Vocês se lembram dos Gremlins? Aqueles bichinhos que se reproduziam numa velocidade absurda se alguém os molhasse? Então, eu me senti assim lendo o livro Um Conto do Destino, de Mark Helprin. Quanto mais eu lia, mais páginas aquela criatura tinha. São 720 páginas infinitas de puro blá blá blá que quase me fizeram perder a fé na leitura (Para vocês verem como a coisa foi séria!). Descobri que ele são quatro livros que a editora Novo Conceito juntou em uma só edição, por isso nem sempre parece ter coesão.
Quando vi o trailer do filme baseado na obra, que passou nos cinemas em fevereiro, achei a coisa mais linda e fiquei morrendo de vontade de ler antes de assistir. Achei o livro em promoção por menos de R$ 10 (Agora entendo porque...). Quando postei uma foto dele falando que ia começar a leitura, a minha amiga Bia disse que o filme era ruim. Mesmo assim, ainda botava esperanças nele, um pouco menos, mas botava. Aí na primeira página há um recado do editor do livro falando que Mark Helprin é um mago das letras, que inventa palavras e escreve com neologismos e simbolismos. Minha animação morreu um pouco mais. Quando li o prólogo, pensei “Bom, vão ser 720 páginas muito muito longas...”. E eu estava certa. Já queria desistir na página 50, mas como parar um livro na metade vai contra os meus princípios, continuei. Sempre dou ao autor o benefício da dúvida até a última página.
Para início de conversa, não entendi grande parte da história. Quase nada tem sentido e o autor não nos explica o que significam aquelas loucuras, como morrer e “desmorrer” ser normal, uma névoa que cerca Nova York e mata as pessoas ou as leva para o futuro, um cavalo do tamanho de um urso e que voa, pontes de arco-íris, bandejas de ouro com uma frase sobre uma cidade justa ou a porcaria de um lago no meio do nada que ninguém conhece ou sabe da sua existência, mas onde moram pessoas e tem um mistério (Dou um prêmio para quem me explicar o significa da metáfora do Lago da Coheeries). Ainda se fosse um enredo realmente fantasioso, do estilo das Crônicas de Nárnia e do O Senhor dos Aneis, tudo bem. Nesse caso a gente gosta dessas criações extremamente imaginativas, mas Um Conto do Destino não é esse tipo de livro. É “real”, vamos dizer assim.
Capa original do livro antes de ter o filme
Não sei se não sou filosófica o bastante ou não tenho a sensibilidade que Um Conto do Destino precisa, mas não gostei de jeito nenhum. E o pior é que depois que terminei o livro comecei a ler algumas resenhas sobre ele por aí e só vi gente falando bem, que é incrível, que é mágico, que é arrebatador. NÃO É NADA DISSO! Até me senti mal, porque pensei que que fui burra e não entendi. Mas olhando bem tais blogs que comentaram o livro, vi que todos eles têm parceria com a editora que o publicou no Brasil, então eles não “podem” falar mal. Eu, com toda liberdade de expressão que essa internet linda me proporciona, posso (E vocês sabem que eu falo bem de quase tudo. É muito difícil eu criticar obras. Sou super boazinha).
Vou tentar dar uma sinopse para vocês (O que não é fácil, acreditem): Na virada de 1899 para 1900, Peter Lake, um ladrão que vive na cidade de Nova York, vai roubar uma residência que pensa estar vazia. Quando arromba, descobre lá dentro a filha do dono, a linda e doente Bervely Penn. Eles se apaixonam à primeira vista e vivem um romance, mesmo que ela esteja definhando dia a dia. Essa é a parte que tem sentido, nas primeiras 100 páginas do livro. Depois a coisa desanda e as maluquices começam a acontecer e os diálogos passam a ser profundos e desnecessários. Até que Peter Lake vai parar na Nova York de 1999 (Sem nem envelhecer), perto da virada do milênio, sem se lembrar de quem era.
Mark Helprin
Mark Helprin é tão detalhista, mas tão detalhista, que nos “presenteia” com a descrição até da unha do dedão do pé do amigo do vizinho da avó de Peter Lake. Ok, exagero, ainda mais porque Peter Lake é órfão, mas vocês entenderam mais ou menos o que eu quis dizer.
Realmente sofri para terminar o que eu chamo de “um dos livros mais chatos do universo”. Passei três semanas para conseguir chegar na última página (O que é muito tempo para mim). Mesmo assim quero ver o filme, porque pelo trailer parece ser um pouco diferente.
Cena do filme com Beverly (Jessica Brown Findlay) e Peter Lake (Colin Farell)
Não recomendo. A não ser se você esteja com insônia. Nesse caso, ao ler três páginas de blá blá blá sobre a procura da cidade incrivelmente justa, você dorme rapidinho.
Teca Machado