nada quando se tem poderosos no meio da história, porque eles contam a verdade do jeito que querem e ainda fazem todos acreditarem nela...
      Sobre o filme, me parece muito bom. Foi pra listinha.
      bjin

      http://monevenzel.blogspot.com.br/

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