Apesar de estar trabalhando com política há algumas semanas (Algo que eu disse que nunca faria, mas acabei pagando a minha língua porque o mundo dá voltas), não sou uma pessoa que costuma expressar opiniões políticas. Mas hoje não tem como não fazer isso porque a situação está de uma ironia sem tamanho.
São quase 21h, estou no momento há três horas e meia parada na BR 163 porque cinco acidentes de trânsito envolvendo carretas aconteceram num trecho de pouco mais de 100 quilômetros (De péssima qualidade, diga-se de passagem) e num período de menos de duas horas. O carro que eu estou está há apenas 10 carretas do local de um dos acidentes, mas soubemos pela Polícia Rodoviária Federal e por outras pessoas paradas que a fila está se estendendo por quilômetros e mais quilômetros. A ironia vem porque eu e a equipe de reportagem do site onde trabalho estávamos voltando do evento de lançamento do Plano Safra 2013/2014 na cidade de Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso, que contou com a presença da presidente Dilma Rousseff e alguns ministros, e lá foi falado incansavelmente sobre a melhoria das estradas e em como o Governo Federal está trabalhando com a logística estadual para beneficiar produtores.
Isso marronzinho no chão é a soja de uma das carretas que virou na pista. E olha que eu peguei a foto só um pedaço da rodovia e uma das carretas (Eram duas em menos de 100 metros) O caminhão já havia sido levado pelo guincho, mas a gente ainda não podia passar porque é perigoso andar por cima da soja. Tivemos que esperar os bombeiros para que eles lavassem.
Enquanto a presidente (Me recuso a falar presidenta) e alguns senadores e ministros foram até uma cidade próxima de helicóptero e depois pegaram um avião para Brasília, nós, reles mortais, somos obrigados a andar nessas estradas sucateadas. Há inúmeros caminhoneiros desesperados ao nosso redor porque estão agora com o cronograma atrasado.
Se a presidente quisesse realmente saber como está a situação no agronegócio (E mesmo da população em geral), devia andar nessas estradas. E nem precisava ser num trecho longo. Em pouquíssimos quilômetros ela ia sacudir tanto num carro, ia se sentir dentro de um liquidificador sendo jogada de um lado para o outro, que ia tratar de resolver isso rapidinho. Ou não, né? Isso não a atinge diretamente, então por que se importar muito?
Agora me diz, como que um governo que não consegue nem manter ou construir estradas decentes quer fazer ao mesmo tempo ferrovias e hidrovias? Sou completamente a favor de melhoramento da logística e construção de outros modais de transporte, mas é preciso que sejam feitos com qualidade.
Estou tão cansada, chateada e estressada que estou escrevendo isso pelo iPad, no banco de trás do carro, depois de passar um dia no sol, na poeira, na chuva, aguentando um monte de político discursando e falando que está tudo lindo nesse país (Cadê? Não estou vendo!). E agora estou sem comida e sem bebida há horas, sem previsão de liberação da pista e caindo uma chuva desde 15h. Não há sinal de celular e a minha família deve estar extremamente preocupada, já que eu devia ter chegado há horas. Parece drama, mas é verdade, não exagerei.
Hoje, mais do que nunca, sinto compaixão pelos caminhoneiros e produtores que precisam disso para viver e escoar produção.
Ê, governo bom. Só que não.
Pronto. Desabafei! :D
Teca Machado
P.S.1: Cheguei em casa quase 1h da manhã. Uma viagem que era para durar 4h, durou mais de 10h.
P.S.2: Ontem o blog chegou a 90 mil acessos! Genteeeeee, 90 mil é acesso para carambaaaaaaaaaaaa! Obrigada, obrigada, obrigada!
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