O que esperar de um livro que custou R$ 4? Não muito, eu acho. Mas há alguns meses comprei uma leva de livros num site que estava com promoção de até 70%. Vi a capa de No Escuro, de Elizabeth Haynes, e me chamou a atenção, ainda mais porque custava apenas R$ 4. Pesquisei sobre ele na internet e só vi comentários elogiosos. Resolvi levar. Acabei de terminar a leitura e digo: Nunca R$ 4 tiveram tanto valor. É um livro de tirar o fôlego.
Você pode até estranhar o tipo de leitura no início, porque a narrativa se desenvolve de maneira paralela, com o passado e o presente coexistindo, se desenrolando juntos. Capítulos de cada um dos tempos são alternados, mas não na forma de flashback. É um tanto estranho, pois sabemos o que aconteceu no “final” da sessão de passado porque temos o presente nos dizendo o que houve, mas sem os detalhes sórdidos, que vão sendo expostos de maneira crua e sem meias palavras com o passar das páginas.
No Escuro é um thriller policial. Nele conhecemos Cathy e Catherine. Elas são a mesma pessoa, mas em fases diferentes da vida. Catherine é jovem, alegre, inconsequente, sociável e do tipo que leva a sério a expressão “Girls just wanna have fun”. Ela começa um relacionamento com Lee, um homem que na frente de todos é o namorado perfeito, mas que no privado é abusivo, violento, psicopata e muito cruel. Depois que ele foi preso por agressão a ela, Catherine vira Cathy, que fugiu do interior da Inglaterra, onde moravam, e foi para Londres. Com traumas muito sérios, TOC em altíssimo grau e medo até da própria sombra, Cathy se isola do mundo e vive pelos seus rituais de conferir trancas, janelas e verificar dezenas de vezes por medo de Lee voltar a procurá-la.
Mesmo vivendo nesse seu mundo isolado, Cathy conhece o novo vizinho, Stuart, um psicologo que tenta ajudá-la a por a vida de volta nos trilhos. Mas Lee retorna para rondar a vida de Cathy e a mexer com o seu já frágil psicológico. Ou é apenas a sua imaginação? Stuart e outras pessoas vão acreditar nela?
Elizabeth Haynes
A autora mostra uma maturidade literária como se ela já tivesse escrito mil romances policiais (O que, acreditem, não é fácil de escrever), mas, por incrível que pareça, é a primeira obra dela. Todas as pontas foram amarradas e o leitor fica muito satisfeito porque nada, nenhum detalhe, fica em aberto. Elizabeth Haynes manipula os sentimentos do leitor do mesmo jeito que Lee manipula os de Catherine. Várias vezes eu me peguei sem ar ou encolhida na poltrona quando a protagonista relatava os abusos em primeira pessoa.
É interessante como a história ficou tão crível, tão real. É um retrato assustador de problemas mentais e de relacionamentos abusivos. Em vários momentos eu me peguei pensando em: O que eu faria no seu lugar? É impossível não se solidarizar com Cathy/Catherine (E nem não se apaixonar pelo Stuart, aquele gracinha).
Leia preparado para lidar com passagens pesadas, mas não tanto a ponto de mexer muito com os leitores mais sensíveis. Por vezes, não é um livro agradável de dias ensolarados, é denso.
Recomendo muito.
Teca Machado
Ola, você saberia me informar se ha algum outro livro, outra edição? Eu não gostei do final :(
ResponderExcluirQuero um livro tipo esse para ler alguma dica?
ResponderExcluirToo late - tarde demais da Hoover
Excluir