E se o fantasma da sua tia-avó de 105 anos resolvesse assombrar você porque só você consegue ver e ouvir ela? Pior ainda, o espírito dela estava focado nos anos 1920, é irritante e te obriga a se vestir como naquela década? Pois é, isso é o que acontece com Lara, no livro Menina de Vinte, da Sophie Kinsella.
Lara está na pior. O namorado terminou com ela, gastou todas suas economias para abrir uma empresa com a melhor amiga, que na primeira oportunidade a abandona por um cara bonitão na Índia e, para piorar, seus pais a obrigam a ir ao funeral da tia-avó Sadie, uma velhinha de 105 que ela só viu uma vez quando era bebê. No meio do serviço fúnebre, Lara começa a escutar uma voz chata e irritante dizendo que precisa de um colar. Quando olha para trás, vê uma moça vestida como nos anos 1920 e, pelo que parece, ninguém mais no velório a vê ou ouve, mesmo ela gritando a plenos pulmões. Lara descobre que a tal garota é o fantasma da tia-avó Sadie, com aparência de 23 anos, e que só poderá descansar em paz se recuperar o seu colar de libélulas. Parando o velório no meio para o corpo de Sadie não ser cremado, Lara grita que a morte foi um assassinato, o que a faz ganhar tempo para procurar a joia.
Só que Sadie não está interessada em apenas achar o colar, mas também em realizar alguns últimos pedidos, como ir a um encontro e dançar com um cara bonito, o que deixa Lara constantemente em situações absurdas, engraçadas e ridículas, geralmente envolvendo ela se vestir como na década de 1920, convidar estranhos para sair e dançar Charleston num bar de motoqueiros.
Mais do que o romance, o foco de Menina de Vinte é o relacionamento de amizade e família que surge entre as duas, mesmo que briguem mais do que o Tom e o Jerry. Sadie é tempestuosa, divertida, liberal e tem um jeito Carpe Diem de ser que é impossível não contagiar, ao contrário de Lara que é insegura, meio certinha demais e obsessiva pelo ex. Em certo momento Lara está se descabelando com medo de ser presa ao mentir sobre o assassinato de Sadie, ao que o fantasma responde: “Como assim, você nunca fui presa? Eu já, várias vezes, por dançar na fonte”. Sadie podia até ser dos anos 1920, mas era muito mais saidinha e escandalosa do que Lara em pleno século XXI.
Sadie tinha alguns ataques de fúria e teimosia que irritam o leitor. Irritam mesmo. Então só consigo imaginar o quanto Lara ficava enlouquecida de ódio. Mas, ao mesmo tempo, o seu jeito de ver e levar a vida (Ou pós-vida, no caso) encanta e te fazem amá-la. O mesmo da Lara, mas por motivos diferentes. Teimosa, achando que o ex ainda a queria, ela sabia ser obsessiva e ingênua quanto a isso, te fazendo querer sacudi-la e dizer “acorda, minha filha”. Mas ela é tão divertida, espirituosa e cara de pau que é impossível não amá-la também. Outros personagens ótimos são Ed, com quem Lara é obrigada por Sadie a ter um encontro, e os pais de Lara.
Sophie Kinsella fez uma história que não é clichê e apresenta umas situações muito cômicas. A leitura é envolvente, engraçada e por vezes emocional, te deixando com os olhos marejados em alguns trechos. Além de divertir, Menina de Vinte faz pensar em alguns pontos importantes da vida e nos lembra que, no fim, todos nós vamos morrer, então é melhor aproveitar nosso tempo por aqui da melhor maneira possível. Como diria Sadie, em momentos de tristeza, o melhor remédio é tomar uma taça de champanhe, dizer “prontinho” e sair para dançar.
São 500 páginas, mas a gente nem percebe.
Obrigada pelo livro, Carol Daixum!
Recomendo.
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Teca Machado
Nem preciso dizer que esse livro é um dos meus preferidos, né? Me marcou tanto e me ensinou muito! ^^ Que bom que gostou, Teca! Queria uma tia-avó estilo Sadie hahaha!
ResponderExcluirBeijocas,
Carol
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