Um James Bond que não se leva a sério: Kingsman – Serviço Secreto

Ainda não consegui superar o quanto adorei Kingsman – Serviço Secreto. Fui ao cinema assistir esse filme sem a menor das pretensões. Tinha visto o trailer curto, de um minuto, e sabia só três coisas sobre ele: Era com o Colin Firth, era de espionagem, era comédia. Com isso em mente, imaginei que ia gostar, mas não que ia adorar tanto. A produção do diretor Matthew Vaughn, de X-Men First Class, foi uma ótima surpresa para um sábado à noite. Ri muito, me diverti e ainda suspirei muito por Taron Egerton, protagonista ao lado de Colin Firth.

Kingsman é uma das provas de que os melhores filmes são aqueles que não se levam a sério demais. E esse definitivamente não se leva. Nem consigo defini-lo num gênero só. É ação, comédia, meio Tarantino com sangue e cabeças explodindo, meio Matrix em cenas de lutas, meio Austin Powers, meio James Bond, meio Jack Bauer, meio Jason Bourne. Há até uma piada com o nome desses últimos três agentes. Tem um quê dos antigos filmes do 007, bem anos 1960, mas ainda assim o toque de modernidade com os apetrechos dos agentes.

Taron Egerton, o Eggsy

Outro fato interessante é que o filme tem muita referência ao mundo pop e cultural. Fala-se de Iggy Azalea, Barack Obama aparece de costas, há citações de filmes e histórias que todo mundo conhece, além de usar como codinome dos agentes personagens como Lancelot e Merlin. Mas essas referências não chegam a ser exageradas e nem perdem a graça se você não entende. São sutis e engraçadas para quem percebeu.

Além de peças elegantes, são apetrechos de espionagem

Kingman é adaptação da HQ escrita por Mark Millar e desenhada por Dave Gibbons que conta a história de uma agência de serviço secreto que não é ligada a nenhum governo. Age independentemente pelo bem da humanidade. Harry Hart (Colin Firth), codinome Galahad, é um dos agentes. Quando uma vaga é aberta para novo recruta, ele indica Eggsy (Taron Egerton), filho de um agente que morreu em campo protegendo Harry 17 anos antes. O problema é que Eggsy é um jovem problemático, delinquente e bem “mano”, mas muito inteligente e com bom coração. O processo seletivo é longo, insano e competitivo, mas Eggsy usa a malandragem que aprendeu nas ruas para se destacar entre os mauricinhos de Oxford.

Egssy entre os mauricinhos

Egssy e Roxy com a elite da Kingsman

Enquanto há o treinamento, Valentine (Samuel L. Jackson) é um gênio bilionário da comunicação que luta ardentemente contra o aquecimento global. Sua intenção pode até ser nobre, mas as suas ações, junto com sua capanga de pernas de facas afiadas Gazelle (Sofia Boutella), passam longe disso. Cabe a Harry investigar as atividades desse ambientalista vilão.

Gazelle e Valentine, o ambientalista vilão

Ambas as tramas em certo ponto convergem e o público acompanha as duas situações num roteiro muito bem trabalho, dinâmico, divertido e inteligente. Há todo um charme inglês, com os sotaques proeminentes, a elegância dos homens britânicos, e ironia e sarcasmo que o elenco soube trabalhar muito bem. 

Colin Firth é um lorde que tem o meu coração há anos. Não podemos esperar dele nada menos do que uma excelente atuação e nunca nos decepcionados. Taron Egerton (Com um nome muito universo Game of Thrones) é basicamente um novato, mas é ótimo. Tem uma pitada de garoto “mano” das ruas, aquela malemolência, que vai sendo moldada com a elegância, mas sem perder aquele sorrisinho cafajeste e a quantidade absurda de palavrões. Lindo de doer, segundo a Stéfanie Medeiros, minha amiga, ele é uma mistura do Leonardo DiCaprio com Josh Hutcherson. Muito magia para os nossos corações! 

Samuel L. Jackson sempre que está em cena nos arranca risadas. Seu personagem é super caricato, com língua presa e dá vontade de rir só de olhar para ele. Ainda há outros nomes fortes no elenco, como Mark Strong, Michael Caine, ambos integrantes da Kingsman, e Sophie Cookson, como Roxy, colega de treinamento de Eggsy.

Recomendo muito.

Teca Machado