O Doador de Memórias – Sobre o filme


Não é muito do meu feitio assistir ao filme antes de ler o livro, mas no caso de O Doador de Memórias, de Lois Lowry, fiz isso. Queria ler, mas ainda não tinha a obra em papel, já estava o filme nos cinemas e tudo o mais, então fui logo de uma vez porque estava curiosa. A produção do diretor Phillip Noyce é interessante, diferente e um ótimo entretenimento.


Alguns críticos disseram que por vezes o filme é insípido. Mas é para ser mesmo, porque a sociedade passa a ser assim, na mesmice. O mundo como conhecemos não existe mais e a raça humana teve que recomeçar e realizar mudanças para que dessa vez não houvesse mais guerras ou ódio. Todas as diferenças entre as pessoas foram eliminadas e ninguém sabe o que aconteceu com o planeta antes do período do recomeço, apenas uma pessoa, o Receptor (Jeff Bridges). 

Vivendo numa comunidade onde tudo é igual, sistemático, preto e branco (literalmente), sem sentimentos profundos e cada um tem um lugar pré-definido na sociedade, Jonas (Brenton Thwaites) é diferente. Ele consegue ver além, de vez em quando até algumas cores, por isso que quando entra na idade adulta, é escolhido para um dos cargos mais importantes da comunidade, ser o próximo Receptor.

O Doador de Memórias e o novo Receptor

Em treinamento com o Receptor sênior, que passa a ser o Doador de Memórias a Jonas, o rapaz começa a enxergar a história da humanidade, as cores, a alegria, o amor, as risadas, os sentimentos, tudo do que as pessoas foram privadas. Mas também as guerras, as chacinas, a tristeza, a perda e todo o mau. Com todas essas novas informações, Jonas passa a questionar os Anciões, o governo da comunidade, e pretende revolucionar e expor a verdade a todos.

O grande trunfo de O Doador de Memórias é a produção de fotografia, que é muito bonita, mesmo quando o filme está em preto e branco. Jonas passa a ver as cores devagar, uma de cada vez, tornando tudo mais brilhante com o tempo. Quando passa a ter acesso das memórias do Doador, a velocidade das imagens é contagiante. Fora que a comunidade onde vivem é muito bem projetada, com suas casinhas todas iguais, pessoas iguais, móveis iguais e vidas iguais. Me lembrou bastante o setor da Abnegação de Divergente.

Das cenas em preto e branco, Fiona e Jonas

Outro destaque é Brenton Thwaites e Odeya Rush, no papel de Fiona, amiga de Jonas. Os dois são jovens, sem muita experiência no currículo (Ele foi o Príncipe Phillip de Malévola), mas se sobressaem. Quando passa a conhecer o nosso mundo, Jonas realmente fica emocionado e a alegria e espanto estão estampados em seus olhos. Meryl Streep, como a Anciã Chefe, é sempre a diva da atuação mundial. Meryl, te amo! E Jeff Bridges entrega um Doador que faz o espectador gostar muito dele. Mas o melhor personagem, para mim, foi o Gabe, um neném lindo, maravilhoso e fofinho interpretado pelos gêmeos Alexander e James Jillings.

O enredo de O Doador de Memórias é muito interessante. É cheia de pontos inexplicados e sem amarração final, que acredito que serão desvendados nas próximas produções. A obra de Lois Lowry é uma das primeiras distopias e foi fonte de inspiração para muitas outras (Desconfio que Veronica Roth, de Divergente, se inspirou aí). Talvez não seja algo que hoje, para nós que estamos acostumados com Jogos Vorazes, Delírio, Estilhaça-me e outras histórias do gênero, seja completamente ousado e inusitado, mas para a época em que foi escrito sim. Mas nada disso tira o brilho do filme.

Meryl Diva Streep e Jeff Bridges

Como não li o livro, não posso dizer se a produção cinematográfica é realmente parecida ou não. Fui ao cinema com a Dudi Kobayshi e ela me disse que lembra, mas mudou bastante coisa. A ideia central é a mesma, segundo ela. Bom, já já eu leio e falo para vocês mais sobre isso.

Recomendo.

Teca Machado

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