Simplesmente Acontece – Finalmente, o filme

O segundo post mais lido do blog é o sobre o livro Simplesmente Acontece, da Cecelia Ahern (Comentei aqui). Há meses vejo trailers sobre o filme inspirado na obra e estava quicando de ansiedade para assistir. O livro me encantou profundamente e tinha certeza que com o filme seria o mesmo. E tinha toda a razão. A produção do diretor Christian Ditter, que estreou nos cinemas brasileiros ontem, me deixou com um sorriso besta na cara de tão linda que é.

Alex (Sam Clafin) e Rosie (Lily Collins) são o casal mais azarado do mundo. Na verdade, não são um casal, são apenas melhores amigos desde bem pequenos. Mas qualquer pessoa que olhar vai saber que eles foram feitos um para o outro. Bom, qualquer pessoa menos eles próprios. E o destino também contribui para isso, pois não se cansa de colocar situações que os afastem romanticamente ao longo dos anos. São outras pessoas, enganos, bebês, um péssimo timing... Tudo conspira para que não fiquem juntos, por mais que transpirem química, paixão e amor um pelo outro. Mas quando duas pessoas devem ficar juntas, eles dão um jeito independente do que acontece?

No livro acompanhamos a vida de Alex e Rosie da infância até os seus 50 anos, mas o filme dá uma resumida. Mostra como se conheceram quando crianças e a história mesmo começa quando eles têm 18 anos, indo até 12 anos mais tarde. Confesso que achei melhor, menos angústia para esse meu coração de leitora que queria que tudo ficasse bem logo. O tempo que passa é menor, mas os sofrimentos de ambos os lados são ainda muito intensos, vidas marcadas por decepções e desencontros. A Rosie do filme passa por menos situações terríveis, porque a do livro só leva pancada o tempo todo, mas ainda assim enfrenta barras pesadas.

Sam Clafin tem a cara do Alex. Não sei se porque li o livro já sabendo que ele era o ator que ia dar vida ao personagem, mas como foi caracterizado pela autora me parecia realmente muito com ele. E Sam é ótimo, nos mostra Alex crescendo de forma coerente e natural, com alguns rompantes de imaturidade e egoísmo que todo ser humano tem dentro de si e nem por isso deixamos de amá-lo. De garoto desajeitado com mulheres e um cabelo feio a um homem lindo (Bem lindo!), confiante e, ainda assim, solitário e apaixonado pela melhor amiga. Até o sorriso dele ser um pouco torto faz com que tenha um charme extra.

Lily Collins também não decepciona. A atriz soube dar à Rosie todo o ar de insolência e bom humor que a garota tem, mostrando que por mais que a situação seja ruim, ela consegue rir e fazer alguma piada disso tudo. Assim como com Sam, ela nos mostra um amadurecimento da personagem muito condizente com as péssimas situações que encontra no seu caminho. A única coisa que me irrita profundamente nela é a sobrancelha. Você não é filha da Malu Mader, por favor, vá depilar a sobrancelha e fique muito mais bonita!

A falta de coadjuvantes em cena por mais tempo e com mais destaque exalta ainda mais a relação incrível que Alex e Rose têm, algo que os dois atores protagonistas souberam levar muito bem e fazer o público se apaixonar.

Além da história delicada e sensível, dos atores que adoro e de ser inspirado num livro que eu amei, outro fato que adorei foi a trilha sonora. Como passamos por 12 anos da vida deles, as músicas tiveram o cuidado de acompanhar essa evolução. Inclusive, quando adolescentes, dançam na balada Crazy in Love, da Beyonce, que já tem bem uns anos do lançamento, e termina com canções mais novas.

Sei que a iluminação pode parecer algo que pouca gente repara num filme, mas em Simplesmente Acontece ela tem vida própria. É bonita, é clara, é especial. Assim como a fotografia da produção e o cuidado com o sotaque dos atores, que é britânico e bem lindo.

Ruby, a melhor amiga mulher de Rosie, uma das poucas coadjuvantes constantes

Simplesmente Acontece poderia ser uma história real, do tipo que acontece comigo e com você. Até pode parecer uma comédia romântica comum e clichê, mas não é. Tem um quê a mais que só as histórias da maravilhosa Cecelia Ahern nos apresentam: um carisma, um carinho, um otimismo mesmo nas horas mais escuras. E por mais que vários fatos do livro tenham sido alterados, isso foi mantido. O que foi mudado da obra original não me incomodou, foi no sentido de que a linguagem do cinema é diferente da linguagem literária.

Tenho certeza que o filme (e o livro, claro) vai aquecer sua alma e deixar suas pupilas dos olhos em formato de coração. Continua dizendo que Simplesmente Acontece é simplesmente maravilhoso.

Recomendo muito. Valeu a pena a espera pelo filme.

Teca Machado