O Doador de Memórias – Sobre o livro
Imagine um mundo onde todos são iguais e não há sofrimentos ou sentimentos ruins, onde todos os direitos são idênticos, assim como todos os deveres. Parece um sonho, não? Viver sem tristeza, sem muitas preocupações... Mas será mesmo? Sem tudo isso também não há personalidade, não há alegria de verdade e não há amor. E é essa a premissa do livro O Doador de Memórias, de Lois Lowry, que peguei em parceria com a Livraria Janina.
Ano passado assisti ao filme do O Doador de Memórias (Comentei aqui). Uma das poucas vezes que fui ao cinema sem ler o livro. Agora posso comparar as duas obras e dizer que a essência de ambas é a mesma, apesar das diferenças, principalmente de como a sequência final se desenrola. A primeira metade é bem igual.
Se a versão cinematográfica fosse extremamente fiel à original, tenho certeza que algumas pessoas iam dormir antes de terminar, já que no filme é muito mais eletrizante e tem até um romancezinho. Não que o livro seja entediante como leitura, a forma como ele foi construído funciona muito bem, afinal no papel não precisamos daquela correria, ação e explosões que amamos ver na tela.
Em O Doador de Memórias, o ser humano conseguiu finalmente construir uma sociedade perfeita. Para erradicar guerras, mortes e tudo o pior que há no mundo, tudo o que há de bom também foi eliminado, pois não existe felicidade sem tristeza, amor sem ódio, romance sem coração partido, sentimentos bons sem algum complemento ruim. Todos são iguais e vivem na chamada Mesmice, ninguém se sobressai, ninguém é melhor do que ninguém, até as características físicas são as mesmas. E não há cores, risos e os detalhes que nos fazem únicos. As pessoas são feitos numa fôrma idêntica e sem graça.
Lois Lowry |
Quando completam 12 anos, as crianças são escolhidas pelo conselho de anciãos para as suas profissões para o resto da vida. Jonas recebe uma função rara e de muita honra: o de Recebedor de Memórias, aquele que irá manter dentro de si todo o conhecimento do passado, todas as lembranças das civilizações antigas. É uma tarefa incrível, mas altamente dolorosa. O antigo Recebedor, agora chamado de Doador, é quem tem todo o peso do mundo nas costas e irá passar para Jonas.
Só que nem tudo são flores, assim como disse o tio Ben no Homem-Aranha, “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”. Jonas se delicia com as memórias felizes: as festas, as músicas, as cores, as risadas, o amor, a família, o calor do sol, esquiar na neve, passar o dia na praia, paisagens maravilhosas. Só que quando chega o momento o menino também passa a conhecer a solidão, a amargura, a fome, a tristeza, a guerra, a crueldade do ser humano.
Jonas sofre com as novas descobertas, mas também está feliz como nunca. Ele entende que na Mesmice as pessoas não são completas e percebe que ele não pode ser o único a ter toda essa bagagem emocional.
A relação entre Jonas e o Doador é linda. O Doador é muito mais pai do rapaz do que o pai realmente. Apenas os dois sabem a delícia e a dor que é ter sentimentos. Jonas é um ótimo. Questionador, curioso, educado e inteligente. Há outros tão bons quanto, mas não tão profundos, afinal, eles vivem na Mesmice, como o bebê Gabe, a família de Jonas, seus amigos Fiona e Ash e a antiga Recebedora, que não foi capaz de suportar todo o peso do cargo.
A primeira metade de O Doador de Memórias é quase um manual de convivência da comunidade perfeita. Aprendemos seus costumes, sua cultura, como se portar. Algumas pessoas podem achar chato, porque não há grandes emoções. Só que a vida lá não tem emoções mesmo e a autora passa isso para o texto, condiz exatamente com o mundo que Jonas vive. Mas a medida que o protagonista ganha as memórias e a vida passa a ser mais colorida (literalmente falando), a leitura vai no mesmo ritmo.
O livro é diferente e envolvente. Como ele foi publicado nos anos 1990, acredito que muitos dos autores de distopias atuais tenham “bebido na fonte” de Lois Lowry. Quando termina, tudo o que podemos pensar é “E agora? Cadê a continuação? Preciso!”. São quatro volumes, sendo ainda apenas dois publicados no Brasil: O Doador de Memórias e A Escolhida, que conta a vida sobre outra comunidade como a de Jonas.
Recomendo.
Compre aqui um exemplar para você na Livraria Janina.
Teca Machado
Parece uma história bem legal!
ResponderExcluirFiquei com vontade de ler. Mas só vou procurar quando tiver todos os livros lançados por aqui! rs
bjin
http://monevenzel.blogspot.com.br/
eu vi o filme e curti bastante, gosto desse tipo de historia... fiquei interessada em ler o livro tbm msm vc dizendo que é mais paradinho hehe
ResponderExcluirwww.tofucolorido.com.br
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Eu comecei a ver o filme e me deu um sonooo. Não que não tenha me interessado, eu até gostei, mas acho que o dia não era propício, pretendo ler em breve.
ResponderExcluirPensava em ler o livro, mas depois da sua resenha, não sei não rsrs.
Beijos
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Oi, Teca!
ResponderExcluirNão assisti ao filme, mas li o livro e não gostei nem um pouco. Achei bem maçante e não senti conexão com a história, aliás, não consegui ver tudo aquilo como real ou possível - como acontece com outros livros. A única coisa que salvou a leitura foi o Doador, pois ele é um ótimo personagem.
Adorei a resenha!
Beijocas.
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