Não assisti a todos os filmes da franquia Rocky Balboa, mas vi alguns picados, principalmente os mais recentes. Há alguns dias fui ao cinema ver Creed: Nascido Para Lutar e posso dizer que Sylvester Stallone melhorou, e muito, com o tempo.
Essa nova produção é uma mistura de continuação com reboot. Ela mescla muito bem uma história alterada e moderna do primeiro longa apresentando um novo personagem cheio de potencial para crescer com um aparente final, talvez, da carreira do lutador mais amado de Hollywood. Tem o antigo e os personagens famosos, o que vai agradar aos fãs que acompanham a saga desde o começo, e uma história atual com novos rostos, o que vai agradar aos fãs da geração atual que não conhecem bem o enredo. E foi exatamente aí que o diretor Ryan Coogler acertou.
Adonis Johnson (Michael B. Jordan) é filho ilegítimo de um antigo rival de Rocky (Sylvester Stallone), Apolo Creed. O garoto órfão ainda criança foi acolhido pela viúva de Creed, que cuidou de Adonis como se fosse seu filho. Ele leva uma vida luxuosa em Los Angeles, com trabalho no ramo financeiro e regalias. Mas o seu coração está na luta, no boxe, mesmo que nunca tenha tido treinamento formal. Tudo o que o pugilista amador sabe veio de observação de antigas lutas do pai e experiência nas ruas.
Quando larga tudo para ir para a Filadélfia treinar boxe profissional, Adonis busca a ajuda de Rocky, que é muito relutante em relação a isso. Ele insiste que essa fase da sua vida já acabou. Mas Adonis é insistente, leva o antigo lutador ao limite e o ganha na simpatia e sorriso aberto. Mas a dúvida que sempre paira é, o rapaz tem o talento do pai ou é uma fraude?
As cenas de luta e treinamento são os pontos altos do filme. O diretor soube filmar de modo cru, como se fosse realmente de verdade. Às vezes dá quase a impressão de ser um documentário ou luta real. Os planos em close up com sangue escorrendo e suor voando, além de socos distribuídos, a câmera que rodeia os atores, o movimento ensaiado, mas natural, tudo isso cria um ambiente tenso, dramático, de ação, que me fez agarrar muito o braço do meu marido de tão nervosa que eu fiquei.
Michael B. Jordan está crescendo em Hollywood e a cada filme que passa mostra seu talento. O rapaz é muito bom, muito crível. Sabe alternar de momentos de ira profunda para relacionamentos delicados de paternidade com Stallone, Tessa Thompson, no papel de Bianca, sua namorada, e Phylicia Rashad, como sua mãe adotiva. E é impossível não comentar o físico de Michael em Creed. Minha nossa, ele está enorme, mas muito bonito. O comprometimento corporal que ele deu ao filme é de cair o queixo.
Stallone trabalha muitíssimo bem em Creed, uma das suas melhores performances como Rocky. Apesar da estrela de ação que se tornou, ele foi humilde o suficiente para deixar espaço para os jovens e soube que seu tempo como lutador saradão já ficou para trás. A carga dramática dele está ótima (Nunca achei que fosse dizer isso, mas Stallone quase me fez chorar!), assim como seus momentos de alívio cômico, os melhores. Não acredito que ele vai levar o Oscar, mesmo tendo ganhado o Globo de Ouro, mas vejo que a indicação foi muito justa, principalmente devido ao conjunto da obra.
A nova versão da clássica cena da escadaria |
Creed: Nascido Para Lutar é um filme que nos apresenta um novo “Rocky”, que faz sua versão da corrida na escadaria (Adonis correndo nas ruas do gueto com o mesmo figurino do antecessor rodeado por garotos em motos dando apoio) e nos dá a possibilidade de uma nova franquia dentro da antiga.
Meninas, sei que às vezes é chato acompanhar os namorados/maridos em filmes do gênero, mas garanto que Creed é muito bom. Vale a pena.
Recomendo.
Teca Machado