O Começo de Tudo – Sobre tragédias particulares, flash mobs de raves silenciosas e O Grande Gastby
“Na vida de todos, não importa quão comum seja, existe um momento que se tornará extraordinário – um único embate após o qual tudo o que realmente é importante vai acontecer”, trecho de O Começo de Tudo, de Robyn Schneider, que li em parceria com a Livraria Janina. Muito além do romance em que uma garota diferente muda a vida do garoto de ouro (e fútil) do high school, esse livro mostra como as tragédias particulares nos transformam, às vezes nos enfraquecendo, às vezes nos tornando quem sempre deveríamos ter sido. Profundo, né? Apesar de não parecer, a obra é mais poética e interessante do que é ao primeiro olhar e pela sinopse.
Ezra Faulkner, no auge dos seus 17 anos, namorava a garota mais linda da escola, era popular ao extremo, o melhor jogador de tênis da região e tinha todo um futuro brilhante e dourado pela frente. Até que um acidente de carro, culpa de um motorista imprudente, destrói sua perna, sua carreira no esporte e sua vida social. Ezra perde tudo o que tinha e considerava importante, nem ao menos se sentava mais na mesa mais requisitada do refeitório. Tirando tudo isso, afinal, quem é ele? Ele perde a sua identidade e se perde nisso. Mas uma garota nova e misteriosa, Cassidy Thorpe, e uma amizade do passado, Toby Ellicot, a quem Ezra havia deixado para trás depois que a tragédia pessoal do amigo fez com que ele não pudesse ser considerado cool, ajuda o protagonista a voltar a ficar de pé. Ele vai descobrindo muito mais de si mesmo do que achou que existia, mesmo com outras tragédias e com o destino lhe pregando peça após peça.
O ponto principal de O Começo de Tudo é aprender a lidar com as tragédias particulares que transformam toda a sua realidade e decidir como encarar isso tudo. Ezra aprende na marra, da maneira mais difícil. Sem lições de moral ou personagens perfeitos e imaculados, o livro é o mais realista na medida do possível e nos apresenta uma história palpável, sem desenrolares mirabolantes e fantasiosos. Apesar de parecer cheio de dramas, não é triste e nem faz chorar, apesar de momentos em que o leitor pensa “Poxa vida”.
Robyn Schneider |
Impossível não se apaixonar por Ezra. Com um humor inteligente e mordaz, gestos cavalheirescos e uma personalidade incrível, ele te conquista logo no começo do livro, ainda mais porque é o narrador. Cassidy é tipo a Alasca, de Quem é Você, Alasca?, ou você se apaixona ou a odeia. Me alternei amando e odiando, mas ela é fundamental para o desenrolar de tudo e tem ótimas tiradas. No balanço geral, gostei. Toby é fantástico. Quer ser meu melhor amigo? O tipo de pessoa engraçada, pé no chão e que faz tudo por aqueles que ama. Fora que eu adorei Cooper, o poodle de 16 anos de Ezra que de um modo muito bizarro gosta de O Grande Gatsby. Robyn Schneider construiu muito bem os seus personagens.
A leitura é rapidinha, de apenas 288 páginas, e vai fluindo numa velocidade assustadora e, quando você percebe já acabou. Droga. Em alguns momentos, eu saquei o que estava acontecendo antes da autora revelar, mas isso em nada estragou o livro para mim, porque não foi exatamente como achei que seria, tinha muito mais significado.
O Começo de Tudo faz você querer participar de flash mobs de raves silenciosas, entrar num grupo de debates e receber na porta da sua casa bonecos de neve feitos de plantas.
Recomendo muito.
Se interessou? Aqui na Livraria Janina tem para vender.
Teca Machado
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