terça-feira, 24 de junho de 2014

Três décadas de amizade: Amigas Para Sempre, de Kristin Hannah


Há um pouquinho mais de um ano li O Caminho Para Casa, da Kristin Hannah (Comentei aqui), e fiquei completamente apaixonada pela história e pelo retrato da vida real que a autora fez. Quando comecei a ler Amigas Para Sempre, outro livro dela, imaginei que ia amar do mesmo tanto. Sim, eu gostei muito, mas em certos momentos achei meio sem propósito e arrastado.


Conhecemos Tully e Kate no início da adolescência dos anos 1970. Tully é linda, glamourosa e extremamente popular, só que o abandono da mãe a deixou com marcas profundas que definiram toda a sua personalidade e planos do futuro. Já Kate é tímida, nerd e com uma beleza que fica escondida pelos óculos e aparelhos nos dentes, mas vive num lar feliz, amoroso e cheio de calor humano. Apesar de extremamente diferentes, o caminho dessas duas garotas se cruza e, numa noite muito difícil para Tully, Kate se mostra solidária, o que as une pelas próximas três décadas numa amizade que parece inquebrável.

Então, passamos por praticamente toda a vida de Tully e de Kate pelos capítulos de Amigas Para Sempre. Temos as décadas de 1970, 1980, 1990 e 2000, sempre mostrando a evolução das personagens com o passar do anos até que chegam num ponto culminante da amizade, que, na minha opinião, demorou muito a acontecer. Precisou quase 400 páginas para chegar no clímax da história.

Por vezes o livro me pareceu sem objetivo. Faltou aquele “tcham”, sabe? Estamos acostumados a ler obras e a ver filmes com a estrutura de: 1) Tudo está bem 2) Tudo desmorona 3) Tudo parece que nunca vai ser consertado 4) Tudo culmina numa final apoteótico, geralmente com correria e 5) Desfecho, seja ele feliz ou não. Amigas Para Sempre não faz isso, é a vida comum correndo no seu rumo. Isso não é ruim, é bom uma história com um quê de realidade, mas essa passou por quase quatro décadas de realidade em seus mínimos detalhes, o que realmente cansa o leitor, ainda mais que as páginas são grandes e com letras pequenas.

Kristin Hannah

Teve também o fato de que Tully era meio que uma vaca. Egoísta e narcisista, ela me estressou em vários momentos da leitura, principalmente na época da sua vida adulta. Kate me conquistou um pouco mais, mas em certos trechos ela era amarga demais para o meu gosto. Só que isso me agrada em livros, pois mostra dualidade e uma boa construção de enredo por parte da Kristin Hannah. Personagens principais não precisam ser só bonzinhos ou malvados, como dizia em Harry Potter (Sim, sou do tipo que cita os livros do HP), todos temos trevas e luz dentro de nós. Acredito que deve ter sido muito difícil escrever Amigas Para Sempre, acompanhar Tully e Kate por tanto tempo e fazer a história ser tão amarradinha. Nesse caso, ponto para a autora!

Um aspecto interessante do livro é que ele realmente segue as mudanças no mundo com o passar dos anos. Vemos muito sobre as roupas de cada década, dos acontecimentos no planeta e, principalmente, da playlist da época.

Apesar de triste, Amigas Para Sempre não me fez chorar como O Caminho Para Casa, mas isso não tira o brilho de sensibilidade dele. O livro é a realidade crua da vida. Por vezes enxergamos Tully e Kate como amigas ou vizinhas, tão palpáveis e reais elas são.

Descobri que depois desse livro há uma sequência chamada Por Toda Eternidade. Já tinha visto na livraria, mas não sabia que um era continuação do outro. Ainda bem que eu nem cheguei a ler a sinopse do segundo, porque ele conta o final do primeiro. Vou tentar ler esse em breve.

Recomendo.

Teca Machado

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