quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Quase cinco horas parada, cinco acidentes na estrada em 100 quilômetros


Apesar de estar trabalhando com política há algumas semanas (Algo que eu disse que nunca faria, mas acabei pagando a minha língua porque o mundo dá voltas), não sou uma pessoa que costuma expressar opiniões políticas. Mas hoje não tem como não fazer isso porque a situação está de uma ironia sem tamanho.

São quase 21h, estou no momento há três horas e meia parada na BR 163 porque cinco acidentes de trânsito envolvendo carretas aconteceram num trecho de pouco mais de 100 quilômetros (De péssima qualidade, diga-se de passagem) e num período de menos de duas horas. O carro que eu estou está há apenas 10 carretas do local de um dos acidentes, mas soubemos pela Polícia Rodoviária Federal e por outras pessoas paradas que a fila está se estendendo por quilômetros e mais quilômetros. A ironia vem porque eu e a equipe de reportagem do site onde trabalho estávamos voltando do evento de lançamento do Plano Safra 2013/2014 na cidade de Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso, que contou com a presença da presidente Dilma Rousseff e alguns ministros, e lá foi falado incansavelmente sobre a melhoria das estradas e em como o Governo Federal está trabalhando com a logística estadual para beneficiar produtores.

Isso marronzinho no chão é a soja de uma das carretas que virou na pista. E olha que eu peguei  a foto só um pedaço da rodovia e uma das carretas (Eram duas em menos de 100 metros) O caminhão já havia sido levado pelo guincho, mas a gente ainda não podia passar porque é perigoso andar por cima da soja. Tivemos que esperar os bombeiros para que eles lavassem.

Enquanto a presidente (Me recuso a falar presidenta) e alguns senadores e ministros foram até uma cidade próxima de helicóptero e depois pegaram um avião para Brasília, nós, reles mortais, somos obrigados a andar nessas estradas sucateadas. Há inúmeros caminhoneiros desesperados ao nosso redor porque estão agora com o cronograma atrasado.

Se a presidente quisesse realmente saber como está a situação no agronegócio (E mesmo da população em geral), devia andar nessas estradas. E nem precisava ser num trecho longo. Em pouquíssimos quilômetros ela ia sacudir tanto num carro, ia se sentir dentro de um liquidificador sendo jogada de um lado para o outro, que ia tratar de resolver isso rapidinho. Ou não, né? Isso não a atinge diretamente, então por que se importar muito?

Agora me diz, como que um governo que não consegue nem manter ou construir estradas decentes quer fazer ao mesmo tempo ferrovias e hidrovias? Sou completamente a favor de melhoramento da logística e construção de outros modais de transporte, mas é preciso que sejam feitos com qualidade.

Estou tão cansada, chateada e estressada que estou escrevendo isso pelo iPad, no banco de trás do carro, depois de passar um dia no sol, na poeira, na chuva, aguentando um monte de político discursando e falando que está tudo lindo nesse país (Cadê? Não estou vendo!). E agora estou sem comida e sem bebida há horas, sem previsão de liberação da pista e caindo uma chuva desde 15h. Não há sinal de celular e a minha família deve estar extremamente preocupada, já que eu devia ter chegado há horas. Parece drama, mas é verdade, não exagerei.

Hoje, mais do que nunca, sinto compaixão pelos caminhoneiros e produtores que precisam disso para viver e escoar produção.

Ê, governo bom. Só que não.

Pronto. Desabafei! :D

Teca Machado

P.S.1: Cheguei em casa quase 1h da manhã. Uma viagem que era para durar 4h, durou mais de 10h.

P.S.2: Ontem o blog chegou a 90 mil acessos! Genteeeeee, 90 mil é acesso para carambaaaaaaaaaaaa! Obrigada, obrigada, obrigada! 

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